879 resultados para intercultural citizenship
Resumo:
Esta investigação foi realizada no âmbito do Doutoramento em Educação, na vertente de Educação e Interculturalidade, tendo como título “A educação intercultural na aula de Português no 3º Ciclo do Ensino Básico”. O principal objetivo foi não só o de conhecer as representações e práticas docentes relativamente à diversidade cultural nas turmas de 3º ciclo do Ensino Básico dos Agrupamentos de Escolas e das Escola Não Agrupadas da freguesia de Arrentela, - concelho do Seixal, península de Setúbal -, como também propor uma “matriz sociocultural” para a disciplina de Português no 3º Ciclo do Ensino Básico e aplicá-la a turmas alvo, permitindo verificar se a mesma propicia uma maior e efetiva participação de todos os alunos, contribuindo para o seu sucesso educativo. Esta investigação alicerçou-se no quadro teórico da educação para a cidadania intercultural, nomeadamente na educação intercultural e no modelo coorientacional de Byram. Este trabalho tomou a forma de estudo de caso, tendo-se recorrido ao paradigma quantitativo e qualitativo, tornando-os complementares na recolha de dados. No decorrer desta investigação, efetuou-se um processo de investigação exploratória, tendo-se realizado pesquisa documental para uma breve caracterização da Península de Setúbal, do concelho do Seixal, da freguesia de Arrentela. Fez-se um levantamento de dados sobre a diversidade cultural das escolas com 3º ciclo do Ensino Básico desta freguesia e sobre o insucesso dos alunos no exame de Português de 9º ano. Utilizou-se, ainda, um inquérito por questionário a vinte e um docentes do grupo 300 que lecionaram Português no 3º ciclo do Ensino Básico das escolas supra mencionadas, nos anos letivos 2011/2012, 2012/2013/ 2013-2014 (alguns dos quais ainda lecionam), para conhecer as representações docentes e práticas letivas recorrentes em escolas pluriculturais. A análise dos primeiros dados recolhidos por inquérito por questionário demonstrou que, para os docentes inquiridos, o objetivo primordial da educação intercultural é a abertura e aproximação ao Outro. No que concerne as práticas letivas, há uma preocupação dos professores em aproveitar uma parte do manancial e da riqueza da diversidade cultural das turmas heterogéneas, nomeadamente na prática da leitura/escuta, (re)escrita, na divulgação de textos enriquecedores entre cultura(s), na comparação entre culturas, na promoção de atividades colaborativas, nas atividades integrando a cultura de origem ou de herança. Verificou-se ainda que os materiais privilegiados na sala de aula são maioritariamente os manuais escolares e a compilação de textos emanados pelas editoras de livros escolares. Uma vez que os manuais escolares não contemplam muitas culturas, os docentes utilizam, em menor percentagem, textos de todo o género que permitem a comparação entre culturas, uma atitude crítica e a descentração. Relativamente à colaboração entre alunos, esta é essencialmente realizada através do trabalho de pares, enquanto a cooperação entre escola/comunidade é desenvolvida sobretudo por exposição e eventos escolares abertos à população e por atividades que podem ser corealizadas por alunos e Encarregados de Educação e/ou seus familiares. Como causas para a não implementação da educação intercultural nas aulas de Português, os inquiridos denunciaram fatores fulcrais como a ausência de formação adequada e de materiais didáticos e pedagógicos adequados ou o comportamento dos alunos, entre outros. Posteriormente, foi produzido e aplicado um inquérito por questionário a três turmas heterogéneas escolhidas (7.°, 8.° e 9.° anos) para sua posterior caracterização. Após esta etapa, foram recolhidos e selecionados materiais e atividades pedagógicos que foram integrados numa proposta de “matriz sociocultural” (Costa Afonso, 2002) aberta a modificações, transversal a outras disciplinas, baseada nas diversas identidades socioculturais dos alunos presentes em sala de aula, alicerçada, por um lado, essencialmente, no domínio da educação literária, por outro, na ponte que deve ser, continuamente, estabelecida entre escola/ comunidade local/ comunidade global. Nesta proposta é visível a preocupação na procura de textos literários canónicos, cujos conteúdos culturais permitam o contacto com a alteridade, com outras cosmovisões capazes de promover, por um lado, a desconstrução de preconceitos, estereótipos, do racismo e/ou suas manifestações, por outro, proporcionar a compreensão, a valorização crítica de culturas, a consciencialização da necessidade de liberdade, criatividade e reflexão crítica na criação de um mundo mais justo e na sustentação de um estado democrático. Aquando da aplicação experimental da “matriz”, envolvido nas interações comunicacionais interculturais propiciadas pelos materiais e atividades/projetos subsequentes, o discente assumiu o papel de sujeito sociocultural crítico, cidadão ativo e responsável. Da aplicação experimental foi efetuado um registo dos acontecimentos mais pertinentes. Outras sugestões de atividades/projetos foram veiculadas.
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Este relatório surge no âmbito da minha Prática do Ensino Supervisionada e representa uma reflexão sobre a minha iniciação como professora de Inglês e de Francês no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário. A reflexão teve como objeto o conceito de ‘aprendizagem criativa’ na teoria do ensino da língua estrangeira e a sua aplicação na prática letiva, nas duas escolas onde desenvolvi o meu estágio, a Escola Secundária de Sebastião da Gama e a Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de Aranguez, ambas em Setúbal. Para além de uma tentativa de sistematização das abordagens teóricos, de modo a tornar a noção de ‘criatividade’ mais aplicável na prática da docência da língua estrangeira, a nossa reflexão procura evidenciar como e em que situações a aprendizagem se revela criativa e demonstra a sua utilidade para a aula de língua estrangeira.
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Teachers can reflect on their practices by articulating and exploring incidents they consider critical to themselves or others. By talking about these critical incidents, teachers can make better sense of seemingly random experiences that occur in their teaching because they hold the real inside knowledge, especially personal intuitive knowledge, expertise and experience that is based on their accumulated years as language educators teaching in schools and classrooms. This paper is about one such critical incident analysis that an ESL teacher in Canada revealed to her critical friend and how both used McCabe’s (2002) narrative framework for analyzing an important critical incident that occurred in the teacher’s class.
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El estudio de la obra de Arturo A. Roig pone en evidencia su carácter de “clásico" de la filosofía “nuestroamericana". En efecto, el filósofo ha instituido categorías nuevas, redefinido otras más tradicionales, explorado vías para enriquecer el acervo filosófico con saberes provenientes de otras formas discursivas, escritas o populares trasmitidas por el lenguaje oral, y formado un discipulado prestigioso. Esta producción en su integridad, aun los estudios sobre la Historia de las Ideas Latinoamericanas, fue concebida por su autor como ancilla emancipationis, una “filosofía del concernimiento" en términos de la Filosofía Intercultural. Como homenaje al Maestro Arturo A. Roig se comunica aquí un breve desarrollo teórico que incorpora las categorías de “a priori antropológico" y “moralidades emergentes", así como las redefiniciones de “ciudadanía" y “dignidad humana", a una investigación filosófica intercultural en curso sobre las “ciudadanías interculturales emergentes", resultante de las migraciones que constituyen el “fenómeno biopolítico mayor de nuestro tiempo"
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El propósito del presente diagnóstico es analizar el proceso de construcción de la identidad del Cabildo Indígena Ambiká-Pijao en la localidad de Usme en la ciudad de Bogotá, desde el año 2005 hasta 2015. Este diagnóstico busca analizar la identidad en el marco de la Política Pública para Pueblos Indígenas de la ciudad de Bogotá, teniendo como elementos centrales las variables del territorio y su pérdida debido al desplazamiento en muchos casos forzado, la cultura, y las características sobre las cuales se entiende al indígena en contextos urbanos. Con base en estos fenómenos, se estudian las principales características de la comunidad e individuos que hacen parte de la misma, para así plantear algunos retos por parte de las instituciones políticas en torno al desarrollo e implementación de políticas multiculturales de reconocimiento para el caso de indígenas presentes en lo urbano.
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In general, diversity can be conceptualized as the expression of opposites (BARROS, 2008). Despite the homogenization of several kinds and in the various areas promoted by the current process of globalization, the so-called ‘flat world’ will never be able to express the whole without considering the parts. In such a context of different ways of being in the world, language learning is a crucial condition for citizenship education, it is the key to get to know other people (BYRAM, 2006). Because of that, educational processes have been going through significant changes, fostering, among other things, postures aligned with the new world order, where the preparation of learners to able to exercise their rights at a global level and take advantage of mechanisms which guarantee their intercultural citizenship, has continually gaining ground. Linguistic education has been taking a similar path. In its scope, discourses and pedagogical practices which take into consideration the sociopolitical character of any educational process start to be required. In other words, it has been demanded an egalitarian linguistic education which, above all, struggles for diversity and is able to guarantee total inclusion, creating ample opportunities, especially for those learners who come from less privileged classes and historically marginalized groups. Having human diversity in the background, the article aims to discuss the role of the contemporary language teaching professional, highlighting the challenges and commitments which await them at different levels, and the central position this professional occupies at this crucial moment of the global society in which we fight for the historical, cultural and social (re)construction of our differences.
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The International Baccalaureate Diploma (IBD) is currently offered in 2,718 schools across 138 countries, and explicitly aims to produce ‘internationally-minded’ citizens with a sense of belonging to both the local and the global community. It thus offers an opportunity to enquire how a school curriculum might produce more intercultural or global dispositions, knowledge and skills, and the challenges inherent in such design. To frame this empirical enquiry, the chapter distinguishes between the fact of living together in difference as a life circumstance, and a range of ethical dispositions for such living together, including cosmopolitanism, internationalism, interculturality and global citizenship. These alternatives are understood as competing social imaginaries with different premises and logics. This chapter offers an empirical exploration of how the IBD’s curricular goal of ‘international-mindedness’ is interpreted firstly in current official documents, then reinterpreted by teachers and students in three case study schools in Australia. Traces of these overlapping but distinct discourses are found in the teachers’ recontextualisation of the IBD’s ‘internationalmindedness’ producing diffuse and contradictory versions of what ‘internationalmindedness’ means, and looks like in educational settings.
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This article draws on research into racist vilification experienced by young Arab and Muslim Australians especially since 11 September 2001, to explore the links between public space, movement and national belonging, and the spatial regulation of cultural difference that functions in Australia. The authors analyse the way that the capacity to experience forms of national belonging and cultural citizenship is shaped by inclusion within or exclusion from local as well as nationally significant public spaces. While access to public space and freedom to move are conventionally seen as fundamental to a democratic state, these are often seen in abstract terms. This article emphasises how movement in public space is a very concrete dimension of our experience of freedom, in showing how incivilities directed against Arab and Muslim Australians have operated pedagogically as a spatialised regulation of national belonging. The article concludes by examining how processes associated with the Cronulla riots of December 2005 have retarded the capacities of Muslim and Arab Australians to negotiate within and across spaces, diminishing their opportunities to invest in local and national spaces, shrinking their resources and opportunities for place-making in public space.
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Australia is a multicultural immigrant society created by public policy and direct state action over a period of two hundred years. It is now one of the world’s most diverse societies. However, like many nations, Australia faces challenges to managing ‘unauthorized arrivals’ who claim to be refugees. The issue of how to deal with unauthorized arrivals is controversial and highly emotive as it challenges public policy and government capacity to manage the multicultural ‘mix’ of Australia’s population. It also raises questions about border security. Given that it is impossible to discern beforehand who is a ‘proper’ refugee and who is not, claims to refugee status by unauthorised arrivals in Australia need to be tested against international convention criteria devised by the United Nations High Commissioner for Refugees (UNHCR). There are no simple solutions to controversial questions such as how and where should unauthorised arrivals, and the children accompanying them, be housed whilst their claims are investigated? Moreover, as this issue continues to prompt division and heated debate in Australian society, teachers new to the profession are often reluctant to explore it in the classroom. However, there are opportunities in national and state curriculum documents for the values dimensions of curriculum inquiries into controversial issues such as this to be addressed. For example, the most recent national statement on the goals for schooling in Australia, the Melbourne Declaration (MCEETYA, 2008), makes clear that Australian students need to be prepared for the challenges of the 21st century and to develop the capacity for innovation and complex problem-solving. The Melbourne Declaration informs the first national curriculum to be implemented in the Australian states and territories, and all other national and state initiatives. Its focus on developing active and informed citizens who can contribute to a socially cohesive society implies a capacity to deal with a range of issues associated with cultural diversity, This chapter explores the ways in which pre-service and early career teachers in one Australian state reflect upon curriculum opportunities to address controversial issues in the social sciences and history classroom. As part of their pre-service education, all the participants in this study completed a final year social science curriculum method unit that embedded a range of controversial issues, including the placement of children in Australian Immigration Detention Centres (IDCs), for investigation. By drawing from interviews and focus groups conducted with different cohorts of pre-service teachers in their final year of university study and beginning years of teaching, this chapter analyses the range of perceptions about how controversial issues can be examined in the secondary classroom as part of fostering informed citizenship. The discussion and analysis of the qualitative data in this study makes no claims for the representativeness of its findings, rather, a range of beginner teacher insights into a complex and important facet of teaching in a period of change and uncertainty is offered.
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The successful interaction between leaders and their followers is central to the overall functioning of a company. The increasingly multinational nature of modern business and the resulting multicultural and increasingly heterogeneous workforce imposes specific challenges to the development of high-quality work relationships. The Western multinational companies that have started operations in China are facing these challenges. This study examines the quality of leader-follower relationships between Western expatriate leaders and their Chinese followers as well as between Chinese leaders and their Chinese followers in Western-owned subsidiaries in China. The focus is on the influence of personal, interpersonal and behavioural factors (personality, values, cultural knowledge, perceived and actual similarity, interactional justice, and follower performance) and the work-related implications of these relationships (job attitudes and organisational citizenship behaviour). One interesting finding of this study is that Chinese followers have higher perceptions of their Western than their Chinese leaders. The results also indicate that Chinese and Western leaders’ perceptions of their followers are not influenced favourably by the same follower characteristics. In a similar vein, Chinese followers value different traits in Western versus Chinese leaders. These results, as well as the numerous more specific findings of the study, have practical implications for international human resource management and areas such as selection, placement and training. Due to the different effect of personal and interpersonal factors across groups, it is difficult to achieve the “perfect match” between leader and follower characteristics that simultaneously contribute to high-quality relationships for Chinese and Western leaders as well as for followers. However, the results indicate that the ability of organisations to enhance the quality of leader-follower relations by selecting and matching people with suitable characteristics may provide an effective means for organisations to increase positive job attitudes and hence influence work-related outcomes.
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The aim of this paper is to recognize the images that prospective elementary school teachers have about citizenship and citizenship education in school. The qualitative methodology with an ethnographic approach is used for that deep interview of ethnographic kind and analysis of institutional documents, for example, curricula, course syllabus and graduated profi le. The revision of documents helps to a better understanding of discourses. The analysis of the corpus obtained after the application of the paradigm of codifi cation proposed in the established theory. As the principal fi ndings we way point out that the concept of citizens that is common among prospective elementary school teachers is reduced to the school environment because they consider that the promotion of citizenship helps to the incorporation of children to society, thus reproducing a propaedeutic view of education.
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Relatório de estágio de mestrado, Ciências da Educação (Educação Intercultural), Universidade de Lisboa, Instituto de Educação, 2011
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Relatório de estágio de mestrado, Ciências da Educação (Educação Intercultural), Universidade de Lisboa, Instituto de Educação, 2014
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Our research has arisen from the interest of aligning English as a Foreign Language (EFL) classroom practice to current discussions in the ambit of learning and teaching Foreign Languages (FLs). Because of the need to integrate the linguistic development to the development of notions clung to the practice of citizenship, we have adopted a cultural perspective. We have noticed jokes as a fertile ground for discussing cultural aspects in classroom. Considering such factors, our research question is: how to explore cultural aspects in jokes for the elaboration of EFL activities which aim for the development of intercultural competence and interaction? Therefore, our general goal is to explore cultural aspects in jokes for the elaboration of EFL teaching and learning activities and our specific goals are: (I) to study official suggestions (LDB, 1996; PCNEM, 2000; PCN+EM, 2002; OCEM, 2006) regarding culture at foreign languages teaching and learning, (II) to select 05 (five) jokes and analyze them focusing on their cultural aspects, (III) to identify possible interpretations for jokes; (IV) to elaborate EFL activities which grant a privilege to jokes cultural aspects. This investigation is descriptive and documental and relies on qualitative paradigm (CHIZZOTTI, 2010; FLICK, 2009; CHAROUX, 2006; BOGDAN; BIKLEN, 1994; 1992). The corpus is constituted by jokes taken from Internet sites and by official documents (LDB, 1996; PCNEM, 1998; PCN+EM, 2000; OCEM, 2006). For the elaboration of activities we have chosen a weaker version of Content-based instruction (CBI), in which contents are cultural aspects in jokes and we have undertaken a reflection on methods, approaches and perspectives, among which there are notions about post-method and CBI, which talk to EFL learning and teaching. For theoretical support we have some discussions about FL methods and approaches (BELL, 2003; KUMARAVADIVELU, 2003; WESCHE; SKEHAN, 2002; PRABHU, 1990), a cultural perspective (KRAMSCH, 1998, 1996, 1993; BYRAM; FENG, 2004), some works in Linguistics about jokes (POSSENTI, 2010, 1998; CHIARO, 1992); notions about implicit (MAINGUENEAU, 2004, 1996; CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2012) and about ambiguity (KEMPSON, 1977; CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2012; TRASK, 2011), having the adoption of such categories emerged from the analyzes of some jokes
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Os fenómenos migratórios têm contribuído para a configuração de uma realidade sociocultural diversa que marca as sociedades do século XXI. Portugal não é exceção, sendo um dos países onde mais aumentou proporcionalmente a imigração legal permanente, fenómeno coexistente com a emigração da sua população. Neste contexto de migrações reconfiguram-se identidades, não apenas para os migrantes mas também para os autóctones, cuja (re)construção balança entre a semelhança e a diferença. Sem esta relação, a identidade fica comprometida, pois ela existe fundamentalmente pelo reconhecimento dos outros. A liberdade cultural e linguística é também uma dimensão do desenvolvimento humano, pelo que tem vindo a ganhar proeminência a promoção da diversidade linguística e cultural, e a consequente educação intercultural, que se assume como espaço privilegiado de reflexão e ação. Defende-se que a verdadeira integração dos imigrantes terá de ser multilingue e não pode ser realizada apagando as suas diferenças, nem obrigando-os a abandonar as suas línguas nativas e culturas. O domínio da Língua Portuguesa é uma das vias mais poderosas para a integração dos estrangeiros a residir em Portugal, tanto como garantia da autonomia individual que faculta o exercício de uma cidadania ativa, como de harmonia social ao nível coletivo. A escola portuguesa, atenta a este facto, vê reconhecida, por parte do Ministério da Educação, a Língua Portuguesa como fator de integração. Todavia, esse reconhecimento contrasta com a indiferença perante as línguas maternas dos alunos estrangeiros, ignorando-se, assim, um importante elemento das suas pertenças identitárias. Neste âmbito, alguns autores afirmam que a escola portuguesa nem sempre tem praticado uma verdadeira educação intercultural, adotando, pelo contrário, parte das características hegemónicas da cultura dominante, o que se traduz, por conseguinte, no esmagamento simbólico (coletivo) das culturas minoritárias. O nosso estudo usa as Representações Sociais como formas de conhecimento prático que permitem a compreensão do mundo e a comunicação, proporcionando coerência às dinâmicas sociais. Procurámos fazer, através delas, uma leitura da valorização da diversidade linguística e cultural na escola, uma vez que as Representações Sociais que se têm do Outro justificam a forma como se interage com ele e imprimem direção às relações intra e intergrupais. A investigação que aqui apresentamos procura dar primazia à “voz” do aluno como fonte de conhecimento, aos fenómenos, a partir das experiências interindividuais e intergrupais, e à forma como as pessoas experienciam e interpretam o mundo social que constroem interativamente. Para esse efeito, recolhemos dados através de entrevistas semidiretivas individuais junto de dez alunos autóctones e dez alunosestrangeiros de uma mesma escola. Complementarmente, realizámos entrevistas aos Encarregados de Educação de oito dos alunos entrevistados, quatro de cada grupo, aos cinco Diretores de Turma desses alunos e ao Diretor da escola. Do ponto de vista metodológico, a presente investigação desenvolveu-se de acordo com uma abordagem de natureza qualitativa, relacionada com um paradigma fenomenológico-interpretativo – os fenómenos humanos e educativos apresentam-se, na sua complexidade, intimamente relacionados e a sua compreensão exige a reconciliação entre a epistemologia e o compromisso ético. Procurando uma leitura global dos resultados obtidos, e à semelhança de alguns estudos, a nossa investigação demonstra que, ao não se promover proativamente uma educação intercultural – designadamente a sua função de crítica cultural e o combate a estereótipos e preconceitos que essencializam as diferenças do Outro culturalmente diverso –, a escola não prepara os alunos para a sociedade contemporânea, culturalmente diversa, dinâmica e com um elevado nível de incerteza, nem para uma abordagem positiva e frontal dos conflitos em toda a sua complexidade. À escola impõem-se ainda muitos desafios relativos às muitas diversidades que acolhe no seu seio, de forma a que todos aqueles que constituem a comunidade escolar – designadamente os alunos, sejam eles estrangeiros ou autóctones – se sintam parte integrante dela, respeitados tanto pelas suas raízes, como pelas múltiplas pertenças dinamicamente em (re)construção, como, ainda, pelos seus projetos de futuro. A informação, por si só, não promove a ação. Revela-se necessária a adoção de estratégias de intervenção que concretizem a informação nas práticas escolares quotidianas, que promovam encontros positivamente significativos, que favoreçam a igualdade social e o reconhecimento das diferenças e, ainda, que previnam atitudes discriminatórias. Para essas estratégias de intervenção serem uma constante no quotidiano das nossas escolas, a didática intercultural deve ser incentivada e operacionalizada, tanto na prática pedagógica como na formação inicial e contínua dos professores.