16 resultados para Crítica literária : Análise feminista
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Resumo:
Silviano Santiago integra uma geração de críticos literários brasileiros, cuja ação se funda na desarticulação dos princípios etnocêntricos, reconhecidos em quase todas as vertentes da crítica literária, em especial as de base comparatista, ressignificando a produção literária brasileira como um todo e, de um modo geral, a latino-americana. O confronto teórico com a crítica brasileira se dá como releitura de textos literários inclusos no cânone, cuja ótica eurocêntrica os havia situado num lugar secundário, em relação à produção de outros países. A leitura dos artigos e ensaios presentes já nas obras Uma literatura nos trópicos até Ora(direis) puxar conversa! permite reconhecer que, desde seus primeiros trabalhos críticos, Silviano Santiago reconhece o espaço de desenvolvimento da produção latino-americana, ao mesmo tempo em que define o lugar próprio em que as situa: o entre-lugar, espaço em que reconhece a produção do artista e do intelectual latino-americanos. No fundamento de sua perspectiva desenvolve uma reflexão sobre a dependência cultural brasileira, em relação aos países colonizadores que se apresentam ao Novo Mundo como centro e propagam seus valores como únicos. A revisão desses parâmetros se torna o grande trabalho de sua ação crítica. Palavras-chave: Silviano Santiago; Renovação; Crítica literária brasileira.
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Memorial de Aires, último romance de Machado de Assis (1908), possui uma fortuna crítica bastante curiosa. Produzido em um momento considerado delicado na vida de Machado, quando este se encontrava viúvo e doente, Memorial foi recebido pela crítica como uma obra decadente e nostálgica, um tom dissonante na produção madura do escritor. Tal concepção crítica cristalizou-se em torno do romance e gerou um discurso previsível e longamente repetido. No entanto, os textos críticos que defendem tal postura frente ao Memorial convivem com outros que, ao discutirem o romance, mostram uma concepção bastante diferenciada do texto. Destoando dessa visão tradicional, concebem Memorial como expressão do mesmo escritor irônico e astuto de outras obras da fase madura do escritor. Essa fortuna crítica contraditória e inconstante, ao mesmo tempo em que confunde um leitor menos avisado, aponta para diferentes conceitos crítico-metológicos que predominaram ao longo do século XX. O objetivo desse artigo é discutir o caráter contraditório e inconstante dessa fortuna crítica à luz de reflexões sobre o próprio percurso que a crítica literária tomou ao longo do último século.
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A partir de breve retomada da história dos cursos de graduação em Letras no Brasil, este artigo tem por objetivo discutir as circunstâncias da consolidação dos estudos literários na universidade. Estão no centro dessa discussão as características de duas modalidades de crítica literária. A primeira delas, conhecida como impressionista, era publicada nos rodapés de jornais nas primeiras décadas do século passado. A segunda, conhecida como crítica “de cátedra” (Rocha, 2011), ganhou corpo após a criação dos cursos de Letras, quando docentes universitários, então chamados de “catedráticos”, passaram a publicar textos críticos com base emnovas teorias, quase sempre assimiladas ou adaptadas do pensamento irradiado por outros países, como o new criticism, de origem norte-americana, ou mais tarde o estruturalismo, de origem europeia. Métodos e abordagens situavam-se em campos antagônicos, fato que se modificou mas não se extinguiu. Em diferentes configurações, embates entre posturas antagônicas – por exemplo, entre a que privilegia componentes artísticos e a que supervaloriza componentes ideológicos – persistem até o presente, refletindo-se na pesquisa e no ensino de literatura.
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The purpose of this paper is to analyze the critic bibliography concerning the writer Lima Barreto, from the time of publication, still in feuilleton, of his debut novel: Recordações do escrivão Isaías Caminha’s first pages. In this way, we’ll make an inventory of the official criticism about the writer's work as well to bring out the image of this criticism, at the 20th century beginning, created about Lima Barreto. Think about the reading of Lima Barreto’s work made by official literary criticism of 20th century is a productive way to redeem the literary criticism’s manner of performing, but also interesting way to show the creation of Lima Barreto’s stereotypes at that time.
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Riacho Doce, junto a’ O Moleque Ricardo, Pureza, Riacho Doce, Água-Mãe e Eurídice, compõe uma parte da obra de Zé Lins que escapa às tradicionais leituras dos ciclos, da memória e do regionalismo. Esse romance, em particular, sofreu ainda maior ataque da crítica, que leu, no protagonismo do estrangeiro, uma tentativa fracassada do autor de inovar e escapar ao rótulo de memorialista. Este artigo, a partir da análise do romance, procura expor como José Lins do Rego, ao trazer uma protagonista estrangeira e dedicar toda a primeira parte da história à sua infância na Suécia, inovou sim, mas para operar uma complexificação dos elementos que unem sua obra e inseri-los em uma longa trajetória do pertencimento que une o nacional e o estrangeiro, a tradição e o novo. Através dessa trajetória da protagonista, Edna, vemos a terra como eixo organizador do romance, desde sua profunda crise do não pertencimento na juventude até sua perspectiva, perante o novo, atravessar o mar e invadir de cheio o conhecido conflito entre tradição e mudança, dotando-o de um novo olhar. Dedicando uma leitura atenta, como o fez Mário de Andrade, podemos perceber como esses elementos constroem um emaranhado de trajetórias e perspectivas em que a terra, a tradição, o novo, o estrangeiro e a busca por pertencer ou deixar de pertencer se aproximam, afastam-se e, por fim, confrontam-se.
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RESUMO: Em 1945, na ocasião do centenário do nascimento de Eça de Queirós,Antonio Candido escreveu um artigo intitulado “Entre Campo e Cidade”, noqual propôs uma interpretação para a obra completa do autor português. Otexto fora publicado no Livro do centenário de Eça de Queiroz e posteriormen-te, em 1964, coligido no volume Tese antítese. “Entre campo e cidade” aindahoje é importantíssimo para a compreensão da obra queirosiana, pois estabele-ce um contraponto à crítica tradicional canônica que, quase sempre, exigiu umposicionamento ideológico claro de Eça frente a diversos temas e entendeutudo aquilo que fora escrito depois de Os Maias (1888) como produçõesdesviadas da melhor inspiração crítica realista percebida em obras anteriorescomo O crime do padre Amaro (1871) e O primo Basílio (1886). Candidopropõe uma leitura dos escritos de Eça de Queirós a partir da perspectivadialética, fato que, além de superar a concepção polarizada do Eça esquerdistadas primeiras obras versus o Eça direitista dos textos derradeiros – posições quedireta ou indiretamente a crítica tradicional sempre veiculou - supõe a liberda-de de criação autoral sem a necessária adesão a esta ou aquela vertente ideoló-gica. Como atualmente a produção queirosiana ainda é alvo da polarizaçãointerpretativa, “Entre campo e cidade” torna-se, de fato, atualíssimo, principal-mente àqueles que buscam a revisão da crítica literária canônica que, em muitoscasos, fechou-se em interpretações cristalizadas e relegou este ou aquele escri-tor ou, no caso de Eça, esta ou aquela obra ao limbo da “má” literatura. Opresente trabalho pretende mostrar as particularidades do texto de AntonioCandido, bem como sua interessante proposta ao analisar as obras de Eça deQueirós, principalmente aquelas escritas na última década de vida do autor.
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RESUMO: Apesar da péssima distribuição de renda do Brasil e das diversasRESUMO:representações literárias sobre o tema, na crítica literária brasileira não hámuitos estudos marxistas, muito menos sobre a pobreza ou o pobre. Issonão impede que um dos mais importantes críticos literários do país, RobertoSchwarz, trabalhe com o materialismo e o conceito marxista de classe soci-al, estudando especialmente o pobre na literatura brasileira. O crítico, queteve como mestre Antônio Cândido e recorre a sua dialética a todo momen-to, trabalha com o conceito marxista de classe social desde seu primeiroensaio sobre Machado de Assis, Ao vencedor as batatas, publicado em1977. Em 1983, já num período de redemocratização política no Brasil,Schwarz organiza uma antologia titulada Os pobres na literatura brasileira,onde consta um ensaio seu sobre a personagem Dona Plácida como repre-sentação típica da pobreza social na literatura. Este ensaio será retomadoem Um mestre na periferia do capitalismo, de 1990, continuação do estudomachadiano. É neste estudo, em que há um capítulo especialmente dedica-do aos pobres, que Schwarz propõe que a viravolta machadiana da primei-ra para a segunda fase de seus romances é de ordem ideológica, mais doque técnica. Mais tarde, em 1997, o crítico ainda se envolve com a produ-ção do romance Cidade de Deus, onde os protagonistas são todos pobres eao qual o crítico saúda como um “acontecimento”. Sua obra, dessa forma,é uma clara evidência de que se pode, sim, estudar a relação entre literaturae sociedade a partir da prosa brasileira.
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A partir do recurso ao conceito de Intertextualidade, assim como ele aparece discutido em autores da Lingüística Textual ou da Crítica Literária, este texto pretende discutir se o recurso a essa estratégia discursiva é um meio pelo qual o discurso consegue se impor sobre o sujeito, ordenando-o mecanicamente, ou se ela é uma das maneiras, dentre outras, de ele se subjetivar, marcando-se autoralmente, seja enquanto marcas que restam de um trabalho, seja enquanto responsabilidade por certa tomada de posição. Ele busca demonstrar, além disso, que, na intertextualidade, reside uma memória de futuro que revela sonhos, desejos e propostas de um mundo ainda não realizado.
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Considering the controversial question of influence, discussed by Harold Bloom, and the reliever concept of poetic membership, proposed by Joao Cabral de Melo Neto, this article aims to show how the poets belonging to the generation of 1945 of Brazilian modernism are characterized by membership with the work of an older poet. We will show this relation in the study of the work of two poets: Drummond, who, according Silviano Santiago, would be the most representative poet of the twentieth century, and Bueno de Rivera, whose work shows a significant similarity of themes and images with the work of the first - which, as noted in this article, is not an indicator of lack of originality. Accordingly, we will reiterate the importance of Drummond’s work and will propose the rescue of Rivera's poetry, somehow forgotten by literary criticism, showing the points of contact between the works of those two poets in relation to the poet's anguish by being-in-world, characteristic of modernity crisis experienced by both, and approached in his works.
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The concept of cultural cannibalism was discussed and re-established by intellectuals from the field of literary and cultural criticism, and it was also the object of creative appropriation by a significant group of writers in Brazil and in the Latin America context. Nevertheless, this concept is revitalized in the contemporary context, reflecting the critical consciousness of the writer on the understanding of social inequalities that shape Latin America, in its different segments, be they political, economic or cultural.
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This paper aims to verify how the presence of the author Adelino Magalhães (1887-1969) has been portrayed over the years by both the Brazilian literary historiography and the specialized literary criticism. Given that the author raises, both in the historiography and in the criticism, dissonant opinion, the present article tries to establish the largest possible number of studies that deal with Magalhães’s prose, as well as to show the status of discussions about his inclusion or omission within the Brazilian Modernism. To conclude so, it was made, at first, a path of the major Brazilian literary historiography, trying to highlight the uncertain presence and, often conflicting, of the writer in a given period and/or in certain literary aesthetics. In a second moment, there were covered paths on Magalhães’s critical work by studying his critical fortune.
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Apesar do reconhecimento da importância da atividade crítica do escritor austro-brasileiro Otto Maria Carpeaux (1900-1978) na literatura brasileira, sua obra permanece ainda pouco estudada em muitos aspectos. Reconhece-se a sua dívida para com a crítica alemã e italiana, mas quanto a esta última não se passou muito além da mera menção ao fato. Através da leitura da sua obra, vê-se o quanto são profundas estas relações: suas principais influências na crítica literária são os críticos italianos Francesco De Sanctis e Benedetto Croce, entre outros. Também à literatura de criação o crítico austro-brasileiro foi bastante atento, e podem-se notar alguns “topos” constantes nas suas análises, principalmente a caracterização da literatura italiana como literatura de resistência, e a sua importância no conceito de “literatura européia”, que parece essencial para se compreender a obra de Carpeaux. As inúmeras epopéias (obras pouco comuns na literatura moderna) na literatura italiana servem a Carpeaux de indícios para conclusões acerca do caráter do povo italiano, e vários autores, como Dante, Maquiavel e Manzoni retornam constantemente no interesse do crítico. Considerando que Carpeaux escreveu uma História da literaturaocidental, poder-se-ia estudar, comparativamente, sua visão histórica da literatura italiana com aquela apresentada em outras obras do gênero. Um estudo de literatura comparada poderia esclarecer aspectos importantes na obra crítica e historiográfica do escritor austro-brasleiro, e a compilação deste material seria útil do ponto de vista didático, colocando à disposição do público brasileiro um “desentranhamento” de uma história da literatura italiana de dentro da sua História da literatura ocidental e uma coletânea dos principais ensaios de Carpeaux a respeito de escritores italianos.
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This paper aims to show how, contrary to what Hilda Hilst said in many interviews, his writing always had a guaranteed space in the press and has been increasingly studied in academia. Complaints of writer she was unread, proceed only if we consider that, although many critics of repute have written about his work, none of them leaned over time on the work Hilst´s literary work, nor did a more extensive and thorough study about it. Something that happened with the works of Guimarães Rosa and Clarice Lispector, for example. The desire of Hilst was to be popular, readable, hence its repeated outrage, but ten years after his death, although there is a whole movement around her public figure, what we think is that her texts never popularizing.
Resumo:
This text is a review about João Roberto Faria’s book, Machado de Assis: do teatro, published by Perspectiva in 2008. Our aim with this review is to discuss the referred book observing relevant aspects of the text, which establishes a discussion about Machado de Assis as a theatre critic and shows a reunion of theatre critics that he wrote during his career.
Resumo:
O propósito deste artigo é o de estabelecer algumas analogias e contrastes entre Edgar Allan Poe e Alphonsus de Guimaraens em relação aos preceitos estéticos que decidiram imprimir a sua produção poética, mormente quanto aos temas de amor (Eros) e morte (Tânatos). Procuramos demonstrar que esses matizes temáticos são trabalhados sob a angulação do gótico-melancólico a fim de se atingir o sublime. Teorizamos sobre como o gótico, a melancolia e o sublime podem ser alinhavados poeticamente e discutimos os modi operandi que Poe e de Alphonsus empregam nessa triangulação entre traços góticos, melancolia e o sublime.