132 resultados para Ironia romântica
Resumo:
Tem-se como objetivo mostrar um dos aspectos da concepção de literatura brasileira desenvolvida por Antonio Candido em um conjunto de textos publicados entre 1953/5 e 1997. Dentre os três aspectos possíveis – os outros dois são o ritmo histórico e social e o sistema literário – o escolhido foi o ritmo estético, regido pela dialética do local e do cosmopolita, que, para o autor, funcionaria como “lei de evolução da nossa vida espiritual”– “se fosse possível estabelecer uma” (CANDIDO, 1965, p.131) –, presente, de modo decisivo, nas formas de expressão de nossa literatura, em cujo processo histórico se manifesta de modo diverso nas várias etapas do longo percurso que vai da dependência do período colonial até a integração na interdependência cultural de nosso tempo. O autor constrói sua concepção de literatura brasileira em tensão com a noção nacionalista de literatura do Brasil, que, de origem romântica, prossegue no Naturalismo e Modernismo, atingindo tempos ulteriores. Complementam a exposição algumas considerações sobre o processo de difusão e recepção das obras que propagam suas idéias, expressões de sua visão de mundo, “fiel à tradição do humanismo ocidental”(CANDIDO, 2008, p.11).
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Investiga-se em que medida Hilda Hilst, em Fluxo-floema, vale-se de um conjunto de procedimentos que colocam em cena tanto o sujeito-narrador quanto o próprio narrar, de maneira destoante do que predominantemente se fazia à época. Se no contexto ditatorial era tendência relacionar a literatura a uma “função compensatória”, o que a autora oferece em sua estreia na prosa mostra-se de modo ambivalente, já que não abdica desse prisma, porém o relaciona à frustração. No caso do texto “Osmo”, isso se dá à medida em que se instaura um descompasso entre o “narrar prometido” e o “narrar empreendido”, o que acaba por evidenciar tanto o texto como construção verbal encenada quanto a ambígua atitude do narrador-personagem diante da necessidade de verbalizar a sua história e de se aproximar de seus receptores. O postergamento da história prometida gera a frustração, que é alegoricamente abarcada como um procedimento de tessitura do texto hilstiano relacionado à ironia, à violência, ao fracasso, e que ilumina a condição paradoxal do narrar e da relação do/da artista com o mercado literário.
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Este trabalho pretende analisar o modo como as convenções da produção literária vinculada à imprensa periódica são trabalhadas no conto “Astúcias de marido”, de Machado de Assis (Jornal das Famílias out. e nov. 1866). Nesse conto, o narrador machadiano procura demonstrar, ironicamente, o quanto a sua história atende aos modelos literários, aos critérios de leveza e de moralidade, e à necessidade do corte sistemático – convenções estabelecidas pela direção do periódico. Assim, expondo a artificialidade da construção narrativa e combinando movimentos alternativos entre aderência (aparente) e oposição, pela via da ironia, aos padrões da produção jornalística e às preferências do público, o narrador machadiano dá início à experimentação de uma técnica narrativa inusitada na literatura brasileira: a volubilidade narrativa.
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Um dos objetivos do livro é o de verificar até que ponto as influências intelectuais recebidas por Zygmunt Bauman no começo de sua carreira contribuíram para o desenvolvimento de sua teoria sobre a ética e a moral no mundo contemporâneo, eivada de críticas ao pós-modernismo e hoje considerada uma das grandes referências sobre o assunto. Sociólogo e filósofo polonês nascido em 1925 que se notabilizou por seu marxismo de vanguarda (devido ao qual teve de deixar a Universidade de Varsóvia em 1968 e a sua obra foi proibida naquele país), Bauman é também conhecido por sua prodigiosa produção intelectual, nas quais se destacam as análises das ligações entre a modernidade e o holocausto e o consumismo pós-moderno. Para o autor, foram os círculos neomarxistas de Varsóvia que forneceram a Bauman as matrizes críticas que, pouco a pouco, o levariam a desenvolver a ideia de que a perspectiva pós-moderna da ética está introduzindo uma concepção de moralidade bem diversa da ortodoxa, e que se tornou referenciada por elementos exteriores ao sujeito moral - de acordo com o livro, uma verdadeira ironia, nesses tempos de proclamação da autonomia e liberdade do indivíduo, característica também central do ideal iluminista. Assim, hoje, para Bauman, a referência para a ação moral, em tese baseada nas concepções do direito natural racional, ao invés de proclamar e reafirmar a autonomia do indivíduo diante das normas das instituições, nada mais faria do que reforçar a sua dependência de parâmetros externos advindos de outras fontes, impossibilitando a reflexão e a decisão próprias do sujeito moral
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O trabalho busca analisar a apropriação que dois romances históricos brasileiros contemporâneos fazem dos mitos literários hispânicos do pícaro e de Dom Juan: O Chalaça (1994), de José Roberto Torero e O feitiço da ilha do Pavão (1997), de João Ubaldo Ribeiro. Segundo o autor, ambos privilegiam uma releitura crítica da história oficial, especialmente por meio de recursos como a carnavalização, a ironia, a intertextualidade e a metaficção. Na abordagem do romance de Torero, o autor discute as relações que o livro estabelece com a picaresca espanhola clássica, a partir de um jogo de máscaras e níveis narrativos, uma maneira engenhosa de fazer reemergir um personagem (o Chalaça) que teve grande importância política no Primeiro Reinado, mas foi soterrado pela história oficial como um mero alcoviteiro a serviço de Dom Pedro I. No romance de João Ubaldo Ribeiro, é posto em debate o processo pelo qual o texto, ao dialogar com as narrativas do realismo mágico, reitera o mito de Dom Juan em uma imaginária ilha do Pavão, localizada no Recôncavo Baiano e eivada de conflitos entre o grupo principal de personagens (e seus ideais de liberdade e igualdade) e as instituições oficiais no período colonial, como a Igreja e o Estado, que tentam impor as mais diversas formas de dominação. Para o autor, esses dois romances, além de se aproximarem pela via da apropriação mítica e da intertextualidade, ainda utilizam anti-heróis como referências de um espaço social excêntrico, contrário às normas instituídas, o que também iria ao encontro de aspectos mais tipicamente desconstrucionistas do romance histórico contemporâneo
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Pós-graduação em Estudos Literários - FCLAR
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Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
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The main goal of this work is the analysis of theoretical and methodological aspects of speech melody variation (intonation), with special reference to the pronunciation of one speaker. In order to carry on this study, different types of sentences (declarative, questions, etc.) and the intonational focus as well as the speaker‟s attitude (irony, emphasis, etc.) were observed and analyzed with special acoustic software (PRAAT) and with an auditory analysis of a text read by the subject. The aim of this work is to verify whether the acoustic analysis matches with the auditory perception phonetically, according to M.A.K. Halliday‟s methodology, following Cagliari (2007), who adapted Halliday‟s model to describe the intonation of Portuguese
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Buscou-se com o presente trabalho identificar as concepções de natureza e a relação sociedade-natureza presentes no pensamento do escritor brasileiro Monteiro Lobato. Por meio de pesquisa de natureza documental foram identificadas, predominantemente, as concepções romântica e utilitarista da natureza. Desta forma, quanto às relações sociedade-natureza delas decorrentes, em conseqüência da concepção romântica identificou-se a referência ao homem como destruidor e ser não pertencente à natureza, assim como em decorrência da concepção utilitarista percebeuse a legitimação do direito de exploração dos elementos naturais pelo ser humano. O estudo voltou-se também para a maneira como estas concepções de natureza, coexistentes no pensamento lobatiano, revelam-se ao ser discutida a questão do desenvolvimento brasileiro, causa defendida por Lobato durante sua vida, principalmente por meio das campanhas pela exploração do petróleo e ferro nacionais. Percebeu-se que ao considerar esta questão, a concepção predominante é a utilitarista, defendendo-se a exploração dos recursos para a riqueza nacional. Foram identificadas contradições nos posicionamentos de Monteiro Lobato, motivadas seja por aspectos emocionais seja pela influência do momento histórico vivido pelo escritor. Possivelmente as concepções identificadas na obra lobatiana refletem as concepções hegemônicas no momento histórico de sua produção, assim como influenciariam seus leitores na constituição de suas concepções de natureza e na maneira como estes estabeleceriam sua relação com o meio natural não-humano
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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
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This essay intends to point to a possible dialogue between Mário de Andrade and Max Jacob, starting from the books of poems Paulicéia desvairada (1922) and O losango cáqui (1926), Le cornet à dés (1916) and Le laboratoire central (1921). Divided into three parts, it investigates the figuration in the two poets of the harlequin’s image, through which both would operate several displacements. One of them, the resumption of a romantic mythology of the artist, as in Baudelaire, and the conscience of his staging character. Other, through the opposition between reason and madness, legitimating a lyrical state as a way to a different perception of the reality. Lastly, through the proposition of an artistic sincerity, moral of work with deep impact over the literary language.
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Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
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Em sua obra L'épreuve de l’étranger (1984), Berman propõe uma teoria sobre o sujeito politradutor que vincula a pulsion du traduire do poète breton Armand Robin a uma visada metafísica — definida por este autor como a busca romântica da “pura língua”. No presente ensaio, essas conclusões são reavaliadas a partir de referências inéditas sobre o poeta abordadas antecipadamente. Embora ele tenha renunciado a ser Autor e tenha proclamado a negação de si mesmo (rejeição), subjazem a essa crônica exaltada denominada non-traduction tanto a tentativa de subverter uma tradição francesa etnocêntrica quanto o desejo íntimo de se ver autor (afirmação e aceitação).
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Este trabalho aborda a questão da pulsão politradutória mediante a análise de sua manifestação na obra do poeta tradutor bretão Armand Robin (1912 - 1961). Essa pulsão, vinculada a uma visada metafísica na obra de Antoine Berman (A prova do estrangeiro, 2002) - definida como a busca romântica da língua pura -, é reavaliada atentando para os aspectos filosóficos e psicanalíticos mais evidentes. Em consonância com a teoria de Jacques Derrida (Le monolinguisme de l'autre, 1996), este estudo sugere que o politradutor Robin - que traduziu poemas de aproximadamente vinte e duas línguas para o francês - na verdade não"tinha" várias línguas, não era plurilíngue no sentido que convencionalmente conhecemos, mas tinha apenas uma língua e que não era a sua. O fato de considerar este poeta como um monolíngüe afásico singulariza e redimensiona a problemática em torno da pulsão do traduzir: a repetição do gesto tradutório desvela o excesso da busca de outras línguas, o que aponta paradoxalmente para um modo de velar o trauma relacionado à língua materna afásica (no sentido derridiano do termo). Esse duplo gesto de pulsão-repulsão se manifesta no poliglotismo e na politradução: traduzir permanentemente permite que Robin suporte na paixão a dor da abdicação de escrever a própria obra.
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“Ao vencedor, as batatas” era o lema de Humanitas, princípio filosófico concebido por Quincas Borba, um rico e excêntrico filósofo que se apresentava como o maior homem da terra. Usando ironia, paródia, recursos satíricos e tendo uma aguçada visão da existência humana, Machado de Assis retrata um quadro impressionante das condições políticas e sociais não apenas da decadência do império brasileiro, mas também do gênero humano. O ensaio analisa o romance machadiano - narrado em terceira pessoa e publicado em livro em 1891 - utilizando os recursos fornecidos pelos estudos de literatura comparada. As ressonâncias das leituras de Erasmo (Elogio à loucura), Cervantes (Dom Quixote), Voltaire (Cândido) e Darwin, no tocante à teoria da seleção natural das espécies, demonstram o impacto da presença da cultura europeia no pensamento do escritor brasileiro e sua aclimatação aos costumes do Rio de Janeiro num curto e turbulento período histórico em que a nação experimentava profundas mudanças políticas: a abolição da escravatura (1888) e proclamação da República no ano seguinte.