2 resultados para politradução
Resumo:
Em sua obra L'épreuve de l’étranger (1984), Berman propõe uma teoria sobre o sujeito politradutor que vincula a pulsion du traduire do poète breton Armand Robin a uma visada metafísica — definida por este autor como a busca romântica da “pura língua”. No presente ensaio, essas conclusões são reavaliadas a partir de referências inéditas sobre o poeta abordadas antecipadamente. Embora ele tenha renunciado a ser Autor e tenha proclamado a negação de si mesmo (rejeição), subjazem a essa crônica exaltada denominada non-traduction tanto a tentativa de subverter uma tradição francesa etnocêntrica quanto o desejo íntimo de se ver autor (afirmação e aceitação).
Resumo:
Este trabalho aborda a questão da pulsão politradutória mediante a análise de sua manifestação na obra do poeta tradutor bretão Armand Robin (1912 - 1961). Essa pulsão, vinculada a uma visada metafísica na obra de Antoine Berman (A prova do estrangeiro, 2002) - definida como a busca romântica da língua pura -, é reavaliada atentando para os aspectos filosóficos e psicanalíticos mais evidentes. Em consonância com a teoria de Jacques Derrida (Le monolinguisme de l'autre, 1996), este estudo sugere que o politradutor Robin - que traduziu poemas de aproximadamente vinte e duas línguas para o francês - na verdade não"tinha" várias línguas, não era plurilíngue no sentido que convencionalmente conhecemos, mas tinha apenas uma língua e que não era a sua. O fato de considerar este poeta como um monolíngüe afásico singulariza e redimensiona a problemática em torno da pulsão do traduzir: a repetição do gesto tradutório desvela o excesso da busca de outras línguas, o que aponta paradoxalmente para um modo de velar o trauma relacionado à língua materna afásica (no sentido derridiano do termo). Esse duplo gesto de pulsão-repulsão se manifesta no poliglotismo e na politradução: traduzir permanentemente permite que Robin suporte na paixão a dor da abdicação de escrever a própria obra.