997 resultados para Antropofagia na literatura


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A figura do índio, na Literatura Brasileira, durante anos foi marcada pelos relatos sob a perspectiva de não índios. As vozes dos povos indígenas foram silenciadas, ocultadas pelo discurso dominante, que disseminava ideias com base em seu ponto de vista, muitas vezes marcado pelo teor de superioridade diante desses povos. Principalmente presentes nos textos de viajantes e missionários da época da colonização, os reflexos dessa atitude ainda são marcantes nos dias atuais: preconceitos e ideias equivocadas sobre a cultura ameríndia. Tempos depois, passa-se do índio bárbaro e selvagem ao índio idealizado das obras românticas, mantendo o discurso parcial pautado na visão do outro. Em 1928, através da proposta antropofágica de Oswald de Andrade, inicia-se um novo período diante dessa realidade, muito embora ainda seja uma visão desenvolvida a partir do homem branco. Oswald contribuiu para trazer à tona a figura do índio sem a idealização romântica e com base na valorização dos nativos e de sua cultura. O modernista, com sua bandeira da assimilação crítica de conteúdos, propunha um resgate do primitivo como forma de integrar essa realidade aos novos tempos da industrialização, além de objetivar a ruptura com modelos pré-estabelecidos e eliminação do vetor dominante-dominado. Nos últimos anos, por outro lado, tem crescido o número de obras no âmbito artístico produzidas pelos próprios indígenas, trazendo as vozes que, na verdade, sempre existiram. Nesse contexto, encontra-se a obra de Eliane Potiguara. A mulher e indígena, voz marcante do livro Metade cara, metade máscara (2004), apresenta ao leitor o viver entre dois mundos, o adaptar-se ao universo contemporâneo sem perder as suas raízes e a sabedoria ancestral. Assim como Oswald, Potiguara resgata o primitivo, através do discurso construído a partir da mulher-terra, e assimila recursos do universo do não índio para gritar suas dores e sua esperança, o que possibilita um diálogo com a proposta da Antropofagia oswaldiana. Pretende-se, a partir da ideia desenvolvida por Benedito Nunes (2011) acerca do caráter diagnóstico, terapêutico e metafórico da Antropofagia, estabelecer relações entre os pensamentos de Oswald de Andrade e Eliane Potiguara por meio da arte literária, refletindo sobre a ruptura com padrões pré-estabelecidos através de novas perspectivas, a exemplo da literatura indígena

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O presente trabalho tem como propósito verificar como Julio Cortázar articula arte e política na obra Fantomas contra los vampiros multinacionales (1975). Considerando a época em que a obra foi escrita, uma época marcada pela ditadura nos países da América do Sul, percebe-se que o intelectual não deve ser aquele preocupado somente com a arte em si, mas sim uma figura pensante capaz de disseminar ideais de luta, de crítica ao sistema através de sua obra,. O aporte teórico está baseado nos estudos acerca do conceito de intelectual, segundo Jean Paul Sartre e Sérgio Paulo Rouanet, e na ideia do antropofagismo criado por Oswald de Andrade, que inaugura o termo, a fim de se referir à devoração cultural do que vem de fora em benefício de uma literatura original, e além disso, dissociada da costumeira cópia. Os resultados demonstram que ao se posicionar contra a ditadura, Cortázar tem a intenção de invocar a sociedade a rejeitar todo e qualquer tipo de submissão, não só política mas também cultural. O autor rompe com a narrativa tradicional, fato que se reflete na estética, ao transgredir os limites existentes entre arte popular e arte culta, realidade e ficção, através da construção de uma narrativa fantástica, a qual estudaremos, segundo as teorias de Victor Bravo e de Irène Bessière

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Cobra Norato (1931), do autor gaúcho Raul Bopp (1898-1984), constitui uma das mais significativas obras do Modernismo brasileiro. Neste poema, dividido em 33 pequenos cantos, o personagem central é um homem que, após apossar-se da pele serpentária, empreende uma viagem em busca de sua amada, a filha da rainha Luzia, em poder de Cobra Grande, lendário vilão. Sendo o protagonista um viajante, Cobra Norato faz da travessia uma noção extremamente produtiva. Observaremos no estudo proposto, em que medida a ideia do deslocamento corrobora para uma das principais metáforas boppianas, manifestada na visão empática que seu texto instaura. De raízes folclóricas, com ressonâncias da literatura popular e inspirado num mito amazônico, Raul Bopp busca, pelo trabalho literário, criar uma linguagem adequada ao mundo que tematiza. Aproveitamos o conceito de imagem concebido por Aby Warburg (2010) para analisar como esta poética reproduz em suas nuances, a lógica da sobrevivência. Com Gaston Bachelard (1991) e Jean-Pierre Richard (1954) estudamos ainda as leituras que a presença da matéria lamacenta, intensamente presente na terra do Sem-fim, espaço de travessia do herói, pôde suscitar parte do sentido de descida primitivista. Vale ressaltar que o poema em questão foi idealizado sob as inspirações da corrente Antropofágica, desse modo, também pretendemos problematizar como os signos de tal projeto estético-ideológico são trabalhados no campo metafórico da poesia. Por isso destacamos, paulatinamente, a atenção dada ao desejo de unir duas pontas temporais a Idade de Ouro em que nos encontrávamos, segundo a visão mítica do paraíso nos textos da formação da nacionalidade, e a Idade de Ouro a que chegaríamos, depois da revisão crítica da corrente antropofágica , reafirmando o modelo de sociedade idealizado pela antropofagia (ANDRADE, 1928). Com auxílio de Lígia Morrone Averbuck (1985), Vera Lúcia Oliveira (2002), Otho Moacyr Garcia (1962), M. Cavalcante Proença (1971), Lúcia Sá (2012) entre outros, a pesquisa também pretende pôr em questão algumas das principais interpretações sobre Cobra Norato e fomentar o debate em torno dos dilemas e contradições de uma identidade cultural miscigenada, discussão também alcançada na malha simbólica do poema

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The exponential figure of Gregório de Matos e Guerra has been subject of many theoretical discussions through the years, since his apparition in a public place, in the 19th century, and even more, during the 20th century, when he was salvaged by the modernist vanguard. As a result, there are yet two antagonist points of view linked to Gregório de Matos, on one side, there some researchers who defend him, on the other, some of them attack him. The first ones say this poet from Bahia was the first literary voice in Brazil, from the Baroque basis, while the last ones say he is a merely plagiarist of the Spanish poets from the 17th century, without a real contribution to the development of Brazilian Literature. With this in mind, this thesis follows the perspective this poet is an anthropophagus-baroque, devouring cultures, with an active participation in the process of our cultural and literary identity. For that reason, it was made a literature review about the biography of this poet trying to break romantic descriptions, emphasizing some scientific facts that can contribute to present the baroque profile of this poet. In this sense, it was discussed the History of Literature focused on this creole poet, mainly based on the historians point of view about the Gregorian poetry in the formation of Brazilian Literature scenery. In the defense of the hypothesis that Gregório de Matos was our first anthropophagus, this work aims to analyze how his poetry reveals the intrinsic characteristics of Baroque and Anthropophagy, focusing its carnivalesque aspect, showing to the world, with a satiric tone, the idiosyncrasies of human life. In this way, analyzing this corpus in Spanish is the strength of this thesis because, besides it is previously unpublished, it contributes to the comprehension of the anthropophagy as a theoretical mechanism that explains the process of formation of our cultural literary identity. Then, we have Augusto de Campos (1968; 1978; 1984; 1986; 1988), Haroldo de Campos (1976; 2010a; 2010b; 2011), Severo Sarduy ([1988?]), Oswald de Andrade (1945; 1978; 2006), Mikhail Bakhtin (2010), Octavio Paz (1979), Segismundo Spina (1980; 1995; 2008), Afrânio Coutinho (1986a; 1986b; 1994), Affonso Ávila (1994; 1997; 2004; 2008), among others, to constitute this theoretical scenery. The Gregorian poetry, in this way, have contributed to the formation of baroque-anthropophagic scenery in Brazilian boundaries, with a special attention to the transition of time, because he is not only from the 17th century, established by the historiography, but his work is present nowadays due to the contemporaneously of his themes, centered to the eternal doubts of baroque man

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O presente trabalho aborda o romance Galvez Imperador do Acre, publicado em 1976, pelo escritor amazonense Márcio Souza, estabelecendo as relações entre o texto literário e as propostas estéticas das vanguardas modernistas, tanto européias quanto brasileiras, propondo, assim, a investigação das relações entre modernismo e pós-modenismo, bem como as relações entre literatura, sociedade, história e cultura. Abordaremos questões como a ressignificação de textos literários ou não em Galvez imperador do Acre por meio do processo de colagem e intertextualidade, as relações entre o romance e o momento histórico que retoma e com aquele em que foi produzido, a operação de retomada do passado de forma crítica e transformadora e as possibilidades de leitura do texto literário com vista a algumas teorias pós-modernistas e pós-colonialistas. Observaremos, assim, a maneira como o mesmo retoma a Belle Époque e a extração do látex na Amazônia e sua estética fragmentária, constituída de diversas citações de autores canônicos, investigando o funcionamento da colagem e da antropofagia como principais ferramentas de denúncia e subversão ao processo cultural de importação de valores europeus vivido pelas capitais amazônicas no momento representado pelo romance e cuja crítica pode ser extrapolada para todo um processo de formação cultural no Brasil e na Amazônia. Para isso, poremos em causa as teorias de Jaques Derrida, Walter Benjamim, Claude Levi-Strauss, Fredric Jameson, Luiz Costa Lima, Antonio Candido, Aijaz Ahmad, Homi Bhabha, Stuart Hall, Canclini, Silviano Santiago, Angel Rama, Linda Hutcheon, Antoine Compagnon, entre outros, afim de, a partir do romance em análise, aprofundarmos a discussão teórica acerca das relações comparativas entre textos literários e entre os Estudos Literários e outros campos de estudo.

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En la Verdadera historia de Hans Staden, de 1557, se puede observar una apropiación táctica de la otredad del caníbal en un relato de aventuras que, más tarde, se integraría en un proyecto editorial con fines estratégicos en un contexto específicamente protestante. El entenado de Juan José Saer (1982) no constituye un simple regreso al imaginario colonial de lo antropofágico, sino que funciona como una compleja "Umschrift" de esta tradición, en el sentido freudiano. La visión del canibalismo en Saer se separa de la de Staden precisamente por haberse producido, con el psicoanálisis, una nueva funcionalización antropológica de la figura del caníbal, que deja de ser el otro externo para convertirse en una otredad interna instalada como condición propia en la psique de cada ser humano

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Por medio de esta lectura se proponen algunas líneas para el análisis de la configuración de la memoria a partir de la novela Mazurca para dos muertos, de Camilo José Cela, sobre la base del estallido de voces rastreable en el texto. La complejidad del manejo de la polifonía es susceptible de un detenimiento a través del cual se puede advertir cómo la comunicación y la ausencia de ella devienen ejes centrales en la orquestación de una particular historia de la Guerra Civil, que emerge de la fragmentación brindada por el carácter selectivo de los recuerdos.

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En la Verdadera historia de Hans Staden, de 1557, se puede observar una apropiación táctica de la otredad del caníbal en un relato de aventuras que, más tarde, se integraría en un proyecto editorial con fines estratégicos en un contexto específicamente protestante. El entenado de Juan José Saer (1982) no constituye un simple regreso al imaginario colonial de lo antropofágico, sino que funciona como una compleja "Umschrift" de esta tradición, en el sentido freudiano. La visión del canibalismo en Saer se separa de la de Staden precisamente por haberse producido, con el psicoanálisis, una nueva funcionalización antropológica de la figura del caníbal, que deja de ser el otro externo para convertirse en una otredad interna instalada como condición propia en la psique de cada ser humano

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Por medio de esta lectura se proponen algunas líneas para el análisis de la configuración de la memoria a partir de la novela Mazurca para dos muertos, de Camilo José Cela, sobre la base del estallido de voces rastreable en el texto. La complejidad del manejo de la polifonía es susceptible de un detenimiento a través del cual se puede advertir cómo la comunicación y la ausencia de ella devienen ejes centrales en la orquestación de una particular historia de la Guerra Civil, que emerge de la fragmentación brindada por el carácter selectivo de los recuerdos.

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En la Verdadera historia de Hans Staden, de 1557, se puede observar una apropiación táctica de la otredad del caníbal en un relato de aventuras que, más tarde, se integraría en un proyecto editorial con fines estratégicos en un contexto específicamente protestante. El entenado de Juan José Saer (1982) no constituye un simple regreso al imaginario colonial de lo antropofágico, sino que funciona como una compleja "Umschrift" de esta tradición, en el sentido freudiano. La visión del canibalismo en Saer se separa de la de Staden precisamente por haberse producido, con el psicoanálisis, una nueva funcionalización antropológica de la figura del caníbal, que deja de ser el otro externo para convertirse en una otredad interna instalada como condición propia en la psique de cada ser humano

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Por medio de esta lectura se proponen algunas líneas para el análisis de la configuración de la memoria a partir de la novela Mazurca para dos muertos, de Camilo José Cela, sobre la base del estallido de voces rastreable en el texto. La complejidad del manejo de la polifonía es susceptible de un detenimiento a través del cual se puede advertir cómo la comunicación y la ausencia de ella devienen ejes centrales en la orquestación de una particular historia de la Guerra Civil, que emerge de la fragmentación brindada por el carácter selectivo de los recuerdos.

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Resumen: Puesto que Dámaso Alonso calificó la Glosa 89 (conoajutorio...), folio 72r del Códice Emilianense 60, como “vagido” de una lengua española, reconoció su naturaleza de plegaria, y afirmó que se trataba de un texto que “casi tiene ya estructura literaria”, el propósito de esta ponencia es demostrar que, considerados los aspectos filológico, lingüístico, retórico, literario y doctrinal, este texto no solo excede el carácter de glosa y de expresión formular, sino que es una obra literaria perfecta en forma y en sentido.

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Resumen: Son numerosas las fuentes literarias que dan cuenta de los raptos de doncellas llevados a cabo por animales, de cuya unión se desprenden a su vez los nacimientos monstruosos de niños que reciben cualidades de su padre-animal, tanto físicamente como en su carácter, aunque en ocasiones lleguen a conservar en gran parte su apariencia antropomórfica. Historias de este tipo se propagan durante los siglos xv y xvi en libros de misceláneas y casos extraños, pero continúan aún vivos en los siglos posteriores, cuando adquieren nuevas formas y variantes a través del folklore, la narrativa y la lírica popular. Analizaremos particularmente los raptos ejecutados por el oso y el simio, dos animales en los que el hombre del Medioevo vio especialmente la lujuria.

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Resumen: La utopía y el relato de viaje conforman dos narrativas complementarias que describen mundos desconocidos, pero largamente anhelados. No obstante, en el contexto medieval, no podemos interpretar el concepto de utopía en el sentido político propio de la Modernidad, moriano, del término, sino como un proceso de construcción de expectativas que, a partir de un mismo modelo formal que se mantendrá a lo largo del tiempo en todas las manifestaciones de un país o sociedad ideal, tiende a ubicar en una lejanía inaccesible pero narrable la satisfacción de las necesidades de un presente difícil. Este es el caso de la Abundantia, la más antigua forma de utopía, vinculada al reino de Saturno y a sus múltiples versiones medievales: la Cucaña, el país de Jauja, el Dorado. Presente bajo diferentes formas en prácticamente todas las literaturas europeas occidentales, también la literatura árabe medieval hará un uso particular de la utopía y del relato de viaje, en donde incorporará su propia y específica visión religiosa y cultural. Nos proponemos entonces describir el modelo formal propio de la literatura utópica y la modalidad que adquirió el relato utópico de la Abundantia en el Islam, en particular en la leyenda de la Ciudad de Cobre, del geógrafo andalusí Abu Hamid al-Garnati, y su posterior desarrollo en Las mil y una noches.