Vozes enterradas, sementes plantadas: antropofagia e resgate ameríndio em Oswald de Andrade e Eliane Potiguara


Autoria(s): Tarsila de Andrade Ribeiro Lima
Contribuinte(s)

José Ribamar Bessa Freire

Rita de Cássia Miranda Diogo

Maria das Graças Ferreira Graúna

Data(s)

31/03/2015

Resumo

A figura do índio, na Literatura Brasileira, durante anos foi marcada pelos relatos sob a perspectiva de não índios. As vozes dos povos indígenas foram silenciadas, ocultadas pelo discurso dominante, que disseminava ideias com base em seu ponto de vista, muitas vezes marcado pelo teor de superioridade diante desses povos. Principalmente presentes nos textos de viajantes e missionários da época da colonização, os reflexos dessa atitude ainda são marcantes nos dias atuais: preconceitos e ideias equivocadas sobre a cultura ameríndia. Tempos depois, passa-se do índio bárbaro e selvagem ao índio idealizado das obras românticas, mantendo o discurso parcial pautado na visão do outro. Em 1928, através da proposta antropofágica de Oswald de Andrade, inicia-se um novo período diante dessa realidade, muito embora ainda seja uma visão desenvolvida a partir do homem branco. Oswald contribuiu para trazer à tona a figura do índio sem a idealização romântica e com base na valorização dos nativos e de sua cultura. O modernista, com sua bandeira da assimilação crítica de conteúdos, propunha um resgate do primitivo como forma de integrar essa realidade aos novos tempos da industrialização, além de objetivar a ruptura com modelos pré-estabelecidos e eliminação do vetor dominante-dominado. Nos últimos anos, por outro lado, tem crescido o número de obras no âmbito artístico produzidas pelos próprios indígenas, trazendo as vozes que, na verdade, sempre existiram. Nesse contexto, encontra-se a obra de Eliane Potiguara. A mulher e indígena, voz marcante do livro Metade cara, metade máscara (2004), apresenta ao leitor o viver entre dois mundos, o adaptar-se ao universo contemporâneo sem perder as suas raízes e a sabedoria ancestral. Assim como Oswald, Potiguara resgata o primitivo, através do discurso construído a partir da mulher-terra, e assimila recursos do universo do não índio para gritar suas dores e sua esperança, o que possibilita um diálogo com a proposta da Antropofagia oswaldiana. Pretende-se, a partir da ideia desenvolvida por Benedito Nunes (2011) acerca do caráter diagnóstico, terapêutico e metafórico da Antropofagia, estabelecer relações entre os pensamentos de Oswald de Andrade e Eliane Potiguara por meio da arte literária, refletindo sobre a ruptura com padrões pré-estabelecidos através de novas perspectivas, a exemplo da literatura indígena

La figura del indio en la Literatura Brasileña fue marcada por relatos en una perspectiva de no indios. Las voces de los pueblos indígenas fueron silenciadas, ocultadas por el discurso dominante, que diseminaba ideas con base en su punto de vista, muchas veces marcado por teor de superioridad delante de esos pueblos. Principalmente presentes en los textos de viajantes y misionarios de la época da la colonización, los reflejos de esa actitud aun son marcantes en los días actuales: preconceptos e ideas equivocadas acerca de la cultura amerindia. Tiempos después, se pasa del indio bárbaro y salvaje al indio idealizado de obras románticas, manteniendo el discurso parcial pautado en la visión del otro. En 1928, a través de la propuesta antropofágica de Oswald de Andrade, se inicia un nuevo periodo delante de esa realidad, aunque sea una visión desarrollada a partir del hombre blanco. Oswald contribuyó para traer la figura del indio sin la idealización romántica y con base en la valorización de los nativos y de su cultura. El modernista, con su bandera de asimilación crítica de contenidos, proponía un rescate del primitivo como forma de integrar esta realidad a los nuevos tiempos de la industrialización, además de objetivar la ruptura con modelos preestablecidos y eliminación del vector dominante-dominado. En los últimos años, por otro lado, ha crecido el número de obras en el ámbito artístico producidas por los propios pueblos indígenas, trayendo las voces que, en verdad, siempre existirán. En este contexto, se encuentra la obra de Eliane Potiguara. La mujer e indígena, voz marcante del libro Metade cara, metade máscara (2004), presenta al lector lo de vivir entre dos mundos, lo de adaptarte al universo contemporáneo sin perder sus raíces y la sabiduría ancestral. Así como Oswald, Potiguara rescata el primitivo, a través del discurso construido a partir de la mujer-tierra, y asimila recursos del universo del no indio para gritar sus dolores y su esperanza, lo que posibilita un dialogo con la propuesta de la Antropofagia oswaldiana. Se pretende, a partir de la idea desarrollada por Benedito Nunes (1970) acerca del carácter diagnóstico, terapéutico y metafórico de la Antropofagia, establecer relaciones entre los pensamientos de Oswald de Andrade y Eliane Potiguara por medio del arte literaria, reflejando sobre la ruptura con patrones preestablecidos a través de nuevas perspectivas, a ejemplo de la literatura indígena

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Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica