133 resultados para enunciador
Resumo:
O objeto deste estudo é a análise do comportamento da palavra nos discursos de posse dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, tendo como foco o enunciador e o lugar que ocupa no mundo em que constrói seu discurso, quando toma a palavra que lhe é de direito. Verificamos as relações de poder estabelecidas pela palavra e a ação que ela é capaz de realizar: a construção de imagens, a percepção do outro no momento do costuramento discursivo e os ajustamentos necessários entre o eu e o outro para o desenvolvimento da argumentação. Considerando que o poder imanente da palavra política é premissa fundamental para identificar o ethos dos enunciadores discursivos, demos, pois, enfoque ao modo como se dá a sua constituição nesses discursos, tendo em vista a representação histórica, social, linguística e discursiva dos sujeitos enunciadores, cuja identidade individual ou coletiva, bem como a do auditório a que se destina inscreve o binômio língua/sociedade como premissa fundamental para a realização do estudo da estrutura linguística utilizada em sua redação. Analisar os discursos de posse dos presidentes do Supremo Tribunal Federal, nos últimos 47 anos da República no Brasil, permite que apontemos uma das imagens do Poder Judiciário, forjada pelos membros do próprio Poder e o espelhamento inegável entre presidência e presidentes; que observemos as características que os inserem em determinados domínios discursivos e o contrato que confirma a interdependência e relevância de enunciador e auditório para a constituição do ethos de credibilidade nesses discursos, que tratamos como subgênero textual do gênero discurso de posse; que identifiquemos os ajustamentos e interação entre a tríade enunciador, discurso e auditório responsável pelo desenvolvimento da argumentação e da construção de uma das faces do ethos do Poder Judiciário
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Este trabalho tem por objetivo investigar se haveria espaço para a polêmica num meio regido por princípios tão rígidos como os relacionados à hierarquia e à disciplina, o meio militar. Para isso, propusemo-nos estudar o emprego da partícula não nos enunciados de um gênero discursivo denominado parte, modalidade de documento cuja finalidade básica seria estabelecer a comunicação escrita entre os integrantes de uma mesma organização militar. Optamos por pesquisar as partes produzidas no ano de 2004 por dez setores da Base Aérea de Santa Cruz, em virtude de trabalhar nela há cerca de dez anos. Caso haja espaço para a polêmica no aludido meio, pretendemos averiguar como estariam sendo construídos os perfis dos enunciadores responsáveis pelos pontos de vista afirmativos subjacentes aos enunciados negativos das partes, bem como o tipo de polêmica que estariam instaurando nesse meio. Apresentamos, como considerações iniciais, os motivos que nos levaram à pesquisa, o problema, as hipóteses e o objetivo da pesquisa. No capítulo referente à introdução, discorremos sobre o gênero parte, bem como sobre as Instruções Normativas e os locais da enunciação, os setores da Base Aérea de Santa Cruz. No capítulo relativo ao quadro teórico, fizemos uma breve revisão da literatura. Nossa perspectiva teórica é a da Análise do Discurso de base enunciativa, com ênfase nos conceitos de dialogismo, de alteridade discursiva, de gêneros do discurso e de negação polêmica. A análise que conduzimos, considerando a noção de discurso como prática de linguagem socialmente instituída, traça os perfis dos enunciadores que estariam dialogando nos enunciados das partes. Como resultado, foi possível refletir sobre posições enunciativas dos enunciadores responsáveis pelos pontos de vista subjacentes aos enunciados negativos, identificadas em nosso corpus, sobre as relações de aproximação ou distanciamento entre os enunciadores postos em cena pelos enunciados negativos, bem como o embate entre seus pontos de vista e os dos veiculados pelos enunciados negativos e os efeitos de sentido que se podem depreender desse embate. Tais efeitos de sentido revelam a importância do gênero estudado e como os aportes teóricos da Análise do Discurso são produtivos mesmo para enunciados tão padronizados como os das partes
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A linguagem veiculada pela mídia eletrônica, produzida por jovens em salas de bate-papo, vem causando reações adversas em vários setores da sociedade brasileira, tais como os da lingüística, filosofia, educação, psicologia, psiquiatria e do direito. Jornais e revistas, freqüentemente, divulgam a perplexidade de muitos diante dessa linguagem. Em virtude disso, abriu-se um campo fecundo de investigação científica na área de estudos da língua portuguesa. O objetivo desta dissertação é investigar não só os elementos gramaticais dos enunciados/discursos concernentes ao corpus, mas, além disso, extrapolar as fronteiras da morfossintaxe, que opera no plano da descrição da frase, em direção à análise de discurso, que opera no plano da interpretação, do modo como são construídos os discursos, da materialidade discursiva e das condições de produção deste. O corpus é constituído de textos do gênero chat, produzidos por jovens, entre treze e dezesseis anos, matriculados em uma escola particular do Rio de Janeiro. Para abordar um uso conversacional da língua portuguesa no chat, do ponto vista discursivo, optou-se pelo quadro teórico de Jacqueline Authier-Revuz, com o fito de interpretar questões, tais como: formas de heterogeneidade mostrada e marcada; interdiscurso; negação do enunciador estratégico; distinção entre o sujeito cartesiano (homogêneo e transparente) e o sujeito não-cartesiano (heterogêneo e opaco); discurso direto (em que a alteridade transparece no enunciado/discurso do locutor, que dá lugar ao discurso de um outro em seu próprio discurso); e conotação autonímica. A metodologia adotada parte do campo das ciências humanas como uma pesquisa de cunho qualitativo. Em suma, é possível encontrar, nesta dissertação, a reflexão diluída dos conteúdos teóricos que contemplam a Gramática da Língua Portuguesa e a Análise de Discurso
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Esta tese propõe uma reflexão sobre o ensino da hipérbole na escola, adequada às exigências do ensino de língua materna, consoante ao papel que língua e linguagem exercem na interação verbal. Inicia-se com a investigação de disciplinas lingüísticas que entendem o texto como prática discursiva alternada entre interlocutores mutuamente influenciados, e se estende à análise produtiva da hipérbole na construção argumentativa do enunciador. Aproveita a (quase) consolidada presença do texto jornalístico em sala de aula, como veículo de informação, e acrescenta o estudo discursivo das hipérboles como estratégia do enunciador das colunas políticas e editoriais jornalísticos, no diálogo textual. Busca a identificação das pistas deixadas pelo enunciador, em marcas formais, com a intenção de (inter)agir sobre o leitor. Oferece possíveis leituras das palavras utilizadas pelo jornalista, considerando os vários elementos constitutivos da cena enunciativa; apresenta a possibilidade de aplicação de alguns conteúdos gramaticais em estrutura discursiva textual e sugere exercícios de compreensão e produção de texto
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Este trabalho realiza análises de anúncios publicitários que veiculam, de algum modo, cenários de famílias como parte estruturante de sua composição/prática discursiva. Estuda os mecanismos linguístico-discursivos e as marcas textuais da enunciação como indiciativos do sujeito discursivo/enunciador/ideológico e das determinações que o movem. O discurso conforma-se a normas que causam efeitos de sentido, por sua materialidade e por sua relação com o momento de enunciação, culturalmente, historicamente construídos. O estudo analisa, então, as seleções lexicais, a complexidade sintática, a engenhosa teia argumentativa e seus operadores, a construção do ethos, os marcadores de heterogeneidades enunciativas e os modos de organização do discurso publicitário. Os textos promocionais publicitários analisados exigem gestão eficaz da convergência do ethos propriamente discursivo com o construído a partir de imagens arquetípicas de famílias. A prática discursiva publicitária é uma prática intersemiótica, que integra produções concernentes a diferentes domínios semióticos; no caso, o pictórico. Com base na Análise Semiolinguística do Discurso, o estudo científico da linguagem, ao viabilizar análises que evidenciam a força argumentativa do enunciador, revela que o sujeito discursivo detém, pelo uso sutil do discurso, um forte instrumento de poder e de legitimação de valores e marcas, para obtenção de suas metas. Assim, o estudo propicia reflexão sobre o uso estratégico do discurso publicitário como instrumento de poder, de enformação, de moldagem do leitor, de modo que atenda às demandas do enunciador, fortalecendo, portanto, socialmente, as estruturas de dominação
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Este trabalho é uma análise da organização do texto à luz da articulação dos tempos do verbo. O corpus é constituído por dez crônicas de Rubem Braga. Procede-se inicialmente a uma breve explanação comparativa dos conceitos de verbo, tempo e modo segundo a forma de ver da gramática tradicional, aqui representada por obras da autoria de Rocha Lima, Celso Cunha e Evanildo Bechara. Para uma visão atual, usa-se a gramática de José Carlos de Azeredo (2010). Tendo em vista a flexibilidade formal do gênero crônica, especialmente quando tratada como obra literária, foram selecionados textos com características bem variadas para mostrar os diferentes usos do tempo verbal. Os conceitos de discurso e história, segundo Benveniste, e de mundo comentado e mundo narrado, conforme a terminologia de H. Weinrich, foram levados em consideração, já que a crônica de Rubem Braga combina com frequência episódios e reflexões do enunciador
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O presente trabalho tem por objetivo analisar diferentes adaptações da Bíblia, levando em conta seus aspectos linguísticos e a consequente formação de ethos discursivo em cada uma delas. Considerados textos clássicos, as histórias bíblicas devem ser conhecidas por todos os sujeitos, desde a mais tenra idade, pois, sendo atemporais, sempre servem de reflexão para o leitor, com discussões pertinentes à dinâmica da sociedade. A pesquisa estabeleceu, portanto, como objetivos: defender a criação de adaptações dos clássicos, uma vez que representam um contato primeiro com a obra; analisar a construção linguística das adaptações bíblicas, considerando que diferentes leitores merecem textos diferentes; destacar o uso dos adjetivos como marcas pessoais do enunciador e, por fim, avaliar a construção dos ethé discursivos de cada proposta de adaptação, levando em conta as escolhas lexicais de cada narrativa. Para tanto, foram selecionadas três adaptações destinadas a três grupos diferentes: uma para crianças, a segunda para adolescentes e a terceira para adultos. Durante a análise, os adjetivos se destacaram como elementos expressivos, contribuindo para a elaboração de textos apropriados a cada público-alvo, culminando, também, na construção de uma imagem para cada enunciador o ethos discursivo. Assim, o trabalho apresenta a formação dos diferentes ethé discursivos nas diferentes adaptações bíblicas, tomando como foco de estudo a seleção de adjetivos. Pretende-se, com isso, levar à reflexão sobre a necessidade de obras pensadas para públicos específicos, considerando o grau de interação entre o texto e o leitor.
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Este trabalho situa-se no âmbito dos estudos voltados para as relações entre linguagem e mundo previdenciário e, em consideração às várias possibilidades de abordagem para essas relações, pretende aprofundar-se nos discursos produzidos sobre o pecúlio. A proposta desta pesquisa é, sob o ponto de vista enunciativo, identificar que sentidos de pecúlio circulam em notícias veiculadas na Revista PREVI, levando em consideração a historicidade dos pecúlios e a comunidade discursiva que participa dessa construção de sentidos. Ao fazermos uma leitura mais analítica das notícias, identificamos que a forma como o enunciador se constituiu, nos levou a trabalhar com os implícitos - pressupostos e subentendidos - e, como pretendíamos analisar a relação PREVI/Participante, optamos por estudar o ethos enunciativo a partir desses implícitos. Dessa forma, pudemos estudar imagens de enunciador e, consequentemente, a forma de relacionamento desse com seu coenunciador, bem como os sentidos de pecúlios recuperados a partir dessa relação. A perspectiva teórica utilizada é a da Análise do discurso de base enunciativa que determina a forma como compreendemos as manifestações de linguagem (MAINGUENEAU, 2004). Outros conceitos presentes em nossa análise foram os de gênero do discurso (BAKHTIN, 2010); as teorias dos implícitos em Ducrot (1987) e Maingueneau (1996) e os estudos sobre o ethos em Maingueneau (2004, 2008 e 2011). Nossas análises nos possibilitaram recuperar três imagens predominantes de enunciadores: o explicador, o defensivo e o apelativo. O primeiro enunciador explica, porque entende que seu coenunciador tem dúvidas, desconhece, não está apto a; o segundo, defende a instituição PREVI, o pecúlio da PREVI e, se necessário, ataca inclusive seu coenunciador, se entender que está sendo ameaçado. Por sua vez, o terceiro argumenta em sua própria causa ou pela causa dos pecúlios e apela pela adesão do seu coenunciador. Depreendem-se dessas imagens de enunciador sentidos de pecúlios que precisam ser explicados, defendidos e argumentados nas publicações da PREVI. Como conclusão, a partir desses sentidos de pecúlio, inferimos uma possível causa para que os enunciadores e coenunciadores estabeleçam as mesmas relações em um período de mais de trinta anos de divulgação dessas revistas
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Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Linguística – especialização em Linguística Portuguesa
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Describir e interpretar la función de elementos lingüísticos en la organización global del texto. 4 tipos de textos de base narrativa escritos por preadolescentes (niños y niñas de 12 años). Integra diversos tipos de estudios: los que describen las propiedades y las funciones de la escritura frente a los de la oralidad como modos principales de la realización lingüística; la lingüística funcional y del texto; los estudios sobre las estructuras narrativas básicas y las narraciones de hablantes corrientes; los estudios del tiempo verbal desde la perspectiva de la comunicación y de la enunciación en el texto. Explora empiricamente el uso de los tiempos verbales en la muestra y a partir de la elaboración de un modelo de texto narrativo organizado en diferentes planos muestra que la función sustancial de los tiempos verbales respecto al texto tiene dos dimensiones: indicar la perspectiva del enunciador y su implicación; y regular el relieve y la estructura narrativa.. Textos narrativos. Porcentajes. Investigación empírica. En los textos se constatan dos tipos fundamentales de alternancia. El estudio muestra que la distinción propuesta por Weinrich entre tiempos de comentario y tiempos de narración es válida para su aplicación al análisis de textos de hablantes en edad de aprendizaje, cuando lo que queremos detectar es el uso de los tiempos en relación con la actitud comunicativo-discursiva. No se constata una diferencia radical entre la narración oral y la escrita.. Esta investigación puede orientar la intervención didáctica en los procesos de composición de los textos, así como ayudar a establecer un criterio más sólido a la hora de valorar los textos escritos por los alumnos..
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Resumen basado en el de la publicaci??n
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En esta tesis se analizan los sentidos de la nación y los referentes sobre los que se construye la identidad colectiva ecuatoriana, en el discurso de la prensa; la investigación se basa en la lectura de los pronunciamientos hechos por personajes de la élite político económica del Ecuador, de articulistas de los diarios El Universo y El Comercio y de los editoriales de estos medios, durante el proceso de Firma de la Paz de Ecuador con Perú y del Levantamiento Popular e Indígena de enero de 2000. En el trabajo se explora cuáles son los referentes sobre los que se construye la idea de identidad nacional, entendiendo que las coyunturas de crisis son estructuradoras de los sentidos a la vez que estos influyen en el desarrollo de los acontecimientos. Esta aproximación permite ver que la identidad nacional se construye en los pronunciamientos difundidos por la prensa sobre la idea de una necesaria superación del pasado que mantiene al país en condiciones de pobreza y subdesarrollo, lo cual implica olvidar los viejos referentes identitarios y construir otros aún inciertos porque se encuentran en el futuro. Los sentidos otorgados a la nación varían de acuerdo al momento y al enunciador, pero todos giran sobre la idea de que Ecuador es un país que debe ser construido, para lo cual se debe restablecer la unidad nacional.
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Neste trabalho, faz-se uma análise dos textos das provas do Concurso Vestibular UFRGS 2001 a partir da Lingüística Textual, tendo-se como referência Teorias da Enunciação. Busca-se verificar como se caracterizam os textos das provas do ponto de vista lingüístico. Para isso, baseando-se em elementos de textualização, analisam-se alguns aspectos que se destacaram na organização estrutural e enunciativa dos textos das provas. Nesta análise, faz-se também uma tipologização das seqüências textuais que aparecem nos textos das questões das provas. Conclui-se que os textos das provas do vestibular da UFRGS de 2001 caracterizam-se por estabelecer uma aparente proximidade do enunciador com o leitor por meio de alguns recursos de modalização enunciativa e, ao mesmo tempo, por uma tentativa de não-marcação da enunciação, tendo em vista se inserirem numa situação formal de avaliação. A forma como se compõem os textos das provas revela a tentativa de um máximo controle do sentido. É necessário, durante a elaboração das provas, que sejam previstos os conhecimentos e inferências que o leitor poderá fazer a partir de seu conhecimento de mundo e do conhecimento do conteúdo que está sendo avaliado. Por sua vez, o leitor precisa relacionar e mobilizar o seu conhecimento de mundo e do conteúdo avaliado com o que supostamente está de acordo com o mundo científico em que se insere a prova. Quanto mais os conhecimentos de mundo e de conteúdo do produtor e do leitor-candidato coincidirem, maior será a possibilidade de êxito do candidato nas provas. Este trabalho é de interesse especialmente aos estudiosos de língua em seus aspectos textuais e enunciativos, mas também o consideramos pertinente aos professores que preparam seus alunos para provas de escolha múltipla, seja de vestibulares ou concursos públicos em geral.
Poética do fragmentário : a escritura-processo em Fernando Pessoa / Bernardo Soares e em Woody Allen
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No que diz respeito ao processo criativo respectivamente de Fernando Pessoa e de Woody Allen, um olhar comparatista panorâmico pode conduzir à idéia de que o primeiro fragmenta-se a si próprio em diferentes olhares e vozes, das quais aqui nos interessa, especialmente, o semi-heterônimo Bernardo Soares; o segundo estilhaça seu olhar em vários filmes. Tanto na filmografia de Allen, como no Livro do desassossego, não se configura uma demarcação limitada e limitadora nem de tempo nem de espaço. Há uma escritura-processo que se caracteriza pelo deslocamento, pelo desdobramento e pelo conseqüente estilhaçamento que multiplica. Essa mobilidade é justamente o que possibilita a disseminação – que se concretiza, especialmente, na fragmentação emergente da prosa poética e do texto fílmico, na pulverização da voz e no esfacelamento do sujeito enunciador.
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Esta tese trata de questões ligadas à configuração da FD dos trabalhadores brasileiros e da instituição da posição-sujeito em que o discurso de Lula (DL) se inscreve, bem como analisa o processo de identificação e de representação política do sujeito enunciador do referido discurso, no período compreendido entre 1978/1998. A mesma está organizada em seis capítulos: no primeiro, apresento noções teóricas da AD básicas à análise; no segundo, trato da construção do arquivo, do corpus e da metodologia de análise; no terceiro capítulo, examino questões relativas à natureza do campo discursivo – o campo do político, abordando, na primeira seção, a política, o político e a cena de representação do político; na seção II desse capítulo, estabeleço a passagem da cena de representação do político para a cena discursiva; no quarto capítulo, metodologicamente trato da configuração da FD dos trabalhadores brasileiros e apresento o acontecimento histórico e enunciativo que fragmenta a forma-sujeito dessa FD e instaura a posição-sujeito em que se inscreve o discurso de Lula (DL). Nesse capítulo, através de três recortes discursivos, apresento a configuração histórica e discursiva da referida posição-sujeito; no quinto capítulo, também através de três recortes discursivos, trato do processo de identificação política do sujeito enunciador do DL; e, no sexto e último capítulo, analiso diferentes formas de representação do sujeito enunciador do DL, procurando compreender como esse sujeito, ao longo do espaço-tempo delimitado para a análise, se representa no discurso. Para tanto, dedico especial atenção a duas cenas de interlocução discursiva distintas: a primeira delas estabelece-se, quando, a partir do lugar da liderança, referido sujeito enuncia para os inscritos na mesma posição-sujeito e na mesma FD em que ele está inscrito; a segunda, quando, na função enunciativa de porta-voz, enuncia para a exterioridade dessa FD. Nas seções, recortes e blocos discursivos desse capítulo, analiso o funcionamento discursivo do “eu”, do “nós” e de “o Lula”, levando em conta as funções enunciativas que o sujeito enunciador do DL assume em diferentes condições discursivas. Como efeito de conclusão, apresento resultados da análise realizada nos diferentes capítulos, procurando evidenciar aqueles que julgo como os mais relevantes. É com esse objetivo que retomo questões levantadas sobre: a configuração metodológica da FD dos trabalhadores brasileiros; a configuração histórica e discursiva da posição-sujeito em que o DL está inscrito; o processo de identificação política do sujeito enunciador do DL; a representação política do sujeito enunciador do discurso em análise.