Valores de (inter)subjetividade na análise semântica: a marcação da distância
Data(s) |
24/03/2014
24/03/2014
01/01/2014
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Resumo |
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Linguística – especialização em Linguística Portuguesa Esta tese centra-se na análise dos marcadores linguísticos da distância, em particular, as formas como o sujeito enunciador codifica, no discurso, o seu distanciamento em relação ao conteúdo proposicional dos enunciados que constrói. Recorrendo a princípios estruturadores da teoria das operações predicativas e enunciativas, este trabalho propõe-se fazer uma descrição aprofundada de dois casos de estudo, sistematizando dados e apresentando um quadro explicativo para o respetivo funcionamento no português europeu. Como casos de estudo, foram selecionados dois tempos verbais (o futuro e o condicional) e um tipo de expressões idiomáticas (como “cheira a esturro”), que faz uso de três verbos de perceção (cheirar, saber e soar). As formas em questão marcam a distância entre o sujeito enunciador e aquilo que ele diz, através da atribuição da informação veiculada quer a uma outra fonte enunciativa, quer a um raciocínio inferencial do sujeito enunciador. Em relação ao primeiro caso de estudo, procura mostrar-se como as formas verbais de condicional e de futuro são usadas como marcadores do valor mediativo de enunciação de factos relatados. A análise levada a cabo permite esclarecer que estas formas constroem, no enunciado, valores específicos, para os quais concorrem diversas categorias (mediativo, modalidade, tempo e aspeto), e funcionam como as versões mediativas de outros tempos verbais do modo indicativo, com os quais estabelecem relações biunívocas. Quanto ao segundo caso de estudo, tem-se como objetivo mostrar que os verbos de perceção são, no português europeu, marcadores privilegiados do valor mediativo de enunciação de factos inferidos. Faz-se igualmente notar que a relação entre perceção e cognição, enquadrando-se numa tendência geral da mudança semântica, é redutível a uma invariância de funcionamento das formas, a qual permite uma plasticidade que decorre da interação com outros valores subjacentes aos enunciados. Desta forma, as construções em causa servem para apresentar explicações plausíveis, assumidas como tal pelo sujeito enunciador, que marca um distanciamento em relação ao seu conteúdo e evita validá-las como asserções estritas, modalizadas como certas. De modo a compreender o funcionamento destas construções, procede-se a uma pesquisa em corpus e a uma análise que visa dar conta dos tipos de estruturas e dos valores inferenciais, metafóricos e de subjetividade em causa. Finalmente, explora-se o modo como a sua ocorrência nestas expressões idiomáticas pode reforçar a hipótese de estes verbos apresentarem evidências de um processo de gramaticalização em curso. Neste estudo é, pois, privilegiada uma análise transcategorial que visa esclarecer o modo como diferentes categorias linguísticas interagem na construção dos sujeitos e das relações enunciativas e (inter)subjetivas, em sequências linguísticas validáveis. A análise desenvolvida permite, ainda, clarificar o estatuto categorial do mediativo, esclarecendo a sua relação com a evidencialidade, por um lado, e com a modalidade epistémica, por outro. |
Identificador |
http://hdl.handle.net/10362/11801 101452373 |
Idioma(s) |
por |
Publicador |
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa |
Relação |
Apoio financeiro da FCT no âmbito do Programa de apoio à formação avançada de docentes do Ensino Superior Politécnico (PROTEC) (Ref.: SFRH/BD/50140/2009) |
Direitos |
openAccess |
Palavras-Chave | #Mediativo #Evidencialidade #Modalidade #(inter)subjetividade #distância subjetiva #Valores do condicional #Valores do futuro #Verbos de perceção |
Tipo |
doctoralThesis |