999 resultados para Práticas autobiográficas
Resumo:
Este trabalho discute o patenteamento farmacutico no Brasil por meio de anlises dos exames de patentes propriamente ditos, com a entrada em vigor da atual lei da propriedade industrial (Lei 9.279/1996). Para a compreenso de como funciona o exame de patentes, parte-se da apresentao de conceitos basilares da propriedade industrial. dado destaque importncia das patentes como fonte de informao tecnolgica (pesquisa bibliogrfica em bancos de patentes e para a recuperao das informaes contidas nestes documentos). Neste ponto, apresenta-se um estudo sobre as patentes relacionadas ao efavirenz, por tratar-se de um caso excepcional na discusso sobre propriedade industrial e sade pblica; j que ele foi o primeiro medicamento licenciado compulsoriamente pelo Governo brasileiro (dentro da poltica de controle da epidemia da Aids). Em seguida, o problema da associao entre os direitos de propriedade industrial e o acesso a medicamentos abordado em dois captulos relevantes: i) as questes sobre a atenteabilidade de polimorfos de frmacos; e ii) os procedimentos tcnicos adotados no exame de patentes farmacuticas no mbito da Coordenao de Propriedade Intelectual da ANVISA (COOPI-ANVISA) e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). De fato, o primeiro tratado internacional relativo propriedade industrial, a Conveno da Unio de Paris (CUP, de 1883), j propugnava o princpio da independncia das patentes, ou seja, que cada pas tem liberdade para decidir sobre a patenteabilidade ou no dos diferentes produtos e processos de inveno. Mais tarde, o Acordo TRIPS (de 1995) no vedar aos pases a adoo de escopos de proteo distintos, visando o equilbrio entre os interesses pblicos e privados em diferentes domnios tecnolgicos, nos diferentes pases. Finalmente, a Declarao de Doha, de 2001, prev dispositivos flexibilizadores de modo a favorecer precisamente polticas de sade e acesso a medicamentos pela utilizao de salvaguardas dos direitos de propriedade intelectual no exame de pedidos de patentes. Conclui-se, neste trabalho, que aspectos tcnicos e jurdicos inerentes ao patenteamento aliados capacidade poltica de deciso em favor da implementao de flexibilidades no exame de pedidos patentes de frmacos e medicamentos podem ser mais ou menos favorveis sade pblica.
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Estudo de natureza qualitativa que teve como objetivo analisar as práticas de Educao em Sade desenvolvidas com gestantes atendidas pela Estratgia de Sade da Famlia no municpio de Quissam no Rio de Janeiro. Para a coleta de dados foi utilizada a tcnica do grupo focal, sendo realizados trs grupos em unidades com elevadas taxas de cesrea, a fim de refletir sobre a relao entre a participao nas atividades e a escolha pelo tipo de parto. Os sujeitos do estudo foram 18 mulheres que tiveram seus filhos no ano de 2008 e que participaram de qualquer atividade educativa desenvolvida pelas unidades. A anlise de dados foi orientada pela anlise de contedo de Bardin e das falas das mulheres emergiram 03 categorias e uma subcategoria. A investigao apontou que a participao nas práticas educativas ajuda nas escolhas durante a gestao, pois as mulheres sentem-se mais seguras e preparadas para o parto e o ps-parto. Contudo, a escolha pelo tipo de parto ainda determinada pelos profissionais. O estudo indica que h uma disputa entre o projeto de assistncia obsttrica delineado pela mulher e o projeto do profissional, de modo que a indicao mdica continua a prevalecer. Apesar dos esforos dos profissionais da Estratgia de Sade da Famlia do municpio investigado, as práticas educativas realizadas com as gestantes, ainda precisam ser desenvolvidas a fim de possuir um cunho emancipatrio, na superao de uma prtica transmissora de modo a empoderar a mulher para a sustentao de suas decises. Observa-se que as atividades so orientadas por um planejamento, entretanto, a avaliao das aes no acontecem, de modo que se faz necessria a reflexo dos profissionais acerca das formas de avaliao das práticas desenvolvidas. A pesquisa recomenda a criao de comits de avaliao das indicaes de cesrea; o investimento na formao permanente dos profissionais, sobretudo em Educao e Sade; e a reavaliao da metodologia de desenvolvimento dessas atividades com o intuito de se pensar em estratgias que possam envolver as mulheres na construo das práticas educativas, no sentido de empoder-las para a tomada de deciso e para a defesa de seu projeto de parto.
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Trata-se de uma pesquisa de mestrado do Programa de Ps-Graduao da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Teve como objetivo geral compreender e analisar as práticas do enfermeiro na assistncia sade no Programa HIV/AIDS nos Centros Municipais de Sade do Rio de Janeiro a partir do princpio da integralidade. Buscou-se a compreenso da prtica do enfermeiro, pois devido complexidade da epidemia, o paciente requer assistncia que estabelea qualidade de vida. Neste sentido, explorou-se o conceito de integralidade como embasamento para as aes em sade nos diversos nveis de assistncia em especial na ateno bsica. O enfermeiro diante de uma perspectiva de integralidade quer no manejo clinico do portador, quer na preveno da disseminao da doena nos diversos grupos populacionais, deve buscar uma prtica profissional com vistas a priorizar as necessidades de sade dos usurios. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, sendo esta abordagem a que possibilita a compreenso dos fenmenos e das aes humanas no que se refere prtica. A pesquisa foi desenvolvida no perodo 2008 a 2009, sendo o trabalho de campo desenvolvido atravs de observao livre e entrevistas semi-estruturadas. Os sujeitos consistiram de 12 enfermeiros que trabalham nos CMS no Programa HIV/AIDS. Os dados foram analisados visando buscar eixos temticos a fim de transparecer as práticas e seus contextos, utilizando tambm os registros da observao livre. Atravs da anlise temtica emergiram duas categorias: O cotidiano da assistncia no programa HIV/AIDS e a Prtica do enfermeiro no programa HIV/AIDS, as quais deram origem a cinco subcategorias descritas a seguir: O cotidiano dos CMS e a organizao da assistncia voltada para o HIV/AIDS; Limitaes poltico-institucionais que dificultam as aes de enfermagem no programa HIV/AIDS; A relao da equipe de sade e o processo de trabalho no programa HIV/AIDS; Bases tericas que orientam a prtica do enfermeiro em HIV/AIDS nos CMS; e Modelos de ateno sade e a realidade vivenciada no programa HIV/AIDS. Podemos constatar que os servios que atendem HIV/AIDS so estruturados basicamente com a presena dos profissionais de sade e na estrutura fsica disponvel para a assistncia. Este fato influencia a chegada do paciente ao servio e sua forma de atendimento. Constatou-se que a falta de estrutura fsica prejudica a percepo das necessidades de sade do grupo populacional assistido, mas tambm isto nos remete a falta de preparo do profissional. H muita dificuldade em articular o conhecimento terico com a prtica diria, isto , com suas atividades de rotina. Neste caso, o enfermeiro busca, a partir das aes que so postas no dia-a-dia, superar essa indefinio na tentativa de dar respostas aos problemas de sade que lhes so direcionados. Conclumos que h necessidade de condies mais especficas para o desenvolvimento de aes que possibilitem a visualizao das necessidades de sade desta clientela para que possa desenvolver a integralidade de forma consistente nos CMS do Rio de Janeiro.
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Esta pesquisa fruto da dissertao de mestrado do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ENF/UERJ). Teve como objetivo geral compreender os sentidos e as práticas de cuidado realizadas pelos enfermeiros nos Centros Municipais de Sade (CMS) em uma rea de Planejamento do municpio do Rio de Janeiro. A escolha pelo estudo dos sentidos e das práticas de cuidado ocorreu por entender-se que cada ser humano pensa, reflete e age de forma diferente, perante a realidade e a si prprio e, dessa forma, estabelecem relaes entre esses sentidos e suas experincias de vida. Assim, torna-se necessrio no somente estudar e conhecer as práticas de cuidados exercidas pelos enfermeiros da Ateno Primria em Sade, mas tambm reconhecer e apreender os sentidos de cuidado que este profissional possui. Os trabalhos relativos prtica do enfermeiro na Ateno primria em Sade discutem as atividades deste profissional, porm no as correlacionam ao cuidado de enfermagem. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, que privilegiou a utilizao da abordagem Hermenutica-Dialtica. A pesquisa desenvolveu-se no perodo de 2007 a 2009, sendo utilizada a entrevista semi estruturada como instrumento de coleta de dados. Foram entrevistados 14 enfermeiros que desenvolvem suas atividades em CMS. A anlise das entrevistas foi feita mediante a anlise de seu contedo. Desta anlise, foram identificadas trs categorias: Prtica do enfermeiro na Ateno Primria em Sade; Fatores que influenciam a prtica do enfermeiro e O cuidado do enfermeiro na Ateno Primria em Sade. Com a anlise dos dados, pde-se perceber a diversidade de práticas realizadas pelo enfermeiro neste campo de atuao, porm o cuidado de enfermagem no identificado diretamente como uma prtica em sade. Sobre os sentidos da prtica de cuidado, constatou-se que o enfermeiro a compreende como um conjunto de dimenses que englobam o fazer tcnico, organizacional e de uma boa prtica em sade. Por meio da produo dos sentidos referentes prtica de cuidado, percebe-se que, apesar do cuidado no ser descrito como uma prtica pelo enfermeiro, ele permeia o cotidiano de suas aes nos CMS. Assim, olhar para as práticas do enfermeiro na Ateno Primria em Sade ajudou a compreender como realizada a prtica de cuidado, seja para a organizao dos servios, para a oferta de um atendimento com base na identificao das necessidades de sade do indivduo e na orientao em sade.
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A administrao pblica apresenta vrios problemas, que vo desde a ausncia de avaliaes quanto aos aspectos de eficincia, eficcia e efetividade na utilizao de recursos e das polticas pblicas adotadas, at a prtica perversa da corrupo em suas diversas formas. Grande parte destes problemas decorre da falta de mecanismos de controle e acompanhamento para saber se as aes promovidas pelos gestores pblicos esto de acordo com os objetivos da sociedade. Os problemas que decorrem desta relao de conflito de interesses entre aqueles que delegam a administrao de suas organizaes e aqueles que recebem esta delegao e administram, so chamados de problemas da relao entre principal e agente. No setor pblico pode-se considerar que agente o gestor pblico (recebe a delegao e administra) e principal o cidado ou a prpria sociedade (que delega). Estes conceitos tm origem na teoria da agncia. Esta teoria um dos fundamentos da governana, seja no setor privado ou no setor pblico. E a governana adota princpios como a transparncia e a accountability para propor práticas de controle e acompanhamento da administrao, a fim de evitar os problemas da relao agente e principal. Deste modo, a presente pesquisa tem por objetivo avaliar se os relatrios de gesto do Poder Executivo municipal so aderentes aos princpios e padres de boas práticas de governana para o setor pblico acerca da transparncia e da accountability na utilizao dos recursos, bem como dos resultados gerados em decorrncia das polticas pblicas adotadas. Para tanto, a metodologia utilizada neste trabalho foi a seguinte: atravs da pesquisa bibliogrfica, identificou-se na literatura quais os princpios e padres de boas práticas de governana para a administrao pblica, e criou-se um quadro-sntese para servir de base para avaliao dos relatrios de gesto quanto aos aspectos de transparncia e accountability; atravs da pesquisa documental foram selecionados os relatrios de gesto da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro a serem analisados, que foi a cidade escolhida para realizao da pesquisa pela proximidade com o autor e pela disponibilizao de diversos documentos em seu stio eletrnico; a seguir, pela anlise de contedo, fez-se a avaliao dos documentos utilizando-se o quadrosntese produzido. Os resultados da pesquisa demonstraram que os relatrios de gesto analisados possuem pouca aderncia aos princpios e padres de boa governana, evidenciando-se uma aderncia de apenas 37,71% em relao aos elementos estabelecidos no quadro-sntese. Assim, apontou claramente para o fato de que h pouca transparncia nos relatrios de gesto, fato este que prejudica a accountability na administrao pblica.
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A tese versa sobre as grandes questes relativas contracepo no Brasil. Integra um esforo por analisar condutas referentes contracepo, segundo lgicas que priorizam a situacionalidade e a relacionalidade de tais fenmenos. As estratgias para gerir a fecundidade so constitutivas da sexualidade heterossexual. Mulheres e homens podem usar ou no contracepo; as razes dessa conduta extrapolam aspectos concernentes a informao e acesso. Busca-se compreender as práticas contraceptivas a partir do processo do aprendizado das lgicas relacionais e de gnero, em diferentes momentos dos percursos biogrficos: o incio da trajetria afetivo-sexual, os contextos de irrupo de uma gravidez e o encerramento da potencialidade reprodutiva, por meio da esterilizao contraceptiva. Este compsito demandou a utilizao de materiais empricos distintos para a construo e anlise das etapas eleitas dos percursos biogrficos. Enfoca-se, primeiramente, o momento de passagem sexualidade com parceiro. Problematiza-se a ideia de relaxamento das práticas contraceptivas, a partir da iniciao sexual, concepo corrente na literatura nacional em funo do decrscimo de uso de preservativo em relaes sexuais posteriores. Aborda-se, em seguida, as atitudes e as questes presentes no processo de construo da prtica contraceptiva, no momento em que a vida sexual se torna regular. A proposio da perspectiva da gesto contraceptiva sublinha as posies dos protagonistas, marcadas pelo gnero. Por ltimo, analisa-se as circunstncias biogrficas e os cenrios relacionais da esterilizao contraceptiva, a qual emerge como uma estratgia de estabilizao ou de consolidao de um percurso contraceptivo/reprodutivo. O debate em torno da contracepo no Brasil apresenta a tendncia a enfatizar a determinao social para explicar as gestaes imprevistas. Contudo, salienta-se, com base em uma literatura crtica, as dimenses de agncia individual, ainda que circunscritas por um campo delimitado de possibilidades.
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A Constituio Federal brasileira relaciona dentre as garantias do cidado o direito ao meio ambiente sadio e a liberdade religiosa e de liturgia. Tambm prev como valor constitucional a ser defendido pelo Estado brasileiro as matrizes culturais africanas. A problemtica da presente pesquisa o conflito entre esses valores e garantias em um Estado democrtico de direito, conflito este que indentificamos no caso selecionado para estudo: a proibio de oferendas das religies afrobrasileiras no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, pela administrao da entidade gestora do Parque. A partir deste estudo de caso, propomos questionar: 1) como o conflito construdo numa perspectiva multidimensional (da geografia cultural, da teologia, da sociologia etc); 2) se e por que as religies de matrizes africanas foram excludas do arcabouo jurdico ambiental brasileiro; 3) se este arcabouo pode ser interpretado de modo a favorecer a prtica de oferendas e 4) se h uma conscincia e uma tica ambientais emergentes naquelas comunidades religiosas, facilitadoras do argumento defensivo da prtica de oferendas em reas verdes pblicas. Assim, o objetivo da presente pesquisa contribuir para a soluo exitosa deste conflito, de modo que esta soluo seja vlida e exeqvel em qualquer rea verde sob administrao pblica. Desse modo, advogamos a tese de que possvel ponderar as duas garantias constitucionais em conflito, de forma que as oferendas, ao invs de proibidas, sejam aceitas de modo disciplinado, no agressivo ou menos agressivo ao meio ambiente, pela negociao dos atores envolvidos. Atravs da metodologia qualitativa demonstraremos que h um conflito entre atores que do distintos significados ao meio ambiente, a partir de racionalidades distintas, sendo a da administrao ambiental fortemente ancorada na prpria doutrina formatadora dos parques nacionais. Aditaremos que o conflito poderia ter sido evitado ou minorado se as comunidades religiosas urbanas afrobrasileiras tivessem sido reconhecidas como populaes tradicionais pelo movimento socioambientalista, fortemente inspirador da legislao brasileira. Demonstraremos ainda que, apesar desta lacuna, a legislao que j est dada pode ser interpretada de modo a chancelar a prtica das oferendas, e que a proibio seria um equvoco legal da administrao ambiental, tendo em vista que o direito ambiental oferece um sistema principiolgico favorvel prtica das oferendas, tarefa facilitada por uma emergente tica ambiental naqueles grupos religiosos. No obstante, uma proposta de incluso de um artigo na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservao ser elaborada, para evitar que a soluo do conflito dependa de interpretaes. Por fim, recomendaremos que a interdio no Parque da Tijuca seja exemplarmente substituda por uma negociao entre as partes envolvidas, de modo a que sejam preservados todos os interesses constitucionais envolvidos, proporcionando o avano da democracia brasileira.
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Esse trabalho tem por objetivo investigar os processos de normalizao e de gesto sociomdica da morte na sociedade contempornea, a partir da anlise de uma modalidade de assistncia em medicina proveniente do mundo anglo-saxo denominada cuidados paliativos, cujo processo de institucionalizao no Brasil est em pleno curso. Parte-se, inicialmente, da anlise das transformaes nas apreenses sociais da morte que ocorreram no curso do sculo XX, com destaque ao perodo de 1960-1970 que, em seu conjunto, criou as condies de possibilidade para a emergncia histrica dos cuidados paliativos como um modelo de gesto do fim vida. Em seguida, a partir da noo de normalizao das condutas de Michel Foucault, realiza-se uma anlise crtica da concepo de boa morte como um dos principais dispositivos que visam regulao dessa nova prtica mdica. Busca-se problematizar a constituio desse novo saber e nova disciplina atravs do questionamento do controle mdico de importantes setores da vida biolgica, como atualmente o processo do morrer, ancorado em grande medida nos processos de normalizao presentes na sociedade contempornea, que no campo da sade assume uma forma medicalizante e, mais recentemente, biomedicalizante. A pesquisa balizada pelos referenciais tericos da Sade Coletiva, com nfase na articulao crtica de uma leitura sobre a medicina ocidental, sua racionalidade e seus dispositivos, cujo monoplio incide sobre os corpos individuais e as populaes atravs dos processos de normalizao, como teorizada por Michel Foucault e Giorgio Agamben. Alm da pesquisa terica que visa o entendimento da posio assumida pela vida e pela morte no contexto biopoltico e no dispositivo da medicina, efetuou-se uma pesquisa de campo na Clnica da Dor e Cuidados Paliativos do Hospital Universitrio Clementino Fraga Filho HUCFFUFRJ. A partir da observao etnogrfica busca-se investigar a implementao de um servio de cuidados paliativos no sistema pblico brasileiro e avaliar como se materializa no cotidiano da assistncia a gesto normativa da morte. O estudo evidenciou que ao lado de uma gesto mais normativa, expressa na concepo da boa morte, coabitam modalidades de cuidado nessas práticas de sade, cuja nfase recai sobre os aspectos ticos de reconhecimento do outro como um legtimo outro e na considerao de sua capacidade de autodeterminao e de ascese. Foi possvel observar no trabalho clnico cotidiano um esforo dos profissionais para construir uma relao de cuidado aberta para a singularizao, o que aponta para os paradoxos do cuidado. A partir desses dados foram esboadas algumas concepes de cuidado que tm como referncia modos de subjetivao singulares, pautadas nas relaes alteritrias, as quais permitem a criao de um espao potencial para o viver e o morrer.
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Apesar de a reproduo assistida possibilitar transformaes importantes na parentalidade e nas relaes familiares, suas tecnologias tm sido mais frequentemente usadas para reiterar o modelo tradicional de reproduo biolgica e social. Este estudo qualitativo, de cunho exploratrio, analisou quais normas estariam presentes nas práticas de sade relativas dificuldade de engravidar e o que poderia ser revelado a partir destas práticas. Foram observadas interaes entre profissionais e pacientes atendidos em um servio pblico de reproduo humana no Rio de Janeiro. A discusso dos diagnsticos de infertilidade e de risco, duas importantes estratgias biopolticas usadas como critrio de elegibilidade para o acesso s novas tecnologias reprodutivas, revelou como algumas práticas de sade reiteram normas de gnero e de reproduo social. Atrelados condio socioeconmica de seus usurios, estes diagnsticos tendem a agravar excluses e desigualdades no exerccio dos direitos reprodutivos no pas. A anlise da ateno mdica possibilitou conhecer em parte o difcil cotidiano no apenas de homens e mulheres, que por anos persistem em seus desejos por filhos, mas tambm de profissionais que enfrentam antigas barreiras polticas, econmicas e burocrticas do servio pblico de sade. Este estudo corrobora a viso de que o servio representa um avano em termos de direitos sexuais e reprodutivos, apesar de ainda ser longo o caminho para o acesso igualitrio e equnime s tecnologias reprodutivas pelo sistema nico de sade brasileiro (SUS).
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Este estudo objetivou compreender a vivncia e a sexualidade dos adolescentes que (con)vivem com HIV e indicar possibilidades para as práticas de cuidado realizados pelos enfermeiros. Trata-se de um estudo de natureza descritiva, com abordagem qualitativa, com aproximao na hermenutica dialtica. Foram estudados 20 adolescentes com HIV atendidos em um Hospital Universitrio do Rio de Janeiro. Foi utilizada como tcnica de coleta de dados entrevistas semi-estruturadas e dois instrumentos de coleta: um questionrio de caracterizao dos sujeitos e um roteiro temtico que guiou as entrevistas. As entrevistas foram gravadas e os contedos transcritos e analisados conforme a tcnica de anlise de contedo temtica. O resultado evidenciou que o significado da sade para os sujeitos, numa anlise geral, est associado qualidade de vida e necessidade de manuteno de hbitos saudveis. Sobre o HIV, destacou-se o desconhecimento sobre o vrus e os modos de transmisso. A vivncia com o HIV marcada predominantemente por sentimentos negativos como medo e sofrimento relacionados com preconceito, estigma e discriminao. Os adolescentes associam a sexualidade ao ato sexual ou orientao sexual. A sexualidade para os adolescentes que adquiriram o vrus atravs da transmisso sexual tambm est relacionada s dificuldades com a mesma aps a descoberta. J os adolescentes contaminados por transmisso vertical tiveram como elementos mais presentes a aceitao e conformao da doena. Observar-se a falta de percepo dos adolescentes em relao s práticas de cuidados realizadas pelos enfermeiros, direcionados para minimizar suas necessidades Conclui-se, ento, as tcnicas de anlise utilizadas foram pertinentes, pois permitiram identificar as vivncias e os sentidos da sexualidade dos adolescentes que (con)vivem com HIV e a importncia das práticas de cuidados de enfermeiros. Este estudo servir para reflexo crtica para profissionais de sade, principalmente, enfermeiros, atravs da identificao e percepo das demandas dos adolescentes com HIV para desenvolver estratgias visando as peculiaridades e necessidades destes adolescentes.
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A proposta da presente pesquisa teve como objetivo analisar criticamente as melhores práticas de recrutamento e de seleo, direcionadas a pessoas com deficincia, candidatas a emprego em cinco empresas privadas, na cidade do Rio de Janeiro, que possuem em seu quadro de funcionrios mais de 100 empregados, sendo assim, obrigadas ao cumprimento da Lei n 8.213/1991, a Lei de Cotas. Analisou-se tambm o modo como profissionais de Recursos Humanos adquiriram conhecimentos tcnicos acerca destas práticas. Parte dos objetivos desta proposta de pesquisa foi identificar as bases desta determinao legal, no que se refere ao amparo tcnico aos profissionais de RH no processo seletivo. Neste aspecto, o foco da investigao foi verificar a existncia de programas de qualificao para estes profissionais, tendo em vista que a exigncia de capacitao est sempre centrada na pessoa com deficincia, quando, na verdade, a carncia est presente tambm nos responsveis que lidam com este pblico, por ocasio do seu ingresso nas organizaes corporativas. A abordagem metodolgica incluiu uma pesquisa de campo com base em dados de entrevistas semi-estruturadas, sendo complementada pela tcnica de anlise de relato verbal. Seis foram os profissionais de RH escolhidos como participantes da pesquisa e que atuam diretamente na rea de recrutamento e de seleo de pessoas com deficincia. Inevitavelmente, estes profissionais de RH se utilizam de instrumentos psicomtricos dentre outros, cotidianamente empregados no processo seletivo, inclusive na avaliao de pessoas com deficincia. Os resultados da presente pesquisa apontam que as melhores práticas de recrutamento e de seleo, atualmente em uso, direcionadas a pessoas com deficincia, so discriminatrias, pois os profissionais envolvidos neste processo, por demonstrarem falta de conhecimento acerca de práticas apropriadas, se utilizam dos mesmos procedimentos adotados no atendimento de vagas para o pblico de pessoas ditas normais. Complementarmente, a reviso da literatura aponta a inexistncia de amparo tcnico e cientfico, no sentido de qualificar profissionais responsveis pelo ingresso e permanncia de pessoas com deficincia no mercado de trabalho, confirmando-se, assim, a limitao da ao de poltica pblica em vigor. Por conta desse fato, prope-se a adoo de aes afirmativas, neste caso de rgos privados, no sentido de mobilizar esforos em prol da contratao de grupos socialmente excludos no mercado de trabalho, como o caso das pessoas com deficincia.
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Este trabalho pesquisou os usos do Jornal Eletrnico Educao & Imagem, feitos para e por professores da rede pblica. As práticas narradas e as imagens trazidas pelos docentes, que so usurios do jornal, nos possibilitou refletir sobre os currculos e os conhecimentos que tm sido tecidos cotidianamente. Para analisar as narrativas e as imagens presentes nos artigos escritos pelos professores foram pesquisados os editoriais redigidos por cada grupo de pesquisa, que faz parte da elaborao do peridico, e a seo Voz do leitor que publica artigos escritos por professores. Este estudo tem suas relaes tericoepistemolgicas e terico-metodolgicas com as pesquisas nos/dos/com os cotidianos (Lefebvre, Certeau) que tm permitido compreender as redes de conhecimentos e significaes que se do nos mltiplos cotidianos em que vivemos, entendendoos como contextos educativos. Para falar sobre a importncia da narrativa em pesquisa alguns autores como Walter Ong e Nilda Alves embasaram este estudo. Para o tratamento das noes de tecnologia, currculo e imagens dialogamos com os autores Nilda Alves, MartinBarbero, Boris Kossoy, Roberto Macedo, Alice Lopes, Elisabeth Macedo, Arlindo Machado, Pierre Lvy, Edma Santos e Marco Silva. Dos artigos analisados observei que as imagens utilizadas pelos professores que escreveram para o jornal apresentaram uma multiplicidade de usos. A maioria fez uso de material fotogrfico. Em seus artigos temos imagens usadas nos seguintes contextos: como registro de suas atividades com os alunos, como registro/memria autobiogrfica, como reflexo da prpria imagem apresentada ou como ilustrao do texto dentre outros. Ao trabalhar com estas narrativas e imagens temos a oportunidade de discutir como se d e como se tem desdobrado os usos do peridico eletrnico, possibilitandonos compreender e complexificar sobre outros processos cotidianos, a partir destes que nos retratado e narrado.
Resumo:
Discutem-se os processos de trabalho e de produo do cuidado dos auxiliares e tcnicos de enfermagem do Ncleo de Ateno Crise do Instituto Municipal de Assistncia Sade Nise da Silveira, no contexto da desinstitucionalizao, e seus efeitos na integralidade do cuidado. O foco de anlise repousa sobre o cuidado cotidiano prestado por esses profissionais nas unidades de internao psiquitrica. Buscou-se realizar uma reflexo sobre os aspectos contemporneos do cotidiano da assistncia psiquitrica e o papel dos hospitais psiquitricos no atendimento aos pacientes agudos. Para tal objetivou-se, especificamente: contextualizar o IMNS no cenrio de sade mental no municpio do Rio de Janeiro; descrever as práticas assistenciais de auxiliares e tcnicos de enfermagem no cuidado aos pacientes agudos internados; e discutir as práticas de cuidado no contexto da reorientao do modelo hospitalar e suas repercusses na integralidade da assistncia em sade, buscando contradies e aproximaes com o discurso da poltica de sade mental vigente. Foram abordadas na fundamentao terica: as questes da prtica da equipe de sade sob o eixo da integralidade, em especial da equipe de enfermagem, e a relao trabalho/sade/cotidiano na construo dos processos de trabalho e de produo do cuidado da assistncia prestada. Como abordagem terico-metodolgica que possibilitou alcanar o objetivo proposto, realizou-se estudo exploratrio, de natureza qualitativa, na perspectiva da cartografia, tendo na observao participante seu principal elemento de coleta de dados. O mapeamento das práticas rotineiras de cuidado evidenciou que estas so predominantemente pautadas no modelo asilar, no qual auxiliares e tcnicos desempenham suas atividades dirias de modo distanciado dos pacientes e de suas necessidades. Esses profissionais no so vistos como elementos da equipe de sade mental, e assim, desprestigiados em relao poltica de formao e capacitao em sade mental, assumem o cuidado aos pacientes institucionalizados de modo pouco estruturado, sem levar em considerao os anseios e sofrimentos dos usurios. Acolhimento, vnculo e integralidade fizeram parte do discurso oficial de reorganizao da assistncia, num contexto macroestrutural, mas ainda no se materializam nas práticas assistenciais da unidade de sade pesquisada. A importncia do estudo est pautada no fornecimento de subsdios para a formulao e implantao de aes que auxiliem na melhoria da gesto do trabalho em sade mental. Sua justificativa se faz na medida em que essa rea permeada por conflitos e questes que interferem decisivamente na qualidade dos servios prestados.
Resumo:
O estilo parental tem influncia no desenvolvimento humano e pode ser definido como um padro de comportamentos identificveis nos pais quando se relacionam com seus filhos. A literatura tem utilizado alguns parmetros para compreender os estilos parentais. Um deles se caracteriza pelo binmio: limites-afeto ou responsividade e exigncia, delimitando trs estilos parentais: Autoritrio, Permissivo e Autoritativo. O estilo autoritrio caracteriza-se por pais que do muitos limites e pouco afeto. Estes pais procuram manter a ordem e o controle da famlia, devendo a obedincia ser alcanada ainda que sob padres punitivos. O estilo permissivo caracteriza-se por pais que do pouco limite e muito afeto. Nesse caso, h uma crena naturalista segundo a qual a criana deve expressar livremente suas necessidades e aprender por si s. Estes pais no se vem como responsveis por ensinar ou modificar comportamentos infantis. O estilo autoritativo caracteriza-se por pais que do muito limite e muito afeto. O cuidador apresenta condutas intermedirias entre as permissivas e autoritrias, estimulando verbalizaes emocionais, permitindo que os filhos participem das decises, estimulando argumentaes, autonomia e disciplina. A empatia considerada uma habilidade essencial para a manuteno dos laos sociais, que propicia a percepo da necessidade do outro e ao mesmo tempo favorece a sensao de ser compreendido. A assertividade a habilidade de expressar e defender sua opinio com firmeza e segurana, sem, contudo desrespeitar o outro. Esta pesquisa tem como hiptese a idia de que pais autoritativos seriam mais empticos e assertivos do que pais autoritrios. O objetivo deste estudo foi correlacionar os Estilos Parentais s Habilidades Sociais: Assertividade e Empatia. Participaram da pesquisa 64 pais, 21 homens e 43 mulheres. Os instrumentos utilizados foram: o Inventrio de Habilidades Sociais (IHS-Del Prette), ao Inventario de Empatia (IE FALCONE) e ao Parental Autority Questionary (PAQ). A Anlise dos dados foi feita atravs do SPSS. Foram efetuadas correlaes r de Person entre os fatores do PAQ e os fatores do IHS e do IE. Os resultados apontaram para uma correlao positiva (r = 0,30 ; p < 0,05) entre o fator Enfrentamento e Auto-afirmao do IHS e o estilo Autoritativo. Uma relao negativa (r = -0,24 ; p < 0,05) foi observada entre este mesmo fator e o estilo Autoritrio. Em relao a empatia, os fatores Tomada de Perspectiva (r = 0,33 ; p < 0,01), Sensibilidade Afetiva (r = 0,25 ; p < 0,05) e Autruismo (r = 0,25 ; p < 0,05) correlacionaram-se positivamente ao estilos Autoritativo, Em relao ao fator Autoritrio, foi verificada uma correlao negativa ( r = -0,24 ; p < 0,05) com o fator Altrusmo do IE. A partir deste resultado, foram realizadas trs anlises de regresso linear mltipla (stepwise) considerando cada um dos fatores do PAQ como variveis dependentes dos fatores do IHS e do IE. Os Fatores Enfrentamento e Auto-afirmao do IHS e o fator Autrusmo do IE junto explicam 15% da varincia do Fator autoritativo. Os resultados apresentados so discutidos a luz da psicologia do desenvolvimento, psicologia social e neuropsicologia.
Resumo:
A Educao Fsica entrou para o currculo escolar brasileiro h menos de um sculo, com o objetivo de manter a ordem dentro das escolas, fortalecer e cuidar da sade dos jovens brasileiros, sendo vista ainda hoje pelo senso comum como veculo disciplinador dos indivduos e de obteno da qualidade de vida, utilizando prioritariamente o esporte, com suas regras e tcnicas rgidas, para alcanar estes objetivos. No sentido de apontar uma outra perspectiva de Educao Fsica Escolar, voltada para uma interveno positiva no processo de transio do indivduo passivo (disciplinado) para o cidado ativo (crtico), o presente trabalho ir investigar práticas pedaggicas que visem o desenvolvimento da criatividade, da autonomia e da participao, fatores preponderantes no processo de construo de uma gesto educacional democrtica, na medida em que acredito que esta forma de gesto seja fundamental para a transformao da educao inicialmente, mas sem perder o foco da conquista da igualdade e democracia em nossa sociedade.