977 resultados para Discursive Practices [práticas discursivas]
Resumo:
Esta Tese iniciou com a realizao do Curso “Uma releitura da dicotomia corpo/organismo” oferecido para professores/as de biologia do Ensino Mdio da Rede de Educao Pblica da cidade de Porto Alegre, RS. Nela, problematizo as pedagogias empregadas no estudo do corpo visto como um fenmeno “puramente” biolgico. Tenho como propsitos interrogar a concepo disciplinar do corpo como a-histrico ou fixo, pr-determinado na herana, gentica e/ou histrica, ou como pura anatomia e fisiologia, sem relao com o meio onde vive e as maneiras como vive, como, tambm, chamar a ateno para o papel de algumas prticas discursivas presentes na famlia, na mdia e nas prticas escolares vinculadas ao campo da disciplina biolgica que se entrelaam no meio social fabricando os corpos. O entendimento de que os sentidos que atribumos ao corpo so produzidos nos processos de significao cultural levou-me a estabelecer aproximaes com algumas proposies do campo dos Estudos Culturais nas suas verses ps-estruturalistas e de Foucault. O Curso foi gravado em fitas de videocassete que foram transcritas descritas e analisadas. A estratgia de anlise compreendeu examinar nas falas e em outras produes – os cartazes – como o corpo foi narrado por esses/as professores/as de biologia e, tambm, nas cenas das atividades, como foram criados determinados significados ao corpo. Numa tentativa de empreender uma anlise articulada s circunstncias em que a pesquisa se processava, fui estabelecendo conexes entre o que ia emergindo no estudo e as anotaes que eu havia feito no transcorrer do Curso, com autores/as de distintas disciplinas. No Curso foram desenvolvidas atividades com os propsitos de pensar e de discutir sobre as implicaes de algumas prticas habituais na constituio do corpo e da vida das pessoas. Dentre essas atividades, trs compem esta Tese que foi organizada na forma de artigos. A atividade intitulada Histrias dos nomes, em que discuto as implicaes de alguns marcadores sociais, especialmente os nomes, na constituio das identidades das pessoas. A atividade denominada Com quem sou parecido/a? Como ser parecido/a?, em que discuto como algumas prticas que atuam nas famlias constrem as parecenas atribudas s pessoas e aos grupos familiares, instituindo os pertencimentos/as excluses. A atividade intitulada Implicaes da disciplina biolgica e das mdias na constituio do corpo e da vida, em que discuto os efeitos das prticas discursivas veiculadas na mdia e existentes nas prticas escolares ligadas ao ensino de biologia que, ao se correlacionam no meio social, constrem os significados que atribumos ao nosso corpo e nossa vida. Analisar as narrativas desses/as professores/as sobre suas experincias relativamente a distintas instituies sociais, as famlias, a mdia, a educao escolarizada e, nela, a disciplina biolgica, possibilitou-me entender os corpos e as vidas como configurados nas prticas de significao que os inscrevem cotidianamente. Tais sistemas de significao, que codificam, moldam e regulam as percepes, os gestos, os sentimentos, os hbitos, as maneiras de agir das pessoas em relao a elas mesmas e aos demais, fabricam os corpos e governam a vida das pessoas. Essas compreenses permitiram-me, tambm, interrogar a pretensa existncia do corpo como dotado de essncias universais biolgica, histrica e/ou transcendental, de um corpo fixo, estvel e universal. E, ainda, problematizar as prticas discursivas da disciplina biolgica presentes na educao escolarizada, uma vez que elas engendram uma maneira particular do que e como ver o corpo humano. Os pressupostos que regem as estratgias disciplinares, ao assumirem uma posio dominante nas salas de aula, vm excluindo as vozes e as experincias dos/as estudantes em relao ao seu corpo e sua vida, o que tm dificultado conexes com os seus saberes e prticas. Dessa forma, as disciplinas vm atuando mais no controle dos corpos do que na produo de saberes relevantes s vidas dos/as alunos/as.
Resumo:
A propaganda poltica, enquanto modo dos agentes sociais colocarem-se na esfera de visibilidade pblica, procura desenvolver prticas discursivas capazes de persuadir a audincia desde os parmetros espetaculares da lgica miditica. Ao mesmo tempo, os governos devem prestar contas sociedade que os elegeu. Nesta perspectiva, esta dissertao analisa o programa de televiso “Cidade Viva” da Prefeitura de Porto Alegre (RS), sob a administrao da Frente Popular. Com uma metodologia relacionada aos estudos de discurso, so investigados os recursos publicitrios e jornalsticos que transformam o “Cidade Viva” num programa com estratgias hbridas de comunicao. Tais estratgias levam em conta um contexto simblico onde o campo da mdia parece exercer, cada vez mais, papel central.
Resumo:
Esta tese, intitulada uma histria de governamento e de verdades – Educao Rural no Rio Grande do Sul (1950-1970), analisa como a educao rural constituiu-se em dispositivo que desenvolveu minucioso esforo de governamento da populao rural no perodo estudado A pesquisa inscreve-se no campo das discusses educacionais que examinam relaes de poder-saber e est considerando a perspectiva que toma a educao em seu papel na fabricao ativa dos indivduos. A investigao trata de um processo de produo de subjetividades de crianas, jovens e docentes para novos tempos vividos entre as dcadas de 1950 a 1970 e analisa investimentos estratgicos levados a efeito atravs da Revista do Ensino do Rio Grande do Sul e do manual didtico Escola Primria Rural. Conclui que tais investimentos no queriam produzir apenas os rurais escolares, mas tambm pretendiam atingir, o mais amplamente possvel, as comunidades rurais, as famlias; em ltima instncia, queriam atingir a vida dessas populaes, regulando-a, governando-a. Na primeira parte do trabalho, o objetivo montar o baralho da estratgia analtica, situando, alm do corpus discursivo, a perspectiva dos estudos Culturais Contemporneos e as contribuies da teorizao de Michel Foucault. Assim, so anunciadas as concepes utilizadas para realizao de uma analtica do governamento. Na segunda parte, faz-se uma leitura das prescries endereadas ao magistrio gacho e, atravs dele, comunidade. Inicialmente, so examinados alguns investimentos de poder sobre os escolares, tecnologias que colocaram em ao instrumentos disciplinares com vistas ao aparelhamento da escola, formao-atualizao docente e a educao integral dos estudantes, atravs do Clube Agrcola A seguir, a analtica realizada utilizou o conceito de biopoder desenvolvido por Foucault, para mostrar os investimentos de um poder poltico sobre o conjunto da populao rural. Inmeras campanhas, programas e projetos foram veiculados prescrevendo um conjunto de coisas ensinveis, relativas ao modo de vida da populao. Observa-se como docentes e estudantes rurais tiveram a pauta de um currculo cultural constituda por enunciados que pretenderam mudar a mentalidade da populao, modernizando-a. A mudana de hbitos dizia respeito alimentao, agricultura, sade e economia, bem como a cuidados com o corpo, a casa e o meio ambiente. Por fim, a investigao teve como propsito mostrar os sujeitos escolares rurais como efeito das prticas discursivas a que estiveram submetidos. O trabalho buscou problematizar o sujeito escolar rural descrito e prescrito pelos discursos em anlise, interrogando como os rurais constituram-se em objeto de conhecimento possvel e desejvel.
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O tecido desta pesquisa se guiou pelo olhar da Psicologia Social, ‘par e passo’ com a busca pela anlise histrica. A perspectiva da Psicologia aqui considerada entende que os processos sociais e os sujeitos nesses inseridos, so destes produtores e produzidos, e os critrios da verdade so construdos a partir das convenes sociais e dos regimes de poder presentes nas relaes humanas. O interesse na pesquisa e interveno em Sade do Trabalhador, e a percepo da pertinncia social que a atividade em teleatendimento tem atualmente no setor produtivo instigaram essa investigao. Considera as modificaes do trabalho com o advento de novas tecnologias no contexto de globalizao do capital, e as formas que o a atividade de trabalho em telefonia tomou. H uma pluralidade de intercruzamentos que essa atividade profissional tm apresentado atravs das problemticas a respeito das condies e da organizao do trabalho e das queixas de sade que chegam aos sindicatos dos trabalhadores (o SINTTELRS ), e que outros estudos j tm apontado. O objetivo do estudo foi apontar as relaes entre os modos de gesto e o processo sade-doena de teleoperadores, buscando investigar como se configura a organizao do trabalho (modos de gesto) no campo das telecomunicaes, identificar como essas caractersticas se expressam nas condies de sade dos trabalhadores e trabalhadoras, e visibilizar as polticas de recursos humanos prevalecentes. Baseou-se no aporte metodolgico da produo de sentidos no cotidiano, no mbito da Psicologia Social, a anlise das prticas discursivas (SPINK; FREZZA, 2000). A pesquisa emprica foi realizada buscando os dados dos quatro maiores ‘call centers’ sediados no Rio Grande do Sul. A coleta de dados foi realizada com entrevistas e textos da pgina eletrnica de uma instituio de referncia no setor, visita s empresas e dirio de campo. A partir das anlises um outro olhar permitiu narrar outra histria sobre polticas de gesto e sade em teleatendimentos. A constituio e a caracterizao do trabalho nos ‘call centers’ descritos apresentam organizaes que se estruturam no perfil dos modelos flexveis, e os modos de gesto ilustram esta bricolagem do ‘novo’ e do ‘velho’, quando encontra-se recolocado o receiturio fordista/taylorista com as estratgias tpicas da gesto da excelncia. As polticas de recursos humanos se focam no estmulo e na manuteno da capacidade produtiva, e no h, efetivamente, uma poltica de sade que atente para o componente organizacional na gnese dos sintomas de LER/DORT e de sofrimento psquico, expressado com o termo genrico ‘estresse’. A concepo de sade que embasa alguns programas de preveno no ultrapassa a condio de sade pensada como ausncia de doena, apontando para a necessidade de expandir a discusso da regulamentao de parmetros especficos para esta atividade, especialmente no que concerne reinveno de uma sade ocupacional na direo de uma sade dos trabalhadores.
Resumo:
Quando observamos o mundo do trabalho atual, percebemos que, h um movimento em direo maior flexibilidade, tanto em relao aos empregados formais quanto aos trabalhadores que passam a atuar por meio de formas flexveis de contrato de trabalho. O contrato de emprego flexvel refere-se quele que no segue o modelo formal de contrato de trabalho, regido por CLT (Consolidao das Leis do Trabalho), e, vem sendo estudado ultimamente como um resultado das mudanas na organizao do trabalho, em geral, associado busca por trabalhadores mais produtivos e de menor custo. Devido amplitude dos fenmenos envolvidos nestas transformaes, delimitamos o tema e o pblico a ser estudado: adotando a idia de construo social da realidade, de Berger e Luckmann (1966/2002), analisamos os processos de “migrao” de 30 executivos, residentes no municpio de So Paulo, ex-empregados de grandes corporaes, que tiveram experincias em cargos de gerncia mdia e alta em organizaes nacionais e multinacionais, e, que atualmente, trabalham no mercado sob regime de contratos flexveis. Para nosso estudo, entendemos os executivos como trabalhadores formais que ocupam posies de alta e mdia gerncia na hierarquia organizacional e detm posies de poder e prestgio. Assim, o objetivo deste estudo descrever o sentido atribudo por executivos, ao processo de “migrao” para formas mais flexveis de trabalho e nova realidade vivida no trabalho. A pesquisa segue uma abordagem qualitativa, utilizando-se de entrevista em profundidade semi-estruturada, para a coleta de dados; para a anlise das entrevistas realizadas, usamos, como base, as idias de prticas discursivas e produo de sentidos, de Spink e Medrado (1999/2004). A abordagem construcionista permitiu verificar que os executivos em trabalhos flexveis possuem alto nvel de autoconfiana, uma viso missionria sobre o seu trabalho, e diversos motivos diferentes para a “migrao”. Por meio de seus relatos, pode-se observar as estratgias para a sobrevivncia e obteno de sucesso como um trabalhador flexvel; a percepes dos entrevistados sobre o mercado brasileiro; a mudana de relacionamento com os clientes, a famlia e a rede de contatos. Apesar dos problemas enfrentados para se estabilizar, a maioria demonstra a vontade de permanecer no trabalho flexvel, contrariando grande nmero de estudo que enxergam a flexibilizao de contratos de trabalho como precarizao para os trabalhadores. Para os executivos em regime flexvel, a vida como trabalhador CLT parece fazer parte do passado: agora, eles precisam se mostrar competentes a qualquer custo, planejar-se para as “entressafras”, buscar melhorar a rede de contatos, aumentar o conhecimento e passar um tempo com a sua famlia. Os motivos de permanncia so diversos, mas possuem um ponto de converso: a sensao de deter o domnio sobre a sua vida, seu tempo, seu dinheiro, seu conhecimento, seu futuro. Talvez, o cotidiano apresente muitas situaes de submisso vontade do cliente e de dedicao maior do que na poca de empregado formal; mas, na “realidade cotidiana”, a sensao de ser o “dono” da sua vida.
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Esta dissertao de mestrado est inserida dentro de uma abordagem que prope o estudo da estratgia enquanto uma prtica social, defendida por Richard Whittington, dentre outros. Assim nos preocupamos em procurar os sentidos que esta prtica social produz dentro das organizaes. Desta maneira, o objetivo do trabalho foi investigar os praticantes de estratgia para explorar os entendimentos que eles tm sobre ¿o que estratgia¿, ¿como criada dentro de sua organizao¿, e ¿quem so os envolvidos¿ na criao da estratgia. Realizamos entrevistas semi-estruturadas com 23 praticantes da estratgia, incluindo donos, scios de empresas ou executivos contratados. As entrevistas foram transcritas e, a partir disto, foram extradas informaes sobre o entendimento dos praticantes sobre estratgia. Utilizamos uma abordagem metodolgica qualitativa, fundamentada nos conceitos de Construo Social da Realidade de Berger e Luckmann, na Construo de Sentido dentro das Organizaes de Weick, e as prticas discursivas de Mary Jane Spink. Os resultados apresentaram uma grande diferena de entendimentos dos diversos praticantes tanto para o tema de ¿o que estratgia¿, quanto para ¿como ela criada¿. Nos resultados tambm exploramos a importncia atribuda pelos praticantes ao tema da estratgia, e surgiu a questo da estratgia como um espao de construo de sentido para a organizao. Por fim, frente a esta grande disperso de entendimentos e a grande valorizao da estratgia, deixamos algumas hipteses para futuras pesquisas que mirem o entendimento da grande valorizao social atingida pela estratgia.
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Como forma de reduzir os riscos, recentes aparatos tecnolgicos promovem uma arquitetura funcional de maior controle tanto entre as diversas reas das empresas quanto nas relaes entre seus funcionrios. Esses controles tm como uma de suas caractersticas o reforo do poder organizacional nas empresas por meio dos objetos-fronteira. O objetivo deste trabalho a anlise desta arquitetura funcional no tocante s prticas de produo de poder entre as vrias reas organizacionais da empresa Embratel, tendo como principal ponto de partida o seu Sistema de Servio ao Cliente (SSC) caracterizado como objeto-fronteira. A pesquisa classifica-se, quantos aos seus fins, como exploratria e explicativa. No que se refere aos meios de coleta de dados, fez uso de dois instrumentos. O primeiro foi pesquisa de campo para busca de dados e informaes na Embratel e foram desenvolvidas por meio de entrevistas cujo objetivo foi investigar a percepo dos indivduos com relao ao objetofronteira. O segundo foi pesquisa documental, recurso a uso de materiais e documentos oficiais acessveis internamente na Embratel. O mtodo de pesquisa utilizado no estudo foi a anlise de discurso. Entre as principais concluses do trabalho, possvel destacar que os objetos-fronteira manifestam efeitos de poder por haver uma prtica discursiva que os legitima, atravs de instrumentalidades racionais possibilitadas pelo contexto scio–histrico. So efeitos de poder conjurados pelos objetos as seguintes categorias: classificar, controlar, selecionar, organizar, padronizar, disciplinar, normalizar, examinar, tornar visvel, vigiar, acompanhar, registrar, ordenar, hierarquizar, objetivar as relaes, tolher subjetividades, dominar acontecimento aleatrio, reduzir a indeterminao envolvida, primar pela eficincia e naturalizar.
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Inserido no contexto contemporneo de reestruturaes produtivas e reconfiguraes das relaes entre capital e trabalho, o tema empreendedorismo vm sendo valorizado como a principal base do crescimento econmico e da gerao de emprego e renda para indivduos, empresas e pases. Considerado veculo ideal para inovar, aumentar a produtividade e melhorar modelos de negcios, alguns autores arriscam-se a afirmar que estamos vivendo a era do empreendedorismo (AIDAR, 2007; DORNELAS, 2008), a substituio do homo economicus pelo homo entreprenaurus (BOAVA; MACEDO, 2009) ou testemunhando o alvorecer de um capitalismo empreendedor (SCHRAMM; LITAN, 2008). Assumindo que a linguagem (de forma mais especfica o discurso) produz vises de mundo hegemnicas (FAIRCLOUGH, 2001), que enquadram, moldam e constituem as relaes entre os atores sociais (muitas vezes sem nem mesmo aparentar isso para os prprios atores) esta tese tem por objetivo identificar e analisar quais ordens de discurso emergem das convergncias, divergncias e silncios entre o discurso do empreendedorismo das empresas juniores e das revistas de negcios. De forma a alcanar este objetivo, buscou-se: (a) identificar e analisar - por meio de diferentes interpretaes e apropriaes da idia de empreendedorismo na histria do capitalismo - o papel do empreendedor e do empreendedorismo na contemporaneidade; (b) entender as relaes entre empreendedorismo e empresas juniores e empreendedorismo e revistas de negcios; e (c) examinar a dade linguagem e ideologia em um contexto histrico-social por meio do discurso, em geral, e das prticas discursivas das empresas juniores e da mdia de negcios, em particular. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com alunos e professores participantes de empresas juniores de seis Instituies do Ensino Superior do Rio de Janeiro e a partir de matrias publicadas nas revistas Voc S.A., Exame, Carta Capital e HSM Management entre maro de 2004 e setembro de 2010. De forma a proceder a anlise dos dados, a abordagem escolhida foi a anlise crtica de discurso - critical discourse analysis – e de forma mais especfica, a perspectiva de Norman Fairclough (2001). No que diz respeito s revistas de negcios, foram identificados 13 objetos discursivos agrupados em 5 categorias que expressam a formao discursiva empreendedorismo: esprito empreendedor, inovao e gerao de riquezas, capitalismo empreendedor, heri global e empresarizao do mundo. O mesmo procedimento foi feito a respeito das empresas juniores, o que permitiu o reconhecimento de 23 objetos discursivos agrupados em 7 8 categorias que expressam a formao discursiva empreendedorismo: articulao universidade-mercado, esprito empreendedor, diferenciao no mercado, aprender fazendo, gerao de riquezas, empreendedor como produto organizacional e modelos sociais de empreendedores. Assim, como resultado, aps serem analisadas as interdiscursividades entre as formaes discursivas, foram identificados trs discursos hegemnicos ou ordens de discursos, quais sejam: (1) o consenso acerca da centralidade da empresa na constituio do pensar e do agir do indivduo no mundo; (2) a exemplaridade dos modelos empreendedores capitalistas neoliberais; e (3) a ausncia de alternativas viveis ao modelo capitalista contemporneo. O reconhecimento destas ordens de discurso – que elegem a empresa capitalista contempornea como nico modelo possvel de gerao de riqueza, de renda e de trabalho na sociedade - permitiram problematizar possveis desdobramentos ideolgicos nas relaes entre educao, empreendedorismo e mercado de trabalho.
Resumo:
Em virtude da entrada de uma nova gerao de indivduos no mercado de trabalho – a chamada Gerao Y – (TWENG ET. AL., 2010) e da proliferao de equipes multigeracionais nas empresas (SHEN; PITT-CATSOUPHES; SMYER, 2007), temos observado um interesse crescente no tema juventude por parte de diversos agentes do universo corporativo, especialmente a mdia de negcios. Compartilhando da idia de que a produo e disseminao dos textos produzidos por estes grupos no constituem uma simples representao da sociedade, mas que, enquanto discurso, influenciam o processo de construo social da realidade (SPINK, 2010) passamos a questionar como chegamos viso contempornea de juventude, particularmente perspectiva que vislumbra o comportamento do jovem no mundo do trabalho. Assim, baseados nas contribuies tericas do scio-construcionismo e com apoio da noo de Prticas Discursivas e Produo de Sentidos desenvolvida por Spink (2004), realizamos uma pesquisa de carter qualitativo que buscou compreender quais os diferentes sentidos atribudos noo de juventude na mdia corporativa brasileira, a partir do estudo de suas prticas discursivas. Baseados em uma reviso bibliogrfica sobre o tema e no contedo disponibilizado por duas publicaes especializadas - as revistas Exame e Voc S/A – a partir dos anos 70, conclumos que a compreenso do fenmeno juventude sofreu transformaes significativas ao longo destes anos. Embora o termo mantenha-se estvel em sua essncia, sendo constantemente associado s noes de vitalidade, ousadia e renovao, observamos variaes expressivas no perfil destes jovens, destacando-se diferentes maneiras de como estes podem contribuir para o bom desempenho das empresas, por exemplo, por meio da aplicao de seus conhecimentos tericos, pelo desenvolvimento de novas idias ou facilitando a reduo de custos.
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Este trabalho investiga o sucesso como um processo de construo social, a partir da anlise de mais de seiscentas edies da revista Exame ao longo de trs dcadas. O argumento proposto na pesquisa que o conceito de sucesso faz parte da cultura do management que, em conjunto com tecnologias administrativas, foi introduzida no Pas, sobretudo a partir dos anos cinquenta. A perspectiva ps-colonialista adotada permite contextualizar a importao de prticas e princpios gerenciais que compreendem o gerencialismo, a cultura do empreendedorismo e o culto da excelncia. Nesse processo, destacamos o papel da mdia na difuso, legitimao e co-produo desse iderio, a partir da descrio do desenvolvimento do conceito de sucesso nos Estados Unidos e de sua reproduo no imaginrio social brasileiro. Ressaltando os problemas trazidos por uma definio do sucesso ligada a aspectos extrnsecos e materiais, e reconhecendo que estudos funcionalistas ainda no ofereceram caminhos para ampliar o termo com elementos de ordem subjetiva, propomos que o sucesso seja visto como uma instituio. Por atribuirmos posio central linguagem no processo de construo social, a base emprica desta pesquisa est fundamentada nas prticas discursivas – mais precisamente, nos repertrios lingusticos – da mdia de negcios, dado seu papel na circulao de contedos simblicos. A anlise dos editoriais do perodo de 1971 a 1998 mostrou trs fases da publicao: uma em que ela se promovia; outra em que se legitimava como porta voz das empresas e uma terceira, marcada pela personalizao, quando os responsveis pelo veculo apareciam com toda sua pessoalidade, refletindo um deslocamento do foco da revista, das organizaes para os indivduos – movimento pelo qual a ideia de sucesso tambm passou. A anlise das reportagens demonstrou que o sucesso ganhou relevncia nos anos noventa e permitiu traar um retrato do bem-sucedido segundo a Exame, a saber: como um homem empreendedor e ambicioso, branco, magro e bem aparentado, maduro nos anos setenta e jovem nos noventa, que tem alto cargo, bom salrio e empregabilidade, mas vida pessoal conturbada. A anlise das capas reforou essas impresses. Se no encontramos discrepncias na definio do sucesso ao longo da anlise, percebemos a valorizao do conceito e tambm que o sentido assumido para o termo corresponde ao sucesso norte-americano a partir dos anos trinta, relacionado capacidade do indivduo de impressionar, mais do que a seu carter. No contexto brasileiro do fim do sculo XX, esse sucesso atende demandas de flexibilizao do trabalho: cada um um negcio e precisa se vender. A cultura do management, to presente na publicao, justifica essa dinmica com uma viso de mundo que sustenta um sentido do sucesso com repercusses individuais reconhecidamente negativas. Tudo isso evidencia que o Brasil absorveu um sucesso made in USA, adotado e difundido pela revista Exame. Ligado a recompensas objetivas, diante de tantas possibilidades interpretativas, esse sucesso institucionalizado atendeu interesses organizacionais, formando individualidades voltadas para esforos produtivos. Na descrio dessa dinmica est nossa contribuio para a desnaturalizao do sucesso, convidando a configuraes inditas e alternativas para o termo.
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Abordagem qualitativa e exploratria com o objetivo de apreender como uma equipe multidisciplinar de um servio de emergncia de um hospital de ensino de Porto Alegre, RS, concebe e transita ante o problema fuga de pacientes do hospital. A coleta de dados transcorreu entre novembro e dezembro de 2004 por meio de grupo focal, sendo que este se consolidou com dez sujeitos. A tcnica de conduo da dinmica grupal foi no diretiva, permitindo conhecer como aes e reaes se do na equipe multidisciplinar. Os dados foram tratados com nfase na anlise de contedo gerando trs categorias: Uma certa ambivalncia; Emergncia: um local de (des)controle; Medos e inseguranas. Uma certa ambivalncia permeou as discusses mostrando que fuga pode ser tambm compreendida como forma de evitao dos membros da equipe multidisciplinar. Apesar de certa identificao com pacientes e da banalizao do problema da fuga, prticas de cuidado enfatizam a observao e a vigilncia. O local e a organizao do trabalho foram uma tnica nas discusses, reforando a existncia de prticas discursivas que se apiam na necessidade de observao e controle Medos e inseguranas constantemente foram referidos, em decorrncia do risco de culpabilizao e responsabilizao profissional. Nesta perspectiva, o estudo aponta para a condio catica com que se deparam os servios de emergncia, sendo um reflexo das polticas de sade. Este panorama sugere a necessidade de considerar novas formas de acompanhamento domiciliar ou ambulatorial. Para tanto, cogita-se tambm ser necessrio rever a vocao social da instituio hospitalar e das profisses que abriga.
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Afinal, o que os gestores entendem por resilincia? o questionamento que pautou este estudo e para respond-lo desenvolvemos uma pesquisa emprica com 17 gestores de empresas de diversos portes, aqui no Rio de Janeiro, por meio de entrevista semi-estruturada, realizada durante os meses de janeiro a junho de 2015. As respostas colhidas foram submetidas Anlise do Discurso posibilitando identificar na prtica discursiva, figuras de linguagem, ethos do entrevistado, seleo lexical predominante, intertextualidade e temas de fundo, e relacion-los aos elementos do corpus discursivo acadmico, o que permitiu a constituio das categorias analticas sobre: resilincia humana e resilincia organizacional. A anlise concluiu que, para os gestores, embora o conceito de resilincia humana ainda seja influenciado pelos conceitos de elasticidade e invulnerabilidade, que informaram a construo do conceito de resilincia nos estudos iniciais no campo da Psicologia, a resilincia um processo dinmico cujo resultado a adaptao bem sucedida e a transformao do indivduo. A resilincia organizacional personificada na resilincia dos indivduos, especificamente, na dos gestores cujos comportamentos, individuais e coletivos, contribuem ou impedem a resilincia organizacional, com destaque para a revelao a respeito de como a resilincia influencia o processo de tomada de deciso, tanto por sua presena como por sua ausncia. Este estudo relevante na medida que suas revelaes consubstanciam implicaes para a academia e para as empresas. Para a academia a influncia da resilincia no processo decisrio sinaliza um denominador comum diante do qual as pesquisas acadmicas podem partir, viabilizando a elaborao de proposies epistemolgicas, metodolgicas e praxilogicas que ampliem, de forma realista, as possibilidades de acesso, por indivduos e organizaes, de um repertrio de respostas produtivas s adversidades. Para as empresas as revelaes deste estudo implicam em maior foco das iniciativas de desenvolvimento, tanto organizacional quanto de pessoas, no alinhamento de estrutura, processos e gesto de ativos intangveis relacionados ao exerccio da liderana, que resultem no delineamento de uma cultura organizacional favorvel e compatvel com um contexto viabilizador da resilincia organizacional.
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Inspirs par la « mthode » artisanat intellectuel propose par le sociologue Wright Mills, notre tude porte sur la formation du champ de pratiques discursives et non discursives (Michel Foucault) de la nutrition sociale dans le contexte de la socit brsilienne dans lequel s insre le champ de la sant. Le travail empirique s puise sur une source de documents normatifs de ce champ et s oriente vrifier et comprendre comment le praticien de la nutrition merge dans le scnario des pratiques de la sant au Brsil partir du milieux du 20me sicle, tout en construisant son « regime de vrit » fond dans des processus biopolitiques du champ de la mdecine sociale. Nous avons reli deux phnomnes: a) l mergeance du champ biomdical de la nutrition comme une instance biopolitique, en approchant cette formation l'histoire de la mdecine sociale, depuis ses dbuts europens jusqu'au contexte brsilien ; b) les pratiques discursives et non discursives du champ de la nutrition lequel est compris dans le Sistema nico de Sade (SUS - Systme Unique de Sant) brsilien. La dmarche de recherche comprend l'laboration et analyse d'une archive compose de publications qui contiennent l'Histoire du praticien de la nutrition au Brsil et des publications officielles disponibles dans le site web « Poltica Nacional de Alimentao e Nutrio » (Politique Nationale d'Alimentation et de Nutrition) lesquelles sont considres comme des guides d actions des praticiens de la nutrition sociale dans le Sistema nico de Sade (SUS). Le concept de biopouvoir, dcrit par Michel Foucault entre 1974 et 1979, et la notion de biopolitique, dans son sens rinterprt et mis jour par Giorgio Agamben, Antnio Negri et Michael Hardt, ont fourni le support thorique de cette recherche
Resumo:
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
Resumo:
Situe dans le domaine de la Linguistique Applique (CELANI, 1998; MOITA LOPES, 2004, 2006, 2009), cette recherche documentaire fait partie d‟une approche qualitative-interprtative qui privilgie une perspective socio-historique (FREITAS, 2002, 2007; ROJO, 2006). Le but principal de ce travail est d‟analyser comment l‟interlocution a lieu dans les lettres argumentatives produites par 10 sujets-nonciateurs ayant particip au processus de slection du «vestibular» d‟UFRN, appel ici le chronotope du PSV-2008. Pour cela, les objectifs spcifiques qui guident cette recherche consistent analyser les modes d‟assimilation du discours de l‟autre par le candidat, identifier les positions axiologiques rsultant des formes du processus interlocutif, et construire une vision du sujet-nonciateur sur la base des choix de valeurs de l‟nonciateur et des relations espace-temps qui constituent l‟nonciateur et l‟interlocuteur. Quant la thorie, la recherche est fonde principalement sur la notion de chronotope de Bakhtin une catgorie qui dcoule de la thorie du roman et problmatise par Amorim (2004) en articulation avec les rflexions thoriques de Geraldi (1997, 1999, 2006), Britto (2006) et Antunes (2005, 2006) sur le processus d‟criture les relations dialogiques, la responsivit et les voix sociales (BAKHTIN, 1990, 2003, 2008; BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006) qui sont traverses par la conception dialogique du langage. L‟analyse nous a permis d‟identifier, principalement, deux dbats dialogiques, dont le premier confronte le candidat la dissertation et le second, des interlocuteurs mentionns dans la proposition. Les sujets ont formul leurs noncs sur un ton d‟indignation, en critiquant ce que l‟interlocuteur avait exprim. Les candidats ont fait appel la formation d‟un scnario d‟espoir, de crdulit, de respect et d‟thique, conforme la dignit de l‟tre humain. Ces rsultats mettent en vidence la faon dont des sujets multiples et htrognes, insrs dans la dimension de la vie, prennent position l‟intrieur des pratiques discursives, face aux coordonnes d‟espace et de temps