11 resultados para novo romance histórico brasileiro
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Resumo:
Por meio da composição do novo romance Galantes memórias e admiráveis aventuras do virtuoso conselheiro Gomes, o Chalaça (1994), de José Roberto Torero, apresenta-se a vida de Francisco Gomes da Silva que, enquanto narrador de sua própria história, expõe sua participação em grandes momentos da história do Brasil. Esta retomada do passado dá-se sob a visão de quem exercia o posto de secretário pessoal de D. Pedro I. Subordinado a este ponto de vista interno aos eventos históricos, a imagem deste que se tornaria Imperador do Brasil é configurada por meio da utilização dos recursos bakhtinianos da paródia e da carnavalização. A visão intradiegética é possível devido à proximidade entre Francisco Gomes e o príncipe. Tal empresa é romanescamente motivada pelo anseio de desconstruir as imagens cristalizadas e tradicionalmente conhecidas da realeza e de eventos como, por exemplo, a proclamação da independência (1822); é a releitura crítica da história que o novo romance histórico propõe, e que no romance de Torero se mescla às premissas da picaresca espanhola, sendo Francisco Gomes da Silva o exemplo de pícaro que anseia pela ascensão social e cuja vida e história sempre ficam a margem. O Chalaça é uma personagem que realmente existiu, mas que a história oficial não fez questão de lembrar, já que ele não conduzia o imperador às ditas ações edificantes, mas sim, à picardias e aventuras extra-conjugais. Assim, objetivamos analisar a construção discursiva de D. Pedro I sob um novo foco, que aponta para a Literatura como leitora privilegiada dos signos da história.
Resumo:
The article discusses the great controversy over the time gap between the narrated fact and the author’s life period in the concept of the historical romance. For many literary critics, perhaps most of them, it is necessary that the action of the novel, or at least most of it, happens in a period of time before the lifetime of the novelist, and for others, this criteria is too rigid and outdated. Therefore and taking into consideration that George Lukacs, the first theorist of historical novel, placed Balzac in the group of novelists as one of the followers of Walter Scott’s techniques, stating that the French novelist “created a superior type and so far unknown historical novel, which is a representation of this as history, this article presents a reflection on the controversy, checking whether there is really need that the temporal distance has a greater relevance than the dialogue with history and its representation in the characterization of a historical novel.
Resumo:
Este texto procura abordar a narrativa de A Selva, romance histórico do escritor luso-brasileiro José Maria Ferreira de Castro, publicado em Portugal, no ano de 1930. Trata--se de um dos mais representativos relatos do seringal amazonense bem como sobre sua vinculação ao tema do regionalismo crítico, que justificam e fazem merecer o olhar contemporâneo, ainda mais pelo fato de evocar confluências entre história, literatura e memória enquanto lugares de resistência, deixando entrever vários contextos fronteiriços, na medida em que visa a relatar um dos mais vivos arquivos da historiografia brasileira e da região amazônica, em particular. Ainda, como várias outras narrativas similares do regionalismo brasileiro, A Selva guarda restrito interesse no âmbito dos estudos literários contemporâneos, o que tornam narrativas deste porte um dos mais produtivos e representativos objetos de análise no contexto das literaturas regionais e de fronteiras. Nosso trabalho visa a pôr em discussão o lugar que obras como A Selva acabaram assumindo, mais como um descaso do destino do que por uma meticulosa apreciação, que, felizmente, já vem alterando o quadro da historiografia contemporânea. Principalmente quando pensamos em aspectos teórico-críticos próprios às literaturas das margens, contextos de fronteiras, sucesso e fortuna crítica, cânone e anticânone, dentre outros aspectos que remodelam o referido quadro.
DA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO HOMEM À PRODUÇÃO LITERÁRIA EM EURICO, O PRESBÍTERO E MEMORIAL DO CONVENTO
Resumo:
A relação entre Literatura e História permite a ambas um contínuo trocar de informações, estabelecendo entre tais realidades diversas, profundos pontos de ligação. A criação literária, dentre toda a sua gama de possibilidades, pode buscar no produto histórico a fonte, o princípio para sua criação artística; encarando este produto pois, como um dos condutores da verossimilhança que constitui o fazer Literário. Tal fenômeno pode ocorrer por meio da retratação da época (como pano de fundo por exemplo) e da alegoria. Entretanto, a construção de um discurso literário hábil de se relacionar com a História no que diz respeito a evocar o passado e trabalhar com este material que narra uma época mais afastada, constitui uma especificidade que é melhor observada nos Romances Históricos, na Metaficção Historiográfica e na Historiografia. Deste modo, partindo da análise das obras Eurico, O Presbítero de Alexandre Herculano, Memorial do Convento, de José Saramago, e das crônicas “Desavenças entre D. Afonso Heriques e sua mãe” e “D. Afonso I e o cardial de Roma”, provindas das Crônicas breves de Santa Cruz, e calcando-se na exemplificação comentada de obras referentes, serão colocados em análise estes três modos de a Literatura trabalhar o material histórico, de modo que surjam a vista a mescla entre a história do homem e a literatura que ele produz.
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This article aims to analyze how the black child is characterized in relation to the stereotypes created around the black, in the course of Brazilian history in children's narratives, from a sociological approach to the literary text and the assumptions of comparative literature. To this end, we selected some childish narratives that feature characters black children, and you can see that these works reveal the transformations that occurred in Brazilian society with regard to black. This work is based on the theoretical support in the works of Rosangela Malachias and Florestan Fernandes, among others. The analysis was organized to observe the difficulties of identifying the black child before the European cultural dictates about the standard model of beauty. In general, one can observe that the production of works whose characters are black children intensified after the 1988 Constitution and the Law 10.639/2003. The literary discourse aimed at children, so undergoes changes before changes in society and shows a new socio-historical context in which minorities gain more space, but respect for differences yet to occur effectively in social relations that the black is really valued.
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Based on the contribuions from Ryngaert (1995); Prado (2009); Magaldi (2008); Faria (1998); Heliodora (2008); Guinsburg, Faria and Lima (2009), refering to the constituion of the theatrical discourse, in studies of Fausto (2012); Cotrim (2005); Gaspari (2002) and Garcia (2008), about the notes Brazilian historical and the theoretical presupposes of Carvalhal (2003, 2006); Nitrini (2000); Nascimento (2006) and Maddaluno (1991) to approach to the study of comparative literature, this work aims to analyze the play Liberdade, liberdade (1965), by Millôr Fernandes and Flávio Rangel whit the Brazilian dictatorship period (1964-1985). This play was written and performed at the beginning of the regime, as it wished to withdraw from the scheme repressor that dominated Brazil. Millôr Fernandes and Flávio Rangel resorted to the use of classical texts and historical preparation for the work, and make use of music to bring up the subject of ceaseless quest for freedom. The play runs from dramatic to comedic, supported by political discourse, which leads, the called Theatre of resistance. For this work, the basic procedure was the literature search. Through the analysis of the dramatic text and the recurrent use of bricolage (collage of historical texts), perceives the practice of intertextuality theme. Thus, one can understand that Liberdade, liberdade is a dramatic text produced in the second half of the twentieth century, which establishes dialogue with texts embodied historical aspect with literary verve.
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O romance histórico, como texto híbrido, possibilita a confluência da história, ficção e memória na busca da revisão do passado. Uma revisão crítica do descobrimento da América, sob a perspectiva do colonizado, é o objetivo maior ao qual se propõe o romancista paraguaio Augusto Roa Bastos ao longo da sua obra Vigilia del Almirante (1992), que aqui abordaremos. Tal revisão se dá, entre outros meios, na medida em que o autor busca contrapor a hegemonia da cultura letrada, introduzida pelo Almirante, à cultura oral dos povos autóctones. Olhares dialéticos permitem ao romancista registrar outras “verdades” além daquelas consagradas pela história oficial.
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Riacho Doce, junto a’ O Moleque Ricardo, Pureza, Riacho Doce, Água-Mãe e Eurídice, compõe uma parte da obra de Zé Lins que escapa às tradicionais leituras dos ciclos, da memória e do regionalismo. Esse romance, em particular, sofreu ainda maior ataque da crítica, que leu, no protagonismo do estrangeiro, uma tentativa fracassada do autor de inovar e escapar ao rótulo de memorialista. Este artigo, a partir da análise do romance, procura expor como José Lins do Rego, ao trazer uma protagonista estrangeira e dedicar toda a primeira parte da história à sua infância na Suécia, inovou sim, mas para operar uma complexificação dos elementos que unem sua obra e inseri-los em uma longa trajetória do pertencimento que une o nacional e o estrangeiro, a tradição e o novo. Através dessa trajetória da protagonista, Edna, vemos a terra como eixo organizador do romance, desde sua profunda crise do não pertencimento na juventude até sua perspectiva, perante o novo, atravessar o mar e invadir de cheio o conhecido conflito entre tradição e mudança, dotando-o de um novo olhar. Dedicando uma leitura atenta, como o fez Mário de Andrade, podemos perceber como esses elementos constroem um emaranhado de trajetórias e perspectivas em que a terra, a tradição, o novo, o estrangeiro e a busca por pertencer ou deixar de pertencer se aproximam, afastam-se e, por fim, confrontam-se.
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Este artigo aborda algumas crônicas de Machado de Assis, tomando-as como textos estratégicos, no que tange à construção imaginária e empírica do leitorado brasileiro. Trata-se de estudo que analisa as relações entre o impresso e o receptor oitocentista, estabelecidas nos textos recortados por meio de mecanismos discursivos específicos, como a natureza fragmentária do tipo de narrativa em tela, o que gera a criação de mosaicos temáticos. Tais mosaicos, aproximando-se da própria configuração da folha jornalística, adequar-se-iam às peculiaridades dos diferentes segmentos do leitorado de então, podendo dialogar com padrões de gosto já existentes e, simultaneamente, criar novos padrões. O enfoque da crônica demanda que se discuta uma possível flutuação de fronteiras entre documento/ficção, a qual funciona, aqui, como uma das portas para a investigação sobre as relações texto/jornal/leitor próprias do final do século XIX. O objetivo deste artigo é, assim, investigar algumas das estratégias autorais e editoriais usadas na época, no intuito de que se construísse o público leitor e consumidor dos bens culturais impressos que eram produzidos,fazendo-os circular mais amplamente pela sociedade, de forma a que atingissem segmentos sociais antes desconsiderados, caso das mulheres, por exemplo. Para tanto, os mosaicos temáticos construídos nas crônicas em foco serão analisados sob a ótica da interação entre o ficcional e o histórico e enquanto instrumentos de formação do gosto pela leitura. A argumentação apresentada fundamenta-se na Teoria do Efeito, de Wolfgang Iser, na História da Leitura, de Roger Chartier, Marisa Lajolo, Regina Zilberman, nos estudos sobre crônica, de Marília Rothier Cardoso, Sidney Chalhoub, Antonio Candido, entre outros.
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O artigo descreve a ascensão meteórica de Carmen Miranda como artista de sucesso nos EUA no final da década de 30 e na década 40, analisando não só as condições em que essa jornada para o estrelato se deu, mas seu impacto na construção de Miranda como um ícone brasileiro nos Estados Unidos. A partir das teorias de Francesco Alberoni (1962) e Richard Dyer (1998) sobre estrelato, Carmen Miranda é analisada como um texto em aberto, um fato social, e é estudada sob os aspectos de sua significação ideológica num período histórico que promoveu a conhecida “Política da Boa Vizinhança”, na qual interessava aos EUA consumir a América Latina e sua cultura. Por meio da análise de diversos jornais de grande circulação nos EUA, percebe-se que a artista imigrante se integra ao modelo americano pós-colonial de consumo cultural latino-americano nas suas inúmeras apresentações artísticas no palco e fora dele, ditando moda e sendo referência de estilo. Mas é também por este modelo consumida, perdendo sua expressão nacional brasileira e vindo a ser entendida como uma figura híbrida e pan-étnica que anos mais tarde seria chamada de “Latina”.
Resumo:
RESUMO: A ideia da escrita desse texto surgiu como resposta a algumas inquietudes suscitadas ao longo dos estudos sobre Literatura Comparada na América Latina[1] e as posições defendidas por teóricos como Coutinho (1995-2004), Santiago (2000), Bernd (1998), entre outros. Entre elas está a necessidade imperiosa de tomar consciência das especificidades das diversas literaturas, assim como a de se estabelecer um diálogo em pé de igualdade entre as mesmas. Isso equivale a abordar especificamente a literatura dos distintos países latino-americanos como uma dialética entre o local e o universal porque é nessa pluralidade onde ela pode e deve ser entendida, já que as literaturas latino-americanas sempre receberam uma grande influência das europeias e assimilaram destas, como de outras, aspectos e características que, sem dúvida, no presente, são substancialmente modificadas no momento da apropriação. Por isso este artigo analisará a reconstrução da história de Adão e Eva desde uma perspectiva comparatista, isso é, remeterá o romance El infinito en la palma de la mano (2013), de Gioconda Belli não somente à sua individualidade, mas também ao jogo dialético/intertextual com a narração bíblica e alguns textos apócrifos – versões do Velho e Novo Testamentos que não foram incorporados ao cânone eclesiástico mas que Gioconda descobre de maneira acidental – com a finalidade de mostrar que não há nada mais original e intrínseco a um texto que alimentar-se de outros textos e que nesse ritual latino-americano de transgressão ao modelo está subjacente o descobrimento e a conquista do paraíso latino-americano.[1]El presente trabajoestá enmarcado dentro dela producción colaborativa propuesta a partir del curso “Actualización teórica y práctica en el campo de la Literatura Comparada en el ámbito latinoamericano”, ofrecido por la Secretaría de Posgrado de la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad Nacional de Tucumán-UNT, en noviembre de 2013. Dicho curso fue dictado por el profesor invitado de la UNT Doctor Gilmei Francisco Fleck, profesor adjunto de la “Universidade Estadual do Oeste do Paraná- Cascavel-PR/Brasil.