10 resultados para Enunciação discursiva
em Línguas
Resumo:
Neste trabalho apresentamos uma discussão ainda inicial sobre a heterogeneidade discursiva em redações produzidas por vestibulandos. As reflexões traçadas para a avaliação dos textos têm como referência os trabalhos de Authier-Revuz (1998) sobre heterogeneidade mostrada e constitutiva. Procuramos esboçar uma análise dos enunciados colhidos de redações a partir de condições de controle e negociação dos sentidos que se manifestam no interior das diferentes vozes acionadas nos enunciados. O sujeito, enquanto parte de um corpo histórico-social, passa a interagir com outros discursos, procurando, entre “o mesmo” e “o outro” (MAINGUENEAU, 2005), constituir-se sujeito autor do discurso. Linearmente, no fio do discurso, o locutor inscreve instâncias enunciativas revelando um discurso outro em momentos próprios da enunciação em que, no papel de observador, controla e negocia os sentidos possíveis. A investigação sobre o uso de aspas em redações produzidas por vestibulandos volta-se para uma análise das “formas marcadas da conotação autonímica”, enquanto estratégias de “controle-regulagem do processo de comunicação” (AUTHIER-REVUZ, 2004). O perfil argumentativo da língua acena para a presença de pistas enunciativas em que se denuncia um fazer discursivo, ora demarcado pela manutenção de uma tensão argumentativa, ora de um contorno argumentativo, em que se busca expor determinado ponto de vista marcado pela conquista da adesão do interlocutor. Tendo em vista os movimentos discursivos desencadeados no interior do texto, avalia-se que no processo de constituição do autor-autor explicita-se por meio de diferentes vozes que passam a ser contornadas, negociadas e controladas. A negociação e o controle manifestam-se nos enunciados no interior de movimentos argumentativos, em que a enunciação acena para estratégias traçadas para garantir possíveis orientações argumentativas.
Resumo:
O presente artigo se propõe a analisar o espaço de enunciação do Acordo Ortográfico de 1990. Olhar para a relação política presente nesse espaço enunciativo é compreender os conflitos causados entre os falantes da língua portuguesa diretamente afetados pelas transformações impostas por meio de um decreto. Nesse contexto, enquanto semanticista podemos verificar como se dá o processo de semantização da expressão “acordo ortográfico” nas relações textuais através do acontecimento da enunciação e, assim, trabalhar com o político e o histórico. E, também, observar como a expressão significa no interior do acontecimento através do litígio de seus sentidos, verificando quais sentidos significam, quais são apagados e como constituem o real. Portanto, o objetivo do presente artigo é examinar os sentidos que circulam no funcionamento textual do decreto referente ao acordo ortográfico, tomado a partir do movimento enunciativo marcado pela história e pelo político. Consideramos fundamental desenvolver essa análise para compreender a formação da discursividade do Estado sobre o acordo ortográfico. Nosso corpus é o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa assinado em 16 de dezembro de 1990 em Lisboa e que passou a vigorar no Brasil através do Decreto nº 6.583 de 29 de setembro de 2008. http://dx.doi.org/10.5935/1981-4755.20170028
Resumo:
Objetivamos investigar a manifestação do ethos, produzido pelo orador no discurso, a partir da abordagem referente à modificação proverbial, denominada por Maingueneau e Grésillon (1984) de détournement proverbial por ‘captação’ e détournement proverbial por ‘subversão’. A primeira classificação evidencia um artifício persuasivo de mudança na apropriação do provérbio; entretanto, mesmo com a “desconstrução” aplicada, o détournement proverbial mantém-se dentro de sua estrutura semântica original. A segunda classificação procura subverter o détournement proverbial, discordando do teor semântico subjacente na composição do provérbio original. No título publicitário em questão, observamos a existência de uma nova estratégia na qual o enunciador, em um harmonioso jogo de palavras, capta e, ao mesmo tempo, subverte o provérbio, resultando em uma eficaz técnica argumentativa. Assim, à categorização dos pesquisadores, adicionamos o détournement proverbial de ‘entremeio’.
Resumo:
The advertisements are a discursive genre that are meant to promote a brand, product or service attracting investors and / or customers. Its constitution strategies are varied: ranging from humor to the controversy. This feature allows each advertisement reaches the public in a different way, generating empathy, moving reviews, discussions etc. Because of this social relevance, this study aims to analyze two advertisements of Havaianas sandals, aired on television and the internet, in the months of August and September 2009. These pieces had as main character an elderly: (i) in the first interaction situation with his granddaughter; and (ii) the second to the viewer. In the latter, referred to the answer given by the public on the contents of the first piece. The interest in these parts is related to the controversy generated about the old character and his speech. From the interactionist perspective, based on the conceptual framework of Bakhtin and his Circle, proposes to examine the discursive process initiated by the enunciation of these parts in order to describe elements rooted in shared social knowledge about the elderly. Thus, we mobilized the concepts of dialogism, interaction and axiological concepts of discourse. The analysis of the specimens shows that the representation of the elderly as a partner responsible for a more liberal discourse on emotional and sexual life is not yet part of the social horizon of the Brazilian public. His appearance generates dialogue with the public (albeit to receive criticism) that concerns this brand interactions.
Resumo:
Este estudo tem por objetivo analisar a palavra universidade dentro de um texto do gênero Editorial, predominantemente argumentativo, que tem como aporte o jornal, nesse caso, um jornal eletrônico. A temática e o contexto do texto em questão é o crime organizado. Utilizamo-nos do método sociológico de análise da linguagem proposto por Bakhtin. Primeiramente, apresentamos de forma ampla o aspecto teórico defendido pelo Círculo de Bakhtin (2002) e compartilhado por outros estudiosos, como Brait, Meurer e Souza. Dentre os textos teóricos consultados, temos a obra Estética da criação verbal (2000), que considera que a palavra é inserida pelos gêneros do discurso no ato de enunciação, isto é, “o que eu quero dizer deve ser dito, considerando-se os interlocutores e os contextos de circulação específicos”. Dessa forma, as palavras escolhidas para formar o ato discursivo organizam-se dentro de um determinado gênero, aquele que melhor atenda às necessidades do locutor. Isso só é possível porque estas já foram experimentadas por outros indivíduos em situações semelhantes. Desse modo, entende-se que qualquer manifestação discursiva decorre de um ato ou evento comunicacional situado social, histórica e culturalmente. O discurso apresenta marcas deste lócus na organização dos enunciados e na escolha do vocabulário empregado, pois o locutor espera respondibilidade do seu interlocutor. Logo, não se pode perceber inocentemente as manifestações discursivas orais ou escritas. É nesse sentido que se realizaram as reflexões acerca da palavra universidade, as quais mostraram que, ainda que ela não se distancie dos sentidos já conhecidos culturalmente, há outros contextos, atualizados ideologicamente, que ela figura.
Resumo:
O conceito de enunciado já evocou grande polêmica no decorrer do último século. Alguns estudiosos, como Saussure (1974), tomaram a decisão de não abarcá-lo em toda a sua complexidade, focando suas atenções nos aspectos formais da língua. Outros (Bakhtin, 1974, por exemplo) aceitaram o desafio e promoveram um conceito de enunciado que valoriza suas características composicionais e a extensão do seu volume – o discurso. A construção de uma disciplina com foco no enunciado permitiu, portanto, o aparecimento de visões críticas e polêmicas sobre o tema. Diferentes perspectivas foram concebidas e, como conseqüência, abordagens contrastivas para o seu estudo, desenvolvidas. Este artigo é uma tentativa de estabelecer alguns parâmetros de análise entre quatro diferentes perspectivas desenvolvidas pelos seguintes autores: Benveniste (1989), Bakhtin (1992), Possenti (1993) e Guimarães (2002). Além disso, propomos uma análise crítica das fronteiras do enunciado, procurando estabelecer os pontos de contato e as distinções que tais concepções assumiram no processo de conceituar o enunciado.
Resumo:
RESUMO: Tendo como ponto de partida a organização discursiva da antologia de ensaios Nenhum Brasil existe, organizada por João Cezar de Castro Rocha, buscarei examinar as marcas de heterogeneidade no tocante à voz de Antonio Candido, no ensaio introdutório da antologia. Para tanto, levei em conta o conceito de discurso fundador (ORLANDI, 2003), na medida em que os dizeres fundadores de Candido na ensaística brasileira se constituem como processos de produção de sentidos que possibilitam o surgimento de outros processos discursivos em relação ao Brasil e à identidade nacional, na tensão entre repetição e deslocamento.
Resumo:
Neste artigo, abordaremos como os modos de organização do discurso narrativo e descritivo são engendrados na configuração discursiva das biografias. Ancorados na análise do discurso, desenvolvida por Patrick Charaudeau (1992, 2008), procuramos observar quais operações linguageiras, narrativas e descritivas, foram adotadas para revelar a vida de um personagem. Como objeto de estudo, escolhemos as narrativas biográficas: Olga, escrita por Fernando Morais, Condessa de Barral: a paixão do Imperador, escrita por Mary Del Priore, Carmen: uma biografia, escrita por Ruy Castro. Como resultados principais, observamos a presença dos papeis actanciais desempenhados pelos biografados em momentos centrais de suas vidas – nascimento, ascensão profissional e morte. Os procedimentos de demarcação do tempo tendem a ser precisos e explícitos, principalmente pelo fato das biografias obedecerem a uma estruturação cronológica. Quanto ao modo descritivo, nossas ponderações recaem sobre os procedimentos de nomeação e qualificação usados para caracterizar os personagens.
Resumo:
The internet has been an increasingly important support for advertising various products. We witness the proliferation of educational advertisements on youtube, aiming for membership of an audience that craves attend university. Thus, the advertising discourse uses linguistic and imagistic strategies increasingly effective. The image constructed in discourse this is a strategy. Therefore, in this study, we aimed to analyze the emerging ethos of sceneries built in educational advertising on youtube. Therefore, we analyzed five videos aimed at pre-university students, adopting as theoretical presuppositions of discourse analysis (AD) French oriented, based on Maingueneau research on the scenes of enunciation. The analysis revealed the variation of topographies and cronografias featuring sceneries, linked to the scenic framework of educational advertising discourse on youtube. Therefore, based on scenes of enunciation, we see the construction of a bold ethos, brave, challenging, among others.
O “PODER” NA FALA DA MULHER: A HETEROGENEIDADE DISCURSIVA E A IDENTIDADE FEMININA NA PÓS-MODERNIDADE
Resumo:
Falar da mulher no contexto da chamada pós-modernidade é tocar num ponto nevrálgico, já que precisamos pensar sua constituição num momento de crise dos gêneros, em que as fronteiras identitárias vêm se alterando. Tendo em vista que a partir do discurso (e da entrada no simbólico) é que nos configuramos como sujeitos, e mais que isso, que a designação de gênero é a primeira com a qual o “outro” nos nomeia, proponho, neste trabalho, pensar a identidade feminina a partir do discurso feminino, vendo-o sob o signo da heterogeneidade, conforme o conceito concebido na terceira fase da Análise do Discurso de linha francesa. Para isso, tomo entrevistas realizadas com mulheres de perfis heterogêneos e as analiso sob o foco de alguns pressupostos da AD, sobretudo no que diz respeito à heterogeneidade constitutiva e o interdiscurso, e alguns conceitos de base psicanalítica ligados à constituição do sujeito. Nesse artigo analiso especificamente as ocorrências do verbo “poder” na fala das entrevistadas em enunciados que demonstram a constituição hetero- gênea do discurso feminino. Pretendo, dessa forma, poder vislumbrar a configuração do sujeito mulher como ser heterogêneo que é, constituído com base no discurso do “outro”, procurando compreender quem é este ”outro” que o constitui contraditoriamente. Desta perspectiva, observaremos o funcionamento deste “outro” que não é o sujeito homem, mas sim o modo como a mulher resignifica o discurso do sujeito homem em seu dizer, tendo em vista um interdiscurso que se ordena a partir de memórias recortadas da sociedade patriarcal em relação à sociedade pós-moderna.