135 resultados para Ética profissional Espanha


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Resumo Uma estratgia de avaliao e preveno de riscos na exposio a agentes qumicos deve ter sempre em conta que a vigilncia do ambiente de trabalho e a da sade dos trabalhadores so aspectos complementares de uma mesma realidade os riscos resultantes da interaco entre um agente qumico e os trabalhadores a ele expostos. Se Vigilncia Ambiental compete apreciar o risco, pela caracterizao do agente no ambiente de trabalho, a Vigilncia Biolgica pronuncia-se sobre a interaco entre o txico e o organismo, avaliando a resposta agresso qumica e a evoluo das reaces de adaptao ou de desajuste face absoro do txico. Os Indicadores Biolgicos, deste modo, assumem um estatuto de instrumento privilegiado na vigilncia da sade dos trabalhadores expostos, na medida em que medem a quantidade de txico que efectivamente penetrou e foi absorvido, ou o resultado (efeito) determinado por essa mesma dose. O presente estudo procura contribuir para a definio de um quadro metodolgico de utilizao dos Indicadores Biolgicos na avaliao/gesto da exposio profissional ao chumbo, designadamente apreciando a variao da protoporfirina-zinco (PPZ), indicador at ao presente ainda no utilizado em Portugal. O chumbo um metal de ocorrncia natural, cujos nveis nos diversos ecossistemas resultam, principalmente, das actividades antropognicas de natureza domstica e industrial. A sua capacidade poluente assinalvel, representando uma fonte de exposio permanente para o homem, demonstrvel pela sua constante presena no organismo apesar de no desempenhar qualquer tipo de funo fisiolgica. So actualmente inmeras as suas aplicaes, tornando a exposio profissional ao chumbo uma realidade vasta: indstrias de acumuladores elctricos, de vidros, de plsticos e de munies, construo civil, manuteno e reparao automvel e de navios, fabrico de tintas, indstrias electrnicas, fundies e actividades de soldadura so, entre outras, situaes onde uma realidade a ter em conta. A penetrao dos compostos inorgnicos de chumbo no organismo efectua-se principalmente por via respiratria, no sendo, no entanto, desprezvel, a sua penetrao por via digestiva. As partculas absorvidas so transportadas pelo sangue principalmente ligadas aos eritrocitos (95%), distribuem-se pelos tecidos moles e depositam-se essencialmente no tecido sseo, onde representam mais de 90% da carga corporal do total absorvido e tendo a um elevado tempo de semi-vida (mais de 20 anos). No metabolizado no organismo e a sua eliminao efectua-se essencialmente por via renal,sendo igualmente excretado, em menor escala, atravs das fezes, do suor, da saliva, das faneras e do leite materno. O conhecimento cientfico evidencia que concentraes sanguneas de chumbo entre 20 e 50 mg/dL so susceptveis de determinar efeitos adversos no homem, podendo ser afectados o sistema hematopoitico, o sistema nervoso, o sistema cardiovascular, o sistema reprodutor e o sistema imunitrio. Contudo, ainda muito h a clarificar no mbito da toxicidade do chumbo. Os nveis de exposio a que correspondem as alteraes nos diversos rgos e sistemas continuam a ser motivo de alguma controvrsia. As caractersticas carcinognicas e mutagnicas do chumbo so, ainda, um campo de vasta exigncia de investigao. A intoxicao por chumbo e seus sais (Saturnismo) de origem ocupacional reconhecida em Portugal como doena profissional (grupo 1 - Doenas Provocadas por Agentes Qumicos, da Lista das Doenas Profissionais). uma intoxicao do tipo crnico, fruto da absoro contnua de doses relativamente pequenas durante longo perodo, evidenciando-se no seu incio por sinais e sintomas vagos e difusos de grande inespecificidade, que podem incluir, nomeadamente, perda de apetite, sabor metlico na boca, palidez, mal-estar e fadiga, cefaleias, mialgias e artralgias, irritabilidade, tremores finos, obstipao, clicas abdominais, insnias, dficit da memria de curto prazo e da capacidade de concentrao. Um importante conjunto de indicadores biolgicos pode ser utilizado na vigilncia peridica da sade de trabalhadores nestas condies de exposio. Tais indicadores (de dose ou de efeito), encerram diferentes significados e comportam distintas exigncias, competindo ao Mdico do Trabalho, no mbito dos programas de preveno dos efeitos adversos relacionados com a exposio profissional a chumbo, seleccionar a sua utilizao e interpretar a sua informao, de modo a avaliar a interaco do txico com o organismo numa fase de reversibilidade. O presente estudo envolveu 180 trabalhadores dos quais 110 apresentavam plumbmias (Pb-S) iguais ou superiores a 40 mg/dL. Alm da Pb-S, a todos foi doseada a protoporfirina-zinco (PPZ) e efectuado o Hemograma e a cerca de 25% foi determinada a concentrao do cido d-aminolevulnico urinrio (ALA-U). Os doseamentos da PPZ efectuados em amostra de sangue capilar atravs de um hematofluormetro porttil revelaram-se de total fiabilidade, dando significado a uma tcnica de fcil execuo e baixo custo. A avaliao do tipo de colheita urinria para doseamento do ALA-U concluiu pela necessidade de recurso a urinas de 24 horas.Os resultados do estudo evidenciaram uma elevada associao entre a PPZ e a Pb-S, com uma maior magnitude e de incio mais precoce do que o que registado na associao da Pb-S com o ALA-U. Revelaram, ainda, fracos nveis de associao da hemoglobina (e outros parmetros hematolgicos) com a Pb-S. E demonstraram para um cut-off de 100 mg/ dL de PPZ, taxa de falsos negativos e falsos positivos, para plumbmias a partir de 70 mg/dL, inferiores a 20%. Assim, concluiu-se que, nos protocolos de vigilncia de sade de trabalhadores expostos a chumbo, o doseamento da PPZ por hematofluormetro, em sangue de colheita capilar, adequado, fivel e de realizao preferencial em relao ao do ALA-U. Concluiu-se, tambm, que a realizao do hemograma apenas se justifica em situaes individuais que clinicamente o tornem aconselhvel. E que estes protocolos devem incluir a realizao da Pb-S e da PPZ, podendo, em situaes de controlo rigoroso (ambiental, biolgico e clnico), basear-se apenas na determinao da PPZ reservando os outros indicadores para aprofundar a investigao mdica nos casos de taxas elevadas desta ou de situaes limitantes. Rsume Une stratgie dvaluation et de prvention des risques dexposition aux agents chimiques doit toujours tenir en considration que la vigilance du lieu de travail et de la sant des travailleurs sont des aspects complmentaires dune mme ralit les risques rsultant dune interaction entre lagent chimique et les travailleurs exposs. Si cest la Vigilance Ambiantale de juger le risque, par la caractrisation de lagent dans le lieu de travail, la Vigilance Biologique, elle, se prononce sur linteraction entre le toxique et lorganisme, valuant la rponse lagression chimique et lvolution des ractions dadaptation ou de rupture face labsorption du toxique. Les Indicateurs Biologiques assument ainsi un statut dinstrument privilgi de vigilance de la sant des travailleurs exposs, dans la mesure o ils dterminent la quantit de toxique qui a effectivement t pntr et absorb, ou le rsultat (effet) dtermin par cette dose. Cette tude-ci cherche contribuer la dfinition dun cadre mthodologique dutilisation des Indicateurs Biologiques dans lvaluation/ gestion de lexposition professionnelle au plomb inorganique, valuant spcialement le comportement de la protoporphirine-zinc (PPZ), indicateur pas encore utilis au Portugal.Le plomb est un mtal doccurrence naturelle dont les niveaux dans les diffrents cosystmes en rsultent, principalement, des activits anthropogniques de nature domestique et industrielle. Sa capacit polluante peut tre signale, reprsentant une source dexposition permanente pour lhomme, celle-ci dmontrable par sa prsence continue dans lorganisme, mme si elle ny accomplit aucune fonction physiologique. Actuellement ses applications sont innombrables, faisant de lexposition professionnelle au plomb une ralit de grande ampleur : industries daccumulateurs lectriques, de verre, de plastique et de munitions, btiments, manutention et rparation automobile et navale, fabrication dencres, industries lectroniques, fontes et activits de soudure sont, entre autres, des situations relles a en tenir compte. La pntration du plomb inorganique dans lorganisme se fait principalement par voie respiratoire, pouvant se faire galement par voie digestive. Les particules absorbes sont transportes par le sang, surtout lies aux rythrocytes (95%), se repartent travers les tissus mous et se dposent essentiellement dans le tissu osseux, o elles reprsentent plus de 90% de la charge corporelle de ce qui a t absorb et ont un temps de demi-vie lev (plus de 20 ans). Le plomb nest pas mtabolis dans lorganisme et son limination se fait essentiellement par voie rnale, pouvant tout de mme, une moindre chelle, tre excrt dans les fces, de la sueur, de la salive, des ongles, des cheveux et du lait maternel. La connaissance scientifique met en vidence que des concentrations sanguines de plomb entre 20 et 50 mg/dL sont susceptibles de dterminer des effets adverses dans lhomme, pouvant les systmes hmatopotique, nerveux, cardiovasculaire, reproducteur et immunitaire en tre affects. Cependant, il en reste beaucoup claircir dans le domaine de la toxicit du plomb. Les niveaux dexposition auxquels correspondent les modifications des divers organes et systmes, demeurent toujours sujet de quelque controverse. Les caractristiques carcinogniques et mutagniques du plomb restent toujours un champ dinvestigation dune grande exigence. Lintoxication par le plomb et ses sels (Saturnisme) dorigine occupationnelle est reconnue, au Portugal, comme une maladie professionnelle (groupe 1- Maladies Provoques par des Agents Chimiques, de la Liste des Maladies Professionnelles). Cest une intoxication du tipe chronique, due labsorption continue de doses relativement petites pendant une longue priode, mise en vidence travers des signes et des symptmes vagues et diffus sans grande spcificit, lesquels peuvent inclure, particulirement, le manque dapptit, got mtallique dans la bouche, pleur, malaise et fatigue, cphales, myalgies et arthralgies, irritabilit, tremblements fins, constipation, coliques abdominales, insomnies, dficit de la mmoire court terme et de la capacit de concentration.Un ensemble important dindicateurs biologiques peut tre employ dans la vigilance priodique de la sant des travailleurs dans ces conditions dexposition. Ces indicateurs (de dose ou deffet) renferment diffrentes significations et comportent diverses exigences, devant le Mdecin de Travail, dans le domaine des programmes de prvention des effets adverses qui sont en relation avec lexposition professionnelle au plomb, slectionner son utilisation et interprter son information de faon valuer linteraction de llment toxique avec lorganisme un stade de rversibilit. Ltude ci-prsent engloba 180 travailleurs desquels 110 prsentaient des plombmies (Pb-S) gales ou suprieures 40 mg/dL. part la Pb-S, la protoporphyrine-zinc (PPZ) leur a t prise en dosage et un Hmogramme fut effectu et fut dtermin lacide d- aminolvulinique urinaire (ALA-U) sur environ 25% des travailleurs. Le dosage de la PPZ efectu en chantillon de sang capillaire par un fluorimtre portable, sest accomplit dune fiabilit total, donnant du sgnificat une tchnique de facile execution et bas prix. Lvaluation de la prise urinaire par dosage du ALA-U conclut au besoin dun recours aux urines de 24 heures Les rsultats de ltude ont mis en vidence une association leve entre la PPZ et la Pb- S, avec une intensit majeure et de dbut plus prcoce par rapport celui qui fut registr lors de lassociation de la Pb-S avec la ALA-U. Ces rsultats ont galement montr de faibles niveaux dassociation entre lhmoglobine (et autres paramtres hmatologiques) et la Pb-S. Ils ont dmontr aussi, une valeur de cut-off de 100 mg/dL de PPZ, des taux de faux ngatifs et faux positifs, pour des plombmies de 70 mg/dL, infrieurs 20%. On peut donc conclure que dans les protocoles de vigilance de la sant des travailleurs exposs au plomb, le dosage de la PPZ par fluorimetrie dans le sang capillaire est adquat, fiable et de ralisation prfrentielle par rapport celui du ALA-U. On peut galement conclure que la ralisation de lhmogramme ne se justifie que dans les cas individuels o, cliniquement, celui-ci est conseill. De plus, ces protocoles doivent inclure la ralisation de la Pb-S et de la PPZ, pouvant, en cas de contrle rigoureux (ambiantal, biologique et clinique), sappuyer que dans la dtermination de la PPZ rservant les autres indicateurs pour approfondir linvestigation mdicale dans les cas o les taux de celle-ci sont levs ou dans les cas de situations limitantes. Summary Any strategy to evaluate and prevent the risks of chemical agents exposure must always regard the work environment and workers health as complementary aspects of one reality - the resulting risks from the interaction between the chemical agent and the exposed workers. It is the responsibility of Environmental Monitoring to evaluate the risks of exposure by the characterization of the chemical agent in the work environment. Biological Monitoring, on the other hand, pronounces itself over the toxin and body interaction, evaluating human response to the chemical aggression and the body adaptations to the toxic absorption. Biological Exposure Indices (BEI) assume, therefore, a privileged status among exposed workers' health monitoring instruments, as they measure the actual penetrated and absorbed toxic quantity and the effect it produces. This research study aims to contribute to the definition of a methodological strategy on the utilization of BEIs in evaluating inorganic lead's occupational exposure, more specifically appreciating the zinc protoporphyrin (ZPP) variation, an index that has never been taken under consideration in Portugal until now. Lead is a natural metal whose ecosystems levels are mainly due to domestic and industrial anthropogenic activities. Its pollutant capacity is notable, representing a permanent exposure risk shown by its constant presence in the human body, although it has no physiologic function. Nowadays, lead's applications are countless, turning its professional exposure a huge reality: storage batteries industries, glass industries, plasterers and munitions industries, building construction, ships and motor car maintenance and repairing, ink manufacture, electronics industries, foundries and other soldering activities are, among so many other, realities to attend to. Respiration is the main cause of human body's inorganic lead absorption, although digestive pathway must not to be ignored. The absorbed particles are transported by blood, essentially bounded to erythrocytes (95%). It is distributed by soft tissues and settled mainly on bone tissues, where it represents approximately 90% of the total body charge and has a high half-life time (more than 20 years). It is not metabolized by the organism, its elimination being effectuated by renal activity and, in smaller scale, through lees, sweat, saliva, nails, hair and maternal milk.Scientific knowledge shows that concentrations of lead in blood between 20 e 50 mg/dL are susceptible to determine adverse effects in man and able to affect the hematopoietic system, the nervous system, the cardiovascular system, the reproductive system and the immunological system. Nevertheless, there's still much to be learned and clarified about lead's toxicity. The correlation between exposure levels and human's systems and organs alteration levels continues to be a centre of controversies. Still, lead's carcinogenic and mutagenic characteristics continue to be a high demanding research field. Intoxication by lead and its compounds (saturnism), from occupational origin, is recognized in Portugal as an occupational disease, included in Group 1 - Chemical Agents Caused Diseases, on the Occupational Diseases List. It is a chronic intoxication caused by a continuous absorption of small doses, throughout a long period of time. Its signs and symptoms are diffuse and imprecise, of great unspecificity, such as loss of appetite, metallic flavor in the mouth, paleness, ailment and fatigue, headaches, myalgia and arthralgia, irritability, thin tremors, constipation, abdominal pain, insomnias, short memory loses and inability to concentrate. A considered number of BEIs can be used in Periodic Health Monitoring of workers in such exposure conditions. Such BEI (dose indices or effect indices) provide different meanings and imply different procedures, being Occupational Doctors responsibility, in the context of lead related adverse effects preventive programmes, to select and interpret its information, in order to evaluate the interaction between toxic and organism in a reversible phase of the toxic action. The present research study involved 180 workers, 110 of which presented blood lead levels (PbB) above or equal to 40 mg/dL. Besides PbB, all workers has been evaluated for zinc protoporphyrin levels (PPZ) and submitted to a haemogram. About 25% of the workers were selected for d-aminolevulinic urinary acid (ALA-U) determination. The evaluation of PPZ, by a portable hematofluorometer using capillary blood samples, turned out to be an easy procedure with low costs and total warrantability. As in regard for ALA- U procedure, it was concluded the necessity of 24 hours urine samples. This research results underlined a strong connection between ZPP and PbB, which was found to to be stringer and to begin earlier than it was registered for PbB and ALA-U association. The same study also revealed a low association level between PbB and hemoglobin or other hematological indices. It was also verified less than 20% of false negatives and false positives cases when admitted a ZPP 100 mg/dL cut off value for PbB 70 mg/dL. As in result it was concluded that in Health Monit

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A importncia e a magnitude da sade da populao trabalhadora advm, em primeiro lugar, da justa considerao de que se trata do elemento mais dinmico e numeroso da sociedade, do factor essencial da produo de bens e servios e do garante da produtividade econmica (Lefranc, 1988). O desenvolvimento sustentado das sociedades modernas conta com os trabalhadores como o meio de trabalho vivo mais valioso, pelo que a valorizao da sua sade est com ele directamente correlacionado (Duclos,1984; Dias, 1993). O conhecimento das relaes trabalho e sade foi e continuar a ser condio necessria, mas no suficiente, para a organizao de intervenes promotoras da sade e do bemestar no local de trabalho e de medidas profilcticas das doenas e leses relacionadas com o trabalho e com as condies em que este efectuado (OMS, 1981). preciso que a sociedade e as suas estruturas polticas e econmicas assumam a Sade Ocupacional (SO) como objectivo prioritrio e criem as condies legais, tcnico-profissionais e materiais para a levar prtica (Portugal, 1991a e 2001). O actual estdio da organizao e da prestao de cuidados de Sade Ocupacional em Portugal fruto de um processo complexo onde intervm factores de natureza poltica, social, econmica e tcnico-cientfica. Estes, interactuando entre si, criaram as condies objectivas e subjectivas para o lanamento, na dcada de sessenta, de um modelo legal de servios de Medicina do Trabalho o qual influenciou o desenvolvimento da sade dos trabalhadores e a prtica profissional dos mdicos do trabalho (Faria et al., 1985 ). A Medicina do Trabalho como especialidade mdica apresenta a caracterstica mpar de, ao contrrio de outras especialidades, ter sido precedida pela lei, regulamento ou norma (Larche-Mochel, 1996). A sua prtica, tambm muitas vezes entendida como de Sade Ocupacional, integra-se desde o incio na lgica do sistema legal criado em Portugal na dcada de sessenta que privilegia os cuidados mdicos (Faria et al., 1985). Na evoluo interactiva da sade no mundo do trabalho, as condies objectivas de natureza estrutural, prprias do crescimento econmico de cada pas ou regio, assumem um papel essencial. No entanto, como a outros nveis sociais, os factores subjectivos ligados aos conhecimentos, experincias e organizao dos parceiros sociais e do poder poltico influenciam a estrutura formal da organizao da Sade Ocupacional (Duclos, 1984; Dias, 1993). O que ressalta da realidade portuguesa que o inadequado e incongruente modelo poltico organizacional de prestao de cuidados de medicina do trabalho dos anos sessenta (Faria et al., 1985), foi substitudo pela nova legislao de 1994 e 1995, (Decreto Lei 26/94 e Lei 7/95) que d suporte a uma nova estrutura formal de servios de Segurana, Higiene e Sade no Trabalho (SHST) que est longe de corresponder realidade da evoluo das foras produtivas, da sua organizao e das necessidades de sade e bem-estar dos trabalhadores (Santos, 1998; Graa, 1999). A reformulao da poltica de Sade Ocupacional, com a correspondente reorganizao de servios de sade dirigidos populao trabalhadora, tem sido defendida por alguns autores e entidades desde o incio da dcada de oitenta (Faria et al., 1985; BIT, 1985; Santos; Faria, 1988; Graa, 1999). Recentemente tal necessidade tornou-se uma evidncia constatada por todos os parceiros sociais e pelo poder poltico, o que levou ao desencadear do processo de mudana em curso, que conta como primeiro facto, a aprovao do Acordo de Segurana, Higiene e Sade no Trabalho, pelo Conselho Permanente de Consertao Social, em Julho de 1991, renovado pelo Acordo sobre Condies de Trabalho, Higiene e Segurana no Trabalho e Combate Sinistralidade do Conselho Econmico e Social de Fevereiro de 2001 (Portugal, 1991a e 2001). De tempos a tempos, a falta de mdicos do trabalho em termos absolutos referenciada na comunicao social por responsveis polticos ou profissionais de sade ocupacional sem, no entanto, ser conhecida qualquer anlise suficientemente rigorosa da prtica profissional dos actuais mdicos do trabalho diplomados ou legalmente habilitados. Os mdicos do trabalho no so os nicos profissionais de sade ocupacional, e o seu contributo, apesar de importante, no determinante no desenvolvimento histrico da organizao dos cuidados de sade populao trabalhadora. Reconhece-se que os parceiros sociais e o poder poltico so os intervenientes principais da evoluo das polticas de sade ocupacional (Graa, 1993a; Dias, 1993). No entanto, os mdicos do trabalho so necessrios e mesmo fundamentais para pr em prtica as polticas (implcitas e explcitas) de sade ocupacional. O papel dos mdicos do trabalho to primordial que, no raras vezes, estes assumem um tal protagonismo que susceptvel de ser considerado como uma prtica profissional mais dirigida aos seus prprios interesses, do que virada para as necessidades de sade dos trabalhadores (Walters, 1984). O papel dos mdicos e a prtica de medicina do trabalho so elementos relevantes no processo de desenvolvimento histrico da sade dos trabalhadores, de tal modo que a adopo de um determinado modelo de servios de SHST sendo, num dado momento, a resultante da interaco dos diversos factores em presena, torna-se por sua vez um elemento condicionante do pensamento e da prtica profissional dos diversos tcnicos de sade ocupacional, entre os quais figuram os mdicos do trabalho (BIT, 1985; WHO, 1986 e 1995; Directiva CEE n. 391/1989; Rantanen, 1990). Um primeiro inqurito aos diplomados com o curso de medicina do trabalho (cerca de 500) realizado pela Cadeira de Sade Ocupacional da ENSP, em 1982, mostrou que cerca de um tero (34,6%) no exercia qualquer actividade profissional relacionada com a sade ocupacional e os que a praticavam faziam-no essencialmente como actividade secundria (74,4%), em regime de pluriemprego, de tempo parcial (horrio semanal igual ou inferior a 20 horas em 73,4% dos casos e inferior a 10 horas em 24,1%) e em empresas industriais de grande dimenso (66,9%), em unidades de 500 ou mais trabalhadores (Faria et al., 1985). Em 1993, altura em que se inicia o presente estudo, efectuado um novo inqurito aos antigos alunos que representam o ncleo mais numeroso de mdicos com actividade profissional em Sade Ocupacional no incio da dcada de noventa. A estes junta-se um nmero, relativamente pequeno, de mdicos de empresa habilitados ao abrigo de disposies transitrias e excepcionais contempladas na legislao de organizao de servios mdicos do trabalho de 1962 e 1967 (Portugal, 1991b). A partir de 1991 tm incio os Cursos de Medicina do Trabalho das Universidades de Coimbra e do Porto, com a admisso anual e bianual de candidatos, respectivamente. Os diplomados destas escolas representam um nmero acrescido de profissionais que iniciam a sua actividade neste perodo de transio na organizao dos cuidados de Segurana, Higiene e Sade no Trabalho (Decreto Lei n 441/91; Decreto Lei n. 26/94; Lei n. 7/95). A Estratgia Global da Sade Ocupacional para Todos aprovada pela Assembleia Mundial da Sade em 1995 constitui a estrutura de enquadramento da nova poltica de sade ocupacional que inclui entre as suas dez prioridades o desenvolvimento de servios orientados para a populao trabalhadora (WHO, 1995). Estes servios devem funcionar bem, de forma competente e compreensiva, centrados na preveno multidisciplinar e incluir a vigilncia do ambiente de trabalho e da sade dos trabalhadores e a promoo da sade, conforme a Declarao de Sade Ocupacional Para Todos aprovada no segundo encontro de Centros Cooperativos para a SO da OMS, realizado em Pequim, em 1994. Este trabalho tem como finalidade conhecer as eventuais inter-relaes entre o novo modelo legal de organizao dos cuidados de Segurana, Higiene e Sade no Trabalho (SHST), institudo em Portugal nos anos de 1994/1995, e o pensamento e a prtica profissional dos mdicos do trabalho diplomados pela Escola Nacional de Sade Pblica da Universidade Nova de Lisboa (ENSP/UNL). De um modo mais especfico pretende-se descrever em que medida o novo enquadramento jurdico da MT/SHST/SO, correspondente genericamente fase da Nova Sade Ocupacional, foi acompanhado de alteraes: (1) da percepo do grau de satisfao dos mdicos do trabalho quanto ao seu papel e estatuto profissionais; (2) do nvel de satisfao relativo formao especializada formal (Curso de Medicina do Trabalho da ENSP/UNL) versus as necessidades da prtica profissional; (3) da efectividade do desempenho profissional e (4) da adequao do novo modelo de organizao de servios de MT/ SHST/SO ao contexto do desenvolvimento scio-econmico e cientfico nacional e ao sentir dos mdicos do trabalho. Quatro grandes temticas vo ser abordadas: (1) politicas, organizao e desenvolvimento da sade ocupacional nacional e de empresa; (2) papel e funes dos mdicos do trabalho; (3) ensino e necessidades formativas em sade ocupacional; (4) prtica profissional dos mdicos do trabalho de empresa. Os resultados obtidos sero contextualizados atravs do enquadramento num modelo terico explicativo da evoluo histrica dos cuidados de sade populao trabalhadora em meio laboral e que alvo de reviso no presente trabalho. Este estudo enquadra-se nos objectivos e temas de investigao prioritrios da Sade Para Todos (SPT) da regio europeia da OMS, nomeadamente o estudo do funcionamento dos actuais sistemas de assistncia sanitria, tendo em vista a adequada cobertura das necessidades de sade de

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Dissertao de Mestrado em Gesto de Sistemas de E-Learning

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RESUMO - Este trabalho de projecto visa responder questo de saber como gerir uma unidade de tica num servio pblico central de sade pblica, de forma racional e informada, definindo os seus objectivos estratgicos (Baranger, citando Drucker, 1990) utilizando como caso de estudo o Gabinete de Assuntos Jurdicos, Ética e Responsabilidade, adiante designado por Gabinete, da DirecoGeral da Sade. Para o efeito, fezse, em primeiro lugar, uma abordagem terica descritiva das bases filosficas da tica realando a sua aplicao prtica na determinao das caractersticas dos sistemas de sade. Em seguida, analisase a utilizao do conceito de tica no mbito da Sade Pblica, no contexto da biotica, verificandose elementos distintivos que parecem justificar a autonomizao do conceito de Ética em Sade Pblica. Para tal, foram consultadas as principais fontes de princpios ticos em sade, tais como a Declarao Universal dos Direitos do Homem, a Declarao de Helsnquia, bem como a Constituio da Repblica Portuguesa e os Cdigos Deontolgicos das profisses de sade. Nesta fase do trabalho pesquisada, nas perspectivas nacional e internacional, a existncia de unidades de tica, congneres ou de mbito similar, bem como respectivas reas e nveis de interveno, tendose nesse sentido auscultado as entidades idneas dos EstadosMembros da Unio Europeia. Na segunda parte do trabalho de projecto, desenvolveuse o planeamento estratgico atravs da aplicao da metodologia balanced scorecard, apresentandose uma proposta de objectivos estratgicos e iniciativas a serem desenvolvidas pelo gabinete de tica sub judice, para um horizonte temporal fixado em trs anos. Da utilizao desta metodologia resultaram doze objectivos estratgicos, dos quais se destacam: fomentar a discusso tica; promover a igualdade dos utentes do SNS; e identificar prioridades de actuao. Entre as iniciativas a desenvolver salientase o desenho de um questionrio, a aplicar s comisses de tica do sistema de sade com o objectivo de identificar prioridades de actuao do Gabinete. O trabalho finalizase com as concluses, recomendaes e linhas de investigao que se considera deverem ser desenvolvidas, num futuro prximo, para o aprofundamento da matria alvo deste estudo. ------------------ABSTRACT - This researchproject aims to answer the question of how to manage a unit of ethics within the directorategeneral of public health in a "rational and informed way, defining their strategic goals (Baranger, quoting Drucker, 1990) using as case study the Office of Legal Affairs, Ethics and Responsibility, hereinafter referred as the Office, of the DirectorateGeneral of Health. For this purpose, the first part of the study, includes a framework description of the main philosophical basis of ethics, emphasizing that its practical application determines the characteristics of health systems; the use of the concept of ethics of Public Health in the context of bioethics was analyzed, and distinctive elements were found that seem to justify the autonomy of the concept of 'Ethics of Public Health'. The main sources of this part were the fundamental ethical principles in health, such as the Universal Declaration of Human Rights, the Helsinki Declaration, and also the Constitution of the Portuguese Republic and the Codes of Ethics of the health professions. At this stage of the study a description is also made, at both a national and international perspective, on the existence of similar units of ethics or with similar scope, and their areas and levels of intervention. For the international dimension the appropriate bodies of the Member States the European Union were consulted. In the second part of the researchproject, a strategic planning for the Office was designed, using the balanced scorecard methodology, and a proposal of the strategic objectives and initiatives to be developed within a time schedule of three years are presented. The use of this method resulted in twelve strategic objectives, among which we note the following: 'to promote the ethical discussion'; 'to promote equality of users of the NHS'; and to identify priorities for action. The design of a questionnaire to be answered by the ethics committees for health of the Portuguese health system, in order to identify priorities for the Offices activities is also presented in the study. The work ends with the conclusions and recommendations, as well as a suggestion of lines for future research to further investigate the subject of this study.

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Resumo: Este estudo tem como finalidade validar e adaptar o WES (Work Experience Survey), de forma a avaliar e caracterizar a percepo que as pessoas DV portuguesas possuem sobre as barreiras ao emprego e as suas formas de resoluo e/ou minimizao. Da reviso da literatura, constatou-se a inexistncia, a nvel nacional, de estudos que versassem sobre as barreiras no acesso e manuteno de emprego e estratgias de superao. Este motivo foi o ponto a partir do qual se elaborou a adaptao e validao do questionrio WES e a partir do qual alcanamos resultados e concluses que nos remetem para evidncias que a seguir se descrevem. Os dados recolhidos demonstram que esta faixa da populao: tem baixos nveis de escolaridade; necessita de aperfeioar as suas competncias para se tornar mais competitiva no mercado de trabalho; tem dificuldades na acessibilidade ao meio fsico, devido s condies de acessibilidade oferecidas; enfrenta problemas no desempenho laboral, devido falta de tecnologias de apoio e de meios de superao das barreiras no local de trabalho; e sente-se discriminada no acesso e manuteno do emprego, e progresso na carreira. A explorao das razes do insucesso escolar e do perfil de competncias adequado, exigveis para o emprego; o desenvolvimento de planos de promoo da carreira; a divulgao das competncias e capacidades dos trabalhadores DV e a averiguao na aplicao da legislao referente acessibilidade so algumas sugestes apresentadas.

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Dissertao apresentada na Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para obteno do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente Perfil,Engenharia Sanitria

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Dissertao apresentada para obteno do grau de Mestre em Ensino da Matemtica pela Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Cincias e Tecnologia

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Dissertao apresentada para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de Doutor em Cincias da Comunicao, na Especialidade de Comunicao Institucional

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RESUMO - A flexibilidade dos contratos de trabalho cada vez mais uma realidade. Em 2009, cerca de 18% da populao activa em Portugal tinha um vnculo instvel. Na instituio onde se realizou o estudo, 38,8% dos profissionais de sade tm este tipo de vnculo. Este estudo foi realizado num hospital distrital com a participao de 103 prestadores de cuidados directos assistentes operacionais, enfermeiros, mdicos e tcnicos de diagnstico e teraputica - aos quais foi dado um questionrio de auto-resposta. Atravs deste, fez-se a comparao dos nveis de satisfao dos profissionais com diferentes tipos de vnculo. Concluiu-se que as dimenses mais valorizadas so as relacionais e condies de trabalho e sade. A dimenso da Segurana no Emprego surge no meio da tabela. Ao contrrio do que dizem os estudos, a autonomia e poder foi das menos valorizadas. Os profissionais com vnculo laboral instvel do maior importncia segurana. As dimenses relacionais so as que apresentam maiores nveis de satisfao. As que apresentam menores nveis so a Remunerao, Condies de Trabalho e Sade e Segurana no Emprego, sendo que nesta ultima se registam diferenas significativas entre profissionais com diferentes tipos de vnculo. Verifica-se com 95% de confiana que existem diferenas significativas na dimenso da Segurana no Emprego, onde os profissionais com vnculo instvel apresentam menores nveis de satisfao. Os profissionais com vnculo instvel demonstram que este facto lhes trouxe consequncias negativas ao nvel pessoal e social. No existe significncia na diferena entre os nveis da satisfao dos profissionais de sade com diferentes vnculos. -----------------------------------ABSTRACT - Employment contract flexibility is becoming a reality with each passing day. In 2009, around 18% of the active population in Portugal had an unstable bond. In the institution where this study was conducted, 38.8% of the health professionals have this kind of arrangement. This study was conducted in a district hospital with the participation of 103 direct care providers - operating assistants, nurses, doctors and technical diagnostic and therapeutic - that were given a self-response questionnaire. Through this questionnaire, the levels of satisfaction of the professionals with different types of employment bond were compared. It was concluded that the most valued dimensions are relational and work and health conditions. Work security appears in the middle of the table. Contrary to what studies say, autonomy and power were less valued. Professionals with an unstable bond give greater importance to safety. The relational dimensions are those with higher levels of satisfaction. Those with lower levels are the wages, working conditions and health and safety in employment, where in health and safety in employment show significant differences between professionals with different types of employment bond. We can verify with a 95% confidence interval that there are significant differences in the work safety dimension, where professionals with unstable employment bonds present lower levels of satisfaction. Professionals with an unstable employment bond show that this fact brought them negative consequences at the personal and social level. There is no significant difference between the levels of satisfaction of health professionals with different types of employment bond.

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RESUMO - A exposio a formaldedo reconhecidamente um dos mais importantes factores de risco presente nos laboratrios hospitalares de anatomia patolgica. Neste contexto ocupacional, o formaldedo utilizado em soluo, designada comummente por formol. Trata-se de uma soluo comercial de formaldedo, normalmente diluda a 10%, sendo pouco onerosa e, por esse motivo, a eleita para os trabalhos de rotina em anatomia patolgica. A soluo utilizada como fixador e conservante do material biolgico, pelo que as peas anatmicas a serem processadas so previamente impregnadas. No que concerne aos efeitos para a sade do formaldedo, os efeitos locais parecem apresentar um papel mais importante comparativamente com os efeitos sistmicos, devido sua reactividade e rpido metabolismo nas clulas da pele, tracto gastrointestinal e pulmes. Da mesma forma, a localizao das leses correspondem principalmente s zonas expostas s doses mais elevadas deste agente qumico, ou seja, o desenvolvimento dos efeitos txicos depender mais da intensidade da dose externa do que da durao da exposio. O efeito do formaldedo no organismo humano mais facilmente detectvel a aco irritante, transitria e reversvel sobre as mucosas dos olhos e aparelho respiratrio superior (naso e orofaringe), o que acontece em geral para exposies frequentes e superiores a 1 ppm. Doses elevadas so citotxicas e podem conduzir a degenerescncia e necrose das mucosas e epitlios. No que concerne aos efeitos cancergenos, a primeira avaliao efectuada pela International Agency for Research on Cancer data de 1981, actualizada em 1982, 1987, 1995 e 2004, considerando-o como um agente cancergeno do grupo 2A (provavelmente carcinognico). No entanto, a mais recente avaliao, em 2006, considera o formaldedo no Grupo 1 (agente carcinognico) com base na evidncia de que a exposio a este agente susceptvel de causar cancro nasofarngeo em humanos. Constituiu objectivo principal deste estudo caracterizar a exposio profissional a formaldedo nos laboratrios hospitalares de anatomia patolgica Portugueses. Pretendeu-se, ainda, descrever os fenmenos ambientais da contaminao ambiental por formaldedo e explorar eventuais associaes entre variveis. Considerou-se uma amostra de 10 laboratrios hospitalares de anatomia patolgica, avaliada a exposio dos trs grupos profissionais por comparao com os dois referenciais de exposio e, ainda, conhecidos os valores de concentrao mxima em 83 actividades. Foram aplicados simultaneamente dois mtodos distintos de avaliao ambiental: um dos mtodos (Mtodo 1) fez uso de um equipamento de leitura directa com o princpio de medio por Photo Ionization Detection, com uma lmpada de 11,7 eV e, simultaneamente, realizou-se o registo da actividade. Este mtodo disponibilizou dados para o referencial de exposio da concentrao mxima; o outro mtodo (Mtodo 2) traduziu-se na aplicao do mtodo NIOSH 2541, implicando o uso de bombas de amostragem elctricas de baixo caudal e posterior processamento analtico das amostras por cromatografia gasosa. Este mtodo, por sua vez, facultou dados para o referencial de exposio da concentrao mdia ponderada. As estratgias de medio de cada um dos mtodos e a definio dos grupos de exposio existentes neste contexto ocupacional, designadamente os Tcnicos de Anatomia Patolgica, os Mdicos Anatomo-Patologistas e os Auxiliares, foram possveis atravs da informao disponibilizada pelas tcnicas de observao da actividade da anlise (ergonmica) do trabalho. Estudaram-se diversas variveis independentes, nomeadamente a temperatura ambiente e a humidade relativa, a soluo de formaldedo utilizada, as condies de ventilao existentes e o nmero mdio de peas processadas por dia em cada laboratrio. Para a recolha de informao sobre estas variveis foi preenchida, durante a permanncia nos laboratrios estudados, uma Grelha de Observao e Registo. Como variveis dependentes seleccionaram-se trs indicadores de contaminao ambiental, designadamente o valor mdio das concentraes superiores a 0,3 ppm em cada laboratrio, a Concentrao Mdia Ponderada obtida para cada grupo de exposio e o ndice do Tempo de Regenerao de cada laboratrio. Os indicadores foram calculados e definidos atravs dos dados obtidos pelos dois mtodos de avaliao ambiental aplicados. Baseada no delineado pela Universidade de Queensland, foi ainda aplicada uma metodologia de avaliao do risco de cancro nasofarngeo nas 83 actividades estudadas de modo a definir nveis semi-quantitativos de estimao do risco. Para o nvel de Gravidade considerou-se a informao disponvel em literatura cientfica que define eventos biolgicos adversos, relacionados com o modo de aco do agente qumico e os associa com concentraes ambientais de formaldedo. Para o nvel da Probabilidade utilizou-se a informao disponibilizada pela anlise (ergonmica) de trabalho que permitiu conhecer a frequncia de realizao de cada uma das actividades estudadas. A aplicao simultnea dos dois mtodos de avaliao ambiental resultou na obteno de resultados distintos, mas no contraditrios, no que concerne avaliao da exposio profissional a formaldedo. Para as actividades estudadas (n=83) verificou-se que cerca de 93% dos valores so superiores ao valor limite de exposio definido para a concentrao mxima (VLE-CM=0,3 ppm). O exame macroscpico foi a actividade mais estudada e onde se verificou a maior prevalncia de resultados superiores ao valor limite (92,8%). O valor mdio mais elevado da concentrao mxima (2,04 ppm) verificou-se no grupo de exposio dos Tcnicos de Anatomia Patolgica. No entanto, a maior amplitude de resultados observou-se no grupo dos Mdicos Anatomo-Patologistas (0,21 ppm a 5,02 ppm). No que respeita ao referencial da Concentrao Mdia Ponderada, todos os valores obtidos nos 10 laboratrios estudados para os trs grupos de exposio foram inferiores ao valor limite de exposio definido pela Occupational Safety and Health Administration (TLV-TWA=0,75 ppm). Verificou-se associao estatisticamente significativa entre o nmero mdio de peas processadas por laboratrio e dois dos trs indicadores de contaminao ambiental utilizados, designadamente o valor mdio das concentraes superiores a 0,3 ppm (p=0,009) e o ndice do Tempo de Regenerao (p=0,001). Relativamente temperatura ambiente no se observou associao estatisticamente significativa com nenhum dos indicadores de contaminao ambiental utilizados. A humidade relativa apresentou uma associao estatisticamente significativa apenas com o indicador de contaminao ambiental da Concentrao Mdia Ponderada de dois grupos de exposio, nomeadamente com os Mdicos Anatomo-Patologistas (p=0,02) e os Tcnicos de Anatomia Patolgica (p=0,04). A aplicao da metodologia de avaliao do risco nas 83 actividades estudadas permitiu verificar que, em cerca de dois teros (35%), o risco foi classificado como (pelo menos) elevado e, ainda, constatar que 70% dos laboratrios apresentou pelo menos 1 actividade com a classificao de risco elevado. Da aplicao dos dois mtodos de avaliao ambiental e das informaes obtidas para os dois referenciais de exposio pode concluir-se que o referencial mais adequado a Concentrao Mxima por estar associado ao modo de actuao do agente qumico. Acresce, ainda, que um mtodo de avaliao ambiental, como o Mtodo 1, que permite o estudo das concentraes de formaldedo e simultaneamente a realizao do registo da actividade, disponibiliza informaes pertinentes para a interveno preventiva da exposio por permitir identificar as actividades com a exposio mais elevada, bem como as variveis que a condicionam. As peas anatmicas apresentaram-se como a principal fonte de contaminao ambiental por formaldedo neste contexto ocupacional. Aspecto de particular interesse, na medida que a actividade desenvolvida neste contexto ocupacional e, em particular na sala de entradas, centrada no processamento das peas anatmicas. Dado no se perspectivar a curto prazo a eliminao do formaldedo, devido ao grande nmero de actividades que envolvem ainda a utilizao da sua soluo comercial (formol), pode concluir-se que a exposio a este agente neste contexto ocupacional especfico preocupante, carecendo de uma interveno rpida com o objectivo de minimizar a exposio e prevenir os potenciais efeitos para a sade dos trabalhadores expostos. ---------------- ABSTRACT - Exposure to formaldehyde is recognized as one of the most important risk factors present in anatomy and pathology laboratories from hospital settings. In this occupational setting, formaldehyde is used in solution, typically diluted to 10%, and is an inexpensive product. Because of that, is used in routine work in anatomy and pathology laboratories. The solution is applied as a fixative and preservative of biological material. Regarding formaldehyde health effects, local effects appear to have a more important role compared with systemic effects, due to his reactivity and rapid metabolism in skin, gastrointestinal tract and lungs cells. Likewise, lesions location correspond mainly to areas exposed to higher doses and toxic effects development depend more on external dose intensity than exposure duration. Human body formaldehyde effect more easily detectable is the irritating action, transient and reversible on eyes and upper respiratory tract (nasal and throat) membranes, which happen in general for frequent exposure to concentrations higher than 1 ppm. High doses are cytotoxic and can lead to degeneration, and also to mucous membranes and epithelia necrosis. With regard to carcinogenic effects, first assessment performed by International Agency for Research on Cancer in 1981, updated in 1982, 1987, 1995 and 2004, classified formaldehyde in Group 2A (probably carcinogenic). However, most recent evaluation in 2006, classifies formaldehyde carcinogenic (Group 1), based on evidence that exposure to this agent is likely to cause nasopharyngeal cancer in humans. This study principal objective was to characterize occupational exposure to formaldehyde in anatomy and pathology hospital laboratories, as well to describe formaldehyde environmental contamination phenomena and explore possible associations between variables. It was considered a sample of 10 hospital pathology laboratories, assessed exposure of three professional groups for comparison with two exposure metrics, and also knows ceiling concentrations in 83 activities. Were applied, simultaneously, two different environmental assessment methods: one method (Method 1) using direct reading equipment that perform measure by Photo Ionization Detection, with 11,7 eV lamps and, simultaneously, make activity description and film. This method provided data for ceiling concentrations for each activity study (TLV-C). In the other applied method (Method 2), air sampling and formaldehyde analysis were performed according to NIOSH method (2541). This method provided data average exposure concentration (TLV-TWA). Measuring and sampling strategies of each methods and exposure groups definition (Technicians, Pathologists and Assistants) was possible by information provided by activities (ergonomic) analysis. Several independent variables were studied, including temperature and relative humidity, formaldehyde solution used, ventilation conditions, and also anatomic pieces mean value processed per day in each laboratory. To register information about these variables was completed an Observation and Registration Grid. Three environmental contamination indicators were selected has dependent variables namely: mean value from concentrations exceeding 0,3 ppm in each laboratory, weighted average concentration obtained for each exposure group, as well each laboratory Time Regeneration Index. These indicators were calculated and determined through data obtained by the two environmental assessment methods. Based on Queensland University proposal, was also applied a methodology for assessing nasopharyngeal cancer risk in 83 activities studied in order to obtain risk levels (semi-quantitative estimation). For Severity level was considered available information in scientific literature that defines biological adverse events related to the chemical agent action mode, and associated with environment formaldehyde concentrations. For Probability level was used information provided by (ergonomic) work analysis that helped identifies activity frequency. Environmental assessment methods provide different results, but not contradictory, regarding formaldehyde occupational exposure evaluation. In the studied activities (n=83), about 93% of the values were above exposure limit value set for ceiling concentration in Portugal (VLE-CM = 0,3 ppm). "Macroscopic exam" was the most studied activity, and obtained the higher prevalence of results superior than 0,3 ppm (92,8%). The highest ceiling concentration mean value (2,04 ppm) was obtain in Technicians exposure group, but a result wider range was observed in Pathologists group (0,21 ppm to 5,02 ppm). Concerning Method 2, results from the three exposure groups, were all lower than limit value set by Occupational Safety and Health Administration (TLV-TWA=0,75ppm). There was a statistically significant association between anatomic pieces mean value processed by each laboratory per day, and two of the three environmental contamination indicators used, namely average concentrations exceeding 0,3 ppm (p=0,009) and Time Regeneration Index (p=0,001). Temperature was not statistically associated with any environmental contamination used indicators. Relative humidity had a statistically significant association only with one environmental contamination indicator, namely weighted average concentration, particularly with Pathologists group (p=0,02) and Technicians group (p=0,04). Risk assessment performed in the 83 studied activities showed that around two thirds (35%) were classified as (at least) high, and also noted that 70% of laboratories had at least 1 activity with high risk rating. The two environmental assessment methods application, as well information obtained from two exposure metrics, allowed to conclude that most appropriate exposure metric is ceiling concentration, because is associated with formaldehyde action mode. Moreover, an environmental method, like Method 1, which allows study formaldehyde concentrations and relates them with activity, provides relevant information for preventive information, since identifies the activity with higher exposure, as well variables that promote exposure. Anatomic pieces represent formaldehyde contamination main source in this occupational setting, and this is of particular interest because all activities are focused on anatomic pieces processing. Since there is no prospect, in short term, for formaldehyde use elimination due to large number of activities that still involve solution use, it can be concluded that exposure to this agent, in this particular occupational setting, is preoccupant, requiring an rapid intervention in order to minimize exposure and prevent potential health effects in exposed workers.

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Dissertao de Doutoramento em Antropologia Filosfica (Ética e Esttica)

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Dissertao apresentada para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Cincias da Comunicao

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pp. 261-272

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RESUMO: O absentismo actividade profissional devido condio de Dor Lombar apresenta-se como um problema de sade pblica com elevados custos econmicos nas sociedades ocidentais. estimado que cerca de 20% a 47% dos utentes com Dor Lombar no retornam sua actividade profissional no perodo de 3 meses, sendo responsveis por 75% a 90% de todos os custos e baixas mdicas associadas condio. Objectivo: O objectivo deste estudo foi analisar a capacidade de retorno actividade profissional em utentes com Dor Crnica Lombar (DCL), que procuraram a Fisioterapia em situao de agudizao dos seus sintomas, e averiguar a sua relao com os nveis de Incapacidade auto-reportados. Secundariamente pretendemos avaliar a influncia das Crenas de medo-evitamento, nos nveis de Incapacidade auto-reportados. Metodologia: Foi efectuado um estudo correlacional prospectivo no qual se observou uma amostra de 56 utentes com DCL que tivessem apresentado novos episdios de agudizao dos seus sintomas. Aps 3 meses de follow-up (n=42) foi avaliado o regresso ao trabalho em boas condies e a sua relao com os nveis de Incapacidade iniciais, bem como o contributo das Crenas de medo-evitamento para essa Incapacidade funcional. Resultados: Foi verificada uma correlao negativa entre os nveis de Incapacidade funcional e o Sucesso no regresso ao trabalho em boas condies ( = -0.369; p =0.016), sendo que os scores mais elevados da Incapacidade correspondem Falha nesse regresso. Verificmos tambm uma correlao positiva entre a existncia das Crenas de medo-evitamento relativas ao Trabalho e a Incapacidade (r =0.511; p =0,001), apresentando estas Crenas um valor preditivo (= 0.533; p =0.001) na Incapacidade auto-reportada. Concluses: A capacidade de retorno actividade profissional nos utentes com DCL, aps um novo episdio de agudizao dos seus sintomas, est relacionada com nveis de Incapacidade funcional. Os factores psicossociais, nomeadamente as Crenas de medo-evitamento relativas ao Trabalho apresentam um valor preditivo para essa Incapacidade auto-reportada.------------------------------ABSTRACT:Work-absenteeism due to the condition of Low Back Pain (LBP) presents itself as a public health problem with high economic costs in Western societies. It is estimated that 20% to 47% of patients with LBP not returned to their work-activity in period of 3 months, accounting for 75% to 90% of all medical costs and sickness compensation associated. Objective: The aim of the present study was to assess the ability to return to work on patients with chronic LBP, who searched for physical therapy in a situation of worsening of their symptoms, and examine their relationship with levels of self-reported disability. Secondly we intend to evaluate the influence of fear-avoidance beliefs to the levels of self-reported disability. Methods: We conducted a prospective cross-sectional study in which we observed 56 patients chronic LBP with new episodes of exacerbation of their symptoms. After a 3 months follow-up (n = 42) we evaluated the return to work in good health and its relationship with initial levels of disability and the contribution of fear-avoidance beliefs for that disability. Results: There was a negative correlation between levels of disability and return to work in good health success ( = -0.369, p = 0.016), with the highest scores correspond to the failure in the work-return. We also found a positive correlation between the existence of fear-avoidance beliefs for work and disability (r = 0.511; p = 0.001), with a predictive value of these fear-avoidance beliefs ( = 0.533; p = 0.001) in self-reported disability. Conclusions: The ability to return to work in chronic LBP patients, after a new episode of exacerbation of symptoms is related to the levels of functional disability. Psychosocial factors, including fear-avoidance beliefs for work showed a predictive value for the self-reported disability.