191 resultados para Menores Brasil Condições sociais
Resumo:
A me social uma profissional que trabalha em tempo integral em abrigos denominados casas-lares ou residncias, devendo residir juntamente com os jovens abrigados, com o objetivo de desenvolver a ideia de famlia nesses espaos. Como o prprio termo indica, essa mulher, colocada integralmente em um lugar de me, deve esforar-se para cuidar desses jovens como se fossem seus prprios filhos. A figura da me, personagem imprescindvel em uma composio familiar, habita as instituies de abrigamento, exibindo tenses a respeito do que seria hoje uma mulher-me. O vis religioso est muito presente, transformando essa atividade em doao; a vida privada, para alm da maternidade daqueles abrigados, no acontece, acirrada pela contradio da inexistncia de uma casa fora daquela do trabalho, o que marca uma hibridez no espao em que vive. A vida sexual anterior e no momento do trabalho escassa ou no chegou a acontecer e a construo da feminilidade passa quase exclusivamente pelo exerccio da maternidade
Resumo:
O estudo teve por objetivo identificar e analisar as memrias e representaes sociais acerca do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) construdas por seus docentes, servidores tcnico-administrativos e alunos. Os pressupostos tericos sobre os quais a pesquisa se assenta esto centrados em um dilogo entre aqueles da teoria das representaes sociais e os que presidem os estudos da memria social numa perspectiva psicossocial. As representaes sociais so exploradas tomando-se como principais autores de referncia Moscovici (1978, 2003) e Abric (1998, 2000, 2003), enquanto a memria tratada em seu aspecto coletivo/social, recorrendo-se a autores como Halbwachs (1994, 2004), Barlett (1995) e S (2005, 2007). Para a coleta dos dados foram utilizadas as tcnicas de evocaes livres e de entrevistas semi-estruturadas. Participaram das evocaes 260 sujeitos, sendo 100 docentes, 60 tcnico-administrativos e 100 discentes. Desse total, foram selecionados 58 sujeitos para participarem das entrevistas. O material coletado por meio das evocaes foi processado pelo software EVOC (2003) e o referente s entrevistas pelo software ALCESTE. Os resultados revelaram que a memria socialmente construda acerca do IFMT quando ainda era Escola Tcnica Federal (ETFMT) tende nitidamente para o plo positivo de avaliao e as representaes que consubstanciam essa memria tm relao com a qualidade da educao ali ofertada. Foi tambm possvel evidenciar diferenas entre as representaes construdas pelos trs grupos de sujeitos. De outra parte, os resultados referentes s representaes sociais contemporneas, que tm como objeto o IFMT e o imediatamente anterior Centro Federal de Educao Tecnolgica (CEFETMT), revelam a presena de elementos de avaliao negativa em sua composio. A formao profissional ainda vista como positiva e de qualidade pelo grupo de alunos, mas esse mesmo elemento, qualidade, perde a centralidade nas representaes dos docentes e dos tcnico-administrativos. De modo geral, os resultados apontam para representaes sociais dspares entre os trs grupos. A negatividade identificada na estrutura representacional do IFMT no presente parece estar associada s transformaes pelas quais a instituio passou ao longo das ltimas dcadas, devido s polticas pblicas impostas pelo governo para as instituies que compem a rede federal de educao profissional. Com base nesses resultados, chegou-se concluso quanto existncia de memrias e representaes distintas entre os docentes, discentes e tcnico-administrativos acerca do passado e do presente da instituio.
Resumo:
A efervescncia cultural e poltica dos anos 20 contribuiu para o surgimento do romance nordestino de 30. Nesse momento, o engajamento do intelectual era uma necessidade e as produes artsticas foram mediadas por influncias polticas de esquerda ou de direita. Com isso, as obras literrias ganharam um tom de denncia, expondo nossos problemas sociais. O intelectual brasileiro se viu entre dvidas e tenses e destacamos, na primeira parte desse trabalho, as posturas dos seguintes escritores: Jos Amrico de Almeida (1887-1980), Rachel de Queiroz (1910-2003), Jorge Amado (1912-2001), Jos Lins do Rego (1901-1957) e Graciliano Ramos (1892-1953). Na segunda parte, tomamos as obras do escritor paraibano, Jos Lins do Rego, para analisar o posicionamento desse intelectual frente as questes de sua poca. Com base nas discusses que o escritor pe em relevo em seus romances, identificamos a abordagem da relao entre intelectual e operrio, os limites da figurao do outro o negro e a mulher pobre , a continuidade e a ampliao da escravido no sculo XX. Cotejando as respostas de Jos Lins com as dos demais romancistas nordestinos de 30, verificamos como se estabeleceu o dilogo entre esses escritores e quais so os limites de seus posicionamentos
Resumo:
O presente estudo tem como objetivo analisar os contedos das memrias sociais, construdas por profissionais de sade, acerca da epidemia do HIV/Aids no Brasil, desde o seu surgimento at os dias atuais. Trata-se de um estudo exploratrio-descritivo, pautado na abordagem qualitativa, orientado pela Teoria das Representaes Sociais, em interseo com as Memrias Sociais. Os sujeitos do estudo foram 23 profissionais de sade graduados de servios ambulatoriais e/ou da ateno bsica, atuantes em 18 instituies pblicas de sade da cidade do Rio de Janeiro que possuem o Programa Nacional de DST/Aids. A coleta de dados deu-se por meio de um roteiro de entrevista semiestruturada e um questionrio de caracterizao scio profissional. Para a anlise dos dados foi utilizada a tcnica de anlise lexical, realizada pelo software ALCESTE 4.10. Na anlise do grupo total de sujeitos foram definidas trs categorias denominadas: As primeiras dcadas da epidemia: a formao da representao social do HIV/Aids e das memrias, abordando a formao das representaes e os elementos de memria nas dcadas de 80 e 90; As prticas multiprofissionais e o atendimento pessoa com HIV/Aids nos dias atuais, abordando a cotidianidade e as representaes acerca do HIV/Aids na atualidade e Formas de transmisso e precauo pessoal e profissional, abordando a precauo pessoal e profissional implicada na preveno, enquanto contedo atemporal e transversal aos perodos analisados. A anlise dos dados revelou que os profissionais de sade delimitaram as memrias acerca da Aids no inicio da epidemia, associadas ao homossexualidade e morte, tendo as mesmas se estruturado atravs da difuso dos conhecimentos estabelecidos na poca pela mdia e pelo aparecimento dos primeiros casos assistidos pelos profissionais, que determinaram um cenrio de esteretipos atrelados ao HIV e Aids. A dcada de 90 foi relembrada como aquela de uma nova esperana com a insero dos antirretrovirais e o estabelecimento de protocolos de acompanhamento determinando o incio de uma mudana da representao. Na atualidade, as representaes reconstroem a dinmica estabelecida pelo Programa de Aids e Hepatites Virais enfatizando o papel das equipes multiprofissionais, a interdisciplinaridade, o tratamento e as prticas de cuidado. Observa-se a insero de uma nova dinmica relacionada diminuio da importncia da morte e da homossexualidade na centralidade da representao e a insero de outros elementos relacionados ao Programa de Aids e Hepatites Virais estabelecido. Conclui-se que as memrias e representaes sociais acerca do HIV/Aids e das pessoas acometidas foram construdas com base nas prticas de sade estabelecidas pelos profissionais e, ainda, apoiadas nas caractersticas dos pacientes com Aids em cada perodo, conforme representadas.
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A presente pesquisa que ora se apresenta trata das representaes sociais da comunidade cabo-verdiana residente no Rio de Janeiro sobre diversos objetos que esto implicados no processo de construo de suas identidades, no entrecruzamento das culturas e identidades cabo-verdianas e brasileiras. Nesse sentido, realizou-se um estudo comparativo entre trs grupos de cabo-verdianos residentes no Rio de Janeiro. As entrevistas realizadas com 20 estudantes, 20 imigrantes e 10 brasileiros filhos de cabo-verdianos residentes no Brasil permitiram identificar contedos mais especficos, diversificados e detalhados das representaes formadas por eles acerca do Brasil e do povo brasileiro, bem como das suas prprias relaes com os pases de origem e de acolhimento, bem como com os seus respectivos povos, o que, em ltima anlise, consubstancia as identidades sociais prprias que tero reconstrudo durante a sua permanncia aqum do ou melhor, de parte do Oceano Atlntico. A teoria das Representaes Sociais, desenvolvida por Serge Moscovici (1961) se constituiu em uma valiosa sustentao terica para o presente estudo. Por meio da pesquisa comparativa das representaes sociais dos distintos grupos de cabo-verdianos no Rio de Janeiro acerca de variados aspectos dos seus contextos scio-culturais de origem e de acolhimento, foi possvel compreender o complexo processo de construo, reconstruo e atualizao das suas respectivas identidades. isso que se acredita ter aqui demonstrado no que se refere s trajetrias dos estudantes e imigrantes cabo-verdianos, bem como s histrias de vida dos filhos destes, no Brasil e, em especial, no Rio de Janeiro. nessa perspectiva que os cabo-verdianos no Rio de Janeiro tomados tanto como sujeitos quanto como objetos de representao, na presente pesquisa tm construdo um conhecimento ao mesmo tempo, prtico e reflexivo da sua insero nos contextos brasileiro e carioca, atravs do contato face a face com a sociedade receptora e, no caso de dois desses grupos (estudantes e imigrantes), a partir das representaes que j haviam elaborado no pas de origem, sob a influncia dos meios de comunicao de massa. Assim, com base na hibridizao cultural e identitria dos cabo-verdianos, procurou-se compreender de forma mais ampla e circunstanciada o processo de (re) construo das identidades dos estudantes, imigrantes e dos descendentes destes no Rio de Janeiro. Tais mudanas mostraram-se mais visveis nos convvios sociais em que os grupos cabo-verdianos participam em diferentes espaos sociais desta cidade, nas prprias residncias, nas sedes de associaes, as quais participam, no s cabo-verdianos, mas, tambm, alguns brasileiros e outros africanos. Nestes convvios, notam-se diferenas de relacionamento entre eles, estruturam-se em pequenos grupos, ocorrendo uma intensificao das aproximaes identitrias e representacionais. As mudanas que foram observadas superficialmente entre os estudantes so, por conseguinte, mais intensas entre os cabo-verdianos imigrantes, em virtude do maior tempo e freqncia cotidiana da comunicao e da troca de experincias com mais variados estratos da populao brasileira, o que se aproxima a uma autntica fuso cultural. No obstante, constatou-se que, nesse processo, a comunidade imigrante perdeu alguns elementos importantes da cultura cabo-verdiana, o principal dos quais foi a lngua crioula. A perda do crioulo representa uma descontinuidade na reproduo da identidade cabo-verdiana pelos imigrantes no Brasil. Nesse sentido, os brasileiros filhos de pais cabo-verdianos no tiveram acesso a esse poderoso instrumento de comunicao e de preservao da cultura cabo-verdiana. Esses cabo-verdianos imigrantes consideram-se bem sucedidos e avaliam positivamente a sua trajetria de vida enquanto imigrantes no Brasil. De igual modo, os estudantes se consideram realizados, devido oportunidade de estudar no Brasil, o que representa a concretizao de um desejo coletivo, uma vez que a instruo escolar amplamente valorizada no pas de origem.
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A garantia de Segurana Alimentar e Nutricional (SAN) remete necessidade de aes intersetoriais que articulem as dimenses alimentar e nutricional, alm da questo contempornea da sustentabilidade e da perspectiva do direito humano alimentao adequada. O setor sade tem funes especficas e importantes que contribuem para o conjunto das polticas de governo voltadas para a garantia da SAN a populao. Desta forma, aes promotoras de SAN devem ser desenvolvidas em todos os nveis de ateno do Sistema nico de Sade, sendo a Ateno Bsica Sade, por meio da Estratgia Sade da Famlia (ESF), um campo privilegiado de implementao dessas aes, uma vez que est configurada como a porta preferencial de entrada dos usurios no sistema de sade e como o centro norteador da rede de assistncia. Este um estudo exploratrio e descritivo de abordagem qualitativa que teve como objetivo conhecer o que profissionais de equipes de sade da Famlia, gestores dos mbitos federal e municipal ligados ESF, alm de representantes de organizaes da sociedade civil atuantes no campo da SAN entendem sobre SAN e sobre prticas promotoras de SAN na ESF. A construo das informaes ocorreu por meio de entrevistas semi-estruturadas e grupos focais. Os profissionais referiram-se a SAN como a garantia de uma alimentao que atenda s necessidades nutricionais e que seja segura para o consumo, enquanto que entre os representantes da sociedade civil organizada e gestores predominou uma compreenso mais ampla da SAN. Os diferentes atores identificaram a ESF com um espao promotor de SAN a partir do levantamento de aes j desenvolvidas ou que possam vir a ser desenvolvidas, porm as aes citadas encontram-se majoritariamente ligadas dimenso nutricional da SAN. Os atores referiram um conjunto de problemas estruturais que desencadeiam dificuldades no cotidiano da organizao dos servios e das prticas dos profissionais e consequentemente na execuo de aes promotoras de SAN nessa estratgia. Este trabalho levantou a necessidade de difundir a interdependncia entre sade e SAN entre gestores e profissionais ligados ESF para que estes possam identificar melhor nas aes dos servios de sade elementos promotores da SAN, e desta forma compreender seu papel de agentes promotores de sade e SAN.
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O presente estudo tem como tema central o trabalho docente em instituies privadas de ensino superior, em um contexto em que os trabalhadores esto subsumidos ordem do capitalismo flexvel e s suas diversas formas de dominao. Analisam-se os modos de organizao do trabalho no campo educacional, e suas repercusses na educao superior. Realizam-se consideraes sobre os sentidos de esfera pblica e esfera privada, no mbito do atual Estado burgus. Destacam-se alguns momentos da histria da educao superior brasileira, e a trajetria de desenvolvimento desse nvel de ensino no Brasil e em especial no Maranho, estado que foi escolhido para ser o campo emprico da tese. Nesse percurso, d-se nfase para alguns dispositivos legais ps-LDB (1996) que facilitaram a expanso do setor privado/mercantil. O referencial terico-metodolgico assenta-se nas teorizaes marxianas e marxistas, portanto, na articulao com a pesquisa emprica, fazendo-se necessrio ultrapassar os limites das manifestaes fenomnicas, para buscar as suas razes, que, por sua vez, no so imediatamente observveis. Utiliza-se, tambm, para essa finalidade a Teoria Social do Discurso, elaborada por Norman Fairclough. A partir do estudo de campo realizado possvel identificar um contexto de intensa precarizao nas relaes de trabalho dos professores nessas instituies, com a combinao de muitos elementos, objetivos e subjetivos, no complexo cotidiano desse trabalhador, entre eles: controles e presses no cumprimento de prazos, salrios rebaixados, cobranas, constrangimentos, sofrimentos, dores, ausncia de democracia e de reconhecimento por parte dos superiores hierrquicos, sobrecarga de trabalho, desnimo, mas, tambm, transgresses de regras e normas, enfretamentos, satisfaes, prazeres, momentos de criatividade e motivao, esses ltimos componentes vividos, especialmente na relao com os alunos. Essas situaes e sentimentos que transitam entre a dualidade prazer-sofrimento geram muitas e diferentes repercusses na sade dos professores e para essa discusso lana-se mo de autores da Psicodinmica do Trabalho. Conclui-se que para se pensar a possibilidade de uma educao humanizadora e avessa perspectiva pragmtica e mercantilista, to em voga na atualidade, tornam-se necessrios a superao do modelo neoliberal, a retomada da esfera pblica como central e estratgica e a defesa do trabalho docente, permeado por dignidade, sentido e reconhecimento.
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Compreendido como um fenmeno da contemporaneidade, a partir da dcada de 80 o movimento feminista um exemplo do que se convencionou denominar por novos movimentos sociais. A partir desse momento, verifica-se uma tendncia de as demandas dos movimentos expandirem-se para lutas estruturadas em torno de opresses sofridas, principalmente identitrias, no lugar de militncias da esfera estritamente econmica. Neste contexto que o presente estudo insere-se. Este trabalho tem como objetivo verificar as motivaes de jovens brasileiras, de origens pobres, moradoras em reas de favelas ou bairros populares, em movimentos feministas no Rio de Janeiro. Foram analisadas suas motivaes iniciais e as que as manteriam militando, observando-se algumas tenses existentes nessas participaes polticas. Visando ao mapeamento da ambientao histrica e poltica dos movimentos sociais que se abriam como possibilidades a estas jovens, buscamos traar um breve histrico dos movimentos sociais na contemporaneidade e, em especial, nos contextos latino-americano e brasileiro, a partir da bibliografia disponvel sobre o tema. Para o caso especfico dos movimentos no Rio de Janeiro, foram realizadas entrevistas com antigas militantes. Tendo em vista que as entrevistadas advinham de famlias pobres, consideramos importante enveredar nas discusses sobre as excluses sociais, a partir de uma literatura crtica ao conceito, e procurando verificar os rebatimentos das teorias situao especial em estudo. A pesquisa de campo contou com entrevistas semi-estruturadas realizadas com cinco jovens, com idades entre 19 e 29 anos. Para efeitos analticos, compreendemos suas histrias a partir da metodologia da Histria Oral, a qual visa evidenciar a multiplicidade de vozes outrora desprezadas pelo saber cientfico, sublinhando o carter militante do entrevistador. Buscando conhecer as histrias de vida das entrevistadas, foram focalizados aspectos tais como: suas origens familiares, suas condições de jovens; situao de moradia e circulaes pela cidade; percursos escolares e trajetrias de trabalho. A partir desses dados abordarmos suas trajetrias militantes.
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Este estudo teve como objetivo analisar, descrever e comparar as representaes sociais sobre o sistema de cotas para negros e alunos de escola pblica elaboradas por estudantes universitrios da UERJ, considerando a possvel ocorrncia de posies contranormativas na expresso dessas representaes. Os estudantes participantes eram de cursos mais e menos competitivos, ingressantes e concluintes. A metodologia foi orientada pela abordagem estrutural da teoria das representaes sociais. Aplicou-se a tcnica das evocaes livres, tendo como termos indutores cotas para negros na universidade e cotas para alunos de escola pblica. Os sujeitos foram 240 estudantes, divididos igualmente por dois entrevistadores, um negro e outro branco. A partir das evocaes produzidas, os dados foram analisados por meio da construo de um quadro de quatro casas, com o auxlio do software Evoc 2003. Os resultados mostram que os estudantes tm uma atitude estruturada em torno da dimenso normativa da representao, abrangendo os aspectos desfavorveis ao sistema de cotas para negros, com os elementos racismo e preconceito como possvel ncleo central. Em relao s cotas para alunos de escola pblica, apresenta os elementos justo e qualidade ensino ruim, como possveis constituintes do ncleo central. A representao foi mais consensual nesse tipo de cota, apontando para a importncia da melhoria da qualidade do ensino pblico. Na avaliao dos diversos tipos de cotas, ocorreram diferenas nos posicionamentos diante dos aplicadores. Frente ao aplicador branco, trs tipos de cotas no foram rejeitadas, as cotas para indgenas, escola pblica e portadores de necessidades especiais (PNE). Entretanto, frente ao aplicador negro, observa-se que as cotas para indgenas e PNE se transformaram radicalmente. No caso das cotas para indgenas, esta atitude se justificaria pela impossibilidade de se recusar as cotas para negros e aceitar as outras modalidades de cotas com critrios raciais.
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Buscou-se, nesse estudo, quantificar e avaliar a homogamia, a heterogamia e as barreiras de cruzamento ao matrimnio via escolaridade (anos de estudo) e origem social (categorias ocupacionais dos pais). As tendncias temporais desses padres tambm foram examinadas. Analisou-se, ainda, a associao entre escolaridade dos maridos, escolaridade das esposas (status realizado), origem social dos maridos e origem social das esposas (status atribudo). Esse trabalho teve o intuito tambm de discutir o vis de seletividade marital segundo os diferenciais sociais (anos de estudo e origem social). Para isso, foram analisados parmetros que mostram como se configuram os padres de nupcialidade (idade mdia ao casar e celibato definitivo), bem como foram examinados os determinantes da unio sob a perspectiva de trs nveis de fatores condicionantes (nvel das caractersticas individuais, nvel do status atribudo e nvel do status realizado). Verificou-se que as mulheres com alta escolaridade, no Brasil, permanecem num perodo maior na condio de solteiras (alta idade mdia ao casar e alto celibato definitivo). Os homens com alta escolaridade tambm apresentaram uma alta idade mdia ao casar, entretanto, o casamento demonstrou ser praticamente universal para esse segmento. Os resultados tambm mostraram que o aumento de um ano na idade dos indivduos elevam a chance de unio em aproximadamente 5%. Ter uma baixa escolaridade tambm aumenta a chance dos indivduos se casarem. A varivel origem social apresentou um comportamento dbio ao ser incorporada no modelo com a varivel anos de estudo. Constatou-se que h uma alta proporo de unies homogmicas por escolaridade. Para efetuar uma anlise adequada das tendncias temporais na seletividade marital foi proposto modelos log-lineares em que a dimenso do tempo foi incorporada. O ajustamento dos modelos indicou que a interpretao mais plausvel para as tendncias temporais na seletividade marital por escolaridade a da estabilidade dos parmetros indicativos das propenses homogmicas. Em relao a anlise da seletividade marital e origem social os resultados mostraram que a maior proporo de homogamia pde ser verificada entre os casais que tinham como origem social a categoria de pequenos proprietrios rurais. A concluso mais plausvel ao se analisar os modelos que consideraram as tendncias temporais que a variao temporal dos parmetros indicativos da seletividade marital por origem social a caracterstica mais forte dos dados analisados. Ao analisar as chances relativas oriundas desse modelo observou-se que as barreiras de origem social de curta distncia (entre segmentos de origem social prximos) so as mais fceis de serem transpostas. Ao passo que as barreiras mais difceis de serem ultrapassadas esto concentradas nos dois extremos. Verificou-se, ainda, que as associaes entre as interaes escolaridade do marido e escolaridade da esposa e origem social do marido e origem social da esposa no so independentes. Assim, pode-se presumir que a origem social (status atribudo) continua influenciando a escolha conjugal mesmo quando se leva em considerao o status realizado (escolaridade dos cnjuges)
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Este trabalho pretende contribuir para o entendimento sobre a desindustrializao brasileira, bem como propor uma reflexo sobre o futuro das polticas de governo atualmente vigentes. Para isso, procurou-se inicialmente avaliar a literatura nacional e estrangeira sobre o tema da desindustrializao. O objetivo , portanto, observar atravs dos dados e indicadores mais recomendados pela literatura existente, se o Brasil apresenta, realmente, sinais de que est passando por um processo de desindustrializao. Os agregados econmicos analisados foram: emprego, produto e o setor externo. As respectivas sries revelaram, em seu conjunto, que o Brasil est enfrentando, desde meados dos anos 1980, o fenmeno da desindustrializao. As principais causas que contribuem para explicar o porqu desse processo so: o avano das commodities na pauta exportadora brasileira, a recente valorizao da moeda nacional, a baixa densidade tecnolgica dos produtos industriais brasileiros, as mudanas de polticas econmicas dos anos 1980 e 1990 e, finalmente, o processo geral recente do capitalismo, no contexto de um mundo globalizado.
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Lima Barreto aborda o intelectual do seu tempo a partir do seu ideal de arte social, e dentro deste ideal de arte o intelectual aquele que mantm articulao com o saber, e faz disto um benefcio para a coletividade (OAKLEY, 2011). Portanto, este trabalho aborda as figuraes da intelectualidade no Brasil utilizando a idealizao de arte e intelectual de Lima Barreto em nossas anlises sobre a figura do intelectual. Inevitavelmente ao tratar da temtica do intelectual no poderamos deixar de abordar a prpria figura de Lima Barreto como intelectual em seu tempo. Assim sendo, busca-se compreender Lima Barreto como intelectual preterido por seus contemporneos, bem como no engajado em lutas de classes sociais, distante de qualquer categoria de intelectual orgnico de Gramsci. Com isto infere-se que Lima Barreto no fazia parte da elite intelectual da Belle poque, e nem era porta-voz do subrbio. Ele foi um escritor e intelectual militante somente de uma causa: a arte como ferramenta para comunho entre os homens. Escolhemos o gnero crnica por ela ser algo dirio, escrita de observador e gnero onde Lima pode explorar a sua escrita irnica e sarcstica sobre diversos temas, em especial o intelectual (S, 2005). Portanto, as crnicas de Lima Barreto podem nos oferecer uma melhor representao dessas figuraes do intelectual, seja na poltica, imprensa ou literatura. Lima Barreto vai construir seu ideal de arte e intelectual dentro da sociedade Belle poque, sociedade essa que abrigava um trabalho de elaborao da literatura em que a forma era mais importante do que o contedo e fomentava a poltica de modernizao do pas numa clara imitao dos modos e costumes europeus em nossa literatura. Ao contrrio disto, Lima Barreto defendia que o importante, para o intelectual, era o trato com o contedo, ser contemporneo, uma relao verdadeira com a inteligncia e que sua escrita estivesse a servio do bem comum. Evidente que a literatura idealizada por Lima Barreto era utpica, mas militante, e por isso que ele, Lima Barreto, um intelectual de resistncia
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O objetivo desta tese traar um panorama histrico das polticas pblicas de planejamento familiar do Estado brasileiro, inserindo-o no contexto da complexa conjuntura sociopoltico-econmica no perodo de 1980 at a atualidade. Mediante pesquisa bibliogrfica e documental, investigam-se, na interseo das polticas para populao, mulher e sade, as influncias e interesses que incidem sobre programas de planejamento familiar. Aps recuperar brevemente a trajetria dos movimentos de mulheres e feministas, que constituram atores sociais centrais no debate sobre as polticas de populao e de planejamento familiar, focaliza-se a drstica reduo nas taxas de fecundidade da mulher brasileira ocorrida a partir dos anos 1960, na vigncia oficial de uma poltica natalista, mas na omisso do Estado ao permitir a difuso no pas de organizaes de cunho controlista, que viabilizaram s mulheres o acesso plula anticoncepcional e esterilizao. Acompanha-se a evoluo das polticas de populao em nvel mundial, destacando a atuao da Organizao das Naes Unidas e de suas conferncias mundiais, focalizando a Conferncia Internacional de Populao e Desenvolvimento realizada no Cairo em 1994, que provocou uma inflexo nas polticas de sade da mulher para sade reprodutiva. No Brasil, que j contava com um programa pioneiro de sade da mulher o Paism (1983) , os efeitos do Cairo vieram somar-se definio do planejamento familiar pela Constituio de 1988 e instituio do Sistema nico de Sade em 1990. A anlise permitiu identificar as influncias externas e internas que incidem sobre a poltica de planejamento familiar. A poltica de planejamento familiar do pas hoje configura-se democrtica, abrangente e descentralizada, sendo a principal tenso identificada entre seus enunciados e sua implementao na prtica, ou seja, s ser efetiva se houver um controle social eficaz.
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Esta tese tem como objetivo principal analisar o processo de montagem e desmontagem de um projeto de ps-graduao em Estudo de Problemas Brasileiros, desenvolvido na UERJ em meados dos anos 70, que visava a socializao poltica dos jovens na ideologia do regime militar. A UERJ foi bero para o desenvolvimento dos cursos de Especializao e Mestrado em EPB, que sobreviveram at os primeiros anos do regime democrtico, nos anos 80. Defende-se nesta tese que a ps-graduao em EPB da UERJ expressa o transplante de um projeto de Mestrado em EPB criado na Escola Superior de Guerra e fundamentado na Doutrina de Segurana Nacional, com vistas a garantir a reproduo da ideologia do regime militar, atravs da projeo sobre o campo educacional-universitrio. Para compreender o referido processo de transplante, com seus respectivos interesses, mostrou-se necessrio explicitar as relaes de colaborao existentes entre autoridades da UERJ e da ESG a partir dos anos 60 e as prprias condições de possibilidade para a UERJ, e no outra universidade, ter sido palco para o estabelecimento dessas relaes e do desenvolvimento da nica experincia de ps-graduao stricto sensu em EPB no Brasil. Esta tese sustenta-se sobre a anlise de fontes primrias relativas aos cursos de Especializao e Mestrado em EPB da UERJ e aos cursos desenvolvidos na ESG no incio dos anos 70. Fontes secundrias tambm foram importantes para remontar a histria da UERJ, do regime militar e do Estudo de Problemas Brasileiros no pas. O marco temporal deste estudo compreende cerca de duas dcadas, indo do final dos anos 60, quando as relaes entre civis e militares da UERJ e ESG comearam a ser tecidas, at o final dos anos 80, quando foram extintos os cursos de Especializao e Mestrado em EPB na UERJ.
Resumo:
A classificao indicativa da programao televisiva gerou recentemente um grande debate no Brasil. Atravs de uma pesquisa em jornais de janeiro de 2007 a abril de 2008, esta dissertao pretende apresentar e entender as diversas posies, o embate ideolgico em torno de ideias como liberdade e democracia, e quais os interesses por trs desta disputa. Enquanto representantes de movimentos sociais e organizaes no governamentais em defesa dos direitos da criana e do direito comunicao se empenhavam na regulamentao, o empresariado da comunicao apresentao forte resistncia.