402 resultados para Baixada Fluminense (RJ) Condições sociais
Resumo:
O objetivo do trabalho analisar a lagoa de Jacarepagu e a ocupao no seu entorno de forma multitemporal, contribuindo para o melhor entendimento das atuais condições ambientais da Baixada de Jacarepagu. A metodologia adotada buscou identificar mudanas fsicas do meio a partir 1980 atravs da elaborao, comparao e anlise de mapas de ocupao e uso dos solos relativos aos anos de 1984, 1992, 2001 e 2010, e da identificao da qualidade da gua da lagoa de Jacarepagu, das suas condições de profundidade, tamanho do espelho dgua e de sua relao com a populao local. Com isso foi possvel retratar formas de integrao entre os processos naturais e sociais em um dado espao-tempo assim como estabelecer tendncias futuras desse ambiente. Os resultados mostram que de tempos em tempos h uma refuncionalizao do espao, que se reflete no s na conformao dos terrenos marginais alagadios mas tambm nas condições fsicas da prpria lagoa de Jacarepagu. Seu espelho dgua vem sendo confinado pelas formas de ocupao nas reas das bacias fluviais e nos seus terrenos marginais (impermeabilizao, aterros e obras de drenagem) fazendo com que haja uma estabilidade relativa na sua dimenso areal e tambm no volume de suas guas. A lagoa apresenta dados histricos de poluio por esgoto domstico que tm acelerado suas condições naturais de assoreamento e comprometido qualidade de suas guas. E mesmo havendo projetos e obras de saneamento para o local, verifica-se que tem havido um aumento da poluio da lagoa principalmente na sua poro oeste, conforme o resultado das anlises realizadas com os dados temporais disponveis de DBO, fsforo, Nitrognio Kj, OD e salinidade. Isto pode ser explicado pela tendncia atual da expanso urbana rumo a essa direo. Constatou-se que apesar de, por algum tempo, os tipos de terreno terem condicionado as formas de ocupao, atualmente o processo se inverteu, sendo a ocupao indutora e recondicionante da estruturao do meio. So apresentadas e caracterizadas diversas formas e respectivos tipos de usos do solo na rea. Conclui-se que as condições ambientais da lagoa de Jacarepagu e suas perspectivas futuras dependem atualmente mais da forma com que a sociedade quer e pretende incorpora-la ao seu ambiente do que da dinmica natural do sistema fsico do qual faz parte.
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A presente Dissertao de Mestrado trata da construo da subjetividade de crianas que frequentam o Centro Cultural Cartola (CCC), na Mangueira/RJ, a partir da relao estabelecida entre territrio, identidade cultural e imagem de si. O trabalho foi fundamentado em uma metodologia participativa, baseada na compreenso do espao proposta por Bourdieu (1988, 1998), a partir dos conceitos de campo social, espao social e habitus. A tcnica de ao da pesquisa de campo, por sua vez, fundamentou-se na metodologia de Grupo Operativo de Pichon-Rivire (1991, 1998). Com o intuito de contextualizar e compreender o sentido, dado historicamente, de viver em uma favela no Rio de Janeiro, o texto desta Dissertao inicia-se com o panorama de desenvolvimento da cidade, pelo recorte das relaes sociais na ocupao da rea urbana e a conjuntura histria do incio da proliferao das favelas. Descreve-se a histria do desenvolvimento da Mangueira enquanto campo social onde se localiza o CCC, cujos objetivos, prticas e a histria de Angenor de Oliveira, o Cartola, so elementos essncias para a compreenso dos valores morais transmitidos desde a infncia e de extrema importncia na construo da subjetividade dos moradores da Mangueira. O Grupo Operativo desenvolveu-se com crianas que participam da Ao Gri do CCC, projeto que, por meio da histria oral, privilegia a narrativa de experincias e objetiva promover a reapropriao da identidade cultural da Mangueira. Sendo assim, analisaram-se os conceitos de cultura e identidade cultural que, inseridos na contemporaneidade, se ressignificam e se constroem enquanto mltiplos e processuais. Discutiu-se, ainda, a formao da imagem de si, entendida, em sua dinamicidade, como a capacidade de reconhecer-se, ao exercer influncia nas escolhas e decises feitas pelo sujeito, em benefcio da autoestima. As concluses apontam que prticas como as do CCC exemplificam uma luta resistente de preservao e reapropriao da cultura local, por ocuparem o espao de cidadania cultural, pela apropriao positiva do territrio e pelo fortalecimento da identidade cultural de ser Mangueirense. Alm disso, tambm influenciam na construo da subjetividade do sujeito.
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Esta pesquisa, de cunho bibliogrfico, apoiada em entrevistas semi-estruturadas, busca em seu conjunto analisar a trajetria histrica da educao pblica no surgimento da modernidade e sua organizao no Brasil, em meio a processos conflitivos de liberalismo e democracia que produziram um movimento econmico desigual e combinado, portanto concentrador de riqueza para os de cima contra os de baixo. Tal modelo de sociedade fez predominar entre ns uma escola marcada pela dualidade plena de recursos para os ricos e precarizada para os empobrecidos economicamente. No entanto, o esforo de superao desta mazela educacional apareceria em dois momentos: na consecuo da Escola Parque de Ansio Teixeira, nos anos 1950 e na materialidade dos Centros Integrados de Educao Pblica (CIEPs), implantados por Darcy Ribeiro em 1983. Prtica construda a partir da ideia anisiana de incluso das massas populares como um direito republicano, at ento fragilizado. Ambos os projetos, por interesses contrrios de uma elite conservadora, seriam politicamente abandonados. Com vistas a no permitir o apagamento histrico destas conquistas, reforando-as como ao permanente a favor das classes populares priorizamos, no recorte do objeto de estudo, o programa de Animao Cultural institudo na escola pblica fluminense dos anos 1980. Proposta inovadora na educao brasileira, visando reconhecer as experincias culturais das populaes que residiam prximas aos CIEPS no estado do Rio de Janeiro como expresses ticas, estticas e sociais emancipatrias. Tal proposio teve como mrito permitir que os saberes populares passassem a conviver com o conhecimento produzido na escola e vice-versa. Assim, Darcy Ribeiro atravs do Programa Especial de Educao (I PEE), criaria juntamente com Ceclia Fernandez Conde, a figura do Animador Cultural artistas populares, na qualidade de trovadores, poetas, msicos, artistas plsticos etc, moradores das prprias localidades onde estavam instalados os CIEPs, tendo como funo a mestria da cultura popular no ambiente escolar. Buscava-se, nesse intento, uma escola que mediasse saber formal e arte criativa como possibilidades de formar alunos e alunas para a totalidade humana, cuja prxis artstica e crtica, amalgamassem pensar e fazer, sem qualquer hierarquizao entre um e outro.
Novos frascos, velhas fragrncias: a institucionalizao da Lei Maria da Penha em uma cidade fluminense
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A presente tese se prope descrever e analisar as relaes interpessoais entre mulheres, homens e profissionais das reas do direito, psicologia e servio social envolvidos na institucionalizao da Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha (LMP), que rege hoje no Brasil os crimes de violncia domstica e familiar contra a mulher. Inicialmente apresentada uma concisa contextualizao da LMP e do campo de debate em que se insere, alm das principais mudanas introduzidas por ela em relao s antigas polticas. As controvrsias que a lei vem levantando e as modificaes sofridas em pouco tempo de existncia, apontam para as dificuldades em se estabelecer um consenso por parte dos operadores e formuladores da lei quanto percepo da violncia domstica e familiar contra a mulher como um crime e quanto a sua justa punio. No s os operadores, mas as feministas tambm se envolveram em controvrsias tericas em torno da distino entre as definies de violncia contra a mulher e de crime de violncia contra a mulher. O esforo de se avanar na anlise dessas categorias se justifica pelas dificuldades e impasses que se observam nas prticas institucionais na implementao da LMP. Essas prticas so descritas e analisadas a partir da incurso etnogrfica em dois campos. No Juizado de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher participei de encontros de um grupo de reflexo para homens autores de violncia, assisti audincias, entrevistei profissionais e dezoito homens envolvidos com a LMP. Os sentidos em disputa que os vrios atores sociais constroem relativos aos conflitos violentos da intimidade ali julgados e suas relaes com o exerccio da(s) masculinidade(s) so discutidos. As informaes do outro campo, um Centro de Referncia da Mulher, provm das observaes de cenas do cotidiano institucional, do acompanhamento de atendimentos s usurias, da participao em grupos de reflexo para as mulheres vtimas de violncia e de entrevistas com duas profissionais e dezessete mulheres. enfatizado o carter de interveno pedaggica das instituies que objetivam promover mudanas em caracteres considerados como de gnero de homens (a agressividade) e mulheres (a passividade) que estariam influenciando o engendramento e manuteno das violncias. Nas entrevistas ressaltado o que ecoa, corrobora, complementa, destoa ou mesmo mostra novos ngulos do que apreendido nos grupos (confronto entre os sentidos da violncia e suas relaes com o que ser homem e o que ser mulher) e nas audincias (tendncia vitimizao e relativizao dos papis de vtima e acusado). Independente dos embates e controvrsias suscitadas, pode-se afirmar que a violncia contra a mulher ingressou no mundo da lei nacional trazendo com sua institucionalizao uma intensa circulao de diferentes sentidos, lgicas e moralidades que (re)modelam convenes sobre as relaes de gneros e sua influncia sobre a citada violncia.
Resumo:
O presente estudo visa analisar os processos de transformaes econmicos, polticos e socioambientais decorrentes da instalao dos grandes empreendimentos em territrios tradicionais da pesca, mais especificamente, as experincias da comunidade pesqueira da Ilha da Madeira/baa de Sepetiba/Itagua-RJ, desde a instalao da Cia Ing Mercantil (1964) at os dias atuais, identificando, nos vrios ciclos de industrializao: os fatores endgenos e exgenos que contribuem para a vulnerabilidade ou sustentabilidade da pesca artesanal e do meio ambiente. Sinalizando, nesta experincia, alguns aspectos que possam servir de referncia para outras comunidades pesqueiras que vivenciam problemas similares. Introduzimos a problemtica a partir da contextualizao da pesca artesanal no Brasil, as polticas, a regulamentao da atividade, a organizao dos pescadores. Ao evidenciar a pesca artesanal no estado do Rio de Janeiro, destacamos os conflitos socioambientais decorrentes da instalao de complexos industriais em territrios tradicionalmente ocupados por pescadores, com destaque para os conflitos relativos instalao do Porto de Au, em So Joo da Barra/RJ e os gasodutos para a refinaria de petrleo na baa de Guanabara. Aprofundamos a temtica, a partir de um estudo de caso na Ilha da Madeira, baa de Sepetiba, Itagua/RJ. Esse territrio, tradicionalmente ocupado por pescadores, mergulhou em uma crise socioambiental a partir da dcada de 60 e, desde ento, vem passando por diversas transformaes: alterao radical da paisagem, degradao ambiental alm do sufocamento da atividade pesqueira. Os fatos so evidenciados por meio de pesquisas bibliogrficas, documentais, registros fotogrficos, sobretudo, histria de oral. Em entrevistas com informantes-chave resgatamos as memrias pessoais e, nesse percurso, fomos recuperando parte da histria do territrio. Caracterizando a paisagem, a vida e trabalho dos pescadores, a cultura local: tradies, costumes, valores, aspectos materiais e simblicos, em um perodo anterior a chegada das indstrias, quando a Ilha da Madeira era de fato, uma Ilha. Em suas narrativas os entrevistados foram pontuando as sucesses dos trgicos acontecimentos que ocorreram aps a instalao da Ing at os dias atuais. Esses fatos so demarcados em ciclos que compem a crise socioambiental no territrio. Um estudo que retrata a injustia ambiental, a vulnerabilidade de uma comunidade pesqueira, cuja experincia serve de alerta para outras comunidades tradicionais. Ressaltamos a importncia das articulaes entre os movimentos locais com instncias extras locais, sinalizando para a necessidade de democratizao dos processos decisrios e da gesto compartilhada dos recursos de uso comum. Tambm pontuamos a urgncia de superao do paradigma que dissocia desenvolvimento, natureza e sociedade, fortalecendo uma lgica de produo que, ao se impor como hegemnica sufoca todas outras formas de organizao do trabalho.
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O presente trabalho apresenta como objetivo analisar, por meio de uma viso comparativa de histria, as transformaes polticas ocorridas no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, a partir de 1808, que modificaram por completo o antigo mundo ibrico, trazendo consigo o processo de emancipao poltica para as regies em estudo. Por conseguinte, tais mudanas possibilitaram ainda a elaborao de projetos constitucionais para legitimar tais processos, que culminaram em 1824, com a Constituio Outorgada no Rio de Janeiro, sede do Imprio do Brasil, e com o Projeto Constitucional de Buenos Aires, que foi a base da constituio argentina anos depois. Na realizao desse estudo, priorizaram-se como fontes os projetos constitucionais de 1813 at 1824, alm de leis e decretos, que englobam o mesmo perodo, e de peridicos, tendo como destaque a Gazeta de Buenos Aires. No caso das fontes para o processo constitucional estabelecido no Rio de Janeiro, a nfase foi dada aos debates da Assembleia de 1823, e seu projeto constitucional, a Constituio de 1824, alm de peridicos, como Revrbero Constitucional Fluminense e o Sentinella da Liberdade na Guarita de Pernambuco. Frente s questes poltico-sociais procurou-se estudar a trajetria poltica e de vida de dois fundamentais personagens na construo da poltica nacional das regies em questo. Mariano Moreno e Antonio Carlos R. Andrada Machado Silva e Arajo que se apresentaram como principais agentes para a discusso constitucional. Por fim, buscou-se compreender que as questes que permitiram a elaborao de uma monarquia constitucional e de uma repblica para as sociedades em tela, apesar de destoarem frente aos respectivos projetos, mantiveram o status quo em suas sociedades.
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reas de Preservao Permanente (APPs) configuram reas protegidas, cobertas ou no por vegetao nativa, legalmente estabelecidas em lei. Estas possuem funes ambientais que se integram entre si e se associam s suas diferentes categorias. O trabalho objetivou a adaptao do sistema de indicadores PEIR (presso, estado, impacto, resposta) para avaliao ambiental integrada de APPs, com aplicao na sub-bacia do rio Saracuruna, RJ. Especificamente visou: a) Levantamento da legislao pertinente s APPs inseridas no contexto do uso e ocupao do solo e gesto ambiental integrada; b) Delimitao das faixas de APP, segundo os parmetros definidos pelo Cdigo Florestal para cada categoria existente na rea; c) Seleo de indicadores ambientais relacionados s APPs delimitadas considerando suas diversas categorias e funes ambientais associadas; d) Avaliao do potencial e limitaes da aplicao de indicadores de avaliao integrada em APPs, envolvendo a espacializao das informaes com suporte de geotecnologias, com enfoque para a legitimao/intervenes nas faixas inseridas na sub-bacia em estudo. Metodologicamente envolveu a pesquisa bibliogrfica, compreendendo o levantamento de todo o arcabouo jurdico ambiental pertinente s APPs e das referncias de cartas de indicadores; a caracterizao fsica e humana da sub-bacia, subsidiando a delimitao e pr-avaliao de APPs; a seleo de indicadores ambientais voltados avaliao integrada de APPs, a aplicao, com o suporte de geotecnologias, de parte destes indicadores estruturados em ciclos PEIR frente hierarquizao, exemplificativa, das funes ambientais por grupo de categorias de APPs; e, por fim, a elaborao de mapas-sntese da situao das faixas de APP ligadas drenagem e ao relevo de altitude, com enfoque na legitimao das mesmas. A reviso das polticas especficas e transversais s APPs e de seus planos incidentes atestou uma ampla base para a gesto local ou compartilhada destas faixas, no entanto, a delimitao de APPs em funo da realidade local ainda no ocorre. A Carta-sntese de indicadores de avaliao integrada de APPs na sub-bacia contemplou um conjunto de quarenta indicadores, dentre os quais vinte e seis compuseram dois ciclos aplicados e seis ciclos parcialmente aplicados. Para as APPs ligadas drenagem e ao relevo de altitude foram aplicados, respectivamente, os indicadores de: a) presso: Alterao de reas naturais por reas antrpicas e Evoluo da rea urbana em encostas; b) estado: Impermeabilizao do solo e Qualidade ambiental das terras; c) impacto: reas crticas de inundao e reas de risco de escorregamentos ou desmoronamentos; e d) resposta: Plano de bacia hidrogrfica e reas de risco recuperadas. Tais ciclos atestaram a preciso dos indicadores de presso e estado quando da avaliao sobre a preservao em APPs, porm no foram capazes de explicar isoladamente a causa de impactos, os quais no ocorrem de maneira exclusiva nestas faixas. Demonstraram ainda um nvel maior de antropizao em APPs localizadas na poro de baixada da sub-bacia, principalmente em margens de rios. Sendo assim, cabem aes voltadas fiscalizao de APPs legitimadas, recuperao de faixas com baixa interferncia humana, e s intervenes urbansticas ou prioritrias em reas degradadas ou impactadas
Resumo:
A presente dissertao tem por objetivo identificar as representaes sociais da ressocializao, por meio da escola, de prisioneiros masculinos de presdios situados no Rio de Janeiro. A legislao brasileira tem, entre seus princpios organizadores, o conceito de ressocializao de prisioneiros, ao estabelecer limites de durao da pena e impedir a pena de morte. Entretanto, ao analisarmos as condições carcerrias existentes neste iderio de ressocializao, verificamos que este iderio no possui e nem produz eficcia. A oferta de educao, para presidirios, ocorreu no Brasil a partir de 1967 e atualmente est em vigor a Lei n 12.433, de 29 de junho de 2011, que estabelece uma correlao entre a educao formal e a remio de pena. A dissertao trata de um breve histrico da educao no sistema penal brasileiro, considerando seus limites e potencialidades. O referencial terico utilizado foi o da Teoria das Representaes Sociais como apresentada por Serge Moscovici (1978) em sua pesquisa original sobre as representaes sociais da psicanlise. O referencial terico adotado permitiu a identificao desta espcie de pensamento social em um grupo de presidirios que frequenta a escola no presdio, priorizando a relao entre escola e ressocializao. Foram entrevistados 80 sujeitos do sexo masculino, em presdios da capital do estado do Rio de Janeiro, com a devida autorizao do presdio, da Secretaria de Estado da Educao e com o rigor no cumprimento das normas ticas estabelecidas para pesquisa com humanos, especialmente a garantia de anonimato. A representao de comportamento no presdio resume-se ao conceito de enquadramento, que significa uma srie de atitudes e de pensamento que permitem a sobrevivncia no interior do presdio. A escola foi compreendida, pelos sujeitos, como instituio tambm determinada pelo enquadramento. Mesmo a escola tendo sido bem avaliada e apresentando perspectivas de futuro para a ressocializao, os sujeitos consideraram que a famlia o principal agente de ressocializao frente da escola. Consideramos que, para os presidirios, a escola pode representar possibilidades de ressocializao, entretanto deve aprimorar suas atividades para o mundo do trabalho e para a constituio de redes sociais de afinidade, com a famlia lato sensu dos prisioneiros, para que sua eficcia seja real e potente.
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O oramento constitui um instrumento imprescindvel para avaliarmos as prioridades de um governo e as disputas existentes entre as diferentes classes sociais no que diz respeito apropriao dos recursos do fundo pblico. Neste sentido, uma aproximao cuidadosa acerca das particularidades que vm assumindo a dinmica de acumulao capitalista, bem como das contradies que envolvem o processo de luta e implementao das polticas sociais, parecem elementos que contribuem para nos ajudar a entender de que forma esta disputa vem acontecendo. O objetivo deste trabalho analisar o lugar do gasto social no governo Lula. Para tanto, consideramos importante analisar os principais elementos da dinmica de acumulao capitalista tendo como referncia a constituio do capital financeiro e o processo de financeirizao da economia; discutir a relao entre divida pblica, financeirizao e crise do capital; apreender as tendncias da poltica social, buscando identificar sua configurao na atualidade; resgatar o processo de formao do Brasil para pensar o governo Lula e a dinmica da luta de classes na atualidade; e analisar os gastos sociais do governo federal, tendo como base a metodologia desenvolvida pelo IPEA, considerando o perodo de 2004 a 2011. Por entendermos os gastos sociais como reflexo de um processo de correlao de foras que tem, na relao entre capital e trabalho sua dimenso fundante, esta anlise no pode ter um fim em si mesma. Ao contrrio, entender as particularidades da dinmica de acumulao no tempo presente imprescindvel para apreender os movimentos do capital e sua fora para fazer valer os seus interesses no enfrentamento s resistncias impostas pela classe trabalhadora e desta para lutar contra seus grilhes. A atuao do Estado s pode ser entendida em meio a este terreno de luta de classes e suas decises expressam o poder destas classes de impor suas demandas, alm de trazerem consigo o trao das heranas do passado, em especial os vnculos de dependncia e subalternidade aos interesses imperialistas. A ausncia de ruptura com o capital que marca a ascenso do Partido dos Trabalhadores ao governo federal permeado por contradies e a anlise de seus resultados situa-se em uma srie de polmicas, muitas das quais somente um maior distanciamento histrico permitir avaliar. Isto no significa que no seja possvel empreender um esforo no sentido de identificar as mudanas em curso e levantar as contradies, os limites e as possibilidades abertas pelos mandatos do presidente Lula. De maneira geral, podemos dizer que no houve avanos estruturais significativos neste governo e que a lgica da gesto dos recursos que prioriza o pagamento da dvida pblica permanece tendo sofrido alteraes pontuais. Entretanto, existem algumas diferenas na composio do gasto social. Estas esto mais atreladas ao provimento de programas voltados para a populao de baixa renda do que melhoria substantiva na garantia das polticas sociais universais. De qualquer forma, seu efeito sobre a melhoria nas condições de vida e de acesso ao consumo de uma parcela da populao pode ser sentido.
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A presente pesquisa aborda a temtica da assistncia ao parto hospitalar na Regio Mdio-Paraba, considerando a poltica pblica de humanizao do parto e nascimento A medicalizao do parto e nascimento vem ocorrendo em todo o mundo. Mesmo em pases desenvolvidos, a grande maioria dos partos vaginais e de baixo risco ainda conduzida com prticas intervencionistas sem evidncias cientficas de sua eficcia. Em contraposio a este modelo assistencial implantou-se a poltica de humanizao do parto e nascimento. A enfermeira obsttrica tem sido elemento importante para a consolidao do uso de prticas consideradas humanizadas na assistncia ao parto de baixo risco em ambiente hospitalar. O objeto deste estudo foi o emprego de tecnologias no invasivas de cuidado de enfermagem em partos acompanhados por enfermeiras obsttricas na Associao de Proteo a Maternidade e Infncia de Resende/RJ (APMIR). Os objetivos foram: identificar as tecnologias no invasivas de cuidado de enfermagem obsttrica (TNICE) usualmente empregadas por enfermeiras obsttricas no cuidado a parturientes; discutir o emprego dessas TNICE por enfermeiras obsttricas no cuidado a parturientes sob a perspectiva da humanizao do parto e nascimento; caracterizar o processo de implementao das TNICE na assistncia ao parto na maternidade. Trata-se de pesquisa descritiva, quantitativa desenvolvida em uma maternidade filantrpica da regio sul-fluminense que pertence ao Mdio-Paraba, na qual enfermeiras obsttricas esto includas na equipe de acompanhamento do parto. Foram analisados os registros correspondentes aos partos acompanhados por enfermeiras obsttricas compreendendo o perodo de Novembro de 2012 Julho de 2013. Houve registro de 84 partos neste perodo. Os dados foram obtidos atravs de Livro de Registros de Parto do servio. Os registros foram feitos em formulrio prprio implantado a partir da pesquisa. O projeto foi submetido apreciao do Comit de tica em Pesquisa do Centro Universitrio de Barra Mansa, tendo sido aprovado segundo parecer nmero 347.254 de 30/07/2013. Os dados foram analisados por procedimentos estatsticos descritivos. Os resultados apontaram que a atuao da enfermeira obsttrica no cuidado mulher em trabalho de parto caracteriza-se por medidas que promovem a autonomia da mulher no cenrio onde ela protagonista marcando assim a forte presena dessas profissionais neste cenrio onde a existncia de prticas intervencionistas significante e muito presente. O estudo concluiu que o cuidado de enfermagem obsttrica pautado sobre as tecnologias no invasivas de cuidado favorece uma assistncia humanizada ao parto. Acredita-se que para um cuidado no transcorrer fisiolgico do parto necessrio estabelecer uma relao de intimidade, de interao e de empatia com cada mulher dentro do seu contexto, dando a ela encorajamento para tomar posse daquilo que compete somente a ela.
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O presente estudo abordou o Projeto tico-Poltico do Servio Social brasileiro, considerando o seu possvel tensionamento no mbito da poltica de assistncia social, na regio Centro Sul/Vale do Salgado no estado do Cear. Portanto, atravs do nosso estudo, pretendeu-se analisar as possibilidades e os limites de materializao do Projeto tico-Poltico Servio Social brasileiro na poltica de assistncia social, em tal regio. Optamos por essa anlise por considerarmos imprescindvel apreender as tenses impostas a esse Projeto no cotidiano de trabalho profissional do (a) assistente social. E, para tanto, foi imprescindvel analisarmos a atual configurao da assistncia social, partindo das diretrizes da Poltica Nacional de Assistncia Social e confrontando-as com o processo de municipalizao desta poltica no campo pesquisado. Avaliamos a relevncia do presente estudo em decorrncia do atual processo de expanso e centralidade da poltica de assistncia social, no cenrio brasileiro, como estratgia de alvio misria e pobreza. Tal movimento se realiza expressando um duplo movimento: a implementao do Sistema nico de Assistncia Social e a prevalncia dos Programas de Transferncia de Renda. Esse contexto tem ampliado, sobremaneira, a requisio aos assistentes sociais, que vm ocupando, majoritariamente, tais espaos scio-ocupacionais. Entretanto, essa insero tem se realizado sob condições e relaes de trabalho precarizadas, o que pode implicar em uma possvel intensificao do tensionamento do Projeto tico-Poltico do Servio Social brasileiro. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas com os (as) profissionais atuantes nos Centros de Referncia da Assistncia Social (CRASs) e Centros de Referncia Especializado da Assistncia Social (CREAs), em sete municpios da regio selecionada como campo emprico. Os dados analisados tambm so resultados das visitas institucionais e observaes de campo que realizamos no espao scio-ocupacional dos (as) profissionais entrevistados (as). A presente pesquisa est assentada no materialismo histrico e dialtico, mtodo de apreenso do real, originalmente elaborado por Marx.
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Alteraes na frequncia e amplitude das inundaes pelas mars so fatores reguladores da dinmica das florestas de mangue. Tais alteraes podem estar relacionadas elevao do nvel mdio relativo do mar (NMRM), que vem sendo atribuda como fator de impacto decorrente das mudanas climticas globais atuando sobre os ecossistemas costeiros. Durante a dcada de 90, o Ncleo de Estudos em Manguezais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro observou, em Guaratiba (RJ), um processo de colonizao de uma plancie hipersalina por espcies de mangue, e comeou a monitor-lo. Aps seis anos os dados indicaram a consolidao da colonizao e juntamente com o desenvolvimento de outros estudos neste sistema, a elevao do NMRM foi atribuda como principal causa deste processo. Os dados gerados por tal monitoramento, de 1998 at o ano de 2011, constituem a base de dados da presente dissertao, que teve como objetivo analisar o desenvolvimento do processo de colonizao e verificar suas relaes com fatores meteorolgicos locais. No ano de 1998 foram demarcadas seis parcelas justapostas, no sentido floresta-plancie hipersalina, at onde era percebida a presena das plantas de mangue. Todos os indivduos foram identificados com etiquetas numeradas e tiveram suas alturas medidas ao longo de todo monitoramento, da mesma forma que novos indivduos (recrutas). Quando recrutas eram encontrados em reas mais distantes da floresta, novas parcelas eram includas no monitoramento. No ano de 2011, a colonizao j havia avanado 75 m de distncia da floresta e as treze parcelas monitoradas indicaram diferentes estgios sucessionais: mais prximas floresta apresentam consolidao do processo de colonizao, com reduo de densidade e maior desenvolvimento estrutural; intermedirias, com altas densidades, encontra-se em fase menos avanada da colonizao; mais externas caracterizam o incio da colonizao da rea por poucos indivduos. Notou-se, ainda, que o processo de colonizao se d por meio do estabelecimento de coortes, que demonstram variabilidade nos padres de desenvolvimento estrutural ao longo dos anos (densidade, distribuio e taxa de crescimento), relacionada s condições ambientais distintas (padres climatolgicos). Quanto disponibilidade hdrica (entre 1985 e 2011), Guaratiba apresentou predomnio de dficit hdrico, com tendncia de amenizao ao final do perodo. Perodos de maior disponibilidade de gua no sistema coincidiram com marcao de novas parcelas, bem como com picos de recrutamento e elevadas taxas de crescimento das coortes. Assim, foi possvel observar que o desenvolvimento das coortes esteve relacionado s condições de disponibilidade de espao e luz, alm de responderem aos processos meteorolgicos, relacionados disponibilidade de gua na regio.
Resumo:
O caf foi o produto fundamental para dar maior estabilidade econmica ao Imprio brasileiro, favorecendo tambm a estabilidade poltica. A concentrao de sua produo no Vale do Paraba Fluminense, no sculo XIX, foi fator importante para formar nesta regio uma classe social, a classe senhorial, que serviu de base de sustentao poltica formao do estado imperial brasileiro. Tambm foi fator determinante para o incremento da utilizao da mo-de-obra escrava em um momento que esta j se encontrava em crise, juntamente com a crise do colonialismo, que levou ao processo de independncia do Brasil. Este trabalho procura demonstrar como a produo do caf e a utilizao do trabalho escravo foram fundamentais para a formao da classe senhorial na primeira metade do sculo XIX, no Vale do Paraba Fluminense, em especial em um de seus municpios, Barra Mansa, classe esta que serviu de suporte poltico e social para o Segundo Reinado. Tambm veremos como as relaes dialticas entre a classe senhorial e seus escravos foram determinantes para o processo de emancipao escrava que permeou todo o perodo imperial.
Resumo:
A constante explorao da gua de forma descontrolada tem comprometido a sua qualidade e quantidade para os seus diversos fins, dentre os quais se destaca o uso recreativo por contato primrio. O presente estudo levanta um problema frequente no litoral brasileiro: cidades que recebem um elevado nmero de visitantes em determinados perodos do ano e sofrem crises ambientais por conta da mudana drstica no volume populacional, j que a populao flutuante dificulta a gesto de insumos pblicos como o abastecimento de gua potvel, os servios de sade, o descarte de lixo e o tratamento de esgoto, sendo muitas vezes responsvel por uma poluio local. Nesse sentido, utilizou-se como modelo o balnerio de Muriqui, distrito de Mangaratiba, no Estado do Rio de Janeiro, e objetivou-se diagnosticar a poluio hdrica e a balneabilidade da praia. A metodologia empregada para o desenvolvimento desta pesquisa foi baseada em pesquisas bibliogrficas, por trabalhos tcnico-cientficos publicados, livros e instrumentos legais, e em um plano de amostragem. . Foram tambm realizadas visitas s secretarias municipais para recolher dados atuais sobre o municpio. Por fim, para confrontar os resultados analticos obtidos em campo, realizou-se uma investigao da srie histrica da pluviosidade das estaes pluviomtricas mais prximas ao distrito de Muriqui. Para verificar a qualidade da gua da praia e dos dois rios que desembocam nela, foi realizado um plano de amostragem com coletas quinzenais, s segundas-feiras pela manh, entre setembro de 2012 e agosto de 2013, totalizando 25 campanhas. Em cada campanha foram coletados cinco pontos de amostragem: trs na praia de Muriqui, um no Rio da Prata e outro no Rio Catumbi. Assim, realizou-se o monitoramento de parmetros fsicos, qumicos e biolgicos, com o intuito de compar-los aos valores permitidos pelas legislaes vigentes e correlacion-los entre si para verificar o nvel de degradao dos corpos hdricos da regio. Constatou-se com o estudo que o ponto no Rio da Prata o mais deteriorado e impactado pela ao antrpica, j que estava localizado mais prximo sua foz. A avaliao da qualidade da gua da praia indicou que o local apresentava condições excelentes de balneabilidade em 96% do perodo monitorado, apresentando apenas um episdio imprprio para banho. De modo geral, verificou-se com a pesquisa que alguns parmetros demonstraram episdios caractersticos de poluio difusa por esgoto sanitrio, aparentemente em estado inicial de degradao.
Resumo:
Inserida no bioma Mata Atlntica, a Ilha Grande est protegida atualmente por unidades de conservao ambiental definidas por leis, uma vez que parte importante no cenrio ambiental brasileiro. Durante sculos, a Ilha Grande sofreu alteraes de diferentes nveis. A desativao do presdio abriu portas para o crescimento descontrolado do turismo, que afetou negativamente as bacias hidrogrficas estudadas, deixando-as em evidncia. Nesse cenrio, o estudo de trs bacias de drenagem da Ilha Grande, localizadas na Costa Verde do estado do Rio de Janeiro, buscou compreender a morfologia e a dinmica dos canais fluviais, por meio de anlises das caractersticas ambientais, da interferncia antrpica e da aplicao do uso do primeiro estgio da metodologia de pesquisa Estilos Fluviais, apontando as partes mais sensveis s aes antrpicas. Cinco estilos fluviais foram identificados. Os dois primeiros so denominados canais florestados e rochosos, estilos menos frgeis por estarem localizados em reas de difcil acesso; os trechos com canais mendricos so reas sensveis, no entanto, permanecem em boas condições devido pouca interferncia humana, esse estilo foi identificado apenas nos trechos finais dos canais principais das duas bacias da Vila Dois Rios. Os ltimos estilos esto presentes na Vila Abrao: os canais assoreados cascalhoarenosos e assoreados arenosos, que apresentam trechos mais crticos por sofrerem interferncias antrpicas e por apresentarem uma rea com mais sensibilidade. As informaes obtidas aps esse estudo serviro como base para a elaborao de projetos e pesquisas que visem reabilitar os rios avaliados, assim como seu entorno, e tambm promover o monitoramento da conservao de reas ainda preservadas.