72 resultados para Música Filosofia e estética
Resumo:
O Simbolismo surge na Frana em meio a um turbilho de transformaes advindas da modernidade. Estas transformaes levaram os indivduos a repensarem os pressupostos racionalistas e cientificistas. Desta maneira, o esprito da decadncia, que est na base do movimento simbolista, se instaura em 1857, quando Charles Baudelaire lana sua obra As flores do mal, desenvolvendo uma poesia voltada para a inovao do estilo e para uma temtica nova. Para isso, aborda assuntos tabus naquela sociedade, fala da monotonia dos tempos modernos, da solido existencial e inclui coisas consideradas srdidas e repugnantes em seus versos. O movimento, ento, se desenvolve pelo mundo seguindo os pressupostos decadentistas inaugurados por Baudelaire e chega a Portugal e ao Brasil. Nestes pases, veremos que a estética do Simbolismo no ter o mesmo prestgio que na Frana, porque se desenvolver em oposio ao esprito nacionalista, patritico e positivista, praticado pelo Realismo na prosa e o Parnasianismo na poesia. Assim, o movimento simbolista no ter um lugar de destaque dentro do campo literrio nesses dois pases, permanecendo margem dos cnones hegemnicos. Observaremos como o gnero gtico de lvares de Azevedo e A Gerao do Trovador, anteriores ao Simbolismo no Brasil e Portugal, respectivamente, se constituem como precursores desse movimento esttico. Analisamos ainda o lugar, a potica e a crtica de Nestor Vtor no campo literrio brasileiro e o lugar e a potica de Camilo Pessanha no campo literrio portugus, buscando, com base nas conceituaes tericas de Pierre Bourdieu e Dominique Maingueneau sobre a gnese do campo literrio e o discurso literrio, os diferentes posicionamentos dos agentes, suas cenas de enunciao e seus espaos, responder ao porqu do desprestgio do movimento simbolista no Brasil e em Portugal
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O objetivo desta tese o de propor uma via de interpretao e significao possvel ao problema tico-esttico ou tico-poiētico da criao de si a partir da formulao de um conceito de hipocrisia. A partir de um espectro de anlises acerca das prticas de engano, compe-se um cenrio inicial na forma de prolegmenos, nos quais se esboa uma distino entre hipocrisia e autoengano, sob dois registros: formal, com a distino de perspectivas entre enganar e ser enganado, com base no reconhecimento do engano; e processual, onde a hipocrisia, como incorporao intencional de personagens, distingue-se do autoengano como processo no reconhecido de incorporao de crenas. O primeiro captulo dedica-se a compreender como as prticas de engano e a hipocrisia vm a se tornar um problema moral. Remontando o problema aos gregos, abrem-se, para alm dessa condenao, vias para uma reavaliao das formas de inteligncia astuciosa nomeada por mtis. No segundo captulo, procura-se elaborar um conceito de hipocrisia como significao ao problema tico e esttico da criao de si. A oposio entre as formas ticas da amizade e da lisonja, tendo em comum a ateno ao kairs, o tempo oportuno, o mote para se pensar duas formas de discurso: o retrico, comandado pela mtis, e o filosfico, pautado pela parrēsa; e para se propor uma forma de cuidado de si distinta da que constituda pelo discurso parrēsistico e vertida em ḗthos pela skēsis. Tal seria a criao de si pela ateno aos acasos e instintos e teria como modelo o trabalho de incorporao e manejo artstico prprio arte do ator. Da emerge o conceito de hipocrisia como: arte de interpretar um saber da dxa pela mestria do kairs, e de configur-lo pela mmēsis de modo a criar a si como autor e obra de si mesmo. No terceiro captulo, com enfoque interpretativo, toma-se esse conceito de hipocrisia como fio condutor para uma articulao entre trs aspectos do pensamento de Nietzsche: i) a compreenso extramoral acerca das prticas de engano, tendo a vontade de aparncia como aquilo que lhes subjaz; ii) a perspectiva epistmica de processos sem sujeito, tendo as noes de mscara e interpretao como mote para se pensar a hipocrisia como um manuseio ou manejo artstico visando criao de um eu hipcrita; e iii) a proposta tico-estética de criao de si e constituio de um carter, onde a hipocrisia poderia ser compreendida como uma tica-estética do esprito livre, que pela incessante troca de papis, cria a si como obra de arte e se torna o que .
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Neste trabalho, o filsofo francs Maurice Merleau-Ponty autor privilegiado na busca de uma compreenso fenomenolgica da subjetividade. Na primeira concede-se relevo s anlises sobre a corporeidade, a partir da qual se revela uma socialidade originria aberta pela experincia perceptiva. Se na parte I predomina o mundo natural, na parte II a experincia do mundo cultural o principal tema. O carter estrutural da experincia perceptiva no aban-donado, mas retomado no intuito de explorar a tese de que a significao da experincia desvinculada de uma conscincia separada da existncia. Fundamentada na percepo, parti-cularmente em seu aspecto antepredicativo, desenvolve-se uma anlise fenomenolgica da linguagem, bem como o lugar da praxis e da intersubjetividade na compreenso deste tema, explicitando ainda mais a dimenso social originria revelada pela corporeidade. O vnculo da dimenso subjetiva com a existncia, mediante o corpo, realado a partir da noo de ex-presso. A noo de expresso refere-se transcendncia do sujeito em relao sua situao, sem prescindir dela e serve para mostrar que o sentido das coisas percebidas abordado no como algo isolvel, mas produto de uma articulao na ordem do sensvel, dispensando, assim, a tese de um paralelismo entre a ordem positiva (a percepo do mundo) e a ordem da idealidade (o que dito ou pensado sobre a experincia). A lgica da expresso, verificada no corpo, sucedida pelo estudo da linguagem na obra de Merleau-Ponty, para obter sua concep-o sobre a relao do sujeito com o institudo. Constata-se que a expressividade presente na linguagem, anloga ao gesto corporal, aponta para a transcendncia do significado em relao aos significantes partilhados em determinada cultura e, portanto, para a liberdade do sujeito enquanto produtora de uma histria, a partir das transformaes operadas na situao em que se encontra. Se a linguagem permitiu conceber de que modo o sujeito pode instaurar novas significaes a partir das que esto estabelecidas, o retorno, no fim da dissertao, ao tema da liberdade, desenvolvido na Fenomenologia da Percepo, demonstra que as teses presentes em seus ltimos textos mantm uma coerncia com os primeiros. A influncia da noo de estrutura em seu interesse pela antropologia, abordada no ltimo captulo da dissertao, con-firma que a funo simblica, presente ao longo do texto como lgica da expresso, expe a dialtica sem sntese caracterstica da subjetividade.
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A presente tese inicia-se por uma encruzilhada e um segredo: na encruzilhada est a psicologia, entre os apelos instrumentais, antropolgicos e neurocientficos; j o segredo refere-se quase desconhecida leitura de Kierkegaard por Foucault. Os dois filsofos se inscrevem na esteira da experimentao filosfica, caminho oposto ao da metafsica. Experimentao, aqui, no diz respeito a qualquer empirismo; inspira-se nos exerccios espirituais da Antiguidade grega e romana, e nas prticas da ironia, do cuidado de si e da parresa filosfica. As aproximaes possveis entre o pensamento de Kierkegaard e o de Foucault por esse vis da filosofia antiga, visam a contribuir para uma compreenso da psicologia e de suas prticas que permita o enfrentamento dos dilemas acima referidos, ou seja, os instrumentais, antropolgicos e neurocientficos. O percurso do trabalho tem como ponto de partida as suspeitas direcionadas psicologia, desde o questionamento colocado por Canguilhem h mais de cinqenta anos acerca das intenes pouco claras da disciplina, passando pelas crticas aos processos de subjetivao psicologizantes, at chegar ao grave enquadramento contemporneo que busca convencer os sujeitos de que so, em ltima anlise, nada mais do que crebros. Os processos de subjetivao engendrados pelas prticas psi se vem, pois, colocados hoje frente a impasses de difcil soluo. Tantas so as suspeitas e temores quanto aos efeitos psi, que os prprios profissionais da rea tm, em muitos casos, assumido a posio de que a psicologia se tornou invivel e deve desaparecer. As referncias objetivantes ou antropolgicas, quando priorizadas pela psicologia, de fato no deixam sadas, tornando urgente o encontro com outros referenciais que possibilitem respirar novos ares. O pensamento de Kierkegaard e o de Foucault surgem como intercessores em face desse horizonte sombrio. Os dois filsofos se dedicaram a tornar o homem atento a si e ao mundo, priorizando sadas singulares e criativas em lugar da reproduo dos modos de ser hegemnicos que ameaam igualar tudo e todos. Desnaturalizadores do presente e avessos s grandes especulaes tericas sobre a vida, escreveram obras que preciso experienciar, mais do que simplesmente ler, a fim de captar-lhes a atmosfera e com elas operar. A partir dessa atitude, a psicologia experimental ou interpretativa pode dar lugar a uma psicologia experimentante, que acompanha o cotidiano ao invs de se colocar como uma curiosidade sem paixo. Tal psicologia segue de maneira interessada os movimentos da existncia e a apropriao pessoal da verdade, que deixa de ser transcendente, metafsica ou sonhada, e aparece encarnada nas lutas, receios, enganos, aes e tenses do dia-a-dia dos sujeitos de carne, osso e esprito. na tenso constituinte-constitudo que o sujeito se forja, seja ele lanado por Deus, como pensa Kierkegaard, seja, como prope Foucault, mergulhado nos esquemas e objetivaes que toma como naturais: a tarefa do sujeito tornar-se si mesmo, participando de forma mais livre da prpria constituio, exercendo de maneira refletida e tica a liberdade e transparecendo a si mesmo, ao invs de tomar como suas as determinaes que lhe so oferecidas. A presente tese visa, portanto, a estabelecer o dilogo entre Foucault e Kierkegaard, pelo vis da filosofia antiga, buscando inspirao para promover, no tempo presente, processos de subjetivao outros que os modos desesperados de ser, e prticas psicolgicas mais experimentantes e menos disciplinadoras.
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Esta tese relata o meu encontro com um grupo de idosos em um projeto denominado Conversas & Memrias, e a experincia comunitria ali produzida. O objetivo central foi analisar de que forma os dispositivos utilizados na interveno ajudaram na construo dessa experincia. Partindo de um campo de problematizao que coloca em questo as possibilidades de vivermos juntos, busquei responder s seguintes perguntas: de que forma a vida coletiva nos contagia e nos constitui? que apostas podemos arriscar que nos permitam afirmar a possibilidade de construirmos experincias comunitrias no mundo de hoje? quais prticas de cuidado de si e de cuidado do outro podemos encontrar (ou inventar) em nossa cultura? como essas prticas podem produzir, como efeito, experincias de vida comunitria? como podemos viver juntos? Foi em torno dessas questes que desenvolvi o trabalho em dois campos distintos, visando construo, por um lado, de um solo terico-conceitual, e, por outro, de um plano prtico-experimental. Na primeira parte desta tese, apresento os conceitos e intercessores que fundamentam as ideias aqui defendidas. Comeo discutindo o processo de subjetivao, em um dilogo com o pensamento de Gilles Deleuze, Gilbert Simondon e Baruch Espinosa, e termino apresentando as apostas de Gilles Deleuze e Felix Guattari, Antonio Negri e Michael Hardt, Maurice Blanchot, Giorgio Agamben e Jean-Luc Nancy em uma comunidade por vir. Em seguida, apresento minhas prprias apostas, fundamentadas no dilogo de Michel Foucault com a filosofia antiga sobre as prticas de si e a construo de um novo ethos, desenhado por uma estética da existncia. Descrevo, em outro captulo, o mtodo da pesquisa, partindo de uma discusso sobre a cartografia e as possibilidades que ela ofereceu para que eu pudesse acompanhar processos e habitar o territrio da pesquisa; discuto, ainda, o conceito de dispositivo e os efeitos que so produzidos ao desembaraarem-se suas linhas; por fim, descrevo o material que utilizei nas anlises da experincia do projeto. Na segunda parte da tese, arrisco-me em um campo prtico-experimental, dando movimento aos conceitos discutidos anteriormente e incorporando-os discusso dos quatro dispositivos que examino aqui. No primeiro, a Roda de Conversao e os efeitos, como o exerccio tico e poltico, que essa prtica anuncia. No segundo dispositivo, os Agenciamentos, apresento as poesias, músicas, crnicas, passeios que foram utilizados como disparadores das conversas, analisando os dilogos e as virtualidades produzidos por eles. No dispositivo trs, a Experincia Narrativa, descrevo o processo de publicao de um livro com as histrias de alguns participantes do projeto. No quarto dispositivo, a Imagem Revelada, descrevo os efeitos provocados pelas imagens publicadas em um livro de fotografias. O ltimo captulo retoma a pergunta inicial - como viver junto? -, e oferece algumas pistas sobre as possibilidades de construirmos uma outra forma de sociabilidade nos dias de hoje.
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Esta pesquisa faz parte do eixo temtico Educao e Cidadania, em sua linha de pesquisa Produo Social do Conhecimento, do Mestrado em Educao da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. uma pesquisa bibliogrfica. Trata de um estudo sobre a educao na Modernidade. Analisa trs correntes do pensamento pedaggico dos sculos XVII e XVIII, que tiveram profunda repercusso em todos os sistemas educacionais do mundo ocidental, capaz de influenciar pedagogos e filsofos da educao na elaborao de propostas para a educao Moderna. Traz uma anlise do pensamento educacional dos religiosos catlicos jesutas, de John Locke e de Jean-Jacques Rousseau, apontando vises pedaggicas particulares, muitas vezes antagnicas. Esboa uma sntese dos principais ideais dessas correntes de pensamento, que, com certeza iluminaram a produo do conhecimento educacional da Modernidade e as concepes pedaggicas contemporneas. Em sntese, busca resgatar os ideais dessas trs correntes de pensamento pedaggico e a sua contribuio na elaborao do conhecimento educacional e na formao da cultura do mundo ocidental; entende ser a apropriao desse conhecimento uma das formas de se ajudar a pensar a questo da cidadania.
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O objetivo da tese de doutorado consistir na defesa de uma alternativa para os dilemas polticos concernentes incomparabilidade no interior de uma comunidade especfica ou entre comunidades distintas, presente nas discusses em torno do pluralismo contemporneo. Esta via inspirada nos conceitos de bens constitutivos, avaliaes fortes e articulao, desenvolvidos pelo filsofo canadense Charles Taylor, e tambm uma tentativa de se pensar acerca de um projeto de crtica poltica que leve em considerao a motivao como elemento incontornvel para a filosofia prtica. A incomparabilidade, isto , impossibilidade de critrios no julgamento entre prticas especficas, mas com repercusses pblicas, levanta a questo de at que ponto possvel avaliar e deliberar racionalmente sobre modos de vida distintos e, s vezes, auto-excludentes. Tal problemtica pode ser vista fortemente no chamado debate liberal-comunitarista, na dcada de 1980, bem como em seus desdobramentos nas discusses acerca do multiculturalismo, na dcada seguinte. E ainda, mais recentemente, nos impasses em torno do papel da religio na esfera pblica. Mais do que pontos divergentes acerca da questo do julgamento, os que essas discusses tambm evidenciam um debate mais central acerca do lugar que pode ocupar a poltica diante de nossa situao bem como as categorias pelas quais compreendemos o fenmeno do pluralismo. Sob a alcunha de comunitarista, o pensamento de Taylor aparece como uma forma atrativa por no se submeter ao relativismo (a impossibilidade de critrio) e tampouco a um universalismo forte (baseado em critrios gerais e anteriores s prticas), ao desenvolver uma ontologia fundada em um conflito de bens constitutivos em disputa, sem desconsiderar o fenmeno do pluralismo. Com efeito, isto se d na medida em que diante de prticas divergentes e concorrentes h implcita ou explicitamente uma posio acerca de como e a partir de onde podemos nos posicionar criticamente frente ao pluralismo vigente, uma vez que movimentos, discursos e relaes so construdos em nome daquilo que se apresenta efetivamente como valioso ou digno de respeito e admirao. Neste sentido, qualquer tentativa de avaliao j diz respeito a nossa compreenso: de ns, do mundo e de nossa relao com o mundo. Um projeto crtico, levando em considerao nossas fontes que impulsionam a ao, requer um olhar detalhado que o pensamento de Taylor pode oferecer, especialmente a partir da relao entre os conceitos supracitados.
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Esta dissertao enfoca uma srie de trabalhos artsticos desenvolvidos antes e durante o perodo do mestrado, como Sumi, Infiltrao e Carbono, que utilizam a fotografia, o vdeo, a instalao, o desenho, a frotagem e a escultura como meios de produo. A partir das obras desenvolveu-se uma discusso terica acerca de algumas das relaes possveis entre a arte e a cincia, enquanto esferas produtoras de conhecimento. O embate entre o homem e a natureza, atravs da filosofia, da cincia e da arte, objeto de estudo, alm das especificidades do tomo Carbono, em especial suas estruturas macroscpicas os materiais e suas transformaes ao longo do tempo. A instabilidade, a entropia, o fluxo, os paradigmas e as diversas concepes de Tempo so alguns dos temas tratados nesta pesquisa, que utilizou como base os escritos e as obras de artistas, cientistas, filsofos e pesquisadores da arte e da cincia
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O tema da existncia ou inexistncia de uma filosofia poltica nietzschiana recorrente nos meios acadmicos, e imensamente problemtico desde a vinculao do nome do filsofo s ideologias fascistas da primeira metade do sculo XX. Especialmente a partir da segunda metade do sculo XX, a filosofia de Nietzsche tem sido trazida para os debates polticos, dessa vez como uma filosofia das grandes causas, daqueles que buscam a libertao do jugo dos grandes esquemas polticos da modernidade. O objetivo inicial desta dissertao demonstrar que filosofia de Nietzsche no possui as caractersticas que permitam a sua assimilao pelo debate poltico. O prprio filsofo, reiteradamente, negou-se a ingressar no debate poltico de seu tempo, recusando-se a limitar seu exame da filosofia e suas reflexes s necessidades e clamores da plebe. Ele alertou para a dureza e radicalidade de seu pensamento, antecipando a vinculao de seu nome a coisas terrveis. Em vista disso, pretende-se levar a cabo nesta dissertao um exame da filosofia nietzschiana sob o ponto de vista da poltica, isto , tentar ver se ao quadro geral da filosofia poltica pode-se juntar o pensamento de Nietzsche. Este exame deve ser feito levando-se em conta o amplo auditrio ao qual se destinam os discursos polticos, o vnculo dos discursos polticos aos clamores da plebe, ou ao discurso de dominao. O objetivo final desta dissertao ser demonstrar que fora do mbito da filosofia, isto , trazida para o seio do senso comum, a filosofia de Nietzsche, dado o carter controvertido de suas asseres, acaba sendo presa fcil, mais uma vez, dos discursos de dominao e servindo aos piores propsitos. Corre-se o risco, outra vez, de se confirmar o vaticnio do filsofo quanto a sua vinculao a coisas terrveis.
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Esta pesquisa discorre, atravs das obras do artista Carlos Zlio, sobre pontos ora divergentes, ora complementares, tais como utopias, heterotopias, estética e poltica, pensamento utpico e ps-modernidade. Este artista foi selecionado levando em considerao o perodo de elaborao de suas obras, no qual havia uma profunda modificao na estrutura poltica do Brasil. As dcadas de 1960/70, perodo de anlise das obras, foram marcadas pelo Regime Militar brasileiro, que dentre das muitas aes, perseguiu aqueles que eram contrrios s novas imposies governamentais. Tendo em vista essa datao das obras, as anlises partem do engajamento poltico para o engajamento esttico, fazendo uma comparao entre esses dois campos, discutindo as relaes da arte com a poltica. Outro ponto de discusso das obras de Zlio sua funo utpica, aps uma reavaliao deste conceito, que perde sua fora onrica para se tornar um conceito relacionado a impulsos transformadores e polticos. Ao analisar obras deste perodo faz-se necessrio a anlise do conceito de ps-modernidade e o entrelaamento com as utopias, considerados pensamentos antagnicos. Aps as comparaes entre todos os conceitos podemos intitular as obras e aes de Zlio como vida artista, conceito foucaultniano, que relaciona arte e vida dos artistas como uma ao inseparvel. Zlio faz de sua vida uma ao estética
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Este texto nasce do surpreendente convite feito pelas crianas para pensar a relao entre as experincias filosficas e a escrita na escola Municipal Joaquim da Silva Peanha, no municpio de Duque de Caxias. Convite inicialmente feito por alunos da turma 601 que, em sua maioria, no ano de 2010, participavam das experincias de pensamento quando do primeiro segmento do Ensino Fundamental. Meninos e meninas criando tempo fora do tempo. Os atravessamentos da filosofia no contexto da escola tm provocado muitas perguntas, de modo que a escrita do presente texto , em certo sentido, uma narrativa, uma tentativa de acolher a problematizao, as suspenses, os desvios de uma escrita que remetem temporalidade complexa que vem se configurando desde que o projeto de pesquisa e extenso Em Caxias, a filosofia en-caixa? teve incio, no ano de 2007. Que tempo tm inaugurado as experincias de pensamento? Ser um tempo de schol, enquanto tempo sem destinao, livre de e livre para, desde a perspectiva de Jan Masschelein e Maarten Simons? Nesse sentido, problematiza-se tambm que relao pode haver entre a filosofia que se faz na escola e uma escrita experincia, e em que medida os interrogantes, acima mencionados, tm potencializado o pensamento em torno da relao entre escrita, prtica e vida. O encontro com as crianas e com os jovens que participam desse projeto tem feito desmoronar alguns pilares e colocado em questo muitas vezes atravs de situaes-limite o lugar confortvel das certezas, das verdades que povoam uma trajetria de formao. Lanar um outro olhar sobre essas verdades, sobre os discursos que transformam escrita e fracasso num sintagma inquebrantvel. Pensar o fracasso desde uma perspectiva que, em vez de reforar a desigualdade e a humilhao, possa mobilizar o pensamento, um outro modo de estar em presena, quem sabe um olhar potico, infantil. Nesses des-caminhos, nessas suspenses e desvios, este texto tambm um convite a uma dana, dana do pensamento. Dos movimentos desse bailado complexo e fascinante, quem sabe surjam outros encontros, outros olhares, outras relaes, outras linguagens, outras escritas...
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Tratar sobre dimenses vivenciais que envolvem o adoecimento cutneo indispensvel em uma sociedade onde as pessoas vivem sujeitas s presses quanto : modelos socioculturais, preocupaes com crenas e valores e imposies estéticas, podendo assim sofrer distores em sua autoimagem corporal e autoestima. Refletindo sobre a teoria de adaptao de Roy quanto singularidade do ser humano para reagir, aprender e se adaptar na sua convivncia no mundo, consigo e com os outros, indaga-se: quais so as repercusses do acometimento cutneo na vida das pessoas? Assim, formulou-se o objeto de estudo - Repercusses do acometimento de afeces cutneas na vida das pessoas. Teve-se como objetivos propor uma perspectiva de cuidar em enfermagem compatvel com as necessidades humanas de pessoas com alterao de autoimagem e autoestima devido a afeces dermatolgicas; identificar as caractersticas sociodemogrficas e clnicas das pessoas com afeces dermatolgicas; analisar a dimenso imaginativa de pessoas referente sua convivncia com afeces dermatolgicas, destacando seus sentimentos quanto autoimagem e autoestima. Este trabalho se insere no Grupo de Pesquisa Concepes tericas para o cuidar em sade e enfermagem - CNPq, na Linha de pesquisa Fundamentos filosficos, tericos e tecnolgicos do cuidar em sade e enfermagem e no projeto denominado A perspectiva estética/sociopotica do cuidar em enfermagem: identificando necessidades de autocuidado para promoo da sade da Bolsa de Produtividade em Pesquisa CNPq, perodo 2011-2014, e da Bolsa de Professor Visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Escolheu-se como referencial terico metodolgico a sociopotica e as tcnicas de pesquisa dinmica do corpo como territrio mnimo e a narrativa da lenda da beleza. O Grupo-Pesquisador, (GP) dispositivo analtico da sociopotica foi composto por 18 clientes da Enfermaria de Dermatologia do Hospital Universitrio Pedro Ernesto, que desenvolveram as fases do mtodo sociopotico no perodo de maio a agosto de 2013. Os dados produzidos foram analisados conforme os estudos sociopoticos transversal, classificatrio e filosfico. No transversal se destacam as categorias - Investindo no cuidado para o autocuidado e o desejo por uma pele ntegra x Imagem corporal elevada. No classificatrio, a categoria Percebendo e conhecendo a afeco dermatolgica x Descuidado consciente com o corpo. No estudo filosfico, destacam-se as categorias: comprometimento da autoimagem frente s repercusses da afeco dermatolgica e a beleza existente no ser humano amado. Os resultados permitiram responder a questo inicialmente formulada e alcanar os objetivos propostos. Conclui-se que, a sociopotica como uma construo coletiva revelou-se, nesta pesquisa, como uma importante ferramenta tanto no cuidar/educar/pesquisar em enfermagem como na abordagem humanista aos clientes com afeces dermatolgicas. Sendo assim, ao analisar a dimenso imaginativa referente convivncia das pessoas com a enfermidade citada, esta dissertao contribuiu para uma ampliao da perspectiva da imagem e estima das mesmas, na tentativa de possibilitar o desenvolvimento do cuidado de enfermagem cada vez mais prximo ao cliente por meio da interao e do dilogo.
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Desde os primrdios da humanidade, a descoberta do mtodo de processamento cerebral do som, e consequentemente da música, fazem parte do imaginrio humano. Portanto, as pesquisas relacionadas a este processo constituem um dos mais vastos campos de estudos das reas de cincias. Dentre as inmeras tentativas para compreenso do processamento biolgico do som, o ser humano inventou o processo automtico de composio musical, com o intuito de aferir a possibilidade da realizao de composies musicais de qualidade sem a imposio sentimental, ou seja, apenas com a utilizao das definies e estruturas de música existentes. Este procedimento automtico de composio musical, tambm denominado música aleatria ou música do acaso, tem sido vastamente explorado ao longo dos sculos, j tendo sido utilizado por alguns dos grandes nomes do cenrio musical, como por exemplo, Mozart. Os avanos nas reas de engenharia e computao permitiram a evoluo dos mtodos utilizados para composio de música aleatria, tornando a aplicao de autmatos celulares uma alternativa vivel para determinao da sequncia de execuo de notas musicais e outros itens utilizados durante a composio deste tipo de música. Esta dissertao prope uma arquitetura para gerao de música harmonizada a partir de intervalos meldicos determinados por autmatos celulares, implementada em hardware reconfigurvel do tipo FPGA. A arquitetura proposta possui quatro tipos de autmatos celulares, desenvolvidos atravs dos modelos de vizinhana unidimensional de Wolfram, vizinhana bidimensional de Neumann, vizinhana bidimensional Moore e vizinhana tridimensional de Neumann, que podem ser combinados de 16 formas diferentes para gerao de melodias. Os resultados do processamento realizado pela arquitetura proposta so melodias no formato .mid, compostas atravs da utilizao de dois autmatos celulares, um para escolha das notas e outro para escolha dos instrumentos a serem emulados, de acordo com o protocolo MIDI. Para tal esta arquitetura formada por trs unidades principais, a unidade divisor de frequncia, que responsvel pelo sincronismo das tarefas executadas pela arquitetura, a unidade de conjunto de autmatos celulares, que responsvel pelo controle e habilitao dos autmatos celulares, e a unidade mquina MIDI, que responsvel por organizar os resultados de cada iterao corrente dos autmatos celulares e convert-los conforme a estrutura do protocolo MIDI, gerando-se assim o produto musical. A arquitetura proposta parametrizvel, de modo que a configurao dos dados que influenciam no produto musical gerado, como por exemplo, a definio dos conjuntos de regras para os autmatos celulares habilitados, fica a cargo do usurio, no havendo ento limites para as combinaes possveis a serem realizadas na arquitetura. Para validao da funcionalidade e aplicabilidade da arquitetura proposta, alguns dos resultados obtidos foram apresentados e detalhados atravs do uso de tcnicas de obteno de informao musical.
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O presente trabalho tem como proposta estudar o uso de estruturas documentais no cinema ficcional de horror, tipo de narrativa que ficou conhecida popularmente como found footage. Esses filmes fazem uso de uma linguagem propositalmente hbrida, associando a forma do documentrio ao contedo da fico e, hoje, encontram-se to em voga que j possuem at mesmo clichs e esteretipos. A inteno entender de que forma o gnero do horror se apropria douso de uma estética associada a registros documentais para favorecer as reaes de medo no espectador. Para tanto, privilegiamos recortes na histria do cinema e conceitos que possam contribuir para o desenvolvimento de nosso estudo, tanto no que diz respeito ao cinema documental, quanto no que diz respeito ao gnero de horror. Como objeto de anlise mais detalhada, trazemos a trilogia inicial de da franquia Atividade Paranormal
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A busca do homem pela reproduo do movimento atravs das imagens antiga. To antiga que difcil fixar uma data para marcar a inveno do cinema. Para a indstria cinematogrfica comercial, no entanto, esse marco costuma ser definitivo: o dia 28 de dezembro de 1895, por ocasio da primeira exibio pblica paga de filmes dos Irmos Lumire com seu cinematgrafo. Mas o que parece ser inaugurado a no simplesmente uma tcnica ilusria de reproduo do movimento, e sim um conceito de espetculo que se sedimentou durante os dez ou vinte anos seguintes. Graas a interesses econmicos e ideolgicos, o cinema passou de um exerccio de escrita do movimento com a luz, para uma gramtica muito bem sedimentada e padronizada. Junto com esse modelo de narrativa, determinou-se tambm a situao-cinema. Nela, o pblico submetido a uma arquitetura de espectao estanque, que favorece a inatividade motora e a concentrao na obra em detrimento da interao social e de uma postura participativa do espectador. Desde o surgimento da televiso e da videografia, porm, essa situao-cinema vem sendo contestada. Com essas novas tecnologias, seguidas pelo advento dos aparatos digitais, o audiovisual deixou de estar confinado s salas escuras, poltronas confortveis e telas brancas. Todo e qualquer ambiente passou a ser uma paisagem de exibio audiovisual em potencial. Essa ruptura, por suas caractersticas estéticas, sociais, culturais, acabou encontrando na arte um campo de expanso. Ao longo dos ltimos sessenta anos, a quantidade de aparelhos audiovisuais em circulao, portteis, interativos s cresce. O resultado que o audiovisual se tornou nosso principal meio para trocas de informaes de toda ordem textual, visual, sonora etc. No seu dia-a-dia, o ser humano transita velozmente entre espao fsico e ciberespao sem qualquer constrangimento. A materialidade sempre um estmulo para acessar a virtualidade e vice-versa. Diante desse contexto cultural contemporneo, de onipresena do audiovisual e de permanente troca entre essas duas janelas, que este trabalho se posiciona. A busca aqui por desvendar o ponto em que as duas dimenses de espao e tempo se tangenciam e se mesclam. Deixam de ser ou para se tornar e. O pano de fundo para esse mergulho justamente um exerccio de explorao da potencialidade estética e criativa da exibio audiovisual entre todos os seus elementos constitutivos, incluindo a o espectador participador. Assim se criam os cinemas para paisagens