115 resultados para Portugal História Revolução, 1820
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma história da Psicologia Social no Rio de Janeiro no perodo compreendido entre as dcadas de 60 e 90. Iniciamos este trabalho discutindo a crise no campo da Psicologia Social que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos a partir de meados dos anos 60. No Brasil, a crise comeou a ter desdobramentos apenas na dcada de 70. Iniciava-se a crtica a Psicologia Social cognitiva norte-americana e a busca de novas teorias, metodologias e interlocutores no campo da Psicologia Social. No Rio de Janeiro, o principal representante desta perspectiva foi Aroldo Rodrigues. Sua principal opositora foi Silvia Lane. Em Minas Gerais, O Setor de Psicologia Social foi outro importante eixo de oposio. Ao longo da tese, buscamos compreender como alguns enunciados presentes nos anos 60 e 70, entre os movimentos de resistncia como o CPC da UNE, o Tropicalismo e a Teologia da Libertao, como crtica e alternativa aos ditames positivistas. Era necessria uma Psicologia Social que permitisse pensar a realidade social brasileira. As categorias universalizantes da Psicologia Social norte-americana, que pensavam o homem fora da história e da cultura, passaram a ser objeto de crtica. Como afirmamos, buscamos apresentar uma história da Psicologia Social no Rio de Janeiro no perodo histrico j definido anteriormente. Para isso, alm do levantamento de referncias sobre o tema fizemos entrevistas com vrios dos personagens que participaram desta mesma história, como professores, pesquisadores e alunos.
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A presente dissertao discute a representao do passado em A Costa dos Murmrios. Analisa-se a maneira pela qual o perodo colonial retratado na obra, investigando as estratgias utilizadas por Ldia Jorge, para conceber um registro diferenciado desse tempo histrico. A história de Portugal reavaliada criticamente, provocando uma ruptura com os padres ideologicamente estabelecidos. Verses at ento negligenciadas, passam a contribuir fortemente para um conhecimento pluralista do passado lusitano. O estudo revela a desconstruo do discurso oficial efetuada pelo romance, que relativiza as verdades propagadas pelo cnone. O trabalho verifica de que forma a narrativa de Jorge promove a articulao entre história e fico, problematizando a tradicional distino entre elas. Alm disso, procura-se identificar como o romance A Costa dos Murmrios dialoga com as inovadoras teses de Hayden White, Walter Benjamin, Linda Hutcheon, entre outras, surgidas no clima de renovao epistemolgica que se instalou a partir de meados do sculo XX
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Este o resultado de um trabalho desenvolvido que compe a tese de doutorado cujo tema est focado nas prticas de leitura presentes na sociedade maranhense no sculo XIX, com recorte entre os anos de 1821 a 1831, data da circulao do primeiro jornal e da instalao da primeira tipografia no Maranho, estendendo-se por todo o Primeiro Reinado quando a provncia comeou a vivenciar os debates polticos e as transformaes sociais, culturais e econmicas que lhe proporcionaram a construo de uma nova identidade. Trata- se de uma investigao histrica, tendo como fonte principal de pesquisa os jornais que circularam no Maranho nesse perodo, e como sustentabilidade os reclames neles publicados que forneceram pistas necessrias para o entendimento das questes suscitadas sobre a cultura escrita, principalmente a presena de protocolos de leitura que, de forma geral, circundam ou esto vinculados s prticas de leitura e cultura e de modo singular s pessoas, a fim de identificar as relaes estabelecidas na trade livro-leitor-leitura e, consequentemente, os desdobramentos sociais e pessoais, a partir do que era lido, produzido, veiculado ou comercializado entre os habitantes da provncia. Assim, houve tambm uma investigao de prticas sociais, incluindo aes, sujeitos e relaes sociais, instrumentos, objetos, valores, tempo e lugar, no haurindo absolutamente o passado, mas garimpando referenciais que auxiliaram a entender o presente. O texto refaz um pouco a trajetria da imprensa no Maranho, instituda com a finalidade de publicar o primeiro jornal maranhense O Conciliador do Maranho, cujo caminho tambm reconstitudo assim como o dos demais jornais que circularam no perodo pesquisado, mostrando que eles serviram, no s para aclarar ideias, mas tambm para fazer brotar ideais liberalizantes. O captulo-chave decorre das informaes extradas sobre os impressos produzidos pela imprensa local, os que estavam sendo comercializados pelo mercado maranhense, os que se encontravam no prelo local ou externo, os que se constituam em leituras dos intelectuais e jornalistas, considerados principais construtores das prticas de leitura dos maranhenses oitocentistas. Um panorama das instituies mediadoras do livro e da leitura fecha o circuito percorrido, mostrando que as artes como a msica, a pintura e o teatro serviram para delinear uma sociedade com peculiar formao crtica e que, as sociedades literrias, os gabinetes de leitura, as bibliotecas e as escolas pblicas ou particulares, foram, de fato, verdadeiros baluartes da boa educao e da liberdade dos povos.
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Esta tese tem como propsito analisar as relaes poltico-diplomticas entre Portugal e a Santa S na primeira metade do sculo XVIII, tendo como principal problemtica o corte das relaes diplomticas entre as duas cortes -, ocorrido entre 1728-1731. O episdio resultou, no nvel mais imediato, da recusa de Roma em conceder paridade a Portugal diante das outras cortes europeias, negando a ascenso do nncio apostlico Vicente Bichi, ao ttulo de cardeal. Tal poltica inseria-se em uma linguagem diplomtica tradicional, para a qual Roma permanecia o centro da cristandade e distribuidora de privilgios. A opo de D. Joo V em manter-se fiel a uma linguagem tradicional no o impediu de se apropriar e de utilizar uma linguagem moderna, expresso compartilhada pelos loci de poder setecentistas, representados pelas monarquias que se consolidavam na Frana, na Inglaterra, na ustria, na Prssia e at na Rssia, operando a partir de uma razo de Estado, a linguagem diplomtica moderna, que configurou o tabuleiro poltico europeu entre os congressos de Utrecht e de Viena. Linguagem esta que fora traduzida pelos embaixadores ou chefes de misso portugueses, o que permitiu a participao de Portugal nas grandes decises do perodo e consolidou a poltica de privilgio de D. Joo V, consagrando o monarca Fidelssimo e, consequentemente, o reino portugus numa Europa em transformao.
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A história do fado comea no sculo XIX e est entrelaada por diversas teorias sobre suas origens, as quais continuam sendo debatidas at hoje. Inserido a Lista Representativa do Patrimnio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO) em 2011, o fado considerado como o principal smbolo musical de Portugal, presente na vida quotidiana social e cultural de muitos portugueses, tendo superado fronteiras geogrficas, sociais, culturais, polticas e econmicas. Considera-se neste trabalho a importncia do Imprio Portugus e de suas colnias, como Moambique, Angola, Brasil e Goa, como contributos para o incio do processo da disseminao do fado pelo mundo, levando para os territrios ultramarinos fragmentos da cultura portuguesa a partir do sculo XV, bem como o desenvolvimento do capitalismo e a fluidificao das fronteiras que, atravs da mdia, globalizaram o fado, mundializando-o, e catalisando nele o processo de mestiagem entre as msicas das mais diferentes classificaes (VALENTE, 2007:94), e, a influncia dos fadistas, que com o surgimento das novas formas de comunicao possibilitaram a sua interao com outras culturas e, consequentemente, com outras canes. Destaca-se em sua trajetria a transformao de msica exclusivamente consumida pelos transgressores da lei e da moral msica representativa da cultura de um pas, deixando para trs as casas de m fama do sculo XIX e ganhando espao pelos palcos do mundo no sculo XXI. A indstria fonogrfica e tambm o rdio constituem ferramentas que colaboraram para o desenvolvimento do fado. O objetivo desta dissertao observar o fado na atualidade, recuperando sua história desde as origens no sculo XIX. Para isso identifica e localiza as diversas transformaes ao longo do tempo e personagens que se destacaram durante este percurso, mostrando como as tradies so reinventadas pelas novas geraes que, em vrios momentos, so responsveis pelo zelo e, muitas vezes, pela reinveno do fado como herana cultural. Nesta anlise a globalizao da cultura considerada como um poder redefinidor do significado de uma tradio. Alguns fadistas sero os pontos de referncia desta pesquisa, representativos de uma linha do tempo que se distribui em 200 anos de história. As letras de fado percorrero esta pesquisa com o intuito de ilustrar os pontos abordados. Como pesquisa cartogrfica apoiada no modelo dos rizomas proposto por Gilles Deleuze e Flix Guattari (2000), pretende-se analisar a história contempornea do fado, tendo como marco temporal a Revoluo dos Cravos decorrida em 25 de abril de 1974.
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Este trabalho tem como objetivo identificar os processos atravs dos quais a personagem Zarit, protagonista do romance A ilha sob o mar (ALLENDE, 2010), constri sua identidade de resistncia (CASTELLS, 2013). Sujeito subalterno por ser simultaneamente escrava, negra e mulher (SPIVAK, 2010), ela desenvolve estratgias verossmeis que lhe permitem sobreviver e enfrentar a opresso fsica e identitria tpica de sua condio na colnia francesa de So Domingos, atual Haiti, que vivia, poca, sob o domnio de um modelo poltico e social profundamente patriarcal, escravocrata e racista. A pesquisa assume a perspectiva desenvolvida em torno da literatura de autoria feminina na Amrica Latina (CUNHA, 2004; RAGO, 2004; VELASCO-MARN, 2007; WARD, 2007), segundo a qual, nessa produo especfica, desenvolvem-se representaes de mulher s quais so garantidas a voz e o empoderamento que lhes foram negados em outros contextos de escrita literria. Alinhando a noo de estranhamento desenvolvida pelo formalismo russo (CHKLOVSKI, 2013) com a do uso de procedimentos capazes de conferir literariedade narrativa (LUKCS, 1968), este trabalho verifica a configurao de condies que conferem obra o pertencimento ao contexto das produes desenvolvidas por autoras migrantes ou exiladas (SKAR, 2001). O conceito de hibridismo (CANCLINI, 2011) se soma a esse entendimento, articulando-se, nesta pesquisa, com a perspectiva multicultural de compreenso das identidades (HALL, 2005). Hutcheon (1991) fornece o arcabouo que nos permite o necessrio trabalho com o conceito de sujeito marginalizado e ex-cntrico. Para isso, utilizado tambm o embasamento terico oferecido por Castells (2013) no tocante ao desenvolvimento da noo de identidade de resistncia. As condies histricas e econmicas sob as quais se desenvolveu o regime vigente no ambiente em que se passa a narrativa so verificadas em James (2010) e Blackburn (2003). Para lidar com a vivncia religiosa e cultural experimentada pelos descendentes de africanos naquele contexto, a pesquisa se embasa nos argumentos trazidos por Capone (2011) ao debate acerca desse tema e, por intermdio dos estudos de Garauday (1980) e Lody & Sabino (2011), possvel angariar informaes relativas história e simbologia envolvidas nas danas de origem africana. O estudo dessas correntes tericas conduz concluso de que o romance A ilha sob o mar encena, na personagem Zarit, a construo de uma identidade de resistncia entre os escravos que, danando, celebravam seus deuses, permitiam o encontro das diferentes culturas das quais eram originrios e fortaleciam a rede de relaes, informaes e colaborao mtua entre os indivduos e as comunidades que pretendiam livrar-se do domnio do elemento europeu e de seu regime escravocrata
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Essa pesquisa tem como objetivo principal ajudar na compreenso da constante mutao das formas de dominao e de resistncia. Para tanto decidimos realizar uma investigao em torno de trs noes: projeto, autonomia e revoluo. Percebemos que essas noes se modificaram ao mesmo tempo em que se transformaram as prticas e os sujeitos coletivos que as reivindicam. Ou seja, se olhar para essas coletividades aponta para a reformulao de algumas noes, necessria essa reformulao para uma melhor compreenso dos sujeitos em luta. Nosso enfoque terico-metodolgico levou em conta trs caractersticas: so conceitos em disputa, histricos e que envolvem projees. Com isso em mente, percebemos a importncia da interpretao do significado atribudo pelos prprios sujeitos e de pensar a história tambm como o mbito do possvel. As reformulaes que decidimos compreender foram realizadas por coletividades prximas ao autonomismo, concepo poltica que coloca como central a construo de relaes autnomas. Para melhor compreenso dessas formulaes nos detivemos profundamente sobre o projeto dos zapatistas nos ltimos anos. Como concluso, chegamos a uma concepo de revoluo que se afasta das formulaes mais clssicas. Nesse outro significado central o cotidiano, o processual e a capacidade de todos os indivduos agirem autonomamente.
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Esta dissertao em História Poltica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), inserida na linha de pesquisa Poltica e Cultura um estudo sobre a historiografia brasileira tendo como elemento central a contribuio terica do militar do Exrcito Brasileiro e historiador Nelson Werneck Sodr, no tocante a modernidade (ou melhor, o desenvolvimento) no Brasil. A sua obra notabiliza-se pela necessidade de modificar as estruturas polticas, sociais e econmicas do pas, construdas ao longo de sua formao histrica, marcado pelo alinhamento das classes dominantes com o centro hegemnico, a sua intensa relao com o mercado externo e o seu mutualismo com o capital internacional. Escreveu extensa obra teoricamente fundamentada no marxismo-leninista, no af de superar as foras tradicionais, que em sua viso impediam o avano do pas na constituio de uma nao, dificultando uma poltica de industrializao independente, em contraposio a setores progressistas da sociedade brasileira. Atravs da concepo dialtica, do choque entre os opostos, no caso, o novo e o velho, no qual o primeiro era a Revoluo Brasileira e a sua anttese, o segundo, as foras da tradio: o latifndio e o imperialismo. Em nossa pesquisa tambm focamos a crise da Revoluo Brasileira, com a instaurao da ditadura, aps o golpe de 1964, que culminou com a derrota de um projeto de nao de toda uma gerao. Por fim observamos o intenso debate poltico-historiogrfico que a obra de Werneck Sodr foi submetida, alm do seu posicionamento.
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O presente trabalho acadmico aborda a situao e a relao da mulher no mercado de trabalho. Propomo-nos perceber como funciona a dinmica do mundo do trabalho e que impacto traz nas relaes sociais do indivduo e na identidade de um pas. A questo fundamental deste estudo, se a desigualdade de oportunidades afecta diferentemente em relao ao gnero e como vivida essa situao em cada um dos pases estudados: Portugal e Brasil. Centramo-nos especificamente, nos seguintes objectivos: identificar os agentes que determinam a existncia da discriminao sexual no mercado de trabalho, reforar a importncia de combater situaes discriminatrias para o desenvolvimento de sociedades benficas, justas e equitativas e finalmente promover o intercmbio de conhecimentos entre Portugal e Brasil. Com este trabalho de pesquisa terico-histrica e emprica, conclumos que a desigualdade de oportunidades existe em ambos os pases participantes. Deriva primordialmente, de factores econmicos, histricos e culturais ainda enraizados nas sociedades actuais. Nitidamente a mulher, ainda hoje, vtima de uma entrada e presena no mercado de trabalho mais difcil e precria comparativamente ao homem.
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A presente dissertao tem como objetivo descrever o Tratamento Moral desenvolvido por Philippe Pinel no perodo que se estende do final do sculo XVIII ao incio do sculo XIX em Paris. Trata-se de um novo mtodo de tratamento da loucura baseado na normatizao e em uma atitude mais humana de cuidado com o louco. O asilo torna-se smbolo desse modelo, hegemnico por mais de um sculo. Neste estudo, pretendemos descrever o que foi o Tratamento Moral, quais os fundamentos deste mtodo e, principalmente quais as mudanas que engendrou na prtica do cuidado da loucura. Para tanto, faremos uma breve descrio do tipo de tratamento dado ao louco no perodo que antecede o surgimento do Tratamento Moral em Paris. Com o Tratamento Moral, nasce a Psiquiatria como especialidade mdica, surgem o alienista e o alienado, o asilo transforma-se em local de cura da loucura e a relao mdico-paciente da seus primeiros passos. A partir de uma anlise bibliogrfica de fontes primrias e secundrias buscamos oferecer aos interessados neste tema dados sobre as bases e as prticas do tratamento iniciado por Pinel, parte da história da psiquiatria e da loucura que so constituintes da realidade psiquitrica atual.
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A dissertao comenta criticamente as interpretaes recentes referentes ao vitalismo no sculo XVIII, dedicando ateno especial aos Nouveuax lments de la Science de lHomme (publicado primeiramente em 1778), de Paul-Joseph Barthez (1734-1806). At a segunda metade do sculo XX, como primeiramente argumentado nesta dissertao, intrpretes do iluminismo entendiam a doutrina mecanicista como a herdeira direta da Revoluo Cientfica, bem como a corrente dominante no mundo das cincias da vida ao longo de todo o sculo XVIII. Assim, na historiografia do sculo passado, o vitalismo era ou escassamente mencionado, ou visto como uma retrgrada corrente anti-iluminista. Mais recentemente, vrios historiadores e pesquisadores da história das cincias no sculo XVIII (sobretudo Williams e Reill) entendem o iluminismo de um modo mais amplo e plural, considerando o vitalismo iluminista (um termo proposto por Reill) como parte integrante de um conceito mais dinmico de iluminismo. A seguir, so apresentados a doutrina mecanicista e seus conceitos centrais, bem como as ideias de alguns dos principais representantes do mecanicismo no sculo XVII e incio do XVIII, no caso, mais especificamente, do mecanicismo newtoniano. Em seguida, so expostos e comentados a doutrina vitalista e seus conceitos, no que dado destaque ao vitalismo na Universidade de Montpellier. Nesse contexto, so comentados conceitos vitalistas, tal como apresentados nos Nouveuax lments de la Science de lHomme, no qual Barthez prope uma nova fisiologia baseada no princpio vital; nisso so apresentados sua metodologia de pesquisa, o conceito de princpio vital, as foras sensitivas e motrizes do princpio da vida, alm dos conceitos de simpatia, sinergia e, por fim, o conceito de temperamento. Esses conceitos ou essa terminologia , tal como mostrado, no so originalmente concebidos por Barthez, mas foram por ele reapropriados e reformulados em debate com o newtonianismo e demais correntes filosficas mdicas desde a Antiguidade at o sculo XVIII, assim como com observaes e experimentos prprios s investigaes mdico-cientficas da poca. Como resultado, alcanada uma compreenso da doutrina vitalista como um esforo intelectual inovador tanto interagindo quanto integrado com o debate cientfico contemporneo, ou seja, os mdicos vitalistas se viam e, em geral, eram vistos como atuando segundo os padres de cientificidade exigidos por seus pares.
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O estudo desenvolvido nesta tese teve por inteno investigar a relao entre a questo da arte e a história do ser, tal como esta ir progressivamente se construir na obra de Martin Heidegger, sobretudo a partir de meados da dcada de 1930. Com isso, pretendeu-se identificar e destacar o papel fundamental que a abordagem desta questo deteve para a chamada viragem (Kehre) e os rumos posteriores da obra deste filsofo, conduzindo seu pensamento para alm dos limites da analtica existencial empreendida em Ser e Tempo (1927) e em direo construo da chamada "história do ser" e questo do acabamento da metafsica como niilismo, na ltima fase de seu pensamento e em obras como o Beitrge zur Philosofie (1938). Para tal, partimos da investigao do ensaio A origem da obra de arte, publicado em meados da dcada de 1930, devido ao carter central (no apenas em sentido cronolgico) que esse texto ocupa para a abordagem do problema, posto nele Heidegger empreender a reviso de conceitos como Zuhandenheit e Vorhandenheit, de modo a assim abrir lugar, em sua ontologia, para este ente que a obra de arte , com isso permitindo que o acontecimento do ser pudesse vir a ser pensando em novas bases e em perspectiva histrico-hermenutica.
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A soberania j foi conceituada de diversos modos ao longo da história. Apesar disso, no deixou de ser a categoria mais elementar do direito internacional; expressando o fundamento de atuao dos Estados, foi atravs da soberania que o direito internacional se desenvolveu do Sculo XVII at os dias de hoje. Isso evidencia uma distino entre o contedo da soberania, quer dizer, o seu modo de manifestao, o seu conceito, que se altera em cada perodo histrico, de um lado, e, do outro, a forma jurdica internacional expressa pela soberania, que se mantm intacta e que existe independentemente do contedo que lhe dado, quer dizer, o lugar que ela ocupa no direito internacional. Atravs da anlise do conceito de soberania fornecido por trs autores clssicos de diferentes perodos histricos Hugo Grotius, Pasquale Mancini e Hans Kelsen o presente trabalho tem por objetivo demonstrar o carter ideolgico de cada teoria e, conseqentemente, sua inexatido. Para faz-lo, foi adotado o mtodo materialista dialtico, atravs do qual a produo de idias por parte do homem deve ser observada nos limites das suas condies de existncia e as idias produzidas como um reflexo consciente do mundo real. Cuida-se, assim, de observar o direito de superioridade afirmado por Grotius nos limites das condies de existncia humana que se alteravam com a transio do feudalismo para capitalismo, e extrai-se o seu sentido da luta entre a Igreja e os monarcas que iam centralizando sob si o poder. Da mesma forma, observa-se o direito de nacionalidade de Mancini sob as condies de existncia propiciadas pelo amadurecimento das classes sociais do capitalismo na Europa Ocidental como fruto da Revoluo Industrial, extraindo-se seu sentido das lutas revolucionrias por libertao nacional que ali se desenrolavam. O carter essencialmente limitado da soberania de Kelsen, enfim, ser observado no contexto da passagem do capitalismo para sua poca imperialista, como um reflexo consciente dos desenvolvimentos experimentados pelo direito internacional no fim do Sculo XIX e incio do Sculo XX, aps a Primeira Guerra Mundial. Assim, alm de demonstrar o carter ideolgico e a inexatido dos conceitos mencionados, busca-se demonstrar que o contedo da soberania em cada perodo histrico analisado encontra sua razo de ser na correspondente fase de desenvolvimento do capitalismo e que a forma jurdica soberania, isto , o lugar que ela ocupa no direito internacional, determinado pela necessidade do capitalismo de um instrumento de fora que assegure a acumulao de capital, o Estado soberano.
Resumo:
O propsito desta dissertao apresentar uma anlise da pobreza e da mobilidade social na obra de Ea de Queirs no perodo de 1878 a 1888. Para tanto, examinaremos os personagens pobres, refletindo sobre seu papel na diegese, sua construo no texto e sua influncia na concepo artstica do autor; sobre a subjacente viso de mundo que nelas se expressa; e, finalmente, confrontamo-las, enquadradas no que tem sido considerado esttica realista-naturalista. Esta pesquisa justifica-se pela proposta de criao de um novo foco de anlise dentro da crtica queirosiana: aquele voltado s personagens que se dedicam de modo especfico ao trabalho, e, ao faz-lo, revelar a perspectiva do romancista relativamente sociedade e ao momento histrico. O estudo que fazemos de alguns estratos sociais pouco valorizados (o pessoal domstico, por exemplo) uma lacuna nos estudos queirosianos. Algumas das personagens que acompanhamos passam quase despercebidas nos romances. Com exceo de Juliana, de O primo Baslio, tm interveno mnima na ao. Ainda assim tm uma caracterizao bastante elaborada, mesmo que por vezes com poucos traos, e no deixam de compor uma viso mais alargada da sociedade portuguesa do sculo XIX, desmentindo a ideia ainda hoje corrente de que Ea teria posto nos seus livros apenas os extratos sociais privilegiados de seu tempo. Para alm da designao to vaga de crtico social, Ea testemunhou um processo de transformao de um mundo em runas, que j no podia mais ser o que sempre fora
Resumo:
Este trabalho se prope analisar a construo da obra de Alexandre Herculano como historiador, que teve incio com a publicao de inmeros artigos no jornal O Panorama e na Revista Universal Lisbonense. Nesses textos, procuramos perceber as reflexes iniciais que levaram a um projeto de maior flego intelectual, a História de Portugal, publicada em um momento de emergncia das nacionalidades e da formao das conscincias nacionais. Nesse sentido, procuramos perceber como Herculano concebeu a sua história analisando sua trajetria como historiador/poltico em meio s graduais transformaes sociais que ocorriam em Portugal sua poca. Assim, propusemo-nos pensar o Alexandre Herculano poltico em constante dilogo com a conjuntura daquele perodo, tendo como referncia a sua atuao social e a sua interveno textual no processo ento em curso.