250 resultados para Vieira, Antonio, 1608-1697 Crítica e interpretação
Resumo:
Nosso objeto de estudo a obra A Varanda do Frangipani, de Mia Couto, importante autor moambicano. Temos retratados nesse livro a histria de uma ptria espoliada pela colonizao e pela guerra civil. Contudo, a narrativa, mesmo que retratando um momento real da histria, ganha ares de realismo fantstico graas forma como contada. As metforas absolutas (Hans Blumenberg) como a gua, o sal, o buraco e os smbolos permeiam toda a narrao, a linguagem de to metafrica torna-se nublada, complexa e plena de plurissignificao. Alm disso, h na obra a construo da paisagem desse pas atravs tambm da metfora da fortaleza que representa a degradao total de Moambique. Dividimos nossa anlise em duas partes: O Real da Histria, que o estudo da linguagem, das metforas e da simbologia (Chevalier e Bachelard) que circundam a obra, e em A Histria do Real, na qual teremos a histria que permeia realidade narrada pelo autor. Aqui analisamos a paisagem heterotpica da fortaleza e baseamo-nos nas teorias de Foucault e de Denis Cosgrove
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O presente trabalho discute como os conceitos do Fantstico se desenvolvem na obra em prosa do escritor modernista portugus Mrio de S-Carneiro, comparando duas perspectivas tericas distintivas sobre o tema. Uma dessas possibilidades implica perceber o Fantstico como um gnero literrio numa perspectiva histrica , admitindo-o de forma mais restrita e restritiva; outra, como um modo discursivo numa perspectiva a-histrica , de carter mais abrangente e acolhedor. A partir desses diferentes pressupostos, objetiva-se, estudando um conjunto de quatro narrativas curtas do autor (Loucura e Incesto, do livro Princpio, e A grande sombra e A estranha morte do Professor Antena, de Cu de fogo), averiguar a forma como S-Carneiro, valendo-se do recurso s estratgias de construo narrativa do Fantstico, alm de poeta, torna-se um cone da prosa portuguesa na viragem do sculo XIX para o XX, estabelecendo um referencial para a Literatura Fantstica em Portugal. Para realizar este estudo, foram utilizados conceitos tericos de Tzvetan Todorov, Filipe Furtado, Irne Bessire e, tangencialmente, de outros variados estudiosos do Fantstico da contemporaneidade
As Recordaes de Itlia (1852-1853), de A. P. Lopes de Mendona: uma obra poltica: edio e estudo crtico
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Antnio Pedro Lopes de Mendona, escritor romntico de postura liberal radical, que fez da literatura seu meio de subsistncia, produziu uma escrita que flertou com muitos gneros, da crnica-folhetim ao romance porm sempre permeada pelo vis poltico. Defendeu o Romantismo como um movimento extraliterrio que ajudou a impulsionar transformaes cruciais na sociedade portuguesa e, filiado poltica jacobina, foi um dos precursores dos ideais socialistas em Portugal. Fez oposio Regenerao, por entender que os esforos deste governo eram insuficientes s necessidades do pas, e soube reconhecer, posteriormente, as mudanas promovidas por ele, defendendo os regeneradores em comparao com os absolutistas. Foi considerado ultrarromntico por muitos autores, o que consideramos uma classificao reducionista, por no ter em conta um aspecto fulcral da obra deste autor: o objetivo de formar leitores crticos, o compromisso civilizacional, de conscientizar e de ser combativo s injustias de sua poca. Usou a ironia a seu favor, como uma arma de pensamento, para acomodar, nas entrelinhas de seus romances, suas críticas sociedade que se apresentava. Tendo percorrido uma Itlia ainda no unificada, na viagem que inspirou as Recordaes de Itlia, pde perceber como a falta de unidade dos grupos revolucionrios em torno de um mesmo ideal era empecilho unificao daquele pas e convocou, por meio de seu jornal Eco dos Operrios, as classes menos favorecidas busca por justia social, dando espao a textos dos prprios trabalhadores e incutindo neles a importncia da soma de foras por uma causa nica. Morreu como louco, certamente no por no aceitar e por no se adequar s hipocrisias e injustias que lhe eram impostas por aquela sociedade
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O mundo transforma-se constantemente, assim como tudo o que nele est inserido. A evoluo da economia possibilitou uma maior integrao do mercado financeiro, tornando o ambiente de negcios nico e global. cada vez mais comum o ingresso de recursos estrangeiros nos mercados de capitais nacionais, bem como fuses e aquisies entre companhias de pases distintos e com caractersticas prprias. Essas empresas, por sua vez, esforam-se em adotar normas que atendam aos stakeholders, sem perder a obrigatoriedade de apresentar suas demonstraes contbeis em conformidade com as caractersticas do pas em que esto sediadas. Com a unificao dos pases da Europa em um nico bloco econmico, vislumbrou-se a possibilidade de desenvolver normas que pudessem ser compreendidas e interpretadas pelos diversos usurios destas demonstraes contbeis, em qualquer lugar do globo. Assim criadas, as normas de IFRS International Financial Reporting Standards buscaram a reduo de diferenas nas metodologias contbeis e na forma com que so divulgadas em cada pas, permitindo a comparabilidade e evidenciao das informaes ao mercado. O IFRS, atualmente, j adotado por mais de 100 pases no mundo. No Brasil, em 28 de dezembro de 2007, promulgou-se a Lei 11.638 eliminando barreiras regulatrias que impediam a insero total das empresas brasileiras no processo de convergncia contbil internacional e aproximando sua legislao referente s normas contbeis s do mundo globalizado. O objeto do presente estudo apresentar as principais mudanas decorrentes dessa adoo e seus impactos na contabilidade das empresas brasileiras, tomando como exemplo a empresa Vale, multinacional brasileira com alto volume dirio de negociaes de suas aes em Bolsa de Valores, grande parte de investidores estrangeiros. Os assuntos controversos, definies e entendimentos que ainda sero deliberados at 2010, evidenciam que no houve tempo hbil para a discusso e preparao das empresas, do fisco, de profissionais do mundo empresarial e acadmico, dos contadores e auditores, bem como dos rgos reguladores. Apesar das aparentes dificuldades, o Brasil deu um grande salto na qualidade das informaes prestadas e aproxima-se dos grandes investidores globais, capacitando-se para receber recursos que possibilitem o seu crescimento econmico e o seu papel no cenrio mundial.
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As narrativas Dois irmos e rfos do Eldorado, de Milton Hatoum, esto cercadas pelo ambiente dos rios, espao fluido, aquoso, profundo, que representa o limite entre a vida e a morte. O rio, cenrio mtico, simblico para o material ficcional das narrativas, metaforicamente tambm pode ser entendido como o lugar mais ntimo e profundo do ser, onde os personagens so levados a uma imerso, um voltar-se para si mesmo. Espao de transcendncia, permitida pelo mergulho na memria, que, assim como os rios, dinmica, instvel, fluida. Temos nos livros de Hatoum narradores em primeira pessoa que se dedicam a recompor os fios dos tempos atravs de relatos, num processo solitrio, por vias da memria. Eles fazem um mergulho no ntimo do homem e descobrem sua condio humana, frgil. Num trabalho de catarse e de autorreflexo, alimentado pela memria, eles se descobrem estranhos a si mesmos, uma vez que, ao reconstruir a prpria histria, o sujeito est calcado no momento presente. O eixo temporal da narrao , desse modo, presente-passado. Nesse sentido, h importncia em compreendermos que a memorizao exige estratgias. Os contos, os ritos, os mitos, as fbulas fazem parte desse conjunto de estratgias, que, atravs de imagens e smbolos, transmitem, de gerao em gerao, a realidade de um povo, em tempo e espao diferentes. verdade que os narradores de Dois irmos e rfos do Eldorado contam histrias particulares, mas eles o fazem se valendo dos elementos de que a memria individual e coletiva dispem, memrias estas permeadas pelo ambiente em que esto inseridos. Entendemos, portanto, que estudar a memria estudar a cultura e a histria vivida de cada sujeito e de seus grupos. Quando se entende que a memria de um indivduo tambm a de sua regio e dos grupos de que faz parte, considera-se o processo memorialstico como uma construo coletiva. Isso significa que a memria individual parte da memria coletiva. Desse modo, nos textos estudados, pelo vis da memria que se entrelaam espaos e tempos num lugar em que o rio se coloca entre os mundos narrados
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O presente trabalho tem por objetivo o estudo crtico-terico da comediografialatina pr-clssica e portuguesa humanista nas figuras de Plauto e Gil Vicente,considerando os aspectos relativos ao conceito de famlia, de casamento e de vidaprivada. Investigando as obras "" e "Comdia do Vivo", realizamosAululariainicialmente um minucioso estudo da funo e importncia social destes conceitosnos contextos especficos da Roma Antiga, no perodo republicano, e de Portugal natransio da Idade Mdia para o Renascimento. Procedendo ento a anlises dasobras, luz dos temas propostos, identificaremos como se expressam nodesenvolvimento temtico no interior da encenao. A partir do conceito decomicidade e possveis estratgias para sua obteno fundamentadas em tericoscomo Henri Bergson e Vladimir Propp, procuramos encontrar pontos deconvergncia e divergncia entre os tratamentos temticos dos autores de modo aelucidar tambm a influncia do modo de pensar social como elemento decisivo daexpresso literria. Tal estudo do elemento cmico ser aprofundado tendo comoponto de partida trabalhos filosficos e tericos de Gilles Deleuze, Mikhail Bakhtin eFriedrich Nietzsche
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A proposta desta dissertao investigar o trabalho artstico de Tarsila do Amaral, sua obra plstica como tambm sua obra escrita. Esta pesquisa se prope a compreender de que maneira sua pintura, elaborada como um desenho, com cores delimitadas por fios e imagens geometrizadas adquire uma dependncia a uma narrativa de cunho literrio. Tarsila do Amaral, pintora modernista, parece organizar os espaos em suas pinturas ao construir linhas, elaboradas cuidadosamente, imprimindo um aspecto aparentemente cerebral ao seu trabalho. Assim, partindo dessas duas formas de arte, imagem e texto, que dialogam entre si na obra da pintora, surgiu a necessidade de escrever a dissertao em forma de crnica. Ao longo da pesquisa este gnero literrio demonstrou ser a forma mais adequada para lidar com o objeto de estudo, pois, escrever crnicas tendo como ponto de partida os quadros e textos de Tarsila do Amaral permitiu um olhar mais detalhado e demorado sobre sua obra, possibilitando tambm lidar com todos os aspectos de sua vida que tangenciaram sua arte. Parece importante perceber as influncias estrangeiras em sua formao como pintora e sua busca por uma identidade como artista. Ressaltando o aspecto ldico de sua obra, as crnicas a seguir buscam compreender como uma pintura racional pode gerar um resultado prximo a uma imagem infantil, especialmente no perodo Pau-Brasil. J na fase Antropofgica, o foco de estudo se concentrou na tela Abaporu, em sua elaborao, inspirao e desdobramentos como movimento literrio e artstico. Assim, vinte e uma crnicas proporcionam um panorama de aspectos relevantes na obra de Tarsila do Amaral desde o incio de seus estudos de desenho at o perodo em que j recebia o devido reconhecimento por sua obra artstica
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Em seu ensaio de 1924, Mr Bennet and Mrs. Brown, Virginia Woolf declara que por volta de 1910 o carter humano mudara. A presente tese, seguindo o apontamento da ensasta Woolf, pretende entender as mudanas promovidas nas duas primeiras dcadas do sculo XX, na Inglaterra, a partir da vida dos artistas e amigos que ficariam eternizados como o Bloomsbury Group. Em nossa primeira parte, apontaremos em que sentido, ao adotar o mtodo ps-impressionista, o Bloomsbury Group alarga as discusses da teoria do conhecimento que fervilhava em Cambridge. Anlogo ao silncio dos quadros, agora totalmente formalistas, apontaremos que a linguagem de resistncia de Bloomsbury parece ter sido antecipada pela vida de duas de suas artistas: elas so a prpria Virginia Woolf e sua irm, Vanessa Bell. A partir dessa suposio, de que haja uma conexo entre a vida das mulheres de Bloomsbury e a natureza refratria do grupo, comearemos uma discusso, j em nossa segunda parte, de como o silncio que marca o feminino construdo historicamente ganha um status de uma nova linguagem na prosa de Virginia Woolf. Nesse momento, tal silncio da prosa parece comparvel prpria linguagem potica, e aqui Virginia Woolf dialoga com o futuro, representado por Jean-Paul Sartre. Aps marcarmos o que seria a prosa potica, ou poesia prosaica, de Woolf, apontaremos por fim a relao entre essa escrita do silncio e o conceito de mente andrgina em Virginia Woolf, relao esta mediada pelo movimento que seria chamado de criture fminine, representado pela francfona Hlne Cixous, entre outras
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A presente dissertao fruto da pesquisa de mestrado realizada sobre o poema Ode martima, de lvaro de Campos, heternimo do poeta portugus Fernando Pessoa. O poema foi estudado luz de consideraes tericas que pudessem sustentar o teor artstico do citado poema, para alm de um posicionamento estritamente analtico. Em outras palavras, as contribuies tericas de Walter Benjamin, Philippe Lacoue-Labarthe, Theodor W. Adorno, entre outros, visa propocionar um discurso de pesquisa que seja potico, respeitando a manifestao literria em questo o poema. Nesse sentido, Ode martima apresentou, ao longo da pesquisa, diferentes temas. Tais temas foram estudados, com o embasamento terico referido, separadamente. So eles: Imaginao, Cais Absoluto, Sonho, Fora e Infncia. Para cada tema, um captulo foi elaborado. Todos os temas pesquisados confluem para a apreenso da potica de lvaro de Campos uma vez que Ode martima um poema singular e fundamental da obra potica do citado heternimo. Desse modo, a pesquisa realizada no se limita abordagem do citado poema, mas alcana demais poemas de lvaro de Campos, de modo que se torna possvel conjeturar acerca da poesia deste heternimo. Partindo, portanto, de um poema, a pesquisa pretende poder dimensionar a obra de lvaro de Campos, pontuando suas particularidades trazidas pela Ode martima, mas tendo cincia de que trata-se de uma proposta entre tantas outras vlidas e enriquecedoras.
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Este trabalho uma anlise da organizao do texto luz da articulao dos tempos do verbo. O corpus constitudo por dez crnicas de Rubem Braga. Procede-se inicialmente a uma breve explanao comparativa dos conceitos de verbo, tempo e modo segundo a forma de ver da gramtica tradicional, aqui representada por obras da autoria de Rocha Lima, Celso Cunha e Evanildo Bechara. Para uma viso atual, usa-se a gramtica de Jos Carlos de Azeredo (2010). Tendo em vista a flexibilidade formal do gnero crnica, especialmente quando tratada como obra literria, foram selecionados textos com caractersticas bem variadas para mostrar os diferentes usos do tempo verbal. Os conceitos de discurso e histria, segundo Benveniste, e de mundo comentado e mundo narrado, conforme a terminologia de H. Weinrich, foram levados em considerao, j que a crnica de Rubem Braga combina com frequncia episdios e reflexes do enunciador
Resumo:
Este trabalho tem por finalidade analisar a concepo da loucura nos livros Memrias Pstumas de Brs Cubas, Quincas Borba e O Alienista. A anlise destas trs obras pretende mostrar o empenho de Machado de Assis em desmascarar as imposturas arquitetadas pela racionalizao e que foram sancionadas pelo prestgio social da cincia. O trabalho, em resumo, se dividir em trs partes: na primeira, farei uma reconstruo da fortuna crítica do autor, em seguida, discutirei a abordagem machadiana sobre a cincia e a loucura; e finalmente, focalizarei o uso da linguagem irnica nas obras, como forma de evidenciar aspectos da crítica machadiana Cincia. Ao se traarem tais relaes, podemos contribuir para uma viso mais rica e complexa dos saberes psicolgicos no Brasil no fim do sc. XIX e levantar algumas hipteses sobre o posicionamento de Machado frente s idias de seu tempo. Como resultado, destacamos o modo como o escritor desenvolve e articula em sua fico a noo de inconsciente. Alm disso, sua obra mostra-se um terreno privilegiado para uma representao mais complexa e unitria do ser humano, no apenas como ser psicolgico, mas tambm como ser social, histrico, poltico, moral, biolgico, em suma: o homem vivente. A fico, justamente por mostrar as personagens no tempo e no espao, revela como a conscincia e os comportamentos se do na dinmica entre homem e mundo, e entre o homem e os outros homens. Alm disso, Machado de Assis refletiu em sua obra a relao entre linguagem e a conscincia. E foi mais longe ao explorar os limites da linguagem para se descrever a interioridade humana
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Essa dissertao tem como objetivo a leitura comparativa dos contos de fadas da escritora inglesa Angela Carter, contidos no livro O quarto do Barba Azul, e os da talo-brasileira Marina Colasanti, presentes em livros como Uma ideia toda azul, Entre a rosa e a espada, Doze reis e a moa no labirinto do vento. Foram analisadas os modos pelo quais as duas autoras, atravs da reescrita dos contos de fadas, resistem a morte do narrador tradicional descrita por Walter Benjamin e criticam a sociedade patriarcal, revelando, naturalmente, uma postura feminista. Identificou-se, ainda, como estratgias poticas comuns escrita de ambas as autoras, aspectos intertextuais como a pardia, o palimpsesto e o pastiche
Resumo:
Neste trabalho, pretende-se identificar o funcionamento do adjetivo qualificador como elemento capaz de estabelecer e modificar comportamento (s). Nossa hiptese inicial a de que Nelson Rodrigues (2007) explora a capacidade que apresenta a subclasse qualificador para estabelecer o dilogo com o interlocutor. Constataremos, a partir da anlise de sintagmas nominais compostos, em sua maioria, por substantivo abstratoadjetivo, que o adjetivo no s desfaz a abstrao presente no substantivo, como tambm influencia no encaminhamento da proposta a ser compartilhada entre os sujeitos do discurso. Observaremos a relevncia do nome para o projeto de argumentao, visto que Nelson Rodrigues estrutura enunciados em que a alternncia entre substantivos e adjetivos do mesmo campo lexical recorrente. Analisaremos a seleo dos adjetivos como recurso utilizado pelo comunicador com vistas mudana comportamental do interlocutor. Percorreremos a teoria da argumentao a partir de Aristteles no que se refere preocupao com a elaborao da forma para construir significado. Constataremos, com base na anlise dos sintagmas organizados por Rodrigues, que a seleo lexical, a inverso de estruturas, o rompimento com a norma, todo recurso vlido para a concretizao do projeto de fala do escritor
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O objetivo desta dissertao investigar o vis coletivo da autobiografia ficcional de Face of an angel, da escritora estadunidense e de origem mexicana Denise Chvez. Desse modo, o trabalho pretende discutir a sociedade chicana descrita sob a tica da narradora/protagonista, Soveida Dosamantes, investigando desde o processo histrico de que resultado, passando pela iniquidade entre os papis desempenhados por homens e mulheres at chegar ao discurso autorreferencial com que a narradora/protagonista representa o ambiente cultural em que se insere. Antes da narrativa propriamente dita, h a rvore genealgica da narradora/protagonista, assinalando que o que vai se descortinar ao longo da leitura uma saga de famlia. Assim, Soveida Dosamantes utiliza a sua ambincia domstica, bem como a comunidade da fictcia cidade de gua Oscura, sua cidade natal, como recorte de uma estrutura social maior. Fazendo uso do discurso autobiogrfico, a narradora/protagonista criada por Denise Chvez expe as mazelas de uma comunidade que, em virtude ser produto do colonialismo e do neocolonialismo, perdeu sua identidade cultural. Em Face of an angel, atravs do relato em primeira pessoa de sua narradora/protagonista, a autora Denise Chvez reproduz o universo em que nasceu e cresceu. Cedendo a Soveida Dosamantes componentes autobiogrficos como complicadas relaes familiares, personagens femininas nativas que funcionam como sentinelas de prticas ancestrais que o domnio europeu apagou, personagens masculinos que mascaram sua fragilidade por trs de uma fora e de um poder aparentes, Chvez representa em Face of an Angel o microcosmos de uma comunidade que vem, aos poucos, subvertendo o discurso oficial e conquistando o seu terreno no panorama poltico e social estadunidense
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Esta dissertao tem por objetivo investigar como Alice Munro e Margaret Laurence se apropriam de gneros cannicos, especificamente do Bildungsroman e do Knstlerroman, para subvert-los e representar verses diferentes do sujeito feminino atravs de romances de cunho autobiogrfico escritos por mulheres. A investigao focada em dois romances: Lives of Girls and Women (1971), escrito por Alice Munro, e The Diviners (1974), escrito por Margaret Laurence. No romance de Alice Munro, as estratgias de apagamento das fronteiras entre gneros, a ideia de que perspectivas de realidade mudam de acordo com a experincia e a memria de cada indivduo, como tambm a nfase no desenvolvimento da protagonista enquanto pessoa e escritora, so assuntos amplamente discutidos. No romance de Margaret Laurence, a nfase no aspecto subjetivo da memria, a desconstruo de esteretipos de gnero e a renegociao da representao do sujeito feminino para o alcance de uma identidade feminina autnoma na vida e na arte so os principais assuntos investigados. Em vista disso, esta dissertao visa mostrar como a representao da identidade feminina redefinida por duas escritoras canadenses que se apropriaram de discursos dominantes para subvert-los e, ento, reescreverem suas histrias