Visões da Europa nas memórias de um fidalgo de Chaves (1510-1517). Sociedade, quotidiano e poder num manuscrito inédito do século XVI


Autoria(s): Lopes, Paulo Esmeraldo Catarino
Data(s)

07/03/2013

2012

Resumo

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História (Especialidade: História Moderna)

21 de Maio de 1510, um anónimo fidalgo criado do 4º duque de Bragança, D. Jaime, parte de Chaves em direcção a Roma, para só regressar a Portugal em Setembro de 1517. Após o seu regresso redige um extenso relato tradicionalmente conhecido como Memórias de um Fidalgo de Chaves. Partindo da única cópia manuscrita conhecida deste original perdido em língua portuguesa, cuja caligrafia situa cronologicamente na segunda metade do século XVI, procedemos à transcrição e estudo integral e sistemático deste precioso e singular documento, por um lado, representativo de uma época e de um espaço cruciais da história europeia, e, por outro, testemunho privilegiado, diríamos mesmo em muitos aspectos, único, de um olhar “português” sobre a Roma do Renascimento, no dealbar do século XVI. Ao longo das sete partes que compõem esta dissertação procurámos destacar outras tantas problemáticas inerentes à construção do texto pelo seu autor. Assim, num primeiro momento, indagamos do valor da fonte enquanto documento histórico, ou seja, enquanto reflexo da época que pretende descrever. A segunda parte, por sua vez, polariza-se em torno da questão da autoria e da identidade onomástica do fidalgo de Chaves. Em seguida analisamos uma temática transversal a todo o texto: o poder. É nossa intenção aqui explorar tal tópico nas suas múltiplas expressões e evidências, com particular destaque para as embaixadas à cúria pontifícia onde a festa, a propaganda e a simbólica do poder são núcleos estruturantes, o novo modelo do príncipe que marca o início do Estado moderno e a própria cúria romana com todo o seu pragmatismo e uma ampla rede de cumplicidades e de poderes em exercício. O quarto grande momento do nosso estudo explicita o contexto militar da época pela voz do fidalgo de Chaves. No seu relato o autor flaviense dá a ver como, no quadro do confronto das potências emergentes, a Espanha e a França, os destinos políticos da Europa são decididos no teatro maior do desenvolvimento das Guerras de Itália (1494-1559). Da descrição dos conflitos armados ao apelo às guerras de Cruzada, passando pelos novos armamentos e a inovadora linguagem da arquitectura militar que impera em Itália, nada escapa ao olhar perscrutador do fidalgo e ao seu implacável, mas também emotivo, juízo crítico. Uma quinta parte visa a heterogénea sociedade romana e o seu intenso quotidiano, bem como tópicos estruturantes no conjunto da fonte como a diplomacia, o novo tipo social do homem de corte, o património construído romano e o cosmopolitismo romano de Quinhentos. Já o sexto passo do nosso trabalho incide na leitura crítica dos exercícios de alteridade presentes no documento. Finalmente, a sétima e última parte da nossa dissertação consiste na transcrição e fixação integrais do texto manuscrito das Memórias de um Fidalgo de Chaves, um passo imprescindível ao seu estudo e à sua utilização por outros investigadores.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/9090

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Relação

Apoio financeiro da FCT e do FSE no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio

Direitos

restrictedAccess

Palavras-Chave #Europa #Roma #Poder #Sociedade #Quotidiano #Guerra #Cúria #Papado #Alteridade #Visão do Outro #Encontro civilizacional
Tipo

doctoralThesis