Tradução, Videojogos e Racismo


Autoria(s): Albuquerque, Ricardo Temporão
Data(s)

11/07/2012

11/07/2012

01/12/2011

Resumo

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Tradução – Área de Especialização em Inglês

A indústria GILT (Globalization, Internationalization, Localization and Translation) é a indústria associada à tradução mais lucrativa do século XXI, com milhares de videojogos, websites e software localizados em todo o mundo. Dentro deste contexto, a localização de videojogos tem um papel decisivo no sucesso comercial deste género de entretenimento. De acordo com a GIA (Global Industry Analysts), existe uma estimativa que aponta para o valor de 91,96 mil milhões de dólares de um mercado global de videojogos em 2015. Desse valor, aproximadamente 30-45 mil milhões de dólares (cerca de 30-50%) são atribuídos ao mercado internacional, o que leva as produtoras e as distribuidoras a ponderar cuidadosamente a sua estratégia de distribuição de videojogos para o estrangeiro, sendo a localização um fator-chave para o sucesso comercial dos títulos lançados. Através de um estudo de caso dos mercados da localização português e global, no primeiro capítulo da presente dissertação, analisamos a forma como os videojogos localizados para português são encarados pelos consumidores portugueses, a importância que estes atribuem à localização para a sua língua materna, a influência de mercados paralelos no mercado tradicional retalhista das lojas portuguesas como o mercado cinzento, e a valorização ou desvalorização estética da localização de videojogos em português quando equiparada a um original inglês que segue os modelos do cinema de Hollywood. No segundo capítulo da dissertação, partimos do adágio italiano que se popularizou nos Estudos de Tradução, traduttore, traditore, e adaptamo-lo à argumentação que pretendemos demonstrar com a forma traduttore, dittatore. O exercício de poder do tradutor advém da tradução enquanto forma de repetição, de acordo com a palavra sânscrita anuvad, que significa simultaneamente tradução e repetição. Assim, os dicionários, uma das ferramentas de trabalho principais dos tradutores, são repositórios de repetições autoritárias. Deduzimos, assim, que quanto maior a ignorância alheia, maior a autoridade e consequente poder político das chefias, que asseguram o seu statu quo com a dificuldade de acesso imposta a quem queira atingir os tradutores, os quais mantêm o conhecimento que confere o poder político às chefias longe do alcance popular. No terceiro capítulo da dissertação, analisamos a maneira como toda a tradução consiste num ato de guerra, como só se pode libertar os sentidos aprisionados pela tradução escravizando os novos sentidos das novas traduções, como a tradução é essencial para a emancipação das culturas escravizadas, e como a libertação das culturas escravizadas é o primeiro passo para a formação das suas identidades culturais. Finalmente, no quarto capítulo desta dissertação, constatamos a forma como os videojogos podem ser veículos de propaganda racista, mas também como a polémica resultante da representação de contextos aparentemente discriminatórios do ponto de vista racial, no caso de certos títulos, é originada por um mero publicity stunt utilizado para lançar comercialmente os videojogos controversos.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/7409

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Tradução #Guerra #Localização #Videojogos #Racismo
Tipo

masterThesis