Identidade e vida em Virginia Woolf : uma análise da expressão literária de um problema filosófico
Data(s) |
22/05/2012
22/05/2012
2012
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Resumo |
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Filosofia (especialidade Ontologia e Filosofia da Natureza) Esta dissertação tenta fazer uma análise filosófica do problema da Identidade e da Vida no pensamento de Virginia Woolf. Situa-se no cruzamento entre as estruturas do conceito, próprias da filosofia, e as estruturas do significado, próprias da literatura. O que se procura determinar é até que ponto é possível encontrar no pensamento de Woolf qualquer coisa como uma «ontologia literária» – e, em especial, uma ontologia que leve a cabo o projecto filosófico de captação da identidade das coisas. Na introdução, desenha-se o percurso geral do problema a partir dos cortes e continuidades entre as diferentes formas de «olhar» para o problema do «território» da identidade. Começamos por analisar como é que o ponto de vista natural tem sempre já constituída uma compreensão da identidade: uma rede de identidades e diferenças das «coisas». Em seguida, considera-se o modo como o ponto de vista científico se afasta da perspectiva natural, mas ao mesmo tempo mantém a mesma estrutura fundamental de reconhecimento das coisas. Em terceiro lugar, considera-se o ponto de vista filosófico, enquanto ponto de vista crítico, que assume a tarefa de detectar os equívocos e inconsistências das outras formas de olhar para a identidade das coisas. Foca-se em especial o complexo de problemas que enfrenta e o facto de não conseguir levar inteiramente a cabo o projecto de dizer a identidade das coisas. É aqui que entra em cena o ponto de vista literário, enquanto ponto de vista que lida com significados e que pode completar o projecto filosófico. Na primeira parte, em diálogo entre a tradição filosófica sobre a questão da mónada (em especial Leibniz) e o pensamento de Woolf, procura-se traçar o «território» da identidade própria, da identidade «monádica», determinar quais são as suas fronteiras e o que fica para lá delas. O que constitui a identidade monádica é, por um lado, ser uma ínfima parte no meio de tudo o mais e, por outro, ser já esse mais de que se diferencia, de tal forma que a sua identidade própria se atravessa em tudo o mais, é omnienglobante e tem o carácter daquilo a que Leibniz chama pars totalis. Neste sentido, procura-se determinar as diferentes formas em que a identidade se atravessa no mundo, nos outros e no tempo. Na segunda parte, analisa-se a forma como se acha constituído o acesso à identidade. Estuda-se o problema da “distância da pars totalis em relação a si mesma”, a diferença woolfiana entre being e non being, o duplo carácter da experiência enquanto experiência dos factos e experiência do significado e o acontecimento da mónada como totalidade de significado em demanda de si. Na terceira parte, considera-se a forma como o nosso olhar (e tudo isso a que chamamos realidade) está constitutivamente atravessado por conteúdos de ficção. A partir daqui procura-se perceber até que ponto a nossa visão habitual é semelhante à narrativa ficcional e se é ou não possível constituir qualquer coisa como uma biografia integral, i.e., se é ou não possível dizer a vida (a totalidade da vida). |
Identificador | |
Idioma(s) |
por |
Publicador |
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa |
Direitos |
openAccess |
Palavras-Chave | #V.Woolf, #Leibniz #Bergson #Identidade Pessoal |
Tipo |
doctoralThesis |