553 resultados para Gado Brahman
Resumo:
O objetivo do presente trabalho foi determinar a frequência de propriedades positivas (focos) e de animais positivos para a tuberculose bovina no Estado da Paraíba. Foram utilizados dados da Agência de Defesa Agropecuária do Estado, coletados de suas 23 microrregiões, durante o período de janeiro de 2008 a julho de 2009. Durante esse período, foram examinadas 10.963 propriedades e 54.472 bovinos foram submetidos ao teste de tuberculinização. Para o diagnóstico foi utilizada, como prova de triagem, a tuberculinização cervical simples para gado de leite e a tuberculinização na prega caudal para gado de corte; como prova confirmatória foi utilizada a tuberculinização cervical comparativa. Uma propriedade foi considerada foco quando apresentou pelo menos um animal soropositivo. Das propriedades investigadas, 62 (0,57%) apresentaram pelo menos um animal positivo e dos animais analisados, 136 (0,25%) foram positivos. Houve diferença significativa (p<0,001) na proporção de fêmeas (0,32%) e machos (0,04%) positivos. A despeito da baixa freqüência de focos de brucelose e de animais soropositivos, é necessária a condução de medidas que incluem a conscientização dos produtores, fiscalização nas barreiras sanitárias e levantamentos periódicos da situação epidemiológica desta doença, principalmente nas microrregiões com maior frequência da infecção, com o objetivo de evitar, ou pelo menos minimizar, a disseminação do agente.
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Descrevem-se 24 surtos de tristeza parasitária bovina no sertão paraibano, sendo 18 de anaplasmose por Anaplasma margimale, dois de babesiose por Babesia bigemina, dois por Babesia não identificada e dois por infecção mista de A. marginale e Babesia sp. Os surtos ocorreram entre agosto de 2007 a outubro de 2009, porém, com uma concentração dos surtos no final do período chuvoso e início do período seco de cada ano, sendo 22 em animais adultos e dois em bezerros de aproximadamente 11 meses. Dois surtos ocorreram em bovinos da raça Nelore, um em animais da raça Gir e os 21 restantes ocorreram em animais das raças Holandês, Pardo Suiço e mestiços das mesmas com zebuínos. Conclui-se que no sertão da Paraíba há áreas de instabilidade enzoótica, ocorrendo surtos de tristeza no final da época de chuvas, principalmente nas áreas de planaltos e serras da região da Borborema e em áreas úmidas como a Bacia do Rio do Peixe, Rio Piranhas e Rio Espinharas em que há a formação de microclimas favoráveis à sobrevivência do carrapato.
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Realizou-se um estudo para caracterizar a situação epidemiológica da brucelose no Estado de Goiás. O Estado foi estratificado em três circuitos produtores. Em cada circuito foram amostradas aleatoriamente 300 propriedades e, dentro dessas, foi escolhido de forma aleatória um número pré-estabelecido de animais, dos quais foi obtida uma amostra de sangue. No total, foram amostrados 10.744 animais, provenientes de 900 propriedades. Em cada propriedade visitada aplicou-se um questionário epidemiológico para verificar o tipo de exploração e as práticas de criação e sanitárias que poderiam estar associadas ao risco de infecção pela doença. O protocolo de testes utilizado foi o da triagem com o teste do antígeno acidificado tamponado e a confirmação dos positivos com o teste do 2-mercaptoetanol. O rebanho foi considerado positivo quando pelo menos um animal foi reagente às duas provas sorológicas. No estrato 1, a prevalência foi de 7,7% [4,7-10,7%] para propriedades, e de 1,4% [0,99-1,7%] para animais. No estrato 2, foi de 19,5% [15,0-24,0%] para propriedades e de 2,6% [2,0-3,1%] para animais. No estrato 3, foi de 21,4% [16,7-26,1] para propriedades e 4,3% [3,7-5,0%] para animais. A prevalência obtida para o Estado foi de 17,5% [14,9-20,2%] para propriedades e de 3,0% [2,7-3,3%] para animais. Os fatores de risco (odds ratio, OR) associados à condição de foco, segundo a análise multivariada, foram: compra de reprodutores a comerciantes de gado (OR = 2,06 [1,12-3,52]), ocorrência de abortos nos últimos 12 meses (OR = 5,83 [3,86-8,8]) e prática de vacinação contra brucelose (OR = 2,07 [1,38-3,09]). Tanto a ocorrência de aborto quanto a vacinação são, neste caso, consequência da presença de brucelose no rebanho.
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Background: Analyses of population structure and breed diversity have provided insight into the origin and evolution of cattle. Previously, these studies have used a low density of microsatellite markers, however, with the large number of single nucleotide polymorphism markers that are now available, it is possible to perform genome wide population genetic analyses in cattle. In this study, we used a high-density panel of SNP markers to examine population structure and diversity among eight cattle breeds sampled from Bos indicus and Bos taurus. Results: Two thousand six hundred and forty one single nucleotide polymorphisms ( SNPs) spanning all of the bovine autosomal genome were genotyped in Angus, Brahman, Charolais, Dutch Black and White Dairy, Holstein, Japanese Black, Limousin and Nelore cattle. Population structure was examined using the linkage model in the program STRUCTURE and Fst estimates were used to construct a neighbor-joining tree to represent the phylogenetic relationship among these breeds. Conclusion: The whole-genome SNP panel identified several levels of population substructure in the set of examined cattle breeds. The greatest level of genetic differentiation was detected between the Bos taurus and Bos indicus breeds. When the Bos indicus breeds were excluded from the analysis, genetic differences among beef versus dairy and European versus Asian breeds were detected among the Bos taurus breeds. Exploration of the number of SNP loci required to differentiate between breeds showed that for 100 SNP loci, individuals could only be correctly clustered into breeds 50% of the time, thus a large number of SNP markers are required to replace the 30 microsatellite markers that are currently commonly used in genetic diversity studies.
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Several studies using transrectal ovarian ultrasonic scanning in Bos taurus (B. taurus) cattle and more recently in Bos indicus (B. Indicus) females evaluated the reproductive cycles of heifers and cows under different conditions. In general, B. indicus cattle have more follicles and more follicular waves during the estrous cycle and ovulate from smaller follicles than B. taurus. Consequently B. indicus females have smaller corpora lutea and it is assumed circulating concentrations of estradiol and progesterone are also less. However, these findings may vary depending on the nutritional status and regimen in which the animals are managed. Moreover, there are significant differences between B. taurus and B. indicus regarding follicle size at the time of deviation of the dominant follicle. These differences in ovarian function between B. indicus and B. taurus, e.g. greater antral follicle population are, probably, the main reasons for the great success of in vitro embryo production programs in Zebu cattle, especially in Brazil. (C) 2011 Elsevier B.V. All rights reserved.
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The effects on estrus and fertility of 3 estrus synchronization protocols were studied in Brahman beef heifers. In Treatment 1 (PGF protocol; n=234), heifers received 7.5 mg, im prostianol on Day 0 and were inseminated after observed estrus until Day 5. Treatment 2 (10-d NOR protocol; n=220) consisted of norgestomet (NOR; 3 mg, sc implant and 3 mg, im) and estradiol valerate (5 mg, im) treatment on Day -10, NOR implant removal and 400 IU, im PMSG on Day 0, and AI after observed estrus through to Day 5. Treatment 3 (14-d NOR+PGF protocol; n=168) constituted a NOR implant (3 mg, sc) on Day -14, NOR implant removal on Day 0, PGF on Day 16, and AI after observed estrus through to Day 21. All heifers were examined for return to estrus at the next cycle and inseminated after observed estrus. The heifers were then exposed to bulls for at least 21 d. During the period of estrus observation (5 d) after treatment, those heifers treated with the PGF protocol had a lower (P
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Thirty steers were used in two pen experiments (Expts 1 and 2). and 27 of these in a third (Expt 3), to quantify their responses of hay intake, rumen ammonia nitrogen (RAN) concentrations, and liveweight to inputs of rumen soluble nitrogen (urea) and rumen undegradable protein (formaldehyde-treated casein; F-casein) when added to a basal diet of low quality hays. The hays were made From unimproved native pastures typical of those grazed by cattle in the subtropics of Australia and contained 7.8 g N/kg dry matter (DM) with coefficient of organic matter digestibility of 0.503 in Expts 1 and 2, and 5.2 g N/kg DM with a digestibility range from 0.385 to 0.448 in Expt 3. The steers (15 months old) were either Brahman (B), Hereford (H) or the F-1 Brahman x Hereford (BH) cross. Steers were offered supplementary minerals with the hays in each experiment. In Expt 1 (35 days) urea was sprayed on part of the hay, allowing for daily urea intakes (g/steer) of either 0, 5, 11, 16 or 26. In Expt 2 (42 days), F-casein was offered daily (g/steer) at either 0, 75, 150, 225 or 300 and in Expt 3 (56 days) discrete offerings were made of soluble casein (225 g/day), of urea (18 g/day) + F-casein (225 g/day) or of nil. There were significant linear effects of urea intake upon hay intake and liveweight change of steers. However, B steers had smaller increases in intake and liveweight change than did H steers, and B steers did not have a linear increase in RAN concentrations with increasing urea intake as did H and SH steers. In Expt 2 there were significant linear effects of F-casein supplements on hay intake and liveweight change of steers and a significant improvement in their feed conversion ratio (i.e. DM intake:liveweight change). The B steers did not differ from H and BH steers in liveweight change but had significantly lower hay intakes and non-significantly smaller increases in RAN with increasing F-casein intake. In Expt 3, hay intake of the steers increased with soluble casein (by 16.8 %) and with urea + F-casein (24.5 %). Only steers given urea + F-casein had a high RAN concentration (94 mg/l) and a high liveweight gain. The B steers had a liveweight loss and a lower hay intake than H or BH steers in Expt 3 but a higher RAN concentration. These studies have indicated the importance of the form and quantity of additional N required by cattle of differing breed types to optimize their feed intake and liveweight gain when offered low-N, low-digestible hays.
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The effects of 4 estrus synchronization treatments on intervals to and synchrony of estrus and ovulation, on timing of the preovulatory LH surge and associated changes in plasma progesterone, LH, FSH, and 17 beta-estradiol (E(2)) were investigated in 48 Bos indicus cows. Treatment 1 consisted of 2 injections of PGF(2 alpha) 14 d apart (n = 12); Treatment 2 of a subcutaneous 3-mg norgestomet implant and an intramuscular injection of 3 mg of norgestomet and 5 mg estradiol valerate, with the implant removed 10 d later (n = 12; norgestomet-estradiol); Treatment 3 of norgestomet-estradiol, with a subcutaneous injection of PMSG given at time of implant removal (Day 10; n = 12); and Treatment 4 of norgestomet implant (as for Treatments 2 and 3) inserted for 10 d, with an intramuscular injection of PGF(2 alpha) given at the time of implant removal (n = 12). The experiment was conducted in 2 replicates (24 cows/replicate, 6 cows/group). Estrus, ovulation and timing of the preovulatory surge of LH varied less in cows treated with norgestomet-estradiol and PMSG than in cows in Treatments 1 and 4 (P < 0.008). Treatment with PMSG;educed variation in ovulation times and timing of the LH surge in cows treated with norgestomet-estradiol (P < 0.02). Concentrations of E(2) were higher in cows in Treatments 2 and 3 on the final day of treatment and at about 6 h post ovulation compared with cows in Treatments 1 and 4 (P < 0.05). Different methods for synchronizing estrus did not alter sequential endocrine and behavioral changes in relation to the timing of the LH peak, and the results were consistent with current recommendations for insemination times in Bos taurus cattle. (C) 1997 by Elsevier Science Inc.
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Ovaries (n = 140) from 70 mixed-age multiparous, lactating Brahman cross (3/4-7/8 Bos indicus) cows were used to examine the hypothesis that counts of follicles visible on the surface of the ovaries of Bos indicus cows and their classification into diameter size classes, are closely correlated with numbers of follicles in those size classes found by complete dissection of the ovary. immediately after ovariectomy, mean diameters (long and short axes averaged) of all follicles greater than or equal to 2 mm visible on the surface of each ovary were measured. All follicles greater than or equal to 2 mm were dissected from the ovaries, excess stroma removed and follicle diameters measured under a stereomicroscope using an ocular graticule. For each ovary, follicles were classified in either small (8 mm) categories based on either diameters of surface or dissected follicles. Data for numbers of surface and dissected follicles (mean +/- SE) in small, medium, large categories and total follicle numbers, respectively, were 24.4 +/- 1.6 vs. 28.0 +/- 1.9, 1.6 +/- + 0.2 vs. 11.6 +/- 1.0, 0.5 +/- 0.1 vs. 0.7 +/- 0.1 and 26.4 +/- 1.6 vs. 40.4 +/- 2.5. Correlation coefficients (r) for counts of surface and dissected follicles in small, medium, large and total follicle numbers were 0.76, 0.40, 0.69 and 0.79, respectively. Medium size follicles presented only a small translucent area on the surface of the ovary, leading to an underestimate of numbers when categorised by surface evaluation. Counts of follicles visible on the surface of the ovaries of Bos indicus cows and their classification into size classes based on estimated diameter, are closely correlated with numbers of follicles in those size classes found at dissection of the ovary for small (8 mm) and total follicles but not for medium sized (4-8 mm) follicles. (C) 1997 Elsevier Science B.V.
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The objective of this study was to evaluate the effects of treatment with an intravaginal progesterone-releasing device (CIDR) and estradiol benzoate (EB) on follicular dynamics in Bos indicus (n = 23), Bos taurus (n = 25), and cross-bred (n = 23) heifers. To assess the influence of reduced serum progesterone concentrations during 8 days of treatment with a progesterone-releasing device on follicular dynamics, half of the heifers received PGF at CIDR insertion (Day 0; 3 x 2 factorial design). Mean ( +/- S.E.M.) serum progesterone concentrations during CIDR treatment varied (P < 0.05) among genetic groups: B. indicus (5.4 +/- 0.1 ng/mL), B. taurus (3.3 +/- 0.0 ng/mL), and cross-bred (4.3 +/- 0.1 ng/mL). Maximum diameter of the dominant follicle (DF) was smaller (P < 0.01) in B. indicus heifers (9.5 +/- 0.5 mm) than in cross-bred (12.3 +/- 0.4 mm) or B. taurus heifers (11.6 +/- 0.5 mm). B. indicus experienced lower (P < 0.01) ovulation rate (39.1%) than did B. taurus (72.7%) and cross-bred (84.0%). Heifers treated with PGF on Day 0 had lower (P < 0.05) serum progesterone concentrations during progesterone treatment. The PGF treatment on Day 0 increased (P < 0.01) the diameter of the DF (11.9 +/- 0.4 mm vs. 10.5 +/- 0.4 mm). Moreover, greater (P = 0.02) ovulation rates (78.8 vs. 54.0%) occurred in heifers treated with PGF on Day 0. In summary, B. indicus heifers had greater serum progesterone concentrations, smaller DF diameter, and a lower ovulation rate compared to B. taurus heifers. Prostaglandin treatment on the day of CIDR insertion reduced serum progesterone during treatment, and resulted in increased maximum DF diameter and ovulation rate. (c) 2008 Elsevier Inc. All rights reserved.
Governadores e índios, guerras e terras entre o Maranhão e o Piauí (primeira metade do século XVIII)
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Este artigo examina o processo de expansão portuguesa pelos sertões orientais da capitania do Maranhão e pela capitania do Piauí nas primeiras décadas do século XVIII, procurando explicar as conexões entre as guerras contra os índios daquela região, a expansão do gado e os interesses principalmente dos governadores do Estado do Maranhão e Pará.
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Este artigo objetiva revisitar as diferentes agências e solicitações de cinco povos indígenas Timbira localizados nas capitanias do Piauí, Maranhão, Pará e nordeste de Goiás entre os séculos XVIII e XIX, diante de um contínuo processo forçoso de territorialização e reinvenção das suas práticas culturais, religiosas e políticas pressionadas pelos contatos com as alteridades, especialmente os criadores de gado.
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INTRODUÇÃO: Localizada em Caçapava, SP, Brasil, indústria produtora de lingotes de chumbo provocou contaminação ambiental na região do Vale do Paraíba, com chumbo e cádmio. Com o objetivo de avaliar o grau de contaminação do leite produzido na região, devido à possível ingestão, pelo gado, de gramíneas e águas contaminadas, foram determinados os teores de chumbo e cádmio no leite. MATERIAL E MÉTODO: Foram analisadas 218 amostras de leite in natura e pasteurizado. O cádmio e o chumbo foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica com chama. RESULTADOS E CONCLUSÕES: Das amostras analisadas, 43 apresentaram teores de chumbo acima do limite máximo estabelecido pela legislação brasileira que é 0,05 mg/kg. O valor da mediana encontrada para o chumbo foi 0,04 mg/L. Os níveis de cádmio em todas as amostras foram menores que o limite de quantificação do método que é 0,02 mg/L. Apesar da contaminação ambiental, os níveis encontrados para o cádmio no leite estão abaixo do limite estabelecido pela legislação brasileira que é 1,0 mg/kg.
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O confronto entre certas criações ficcionais e a dinâmica da colonização nos leva a diversos campos disciplinares. Se a história registrou o intenso intercâmbio de mercadorias e idéias que ocorreu entre Portugal e Brasil, a partir da descoberta do Novo Mundo, a literatura revisitou e recriou esse passado. É o que se constata na obra do escritor brasileiro João Guimarães Rosa, em que articulando a realidade e a imaginação, a natureza e o homem, o regional e o universal, o escritor de perfil naturalista ilumina a linguagem da História e da Ciência pela Arte. Com relação às expedições científicas portuguesas pelo Brasil, a história relata que, na segunda metade do século XVIII, Portugal impulsionou a elaboração de um projeto de confecção de uma História Natural, tendo como espaço de criação cultural a Academia Real das Ciências de Lisboa. Esse empreendimento, no entanto, não teria sido possìvel sem as ―viagens imaginárias‖ do intelectual Domenico Agostino Vandelli, correspondente de Lineu e um dos principais articuladores da política portuguesa dirigida às colônias. Assim, instruídos conforme o livro Viagens filosóficas ou dissertações sobre as importantes regras que o filósofo naturalista nas suas peregrinações deve principalmente observar, alunos da Universidade de Coimbra, onde Vandelli era professor de História Natural e Química, são preparados para explorar as colônias ultramarinas. Em meio à produção literária de Guimarães Rosa, destacamos o conto ―O recado do morro‖, do livro Corpo de baile, lançado em 1956, para um paralelo com a História. Nessa ficção, um narrador conta a estória de uma pitoresca expedição, formada por moradores de um vilarejo, contratados por um viajante alemão, que percorre o interior do estado de Minas Gerais. Região de grutas, minerais, vegetação de cerrado (com diversidade em espécies comestíveis e medicinais), de fazendas de gado, animais em perigo de extinção e homens sábios do sertão, é com o uso dessa enigmática paisagem, que o escritor vai moldar o seu ―recado‖. Através de um estudo comparado entre os ideais naturalistas de Vandelli (evidentes nas correspondências trocadas com Lineu e nas Instruções aos viajantes) e do escritor Guimarães Rosa (expresso de forma ficcional), destacamos a necessidade de se resgatar, nos dias atuais, seus trabalhos, como forma de se propor uma nova relação do homem com o meio ambiente. Nós, de fato, reconhecemos que Deus todo-poderoso escreveu dois livros, a natureza e a revelação [...] (Lineu, 1765) O confronto entre certas criações ficcionais e a dinâmica da colonização nos leva a percorrer interessantes caminhos da História, da Literatura e das Ciências da Natureza. Se a história registrou o intenso intercâmbio de produtos e idéias, que ocorreu entre Portugal e Brasil, via Atlântico, a partir da descoberta do Novo Mundo, alguns escritores do Modernismo brasileiro revisitaram e recriaram esse passado. No que se refere às expedições científicas portuguesas pelo Brasil, o historiador Oswaldo Munteal Filho lembra que, na segunda metade do século XVIII, Portugal impulsionou a elaboração de um projeto de confecção de uma História Natural de suas colônias, tendo como espaço de criação cultural e reflexiva a Academia Real das Ciências de Lisboa. Esse empreendimento, no entanto, não teria sido possìvel sem as ―viagens imaginárias‖ do intelectual ilustrado Domenico Agostino Vandelli, um dos principais articuladores da política portuguesa dirigida às colônias no âmbito da Academia. Segundo seu pensamento, era preciso munir os naturalistas com ferramentas capazes de desvendar um Brasil desconhecido do ponto de vista da ciência e ainda intocado quanto às potencialidades de seus elementos naturais. Portanto, o olhar do naturalista deveria passar, primeiro, pelo utilitário: as virtudes das plantas medicinais, os usos dos gêneros exóticos, o aproveitamento do reino animal e mineral e a fertilidade das extensas terras. Reordenar a Natureza, não mais de forma alegórica, mas através da observação e experiência figurava-lhe como medida necessária e urgente. A par disso e instruídos conforme o livro Viagens filosóficas ou dissertações sobre as importantes regras que o filósofo naturalista, nas suas peregrinações, deve principalmente observar, alunos da Universidade de Coimbra, onde Vandelli era professor de História Natural e Química, são preparados para explorar as colônias ultramarinas (p. 483-518).
Resumo:
Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Genética Molecular e Biomedicina, pela Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia