996 resultados para Itinerarios
Resumo:
A segunda metade do século XIX mostra-se como um período no qual em cada um dos grandes poetas se abre e se fecha o leque de correspondências da analogia: Baudelaire, Verlaine, Rimbaud, Mallarmé, expressam em sua obra essa tendência à busca da verdadeira vida, do real oculto, movimento em que as sensações desempenham um papel primordial. Atualmente, a obra de Le Clézio vem confi rmar a procura de um mundo completo suscitado pela poesia, o único modo possível de se traduzir em palavras o êxtase sensorial: é o que mostram tanto seus ensaios, quanto suas obras fi ccionais, de L’extase matérielle e L’Inconnu sur la terre a Mondo et autres histoires, Désert, La Quarantaine e Coeur brûle et autres romances, corpus selecionado para a discussão do assunto.
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Dois dias antes de completar dezoito anos, Paulo Barreto (1881-1921), que se tornou mais conhecido pelo pseudônimo João do Rio, estreou como crítico de literatura e artes na Cidade do Rio, dirigida por José do Patrocínio. De 3 de agosto de 1899 a 11 de setembro de 1901, publicar-se-iam nesse jornal vários artigos assinados por Paulo Barreto, pelas iniciais P. B. ou pelo pseudônimo Claude. Em alguns desses textos, o jovem crítico pronunciou-se sobre obras simbolistas brasileiras e francesas. Sua apreciação acerca do simbolismo em geral foi essencialmente negativa, pois seu julgamento baseava-se no positivismo e em concepções cientifi cistas, que eram incompatíveis com a “nevrose” e as “extravagâncias” dos então chamados nefelibatas.
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Investiga-se em que medida Hilda Hilst, em Fluxo-floema, vale-se de um conjunto de procedimentos que colocam em cena tanto o sujeito-narrador quanto o próprio narrar, de maneira destoante do que predominantemente se fazia à época. Se no contexto ditatorial era tendência relacionar a literatura a uma “função compensatória”, o que a autora oferece em sua estreia na prosa mostra-se de modo ambivalente, já que não abdica desse prisma, porém o relaciona à frustração. No caso do texto “Osmo”, isso se dá à medida em que se instaura um descompasso entre o “narrar prometido” e o “narrar empreendido”, o que acaba por evidenciar tanto o texto como construção verbal encenada quanto a ambígua atitude do narrador-personagem diante da necessidade de verbalizar a sua história e de se aproximar de seus receptores. O postergamento da história prometida gera a frustração, que é alegoricamente abarcada como um procedimento de tessitura do texto hilstiano relacionado à ironia, à violência, ao fracasso, e que ilumina a condição paradoxal do narrar e da relação do/da artista com o mercado literário.
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No presente estudo, focalizamos as narrativas Fazendo Ana Paz (1991) e Retratos de Carolina (2002) de Lygia Bojunga, verificando os modos como a autora incorpora a materialização da autoria implícita, ou seja, a projeção da categoria autoral no universo diegético, instaurando, assim, um jogo mimético entre realidade e ficção.
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Manuais de literatura ensinam que o Romantismo, centrado no eu romântico em seus conflitos e anseios libertários, rompe com os códigos clássicos da poética do Arcadismo. Em Iracema: a lenda do Ceará, Alencar narra a união da índia Iracema com Martim, o colonizador português que a fascina, e dessa união nasce Moacir, fruto da primeira miscigenação de povos em terras brasileiras. A matéria-prima que Alencar ficcionalizou tem, por um lado, o componente histórico, pois personagens como o guerreiro Martim e o índio Camarão estão registradas nos anais da história; por outro lado, a construção da heroína assenta-se em figuras femininas da mitologia grega. Essa dívida com a tradição clássica, intermediada pelo poeta latino Ovídio, o próprio José de Alencar a reconhece em carta-posfácio, onde confessa ter composto “uma heroida que tem por assunto as tradições dos indígenas brasileiros e seus costumes. (ALENCAR, 1978, p.88).
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Charles Nodier foi um dos grandes responsáveis pela divulgação do romance gótico ou roman noir na França, o qual passou a denominar “frenético”, remetendo ao exagero que caracterizaria esse tipo de literatura. No início do século XIX, no romantismo francês, uma intensa circulação estabelece-se entre o frenético e o melodrama em um intercâmbio de autores, motivos e procedimentos literários. A partir de 1820, o melodrama instala-se no sobrenatural, sobretudo com Le vampire de Nodier, composto em colaboração com Jouffroy e Carmouche; esse melodrama, adaptado do texto de Polidori, The vampire, publicado em 1819, harmoniza-se com o retorno de popularidade por que passa o gothic novel. Essa união do frenético ao melodrama deixa ver duas tendências literárias bastante fecundas no romantismo francês, que se irmanam ainda no sentido em que respondem aos anseios de um público fatigado por séculos de racionalismo e ávido por toda a espécie de sensações e sentimentos.
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Este artigo tem o objetivo de apresentar uma obra-prima do teatro clássico francês: Andromaque (1667), de Jean Racine. Primeiramente, efetuamos sua leitura segundo os princípios da doutrina clássica, que se formou entre 1620 e 1660, na França. Nessa perspectiva, Andrômaca, rainha troiana vencida e cativa, é a personagem triunfante, uma forte personalidade feminina fora do alcance do leitor/espectador: quem é de fato Andrômaca, enquanto Pirro não está morto? Em seguida, destacamos uma das análises realizadas pela crítica literária do século XX, a qual utilizou instrumentos interpretativos vários. A leitura que fez Roland Barthes (1963) em Sur Racine subverte a interpretação anterior que se fazia à luz da doutrina clássica, apresentando-nos Pirro como o grande herói trágico, e a personagem mais emancipada do teatro raciniano.
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O presente trabalho discute a relação entre o poema épico Argonáutica, de Apolônio de Rodes, e as tragédias gregas precedentes a ele. Considera-se que as tragédias, ao lado da poesia homérica, são importantes fontes para sua abordagem do mito e, subsequentemente, para a narrativa de Apolônio. Além disso, a narrativa e os recursos expressivos que o poeta utiliza são muito próximos às tragédias de Eurípides (1939) e Ésquilo, e essa relação nos ajuda a compreender melhor como um poeta alexandrino trabalha a matéria épica após o advento da tragédia clássica.
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Studies investigating the relationship between literature and film have been largely oriented by an analysis vector which always departs from literary texts towards films. Moreover, the overwhelming majority of criticism done by renowned theorists such as Robert Stam and Brian McFarlane approaches almost exclusively texts considered canonical. This reveals an overemphasis on the notion that the “primordial” text in a study of adaptation should be the literary text. This essay discusses some of those concepts, challenging the “binary” models in adaptation studies and showing how the vectors of analysis can be usefully reversed, for example, starting from films to literature and to other textual architectures. This approach, shared by theorists such as Linda Hutcheon (2006) and Thomas Leitch (2007), rejects old notions that guided comparisons between literary and filmic texts, such as fidelity and equivalence, replacing them with intertextuality and transmedia storytelling.
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This paper aims at analyzing the different approaches to terror in the novels Players (1977), Mao II (1991) and Falling Man (2007), by the American writer Don DeLillo. In Players, terror is shown as something attractive and exciting to a character who leads a very tedious personal and professional life; in Mao II, it is connected to the kidnapping of a poet and the text brings up relevant debates focusing on the contrast related to the power of novelists and terrorists in society; and in Falling Man, the author reviews the tragedy of September 11, in an attempt to try to understand the reasons why the attacks happened. The novels show terrorist actions connected to historical processes and also to the present form of capitalism and globalization. Theoretical texts by Bauman (1998), Eagleton (2005), Freitas (1989), Fraser (2000) will be used to discuss the issues addressed in this paper.
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Departing from the theoretical principle that the feminine text, as a palimpsest, holds subtextual meanings which, in permanent interaction with the textual surface, disarticulate the oppositional and hierarchical backgrounds of patriarchy, this essay intends to offer a general overview on the narrative instance of time in The Awakening, the most important work by Kate Chopin – one of the highlights of Realism in the United States –, with the intention to show how the time instance brings with it and at the same time disseminates into the other narrative elements some inter-dictions to gainsay patriarchy.