998 resultados para Relato de casos [Tipos de publicação]
Resumo:
Rev Port Pneumol. VII(2): 191-208, 2001
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Os A.A. analisam as alteraes histopatolgicas observadas em 378 casos de Leishmaniose Tegumentar da localidade de Trs Braos Estado da Bahia, dos quais 307 eram de portadores de leses exclusivamente cutneas, 54 de portadores de leses exclusivamnte mucosas e 17 de portadores de leses cutneo-mucosas. A infiltrao histiolinfoplasmocitria, na maioria dos casos, parece desempenhar o papel de resposta celular inespecfica presena de um irritante tecidual, porm, nos casos de forma mucosa, no se pode afastar a possibilidade de que esse infiltrado esteja participando de uma reao de tipo autoagressivo. O plasmcito constitui um elemento quase constante nas leses desenvolvidas, mas no tem sido observado nas leses residuais, quer em via de cura ou j cicatrizadas; sua presena nestes casos denota, quase sempre, tendncia recidiva. Os mastdcitos foram observados em leses tanto da forma cutnea como da forma mucosa, mas predominavam nas primeiras. Seu nmero foi significantemente maior no padro de Reao Exsudativa e Neertico Granulomatosa, onde os fenmenos necrticos so bem desenvolvidos. Os eosinfilos apresentaram associao significativa com os mastcitos, confirmando a existncia de um eixo bidirecional entre ests duas clulas, o qual deve participar da modulao inflamatria, na Leishmaniose Tegumentar. Dois tipos de reao granulomatosa foram observados: um desorganizado, em relao, muitas vezes, com a necrose tissular, e outro organizado, mais raro, do tipo tuberculide. O primeiro foi interpretado como de origem ps-necrtica, surgindo com a reduo da carga parasitria, propiciada pelos fenmenos necrticos: eliminado o antgeno e mantidos os nveis de anticorpos, surgem as condies necessrias ao estabelecimento do granuloma, semelhante quele observado nas leses por imunocomplexo em excesso de anticorpos. O outro tipo de reao foi o granuloma de clulas epitelides, que surgiu em dois grupos de pacientes. Nos pacientes jovens, com doena de curto tempo de evoluo e intradermorreao no exacerbada, este tipo de granuloma talvez seja a expresso da Hipersensibilidade Granulomatosa Especfica, descrita por EPSTEIN (1977). No outro grupo de pacientes, havia em todos intradermorreao exacerbada. Nestes casos a hipersensibilidade granulomatosa, associando-se hipersensibilidade mediada por clulas agora ampliada pelo seqestro do antgeno , reforaria o processo granulomatoso, atravs da reverberao do estmulo antgnico; isso tornaria o tratamento mais difcil e pior o prognstico para o caso.
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Os autores relatam um caso de pneumonia por Legionella pneumophila, diagnosticado pela primeira vez em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A hiptese diagnstica foi confirmada por imunofluorescncia indireta nas amostras de soro do paciente enviadas ao C.D.C. (Atlanta E.U.A.), com ttulos de 1:128 na amostra da fase aguda e 1:512 na amostra da fase de convalescena.
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Em vrias regies do interior do Estado de So Paulo, notificou-se a partir do final de 1984 a 1986, a ocorrncia de doena at ento desconhecida, com caractersticas clnicas, em muitos aspectos, semelhante meningococcemia. Esta sndrome foi denominada Febre Purprica Brasileira (FPB). Em quinze dos casos com quadro clnico compatvel com a sndrome, o Haemophilus aegyptius foi isolado a partir de culturas de sangue, de lquido cefalorraquidiano sanguinolento, de secreo conjuntival e orofarngea. Analisa-se a importncia deste achado, face existncia de somente um relato na literatura, de infeco sistmica por bactrias desta espcie.
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O recente surgimento de nanopartculas de ferro valente-zero (nFZV), um material com elevada capacidade de remediao de solos por via de reaces de oxidao/reduo pode ser uma opo vivel para a remoo de frmacos do solo. A sua aplicao j uma realidade em alguns tipos de solos contaminados por compostos especficos e, com este trabalho, procura-se estudar a sua capacidade de remediao de solos contaminados por compostos farmacuticos, recorrendo-se a uma tecnologia “verde” de sntese destas nanopartculas. Esta tecnologia bastante recente, ainda no aplicada no campo de trabalho, que se baseia no uso de folhas de certas rvores para produzir extratos naturais que reduzem o ferro (III) a ferro zero valente, formando nFZV. Desta forma procedeu-se, escala laboratorial, ao estudo da eficincia das nFZV na degradao de um frmaco – paracetamol – e comparou-se com a eficincia demonstrada por oxidantes, muito utilizados hoje em dia em casos de remediao in situ como o permanganato de potssio, o perxido de hidrognio, o persulfato de sdio e o reagente de Fenton. O estudo foi efectuado em dois meios diferentes: soluo aquosa e solo arenoso. De forma muito sucinta, o estudo baseou-se na introduo dos oxidantes/nFZV em solues/solos contaminados com paracetamol e consequente monitorizao do processo de remediao atravs de cromatografia lquida de alta eficincia. Nos ensaios com solues aquosas contaminadas com paracetamol, o permanganato de potssio e o reagente de Fenton revelaram capacidade para degradar o paracetamol, atingindo mesmo um grau de degradao de 100%. O persulfato de sdio tambm demonstrou uma capacidade de degradao do paracetamol, chegando a atingir 99% de degradao, mas apenas recorrendo ao uso de um volume de oxidante elevado quando comparado com os outros dois oxidantes j referidos. Por outro lado, o perxido de hidrognio no demonstrou qualquer capacidade de degradao do paracetamol, pelo que o seu uso no passou desta fase. Verificou-se tambm que o uso de ferro granulado para o tratamento de gua contaminada com paracetamol revelou resultados diferentes dos observados no uso de nFZV, obtendo-se eficincias de 87%. Existiram dificuldades analticas na quantificao do paracetamol, especificamente relacionadas com o uso do extracto de folhas de amoreira, cuja composio continha substncias que causaram dificuldades acentuadas na anlise dos cromatogramas. Por fim, um pequeno teste de combinao do reagente de Fenton com os fenmenos de biodegradao resultantes dos microrganismos presentes em folhas do extracto de ch preto demonstrou que este pode ser uma rea que pode e deve ser mais estudada. Desta forma, a utilizao das nFZV para o tratamento de gua contaminada com paracetamol no permitiu a retirada de concluses seguras sobre a capacidade que as nFZV produzidas com extractos de folhas de amoreira e de ch preto tm de degradao do paracetamol. Nos testes de remediao de solos contaminados os resultados demonstraram que, mais uma vez, tanto o permanganato de potssio como o reagente de Fenton se revelam como os melhores oxidantes para a degradao do paracetamol, obtendo-se a degradao total do paracetamol. Por outro lado, voltou a ser necessrio uma elevada quantidade de persulfato de sdio quando comparada com os dois anteriores, para que ocorra a degradao desta mesma quantidade de paracetamol, demonstrando mais uma vez que, apesar de no ideal, o persulfato demonstra capacidade de degradao do paracetamol.
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Dissertao apresentada na Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para obteno do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente,perfil de Gesto e Sistemas Ambientais
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Dissertao apresentada na Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para obteno do grau de Mestre em Engenharia Biomdica
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O cancro uma das principais causas de morte relacionada com doena, sendo responsvel por cerca de 14 milhes de novos casos e 8,2 milhes de mortes em todo o mundo. Os tipos de cancro mais comuns so o cancro do pulmo, mama, colorretal e da prstata, sendo o cancro do pulmo, colorretal e da mama os mais mortais. Embora cada tipo de cancro apresente alteraes nicas que so adquiridas durante a carcinognese, biomarcadores universais de malignidade e mtodos para estabelecer a progresso da doena em diferentes neoplasias no existem e continuam a ser um grande desafio em oncologia clnica. Uma caracterstica do cancro a manuteno dos telmeros, a qual crucial para a autorrenovao de todos os tumores malignos. A ativao da telomerase ocorre atravs da expresso da transcriptase reversa humana (hTERT) e tem sido relatado que a sua expresso aumenta marcadamente na invaso tumoral. O mecanismo de regulao da hTERT no est completamente elucidado; no entanto, tem sido relatado que a hipermetilao de ilhas CpG apresenta um papel essencial na expresso da hTERT em clulas cancergenas telomerase-positivas. O nosso grupo recentemente identificou uma regio especfica no promotor da hTERT (denominada THOR) que est hipermetilada e associada com a ativao da telomerase em tecido cancergeno. THOR foi capaz de prever a progresso do tumor e evoluo clnica do paciente em diversos tumores peditricos e adultos. Objetivo do estudo - Pretendemos investigar se a metilao do THOR pode ser um biomarcador de doena maligna e de evoluo clnica do paciente em diferentes cancros adultos.
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Foram estudadas 2.406 pessoas que procuraram a SUCAM/Cuiab para diagnstico e tratamento da malria. Destes, 1.151 tiveram lminas positivas atravs da gota espessa: 720 P. vivax, 421 P. falciparum e 10 forma mista; 1.255 foram negativos pesquisa de hematozorios. As entrevistas foram realizadas atravs de questionrio padronizado onde procurou-se categorizar as pessoas conforme o sexo, idade, profisso, naturalidade, renda mensal, procedncia e destino. Da anlise efetuada vimos que os casos de malria originaram-se mais da micro-regio Norte-Matogrossense para a Baixada Cuiabana (56,5%), colocando em risco toda a populao desta micro-regio, que encontra-se com borrificao suspensa (DDT) na maioria das localidades. tambm importante o fluxo de casos de malria do Estado de Rondnia (20,6%) e para os Estados da regio Sul e Sudeste (4,4%) do pas. Conclumos que medidas urgentes devam ser tomadas para a reformulao da campanha de controle da malria, planejando a interveno nos aspectos sociais, polticos e econmicos.
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Trabalho Final de Mestrado para obteno do grau de Mestre em Engenharia Mecnica
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O transporte de cargas uma tarefa comum para crianas, adolescentes e adultos, pela necessidade de transferncia diria de objetos pessoais, livros e artigos de papelaria para os locais de trabalho ou escolas. Diversos autores apontam que o peso carregado durante transporte de material o principal responsvel pelo aparecimento de dor lombar. Deste modo importante o constante estudo da temtica para a definio recomendaes e limites. O presente estudo teve como principais objetivos a caraterizao da problemtica associada utilizao de mochilas e a determinao do Peso Mximo Aceitvel (PMA) e do ndice de Esforo Percebido (IEP) para a tarefa de transporte de mochilas, atravs da abordagem psicofsica. O estudo foi desenvolvido com estudantes do 7º, 8º e 9º ano de escolaridade e, foi dividido em duas fases. Na 1ª fase foram aplicados questionrios para a anlise da problemtica associada utilizao de diferentes tipos de mochilas escolares. Nesta fase, foram includos aspetos associados identificao do tipo de mochila mais utilizada, as rotinas e hbitos dos estudantes e as caractersticas da mochila utilizada. Verificou-se que os estudantes utilizam, maioritariamente, a mochila de duas alas para transporte de material escolar. Posteriormente foram efetuadas medies de peso da mochila, altura e peso aos 131 estudantes que constituram a amostra da 1º fase. O principal objetivo deste ponto foi identificar o tipo de mochila habitualmente utilizada pelos estudantes assim como, o peso transportado nas mochilas. Na 2ª fase foi efetuado um estudo para a determinao do PMA e do IEP, atravs da abordagem psicofsica, para a tarefa de transporte de mochila, considerando-se uma amostra constituda por 10 estudantes. Para este estudo, apenas foi considerada a mochila mais frequentemente utilizada, identificada na 1º fase. A tarefa consistiu no transporte da mochila nos dois ombros e com as alas devidamente ajustadas ao corpo, num percurso pr-definido, de acordo com o procedimento experimental. Os resultados indicaram que nem todos os estudantes transportam mochilas com pesos dentro das recomendaes da Organizao Mundial de Sade. O PMA determinado pelos estudantes foi de 6.8 kg para a mochila de duas alas e a regio dos ombros foi identificada durante todo o estudo como sendo a que apresentava maior intensidade de dor durante o transporte da mochila.
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Dissertao apresentada para a obteno do grau acadmico de Mestre em Engenharia Civil na especialidade de Construo pela Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Cincias e Tecnologia
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Dissertao apresentada na Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para a obteno do grau de Mestre em Engenharia Civil na especialidade de Estruturas e Geotecnia
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Esta tese aborda as prticas e as representaes de mulheres em idade frtil, que vivem em contextos sociais de pobreza. As prticas sobre o acesso e as formas de utilizao dos cuidados de sade reprodutiva. As representaes das mulheres relativamente maternidade e/ou fecundidade, verificando de que forma estas influenciam a utilizao de cuidados de sade reprodutiva (sade materna e planeamento familiar). E as representaes dos profissionais de sade e tcnicos de servio social sobre os comportamentos de fecundidade e as formas como as mulheres (pobres e no pobres) utilizam os cuidados de sade reprodutiva. Devido natureza do objecto de estudo e complexidade inerente, optou-se por utilizar uma combinao de mtodos qualitativos e quantitativos e respectivas tcnicas de recolha e anlise de dados, num mesmo desenho de estudo, tendo em vista a triangulao metodolgica, que ajudou compreenso mais profunda da realidade em estudo. Como tal dividiu-se a investigao em trs estudos: 1) o estudo exploratrio; que apoiou nas decises, nomeadamente na delimitao do objecto de estudo, dos objectivos gerais e especficos, das hipteses centrais de investigao e dos aspectos metodolgicos relacionados com o estudo de caso-controlo e o estudo qualitativo; 2) o estudo de caso-controlo (quantitativo); 3) o estudo qualitativo. Estudo de caso-controlo O estudo de caso-controlo foi realizado com mulheres em idade frtil, em que os casos so mulheres consideradas “muito pobres”, havendo dois controlos para cada caso: os controlos 1, que so mulheres consideradas “pobres” e os controlos 2, que so mulheres consideradas “no pobres”. Este estudo foi planeado com uma amostra de 1513 mulheres em idade frtil, com 499 casos seleccionados segundo um esquema de amostragem estratificada proporcional (de mulheres consideradas muito pobres) seleccionados da base de dados de beneficirios de RSI, da SCML. E 1014 controlos (de mulheres no consideradas como muito pobres): os controlos 1 foram seleccionados tambm segundo um esquema de amostragem estratificada proporcional dos restantes beneficirios da SCML; os controlos 2 foram seleccionados de forma bi-etpica, primeiro procedeu-se a uma amostragem aleatria simples de quatro Centros de Sade e de seguida optou-se por uma regra sistemtica de seleco das utentes desses Centros de Sade, mediante a aplicao de um formulrio de critrios de incluso. Os dados foram recolhidos atravs de um questionrio semi-quantitativo aplicado por entrevista. Responderam ao questionrio um total de 1054 mulheres, sendo que o total de respondentes distribui-se pelos grupos em estudo, isto , 304 referentes aos casos (muito pobres), e 750 respeitantes aos controlos [293 pertencentes ao grupo de controlos 1 (pobres) e 457 provenientes do grupo de controlos 2 (no pobres)]. Os dados foram analisados utilizando tcnicas estatsticas bivariadas e multivariadas. Concretamente, comeou-se pela anlise descritiva (frequncias absolutas e relativas; medidas de tendncia central: moda, mdia, mediana, mdia aparada a 5%) das variveis demogrficas e das variveis de fecundidade (representaes, tenses, prticas e controlo de fecundidade) em funo das variveis de condio social (gradientes de pobreza segundo os grupos em estudo). Seguiu-se a anlise de comparao e associao - o teste de Qui-quadrado para testar a homogeneidade e para testar a homogeneidade de varincias aplicou-se o teste de Levene e a normalidade da varivel quantitativa, nos grupos em estudo, foi testada atravs do teste de Kolmogorov Smirnov e o teste de Shapiro-Wilk. Sempre que as condies de aplicao da ANOVA no se verificaram, aplicou-se a alternativa no paramtrica: o teste de Kruskal-Wallis. O clculo do odds ratio da varivel “ter gravidez e filhos” foi efectuado de acordo com o proposto por Mantel-Haenszel aplicado nas situaes em que existem dois controlos por caso. Foram ainda utilizados modelos de regresso logstica (pelo mtodo Forward: LR) para avaliar a probabilidade de ser do grupo de casos (muito pobre), relativamente a ser do grupo de controlos 1 (pobre) e ser do grupo de controlos 2 (no pobre). E dois modelos de regresso logstica multinomial para estudar a relao entre uma varivel dependente de resposta qualitativa no binria [no presente estudo com trs classes - os trs grupos em estudo: casos (muito pobres), controlos 1 (pobres) e controlos 2 (no pobres)] e um conjunto de variveis explicativas (predictor variables), que podem ser de vrios tipos. A anlise efectuada confirma a existncia de gradientes de pobreza e a sua associao a gradientes de fertilidade, que se reflectem em termos de acesso sade e nos padres de utilizao de cuidados de sade reprodutiva. O facto de as mulheres terem tido filhos (varivel “ter gravidez e filhos”) aumenta a probabilidade (OR=1,17; p<0,001; IC = 1,08 – 1,26) de serem muito pobres, comparativamente a serem pobres e no pobres. Isto , a maternidade configura-se como um factor explicativo da pertena social das mulheres, sobretudo quando interligado com outros factores. Concretamente, verifica-se atravs da anlise dos modelos de regresso logstica que existe uma interligao entre a condio social das mulheres e um conjunto de caractersticas sciodemogrficas, que se configuram como factores de risco de pobreza, como sejam o baixo rendimento dos agregados, a dimenso dos agregados familiares, a baixa escolaridade e as pertenas tnicas. Quanto ao acesso econmico, constata-se que as mulheres muito pobres apresentam incapacidades financeiras para comportar custos com a compra de medicamentos muito superiores s restantes, constituindo-se esta como uma caracterstica forte para explicar a sua condio social actual. Em termos de utilizao de cuidados de sade reprodutiva percebe-se que as mulheres muito pobres so caracterizadas por baixa frequncia das consultas de reviso do parto, com todas as eventuais implicaes no seu estado de sade. Um aspecto pertinente prende-se com a sistemtica aproximao das mulheres pobres s muito pobres, distanciando-se em quase tudo das mulheres no pobres. Ou seja, existe um nmero considervel da nossa populao “mdia” com vulnerabilidades, que deveriam merecer uma ateno prioritria em termos de polticas sociais (nomeadamente, na rea da sade, do trabalho e do apoio social). Assim, de enfatizar a importncia de haver uma adequao das polticas de sade no sentido de assegurar que as populaes mais vulnerveis consigam utilizar de forma apropriada os cuidados de sade reprodutiva. Estudo Qualitativo Foi efectuado um estudo qualitativo, atravs de realizao de entrevistas e grupos focais. Concretamente, foram feitas oito entrevistas e dois grupos focais a mulheres provenientes de diferentes contextos socioeconmicos (pobreza e no pobreza), num total de 18 indivduos. Foram conduzidos dois grupos focais a profissionais de sade (enfermeiros e mdicos), num total de 15 participantes. E realizados quatro grupos de discusso a tcnicos de servio social, num total de 36 participantes. Todas as entrevistas e grupos focais foram gravados, seguindo-se a sua transcrio integral. Os dados foram analisados com base nos procedimentos de anlise de contedo habituais no mbito de abordagens qualitativas. No que diz respeito aos grupos focais, procedeu-se a uma anlise categorial temtica. Atravs da anlise das representaes de fecundidade percebe-se que para as mulheres, independentemente do grupo socioeconmico a que pertencem, o melhor e o pior dos filhos, envolve trs nveis: os sentimentos, o desempenho das funes parentais e as privaes. E a maioria das mulheres assume que foi atravs de amigos, dos media e/ou de vizinhos que obteve as primeiras informaes sobre os mtodos contraceptivos. Revelando ainda a inexistncia de influncia familiar, especialmente das mes, na transmisso desses conhecimentos e informaes sobre contracepo, em todos os grupos socioeconmicos. Alis, a percepo generalizada de que o sexo foi um assunto tabu na educao destas mulheres. Muitas das mulheres no estudo descrevem uma preparao inadequada para o sexo e contracepo na primeira gravidez, acontecendo esta como resultado de impreparao e no de planeamento. Encontram-se semelhanas entre as mulheres provenientes de diferentes gradientes sociais, mas tambm se encontram diferenas, nomeadamente, acerca do papel do parceiro masculino no planeamento familiar e no planeamento das gravidezes. Existe uma diferena entre mulheres provenientes de grupos socioeconmicos distintos (muito pobres e pobres vs. no pobres) relativamente ao papel do parceiro na contracepo: no utilizao do preservativo porque companheiros “no aceitam” vs. as mulheres que assumem que as decises quanto contracepo so e foram sempre da sua responsabilidade. Os resultados vm mostrar a importncia atribuda ao sexo do mdico e a vergonha envolvida na utilizao dos cuidados de sade materna, cujas consequncias se revelaram impeditivas de realizao das consultas ps-parto. Vrios estudos j apontaram o desconforto durante o encontro biomdico nos cuidados pr-natais resultando de uma incapacidade da mulher para lidar com certas caractersticas do profissional de sade, que podem incluir idade, gnero e linguagem (cfr. nomeadamente, Whiteford e Szelag, 2000). Um outro aspecto em que h diferenas entre grupos socioeconmicos nos resultados do estudo de caso-controlo, e que vem ser ainda mais aprofundado atravs do estudo qualitativo, est relacionado com os apoios recebidos quando os filhos nascem e quando existe uma situao de doena. As mais pobres encontram-se numa posio de vulnerabilidade acrescida, porque no podem colmatar a falta de apoios, por exemplo com amas para tomar conta dos filhos, como admitido, por exemplo, por uma mulher de etnia cigana. Mas emerge uma semelhana entre as mulheres dos diferentes grupos socioeconmicos, quando reivindicam a necessidade de existir mais apoio, nomeadamente uma rede de creches. Os profissionais (sade e social) demonstram nas suas representaes as influncias do modelo biomdico de sade. Quanto s mulheres, consoante o seu contexto cultural, elas tendem a integrar num “modelo prprio” a sua relao com os cuidados de sade, especificamente com os cuidados pr-natais. Modelo esse que no exclui o uso dos servios biomdicos durante a gravidez, o que acontece que as mulheres conservam as suas crenas e algumas prticas tradicionais em face de novas. Deixando em aberto a possibilidade de negociao e transmisso de conhecimentos por parte dos profissionais de sade, processo facilitado com existncia de dilogo e abertura dos profissionais de sade para as especificidades culturais (cfr. outros estudos, nomeadamente, Atkinson e Farias, 1995; Whiteford e Szelag, 2000). Os profissionais atribuem ao “pobre” uma caracterstica-tipo: o imediatismo. Este condiciona a actuao dos indivduos “pobres” nas prticas de planeamento familiar e nas formas de utilizao de cuidados de sade reprodutiva. Por exemplo, para os profissionais de sade e tcnicos de servio social a utilizao correcta da contracepo depender do nvel educacional da mulher. Mas no se comprova tal facto nos estudos, havendo mesmo indcio de uma certa transversalidade nas “falhas” de utilizao, por exemplo da plula. Atravs do estudo de caso-controlo comprovase que a plula era o contraceptivo mais usado no momento em que as mulheres engravidaram do ltimo filho, sendo que aparentemente algo ter falhado (dosagem, esquecimento, toma simultnea de antibitico), no existindo diferenas entre os grupos socioeconmicos. A anlise reflecte a existncia de representaes nem sempre coincidentes entre mulheres e profissionais de sade, no que diz respeito maternidade, gravidez e fecundidade, mas tambm s necessidades e formas de utilizao dos cuidados de sade reprodutiva (sade materna e planeamento familiar). Chama-se a ateno para a importncia dos decisores terem estes factos em ateno de forma a adequar as polticas de sade s expectativas e percepes de necessidade por parte das populaes vulnerveis, procurando atingir o objectivo de utilizao adequada de cuidados de sade reprodutiva e, em ltima anlise, promover a equidade em sade. Concluses Gerais Esta investigao insere-se numa lgica de perceber as caractersticas associadas no continuum de pobreza, procurando-se os factores que explicam a posio relativa dos grupos nesse mesmo continuum. Em termos de sade, contata-se existir uma associao entre a no realizao de consultas de reviso do parto e as chances superiores de pertencer a um grupo socioeconmico mais pobre. Haver aqui lugar a um cuidado acrescido em termos de organizao de cuidados de sade para que estas mulheres, com vulnerabilidades de vria ordem, sejam devidamente acompanhadas, orientadas, apoiadas para a realizao deste tipo de consultas, envolvendo uma sensibilizao para “gostar de si prpria”, de valorizao individual, mesmo depois do nascimento dos filhos. As redes de sociabilidade so distintas consoante a posio que a mulher ocupa em termos de gradiente social, sendo que a posio mais vulnervel para as mulheres muito pobres e pobres, quer em situao de doena, quer em situao de apoio para os filhos e ainda em termos de privao material existe um efeito em termos de diluio das sociabilidades para grupos j to fragilizados a outros nveis. Ao descrever, analisar e caracterizar os gradientes de pobreza e privao mltipla entre os grupos de mulheres em estudo posso concluir que existem aspectos diferenciadores das mulheres pobres relativamente s mulheres no pobres.Mas elas manifestam sobretudo caractersticas que as aproximam das mulheres muito pobres. Ou seja, este grupo de pessoas est particularmente envolta numa multiplicidade de riscos sociais, uma vez que so mulheres que tm filhos, trabalham, tm redes de sociabilidade enfraquecidas e no podem contar com a ajuda do Estado em termos de medidas de apoio social, no sendo elegveis, por exemplo, para o RSI. Urge rever as condies de atribuio de medidas, no necessariamente com a configurao actual, mas que tenham em ateno este conjunto populacional. A actividade sexual comea muito cedo nas vidas das jovens, independentemente da provenincia socioeconmica, pelo que esse um aspecto que, penso, dever continuar a ser considerado em termos de sade sexual e reprodutiva por parte das diferentes entidades no que se refere educao e promoo para a sade. As questes relacionadas com a incapacidade para comportar custos de sade - deixar de comprar medicamentos, sobretudo, para as prprias mulheres, no poder pagar consultas em mdicos especialistas e dentistas - revelam-se srias, na medida em que fazem emergir as diferenas em termos de grupos socioeconmicos, constituindo-se como um factor associado com as iniquidades em sade ainda existentes em Portugal. Como sabido pelos estudos realizados, estas so tambm causas de pobreza. Assim, esta uma das reas a merecer actuao prioritria no sentido de contribuir para que caminhemos para uma sociedade com mais equidade. A existncia de diferenas na acessibilidade e no acesso geogrfico e econmico, marcada pelas diferenas em termos de gradientes sociais, deixa em aberto a necessidade de actuar no sentido de que o sistema de sade tenha polticas de promoo da equidade, nomeadamente a equidade de acesso econmico, na investigao desenvolvida sobre “sistemas de sade”. Parece que fica evidente a necessidade de monitorizar quais as interaces entre as polticas, de sade e sociais, e a variabilidade nas desigualdades sociais ao longo do tempo, ou seja, a importncia de monitorizar os efeitos das polticas nos grupos vulnerveis. S avaliando poderemos saber se as medidas devem continuar com contedo e formas de implementao actuais ou se, pelo contrrio, devero acontecer mudanas nas medidas de apoio para melhorar as condies sociais e de sade das populaes.
Resumo:
So apresentados dois casos de paracoccidioidomicose, um em paciente com a sndrome da imunodeficincia adquirida e o outro em paciente com infeco pelo HIV. Trata-se dos primeiros relatos em que esta associao descrita na literatura. No primeiro, a micose se evidenciou durante o acompanhamento de paciente com AIDS, que passou a apresentar hpato-esplenomegalia e febre elevada. A ecografia, radiografia simples e tomografia computadorizada do abdmen, demonstraram ndulos slidos, alguns calcificados, no parnquima esplnico. A puno aspirativa da medula ssea confirmou o diagnstico; o conjunto dos achados caracterizou a forma aguda disseminada da paracoccidioidomicose, a qual levou o paciente ao bito. No segundo relato, em paciente com infeco pelo HIV, a propsito de investigao de tumorao na regio inguinal e fossa ilaca direita, constatou-se a associao de doena de Hodgkin, tipo celularidade mista e paracoccidioidomicose. Avalia-se a importncia destes relatos frente a expanso da infeco pelo HIV e estima-se que mais casos venham a ser relatados em pacientes com AIDS, procedentes de reas endmicas desta micose. Prope-se a incluso da paracoccidioidomicose como infeco oportunstica potencial em pacientes HIV positivos nestas reas.