Idosos com alteração cognitiva em contexto de pobreza: estudando a rede de apoio social

O objetivo deste trabalho foi analisar a estrutura e função das redes de apoio social de idosos com alterações cognitivas, residentes em contexto de alta e muito alta vulnerabilidade social, além de identificar associações entre as características das redes e a capacidade funcional. Os sujeitos estudados foram 38 idosos, residentes em contexto de alta e muito alta vulnerabilidade social, que apresentaram resultado no Mini Exame do Estado Mental abaixo da nota de corte. Todos os cuidados éticos foram observados. Aplicaram-se o Mini Exame do Estado Mental, o Diagrama de Escolta, o Índice de Katz e o Questionário de Pfeffer. Os resultados demonstraram que os idosos avaliados possuem rede social grande, com predomínio de integrantes no círculo interno, porém poucos integrantes desempenham papéis funcionais. Observou-se correlação entre a variável sexo e o número de integrantes das redes sociais. Não foi observada correlação significativa entre as características das redes e a capacidade funcional dos idosos.

“IF ONLY I COULD�? ~ “THERE IS ALWAYS A LOOPHOLE"? Hope and hopelessness experienced by the severely depressive and nondepressive

The aim of this research was to structure a conceptual model of hope and hopelessness based on dictionary definitions, and to verify this model on the basis of the experiences of the severely depressive and non-depressive elderly. This research has produced a substantive theory of hope and hopelessness which is based on the experiences of the depressive and non-depressive elderly, and on the concept analysis of hope and hopelessness based on English dictionary definitions. The patients who participated in the research were 65 years old and older men and women (n=22) who had been admitted to a psychiatric hospital because of major depression, and another group: the non-depressive elderly (n=21), who were recruited from the pensioners’ clubs. The data were collected in interviews using the Clinical Assessment Tool, developed by Farran, Salloway and Clark (1990) and Farran, Wilken and Popovich (1992), and it produced 553 pages of written text, which were analysed using the ATLAS/ti programme. ATLAS/ti is a tool for analysing qualitative data and is based on Grounded Theory. The medical and nursing records of the depressive elderly completed source triangulation. The concept analysis of hope and hopelessness was made on the basis of the definitions of English dictionaries (n=103), using semantic analysis and the ATLAS/ti programme. The most important hope-promoting factors were human relations, health and managing in everyday living. Autonomy, self-determination and feeling of security were highly appreciated among the elderly. Hopelessness, on the other hand, was most often associated with the same factors: human relations, health and everyday living. Especially, losses of significant others were experienced as strongly hope-diminishing. Old age had brought freedom from duties concerning others, but now, when you finally had an opportunity to enjoy yourself, you could not accomplish anything; you were clasped in the arms of total inability, depression had come. The most obvious difference in the life course of the depressive and nondepressive elderly was the abundance of traumatic experiences in the childhood and youth of the depressive elderly. The continuous circulation of fearful thoughts was almost touchable, and suicidality was described in connection with these thoughts. You were afraid to be awake and also to go to sleep. Managing day by day was the goal. The research produced the Basic Social Process (BSP) of hope: achieving - maintaining - losing, which expresses a continuous balancing between Being without and Being with. The importance of the object of hope was combined with the amount of hope and disappointment. The process of approaching defined the realisation of hope and the process of withdrawal that of losing. Joy and security versus grief and insecurity defined the Being with and Being without. Two core categories were found. The first one “If only I could�? reflects lack of energy, lack of knowledge, lack of courage and lack of ability. The other one “There is always a loophole�? reflects deliberate tracing of possibilities and the belief in finding solutions, and managing.

A nonapeptide encoded by human gene MAGE-1 is recognized on HLA-A1 by cytolytic T lymphocytes directed against tumor antigen MZ2-E.

We have reported the identification of human gene MAGE-1, which directs the expression of an antigen recognized on a melanoma by autologous cytolytic T lymphocytes (CTL). We show here that CTL directed against this antigen, which was named MZ2-E, recognize a nonapeptide encoded by the third exon of gene MAGE-1. The CTL also recognize this peptide when it is presented by mouse cells transfected with an HLA-A1 gene, confirming the association of antigen MZ2-E with the HLA-A1 molecule. Other members of the MAGE gene family do not code for the same peptide, suggesting that only MAGE-1 produces the antigen recognized by the anti-MZ2-E CTL. Our results open the possibility of immunizing HLA-A1 patients whose tumor expresses MAGE-1 either with the antigenic peptide or with autologous antigen-presenting cells pulsed with the peptide.

A formação de frases relativas de PP no português oral de Cabo Verde e de São Tomé

Os mecanismos de formação de frases relativas restritivas têm sido amplamente analisados na literatura sobre o português europeu (PE) e o português brasileiro (PB) (e.g. Tarallo 1985; Brito 1991; Kato 1993; Peres & Móia 1995; Kato et al. 1996; Alexandre 2000, Kenedy 2007), focando em particular se há ou não aplicação da operação Move. No entanto, os estudos sobre construções-Q, concretamente sobre relativas restritivas, em variedades (emergentes) do português em África são ainda escassos e restringem-se essencialmente ao português de Moçambique (PM), onde se observa um processo de mudança linguística que parece privilegiar a estratégia resumptiva (Chimbutane 1996; Gonçalves 1996; Gonçalves & Stroud 1998; Brito 2001), como em Nesta comunicação, alargaremos o estudo das frases relativas ao português falado em Cabo Verde e em S. Tomé e Príncipe, baseando-nos em corpora do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (CLUL) descritos na secção 3. O nosso objetivo é mostrar que, nestas variedades, a estratégia canónica de piedpiping (2) convive com diversas estratégias consideradas agramaticais à luz da norma, designadamente a estratégia cortadora (3), que é particularmente comum, e as estratégias resumptiva (4) e de cópia defetiva (5), que ocorrem com menor frequência. Esta última estratégia foi apenas encontrada nos dados do POST.4 (2) Não, houve uma ocasião em que havia muita cólera, ... (POST) (3) a. Esse jornalista Ø que estamos aqui a falar, isento, objectivo... (POCV) b. Depois cheguei um momento Ø que eu vi que era vazio... (POST) (4) Meu filho foi baptizado no católico e a mulher que eu vivo com ela também é católica. (POST) (5) A própria escola que eu estudei nele. (POST) Defenderemos que a preferência pela estratégia cortadora poderá estar relacionada com a reestruturação das grelhas argumentais dos verbos no POST (R. Gonçalves 2010) e que tal facto constitui um contraste com o POCV (assim como com o PE e o PB), variedade em que a presença de relativas cortadoras não está, tipicamente, relacionada com a alteração dessas propriedades nos verbos.

Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau

A progressiva crença na obsolescência da guerra no contexto pós Guerra Fria tem contribuído para a ocultação dos processos estruturais que se perpetuam e que reproduzem as desigualdades e a marginalização ao nível global e que se constituem como e provocam violência. Ignora-se frequentemente que, perante a ausência de guerra, os meios e instrumentos de promoção e materialização da violência se trasladam para outras expressões, escalas ou actores. A partir dos casos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, esta comunicação pretende colocar em causa a separação estanque entre a guerra e a paz e sugerir que esta última pode ser um projecto igualmente violento, que se manifesta nomeadamente através do controlo dos jovens, quer através do poder exercido pelas elites em Estados periféricos, quer pelo mercado da pobreza e da insegurança à escala global. Defendemos que o grau de aceitação ou rejeição da marginalização e dependência como destino social, pelos jovens, é um factor essencial para a contenção ou promoção da violência colectiva. Ora, num contexto de consolidação de um conjunto de políticas e instituições internacionais destinadas a manter a segurança das elites globais, parecem cada vez mais reduzidas as possibilidades não violentas de reivindicação de um estatuto valorizado pelos jovens.

Desenhos de África, Desígnios Coloniais, Desejos Suspensos: Artes plásticas e colonialidade

Pensar a produção artística numa perspectiva pós-colonial equivale a problematizar não só as suas dimensões conceptuais e experimentais mas igualmente as suas inúmeras modalidades de criação e de divulgação/recepção, inscritas um universo alargado do discurso visual - assente numa multitemporalidade e multireferencialidade – onde se vão forjando possíveis graus de intervisualidade e intertextualidade. Neste sentido, tendo como cenário de fundo o desenvolvimento de um discurso imagético, que durante o século XX contribuiu para a construção de um imaginário do “império colonial português”, (abrangendo o espaço, as pessoas e as suas expressões artísticas), no âmbito do qual o desenho assume um papel polivalente, pretende-se com esta comunicação, discutir as relações que se foram tecendo entre as artes plásticas e os domínios da colonialidade, desafiando as noções de história, identidade, tradição, modernidade, interculturalidade, e convocando uma multiplicidade de experiências, raízes e rotas que integram a textura das obras de artistas portugueses e africanos

De Étnicos A “Étnicos”: Uma Abordagem Aos “Angolares” De São Tomé e Princípe

Angolares e forros têm o estatuto de grupos étnicos e rácicos, expressões quase equivalentes no contexto estudado, usadas pelos santomenses para se classificarem entre si. Forros e angolares sentem-se genética e ontologicamente diferentes: os forros consideram-se superiores pela junção com um sangue valorizador, o do europeu, que idealmente ter-se-ia misturado apenas com os seus ascendentes. Os angolares teriam sangue e comportamento “mais africano” e inferior, como resultado da sua pureza intacta, sinónimo de primitividade. O sangue misturado dos forros é a metáfora que valida e legitima uma cultura grupal que se considera mais propensa à civilidade e portanto à ocupação de lugares de maior poder socio-político e económico.

Predation drives interpopulation differences in parental care expression.

Expressing parental care after oviposition or parturition is usually an obligate (evolved) trait within a species, despite evolutionary theory predicting that widespread species should vary in whether or not they express parental care according to local selection pressures. The lizard Eutropis longicaudata expresses maternal care only in a single population throughout its large geographical range, but why this pattern occurs is unknown. We used reciprocal translocation and predator exclusion experiments to test whether this intraspecific variation is a fixed trait within populations and whether predator abundance explains this perplexing pattern. Wild-caught female lizards that were reciprocally translocated consistently guarded or abandoned eggs in line with their population of origin. By contrast, most lizards raised in a common garden environment and subsequently released as adults adopted the maternal care strategy of the recipient population, even when the parents originated from a population lacking maternal care. Egg predation represents a significant fitness cost in the populations where females display egg-guarding behaviour, but guarding eggs outweighs this potential cost by increasing hatching success. These results imply that predators can be a driving force in the expression of parental care in instances where it is normally absent and that local selection pressure is sufficient to cause behavioural divergence in whether or not parental care is expressed.