999 resultados para religião e socialismo
Resumo:
Este artigo apresenta dados de pesquisa sobre a organização escolar e curricular de escolas primárias na colônia catarinense Hansa, fundada em 1897. Foi baseado na análise de documentos da Companhia Colonizadora Hamburguesa. Os resultados mostram peculiaridades como o ensino em alemão e o currículo focalizado no Cálculo e na aprendizagem da língua e cultura alemãs nas disciplinas de Leitura, Escrita, Poesia, Canto, Religião e Latim. Porém, havia matérias como Português e História, que abordavam questões brasileiras. Nos seus primeiros anos, as instituições mantiveram aspectos pedagógicos que as caracterizam como típicas expressões do fenômeno das escolas étnicas: as escolas alemãs [Deutsch Schulen]. Elas atenderam a necessidade de escola, embasadas por um conjunto de práticas educativas de cunho étnico que mesclaram aspectos culturais estrangeiros àqueles do contexto brasileiro. O uso da língua alemã constituiu um indicador étnico essencial. A compreensão dessas instituições escolares na história da educação brasileira é parametrizada pelas relações entre currículo e cultura, considerando a questão étnica como fator central na análise dos processos sociais.
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Revisa alguns aspectos da constituição do conhecimento científico, como, por exemplo, sua definição, sua relação com a filosofia, com a religião e com o mito; segundo, descreve algumas características de eventos que se desenvolveram e ainda se desenvolvem a partir de novos conceitos em torno da própria ciência, tais como o (novo) senso comum e algumas discussões (Thomas Kuhn e Karl Popper) sobre as revoluções científicas. Estabelece que a gênese científica relaciona-se às manifestações cotidianas, modificando-se e distinguindo-se em suas múltiplas interpretações.
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Platão não é o iniciador, e sim o herdeiro da "velha divergência" entre filósofos e poetas. A motivação ético-teológica, que já animava Xenófanes,vai se reatualizar na República. Para poder apreciar o sentido dessa reatualização, importa que não se considere o Livro X isoladamente, mas se atente para os primeiros livros do diálogo. Neles, e com vistas a uma melhor determinação do justo -que é o que está em pauta-, Platão mostra a necessidade de se discutir as afirmações dos poetas. Trata-se assim de destituí-los da autoridade de que ainda gozam na educação e na opinião comum. Só graças à discussão filosófica e a uma educação por ela inspirada -o que pressupõe a produção ou a seleção de mitos- é que se pode esperar uma maior realização da justiça, tanto no plano do indivíduo (do governo de sua alma) quanto no nível da cidade. A leitura aqui proposta das "razões" de Platão na República não impede que reconheçamos a importância da tragédia para a compreensão da existência humana, inclusive no que toca à idéia do divino.
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A Fenomenologia do Espírito de Hegel não é ainda o lugar específico da posição de sua filosofia da arte propriamente dita. Entretanto, é possível compreender a relação sistemática entre alguns conceitos fundamentais desta obra de 1807 e a concepção hegeliana de arte da maturidade. A partir desta relação, destacaremos em nossa interpretação três diferentes e complementares teses: 1. Da obra de arte como produto ideal do trabalho do espírito (Geist); 2. Do simbolismo da religião natural como produto do trabalho do artesão à beleza da religião da arte; 3. Da necessidade do oráculo à subjetividade concreta do ator de teatro.
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Este artigo tem duas partes. Na primeira, é examinada a apropriação que Pascal faz do argumento cartesiano do Deus enganador no fragmento La 131 dos Pensamentos. Mostra-se aí uma leitura epistemológica cética do argumento de Descartes que o transforma em uma das premissas do argumento pascaliano da verdadeira religião. Na segunda parte, é examinada a apropriação que Huet faz deste mesmo argumento cartesiano no seu Tratado filosófico da fraqueza do entendimento humano (livro I, capítulo 10). Mostra-se nesta parte, com base no Tratado e nas anotações que Huet fez no seu exemplar dos Pensamentos, que a leitura cética huetiana do argumento cartesiano é derivada da leitura pascaliana do mesmo argumento, embora para um fim diferente do de Pascal: não como prova da doutrina da Queda, mas como indicação da fraqueza da razão desprovida da fé.
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Em Pascal et la philosophie, qualificamos de primeira antropologia aquela que Pascal emprega na "Conferência a Port-Royal" e que faz o projeto da Apologia. Fundamentada na oposição agostiniana da grandeza e da miséria, essa antropologia é "abstrata" no sentido em que considera uma natureza humana dada de maneira puramente teórica. Por segunda antropologia, entendemos designar o conjunto das reflexões pascalianas que não poderiam entrar na problemática secular da verdadeira religião. Fazendo aí uma obra absolutamente original, Pascal expõe os conceitos fundamentais de imaginação, de justiça e de força, de divertimento ou de glória. Com eles, a segunda antropologia está des-teologizada: a teologia não está nem em seu princípio, nem em seu fim como apologética. Pascal considera nela não apenas o homem, mas os homens em suas determinações concretas, existenciais, e não somente em função de uma natureza humana, ainda que contraditória. O pensamento do homem como paradoxo foi substituído pelo do homem em sua finitude. A partir da leitura dos fragmentos La 620, 470 e 806 e do tema existencial da glória, o presente artigo esboça uma caracterização positiva da segunda antropologia: ela revela que o homem se descobre habitado por um outro sujeito, a imaginação. Por aí mesmo, a segunda antropologia revela-se um pensamento da alienação, um pensamento do pensamento como alienação.
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Apresenta-se a interpretação oferecida por Bayle do ceticismo antigo: suas características, sua origem e a distinção entre pirrônicos e acadêmicos. Em seguida, discutem-se alguns aspectos importantes do ceticismo: sua concepção de ciência, sua conduta na vida prática e sua atitude em face da religião.
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A dificuldade em admitir-se o antropomorfismo dos deuses aparece na Grécia a partir da época arcaica, com os primeiros textos em prosa dos pensadores pré-socráticos. Neste estudo definirei as principais características dessa reflexão crítica sobre os limites do antropomorfismo, bem como a recusa dos intérpretes modernos em aceitar o antropomorfismo grego como uma experiência religiosa autêntica. Alguns fragmentos de Heráclito de Éfeso serão citados como exemplo da sabedoria dos jônios na época arcaica.
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Embora a bibliografia secundária tenha negligenciado a importância de Pascal para Hume, argumenta-se que, em muitos assuntos e ao longo de toda a vida, Hume beneficiou-se da leitura de Pascal. O artigo se concentra mais nas questões epistemológicas e metafísicas, fazendo somente breves alusões à moral e religião. Dois são os eixos principais da apropriação humeana do pensamento de Pascal: suas reflexões sobre o ceticismo e seu anti-cartesianismo, em particular sua crítica ao cogito e à concepção cartesiana de ciência.
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INTRODUÇÃO: Após a Segunda Guerra Mundial, a indústria farmacêutica (IF) consolidou-se como importante e lucrativa atividade econômica. Considerando que os prescritores são médicos, a IF se vale de pesada campanha propagandística e do oferecimento de vantagens, desde os primórdios da formação médica. OBJETIVOS: Identificar percepções éticas em estudantes de Medicina no início do curso, além de comparar os distintos grupos que compõem a amostra. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Estudo transversal, descritivo, baseado na aplicação e análise de questionário sobre a relação entre médicos e IF, respondidos por 94 segundanistas. Para análise estatística, utilizaram-se testes do tipo Wilcoxon e Exato de Fisher. A significância foi de p = 0,5. RESULTADOS: As respostas foram semelhantes aos conceitos do Código de Ética Médica (CEM) de 1988. Na comparação entre grupos relativamente ao item que declarava a necessidade de maior tempo de abordagem de temas éticos, verificou-se divergência entre estudantes religiosos e aqueles sem religião declarada. DISCUSSÃO: A influência das ações da IF era conhecida entre os alunos, ainda que ignorassem certos mecanismos de atuação desta e se tornassem vulneráveis à propaganda em ambiente acadêmico. CONCLUSÃO: As percepções éticas dos estudantes pesquisados foram, em geral, homogêneas na amostra e estão em conformidade com o CEM. Reconheceram a necessidade de contínua discussão sobre o assunto
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O curso de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem seu currículo orientado por competência e utiliza metodologias ativas de aprendizagem. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo identificar e avaliar a construção das situações-problema (SP) utilizadas na Atividade Curricular Situações-Problema do curso de Medicina da Universidade de 2006 a 2009. Para a realização da coleta de dados, foram selecionadas as 81 situações-problema trabalhadas da 1ª à 4ª série pelos estudantes da primeira turma. Para tanto, realizou-se um estudo de caso cuja análise descritiva buscou uma abordagem quali-quantitativa. As variáveis analisadas foram: gênero; idade; ocupação; religião; cor da pele; desfecho da situação; fases do processo saúde-doença; cenário; dimensões (biológica, psicológica e social); áreas de competência (cuidado individual, cuidado coletivo, gestão e educação); e áreas de conhecimento. O estudo mostrou que a forma como as SPs estão sendo elaboradas é coerente com a literatura, pois guarda relação com os perfis sociodemográfico e epidemiológico brasileiros. Além disso, a investigação identificou outras características relativas ao formato das SPs, como a redação em diálogos e a opção por situações curtas e longas.
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INTRODUÇÃO: Beber pesado episódico (BPE) é importante problema de saúde pública, pelas conseqüências negativas para o indivíduo e a sociedade. O objetivo desse estudo foi investigar a prevalência de BPE entre estudantes de medicina e os fatores associados ao problema. MÉTODOS: Foram entrevistados todos os estudantes de medicina do 1º ao 8º períodos da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora. Aplicou-se o questionário AUDIT, de forma auto-preenchida e anônima. RESULTADOS: A prevalência de uso de álcool foi de 91%. BPE teve prevalência de 25%, maior para os homens (p < 0,001). Houve associação positiva de BPE com ter iniciado o uso de álcool antes da faculdade e tabagismo em ambos os sexos, e associação negativa com ser praticante de religião para os homens e ter relacionamento fixo para as mulheres. CONCLUSÕES: Encontrou-se alta prevalência de BPE entre os estudantes de medicina. As faculdades deveriam ter papel mais ativo na orientação de seus estudantes quanto ao consumo de álcool, pois estes serão futuros promotores de saúde.
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OBJETIVO: O objetivo do estudo foi estimar a prevalência de Transtornos Mentais Menores (TMM) entre os estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e avaliar possíveis correlações entre TMM e fatores de risco. MÉTODOS: Estudo transversal realizado de abril a agosto de 2012 com 384 alunos do curso de Medicina. O questionário utilizado foi autoaplicável e anônimo. Foram coletados dados sociodemográficos e a rede de apoio social. Para o rastreamento de TMM, utilizou-se o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). RESULTADOS: A prevalência total de TMM encontrada foi de 33,6%, que esteve independentemente associada ao período do curso (p < 0,001; 9,7% a 63,3%), à idade (p < 0,05; 25% a 42,6%), a não seguir uma religião (p < 0,05; 44,8%). CONCLUSÃO: Os dados demonstram elevada prevalência de TMM nessa população e a importância de subsidiar ações para prevenção e cuidado com a saúde mental dos estudantes de Medicina, melhorando sua qualidade de vida.
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Pesquisa realizada em um programa de hemodiálise de um hospital público universitário do Rio de Janeiro investigou percepções de um grupo de médicos em relação à religiosidade de seus pacientes frente à doença e ao tratamento. Foi usada como base teórica a Teoria das Representações Sociais de Moscovici e a metodologia quali-quantitativa de análise do discurso do sujeito coletivo (DSC). Os discursos revelaram o reconhecimento da presença e da importância das crenças religiosas no contexto da assistência médica, sendo elas valorizadas como um recurso psicológico tanto no enfrentamento das dificuldades da doença e do tratamento, no caso dos pacientes, quanto no enfrentamento das situações difíceis vividas no exercício profissional, no caso dos médicos. Também evidenciaram a existência de dificuldades em conversar sobre o assunto com os pacientes e o silêncio sobre ele entre os colegas médicos. Os resultados encontrados indicam a necessidade de maior elaboração reflexiva sobre o assunto no grupo investigado, carência de maior investimento educacional na formação médica no que se refere às questões religiosas e maior divulgação, entre os médicos, de trabalhos publicados sobre o assunto.
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RESUMO O curso universitário é gerador de estresse, e, de acordo com a literatura, há elevada prevalência de sintomas depressivos e transtornos emocionais em até metade dos universitários. Cerca de um terço das pessoas com síndromes funcionais ou síndromes somáticas funcionais (SSF) sofre de ansiedade ou depressão. Percebe-se, assim, a associação das SSF com fatores psicossociais e estresse. Objetivo Verificar a prevalência de síndrome funcional em estudantes e residentes de Medicina. Métodos Foram entrevistados 200 estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que cursavam o quinto, sexto, nono e décimo períodos, sendo 25 homens e 25 mulheres de cada período, bem como 27 residentes de várias especialidades do Hospital das Clínicas da UFMG (11 homens e 16 mulheres). Os voluntários responderam aos questionários Beck Depression Inventory (BDI) e Stait-Trait Anxiety Inventory (Stai), ambos validados no Brasil para avaliação da depressão e ansiedade, e a questionário para verificar a presença de síndromes funcionais. Resultados Oitenta e sete indivíduos (38,3%) tiveram o diagnóstico de síndrome somática e funcional (SSF), sendo prevalente nos residentes (48,1%) e nos alunos do quinto ano (43%) e menor nos alunos do terceiro ano (30%). Mulheres e seguidores da religião espírita foram os que apresentaram maior associação com SSF (p < 0,05), assim como os que possuíam maiores pontuações no questionário de avaliação de depressão e aqueles em período de formação mais avançado no curso médico. A SSF foi mais encontrada em estudantes com idade menor que 24 anos (39,4%), com renda inferior a dez salários mínimos (53,2%), casados (46,7%), com filhos (80%), entre os que possuíam parentesco médico (40,8), em tabagistas e alcoolistas (58,5%) e em estudantes com traços de ansiedade alta (45,6%). Conclusão As síndromes funcionais são frequentes entre os estudantes e residentes de Medicina. Elas ocorrem mais no sexo feminino e em deprimidos em períodos de maior tensão emocional.