971 resultados para Teatro brasileiro História e crítica
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma história da Psicologia Social no Rio de Janeiro no perodo compreendido entre as dcadas de 60 e 90. Iniciamos este trabalho discutindo a crise no campo da Psicologia Social que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos a partir de meados dos anos 60. No Brasil, a crise comeou a ter desdobramentos apenas na dcada de 70. Iniciava-se a crítica a Psicologia Social cognitiva norte-americana e a busca de novas teorias, metodologias e interlocutores no campo da Psicologia Social. No Rio de Janeiro, o principal representante desta perspectiva foi Aroldo Rodrigues. Sua principal opositora foi Silvia Lane. Em Minas Gerais, O Setor de Psicologia Social foi outro importante eixo de oposio. Ao longo da tese, buscamos compreender como alguns enunciados presentes nos anos 60 e 70, entre os movimentos de resistncia como o CPC da UNE, o Tropicalismo e a Teologia da Libertao, como crítica e alternativa aos ditames positivistas. Era necessria uma Psicologia Social que permitisse pensar a realidade social brasileira. As categorias universalizantes da Psicologia Social norte-americana, que pensavam o homem fora da história e da cultura, passaram a ser objeto de crítica. Como afirmamos, buscamos apresentar uma história da Psicologia Social no Rio de Janeiro no perodo histrico j definido anteriormente. Para isso, alm do levantamento de referncias sobre o tema fizemos entrevistas com vrios dos personagens que participaram desta mesma história, como professores, pesquisadores e alunos.
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Compreendido como um fenmeno da contemporaneidade, a partir da dcada de 80 o movimento feminista um exemplo do que se convencionou denominar por novos movimentos sociais. A partir desse momento, verifica-se uma tendncia de as demandas dos movimentos expandirem-se para lutas estruturadas em torno de opresses sofridas, principalmente identitrias, no lugar de militncias da esfera estritamente econmica. Neste contexto que o presente estudo insere-se. Este trabalho tem como objetivo verificar as motivaes de jovens brasileiras, de origens pobres, moradoras em reas de favelas ou bairros populares, em movimentos feministas no Rio de Janeiro. Foram analisadas suas motivaes iniciais e as que as manteriam militando, observando-se algumas tenses existentes nessas participaes polticas. Visando ao mapeamento da ambientao histrica e poltica dos movimentos sociais que se abriam como possibilidades a estas jovens, buscamos traar um breve histrico dos movimentos sociais na contemporaneidade e, em especial, nos contextos latino-americano e brasileiro, a partir da bibliografia disponvel sobre o tema. Para o caso especfico dos movimentos no Rio de Janeiro, foram realizadas entrevistas com antigas militantes. Tendo em vista que as entrevistadas advinham de famlias pobres, consideramos importante enveredar nas discusses sobre as excluses sociais, a partir de uma literatura crítica ao conceito, e procurando verificar os rebatimentos das teorias situao especial em estudo. A pesquisa de campo contou com entrevistas semi-estruturadas realizadas com cinco jovens, com idades entre 19 e 29 anos. Para efeitos analticos, compreendemos suas histórias a partir da metodologia da História Oral, a qual visa evidenciar a multiplicidade de vozes outrora desprezadas pelo saber cientfico, sublinhando o carter militante do entrevistador. Buscando conhecer as histórias de vida das entrevistadas, foram focalizados aspectos tais como: suas origens familiares, suas condies de jovens; situao de moradia e circulaes pela cidade; percursos escolares e trajetrias de trabalho. A partir desses dados abordarmos suas trajetrias militantes.
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Este trabalho tem como temtica as polticas curriculares circunscritas anlise de processos articulatrios no campo disciplinar da História. Defendo que a Teoria do Discurso de Ernesto Laclau mais potente para a compreenso de como sujeitos atuam na produo de polticas e de como seus significados so discursivamente produzidos e hegemonizados. Articulo os aportes terico-metodolgicos da Teoria do Discurso aos do Ciclo Contnuo de Produo de Polticas de Stephen Ball, retomando sua defesa de currculo como texto, mas questionando o risco de reintroduo de uma centralidade no processo de significao das polticas. De igual modo, articulo Teoria do Discurso os aportes da História das Disciplinas Escolares de Ivor Goodson, recuperando sua defesa de que significados disciplinares so negociados nos processos de hegemonizao, mas questionando o risco de essencializao dos sujeitos bem como sua subjetivao anterior articulao poltica. Com essa construo terica hbrida, defendo a concepo de currculo como poltica cultural discursiva e a delimitao de um campo discursivo disciplinar da História como campo ressignificador das polticas curriculares. Reforo os argumentos sobre as potencialidades da Teoria do Discurso a partir de analogias com a linguagem, conferindo centralidade aos conceitos imbricados de metonimizao e metaforizao e de lgica do significante. A partir de uma das ferramentas da Lingustica de Corpus, o programa Wordsmith Tools 5, submeto anlise, por um de seus instrumentos o Concord , o material emprico selecionado. Assim, identifico nas edies da Revista Brasileira de História e da Revista História Hoje publicaes da Associao Nacional de História (ANPUH); em Pareceres, Diretrizes, Orientaes e Parmetros Curriculares, dentre outros textos chancelados pelo Estado brasileiro no perodo compreendido entre os anos de 1960 e 2010; e, em seis entrevistas, a forma como nesses textos se significa conhecimento histrico, destacando a superposio de sentidos. Por fim, defendo, como nos processos de significao, sentidos se deslocam e se condensam simultaneamente, tornando hegemnica a concepo embutida na metfora de História como construo. Identifico processos de subjetivao nos quais atores sociais, defendendo a centralidade do conhecimento histrico, constituem uma identidade da História, antagonizando-se a outros que constituem uma identidade pedaggica na luta pela hegemonizao de sentidos nas polticas curriculares.
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Aprovada em janeiro de 2003, a A Lei 10.639 tornou obrigatrio o ensino da História e cultura da frica em todos os estabelecimentos de ensino, pblicos e privados, no Brasil. O MEC sugere que a Lei seja trabalhada atravs de projetos. Supe-se que, desta forma, a escola pode se situar numa perspectiva de compromisso e de implicao das suas prticas de mudana individuais e/ou coletivas. Temos a convico de que esta lei no surgiu ao acaso tampouco por benevolncia poltica de nenhum governante ou partido poltico. Ela se apresenta como resultado das reivindicaes dos movimentos negros brasileiros, que sempre tiveram como bandeira, a defesa pelos direitos educao como um dos meios fundamentais para a conquista de uma sociedade onde a igualdade e a justia para a maioria seja realizada. No se trata de uma legislao qualquer, mas especificamente de uma que aborda temtica altamente controversa, qual seja, a questo das relaes tnicoraciais no Brasil. Se no conjunto mais amplo da sociedade tal questo polmica, no campo da educao ela vem particularmente estimulando enormes empenhos para desconstruir concepes apreendidas durante anos de formao dos professores e professoras, formados e formadas numa sociedade com srias desigualdades sociais e impregnada pelo racismo estrutural. O objetivo dessa dissertao foi acompanhar um projeto que, desde 2008, busca a implementao da lei. Trata-se do Projeto Malungo, realizado na e pela Escola Tcnica Estadual Oscar Tenrio. Ao nos aproximarmos desse projeto buscaremos refletir sobre algumas questes: quais as dificuldades encontradas por professores e professoras para a implementao dessa proposta? Ela tem auxiliado naquilo que anteriormente mencionamos como desconstruo de uma formao tecida em alicerces de uma sociedade desigual e racista? Iniciativas assim facilitam a implementao da Lei 10639?
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O presente trabalho objetiva compreender como a temtica afrobrasileira era abordada nos cotidianos do Curso de Pedagogia, campus I, da Universidade Estadual da Paraba. A questo norteadora da pesquisa foi descobrir como professoras e estudantes negras se sentem e enfocam essa temtica nas suas redes de conhecimentos, prticas e relaes. Para tanto, foi preciso adentrar na história do povo negro no Brasil a partir da luta dos movimentos sociais negros buscando entender as noes de raa, racismo, identidade e os limites da educao do/a negro/a ao longo da história brasileira. Neste percurso se dialoga com diversos estudiosos/as como: Santos (2002), Viana (2007), Oliveira (2003, 2006, 2007, 2008), Fernandes (2007), Domingues (2009), Munanga (2002, 2006, 2009), Veiga (2007, 2008)), Pereira (2008, 2009), Gomes (2003, 2006, 2008), Morin (2000), Hall (2003), Moreira e Cmara (2008), dentre outros. Exemplificando a luta e a resistncia de mulheres negras so apresentadas as histórias de vida de quatro professoras e quatro estudantes negras, praticantes (CERTEAU, 2007), sujeitos da pesquisa, que expem o processo de tessitura de suas identidades. Suas narrativas evidenciam indcios de racismo e discriminao que marcaram suas trajetrias, desde o seio familiar, fortalecendo-se na escola, na academia e, para algumas, chegando at o ambiente de trabalho. Uma das professoras a pesquisadora que, medida que narra a história de vida das praticantes, tece sua prpria história, como mulheres costurando uma colcha de retalhos em que cada estampa retrata os momentos vividos. A metodologia de pesquisa nos/dos/com os cotidianos (ALVES, 2008) foi o caminho percorrido. Alm da observao dos cotidianos, foram realizadas conversas (LARROSA, 2003) sobre as histórias de vida (BOSI, 2003; PORTELLI, 1997) e tecidas as narrativas a partir dessas vivncias. Estas revelaram que tais mulheres, ao longo de suas histórias, viveram/vivem processos de afirmaonegao, visto que suas identidades no so fixas, mas negociaes e renegociaes (MUNANGA, 2010) que geram alegrias e conflitos. O entendimento do que Ser Negra experimentado por cada uma, sem um modelo padro para suas existncias. Elas foram se gerando nas relaes com o/a outro/a, em cada contexto familiar, escolar, acadmico e profissional. So senhoras de suas vidas e mesmo as mais jovens buscam fazer suas histórias com autonomia. So praticantes porque lutaram/lutam para conquistar um lugar na vida, utilizando astcias e tticas para fabricar (CERTEAU, 2007) meios de enfrentamento das adversidades. As tticas do silncio, do estudo e do trabalho revelaram que essas mulheres no ficaram invisveis nem se colocaram como vtimas no espao social. Assim, urge delinear a superao da viso da pessoa negra a partir dos traos fsicos e reconhecer as razes do povo brasileiro para compreender a história da negritude. A partir da ancestralidade, sero identificadas as origens do povo negro, que podero trazer o passado de resistncia e luta por liberdade, dignidade, cidadania que produzem o orgulho de ser negra. Orgulho que recupera a autoestima e a capacidade de organizao e mobilizao para combater o racismo e as desigualdades raciais. Os cursos de formao docente precisam abordar essa temtica para capacitar os/as futuros/as professores/as nessa tarefa. Essa abordagem envolve o ensinaraprender, em que professores/as e estudantes assumem compromisso com uma educao crítica e inclusiva. A reflexo entre os/as docentes formadores/as nessa perspectiva plural e intercultural poderia ajudar na superao do eurocentrismo ainda presente nos contedos e nas mentalidades. Sob essa tica, tecer um processo de formao docente no Curso de Pedagogia, comprometido com uma educao inclusiva, considera um contnuo fazerdesfazer, na tessitura de um dilogo permanente entre a prticateoriaprtica, num movimento de pesquisainterveno. Isso implica a reflexo da trajetria pessoal e coletiva e a articulao da ao pedaggica com um projeto poltico de transformao da sociedade excludente em sociedade plural e solidria. Os no ditos necessitam de aprofundamento em trabalhos posteriores, pois os silenciamentos se referem ao passado prximo e as relaes interraciais na famlia, na academia e tambm nos ambientes de trabalho. Ser que no existe mais racismo? Ou este foi naturalizado dificultando sua identificao nos cotidianos? Os limites do processo de introjeo do racismo, que provocam a invisibilidade de algumas praticantes, so novos desafios para estudos futuros. Assim, percebo que colcha de retalhos tecida ao longo desta trajetria no justaposio como usualmente entendida. Para alm disto, significa a socializao das experincias vividas nos cotidianos das praticantes, a fim de inspirar atitudes de combate ao racismo que se ampliem para o contexto social.
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Este o resultado de um trabalho desenvolvido que compe a tese de doutorado cujo tema est focado nas prticas de leitura presentes na sociedade maranhense no sculo XIX, com recorte entre os anos de 1821 a 1831, data da circulao do primeiro jornal e da instalao da primeira tipografia no Maranho, estendendo-se por todo o Primeiro Reinado quando a provncia comeou a vivenciar os debates polticos e as transformaes sociais, culturais e econmicas que lhe proporcionaram a construo de uma nova identidade. Trata- se de uma investigao histrica, tendo como fonte principal de pesquisa os jornais que circularam no Maranho nesse perodo, e como sustentabilidade os reclames neles publicados que forneceram pistas necessrias para o entendimento das questes suscitadas sobre a cultura escrita, principalmente a presena de protocolos de leitura que, de forma geral, circundam ou esto vinculados s prticas de leitura e cultura e de modo singular s pessoas, a fim de identificar as relaes estabelecidas na trade livro-leitor-leitura e, consequentemente, os desdobramentos sociais e pessoais, a partir do que era lido, produzido, veiculado ou comercializado entre os habitantes da provncia. Assim, houve tambm uma investigao de prticas sociais, incluindo aes, sujeitos e relaes sociais, instrumentos, objetos, valores, tempo e lugar, no haurindo absolutamente o passado, mas garimpando referenciais que auxiliaram a entender o presente. O texto refaz um pouco a trajetria da imprensa no Maranho, instituda com a finalidade de publicar o primeiro jornal maranhense O Conciliador do Maranho, cujo caminho tambm reconstitudo assim como o dos demais jornais que circularam no perodo pesquisado, mostrando que eles serviram, no s para aclarar ideias, mas tambm para fazer brotar ideais liberalizantes. O captulo-chave decorre das informaes extradas sobre os impressos produzidos pela imprensa local, os que estavam sendo comercializados pelo mercado maranhense, os que se encontravam no prelo local ou externo, os que se constituam em leituras dos intelectuais e jornalistas, considerados principais construtores das prticas de leitura dos maranhenses oitocentistas. Um panorama das instituies mediadoras do livro e da leitura fecha o circuito percorrido, mostrando que as artes como a msica, a pintura e o teatro serviram para delinear uma sociedade com peculiar formao crítica e que, as sociedades literrias, os gabinetes de leitura, as bibliotecas e as escolas pblicas ou particulares, foram, de fato, verdadeiros baluartes da boa educao e da liberdade dos povos.
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O presente trabalho consiste em um estudo crtico do romance Sem tecto, entre runas, de Augusto Abelaira. Inicialmente feita a anlise sobre as possveis consequncias de uma apreenso descontnua e material do tempo, seus efeitos nas relaes entre o protagonista e seu mundo, que se apresentam sob a forma de tdio e paralisia. Para a crítica proposta foram retomados conceitos descontinuidade e homogeneidade apresentados pelo filsofo Henri Bergson, alm da noo de desligamento e desejo demonstrados pela sociologia de Zigmunt Bauman. O prximo alvo contemplado na pesquisa a presena da memria e da lembrana indicados sob o ponto de vista contnuo do tempo, tambm analisados luz da filosofia de Bergson, alm do pensamento de Gilles Deleuze. A partir desse caminho investigativo possvel pensar a condio do protagonista como um confronto de si, uma experincia do tempo que traz uma revelao mediante a condio de ser tarde demais
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Atualmente, a deficincia pensada atravs de dois modelos principais: o modelo mdico e o modelo social. Cada um deles adota paradigmas prprios para a definio da deficincia e a proposio de aes reparadoras. Os efeitos sociais da adoo destes modelos variam amplamente, indo da excluso incluso social de pessoas com deficincia. Esta dissertao apresenta a contribuio de perspectivas críticas recentes - nomeadas aqui como perspectivas integracionistas - que congregam elementos dos modelos anteriores. Essas perspectivas apontam para os limites dos modelos tradicionais, e propem uma abordagem integrada que possa dar conta da complexidade do fenmeno da deficincia, caracterstica que as tornam particularmente interessantes para o campo da Sade Coletiva. No Brasil a deficincia ainda considerada uma temtica especfica de determinados nichos de conhecimento, mais ligados aos campos da sade e da educao. O tema da deficincia permanece abordado de modo incipiente pelas cincias humanas e sociais no pas. No entanto, o pas atravessa um momento de transio de paradigmas a respeito da deficincia: ao mesmo tempo em que desenvolvemos dispositivos legais alinhados s diretrizes da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia (ONU), ainda h uma enorme diferena entre os discursos circulantes e as prticas efetivamente dirigidas s pessoas com deficincia. Por esta razo, este trabalho buscou traar um panorama do discurso acadmico brasileiro sobre a deficincia, visando avaliar como as diferentes perspectivas e modelos tericos emergem nas narrativas acadmicas sobre o tema. Para isso, foi realizada uma reviso bibliogrfica em base de dados virtuais (SciELO Brazil). Foram selecionados para a amostra artigos cujos contedos se relacionavam questo da deficincia no Brasil e trouxessem achados de pesquisas empricas, relatos de experincia, pesquisas documentais ou estudos de caso no tema da deficincia. Procedimentos quantitativos e qualitativos foram usados para a anlise da amostra. O trabalho se divide em duas partes: a primeira parte apresenta os principais modelos tericos da deficincia e a contribuio crítica das perspectivas integracionistas. O propsito de tal discusso terica situar a deficincia em sua transversalidade e destacar as relaes entre a adoo de um modelo e as prticas e discursos sobre a deficincia que dele se derivam. A segunda parte do trabalho apresenta e discute os dados da pesquisa, buscando levantar as especificidades do contexto brasileiro sobre o tema da deficincia, relacionando os achados com os debates internacionais do campo dos Estudos sobre Deficincia.
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Este trabalho busca compreender, atravs do exame de alguns pontos da scio-história do Brasil, posicionamentos diferenciados quanto origem da variedade brasileira do portugus. Para tanto, considera as interpretaes construdas pelos tericos a partir dos escassos dados referentes ao processo de colonizao brasileiro, catequizao, demografia, lngua geral, miscigenao e consolidao da lngua portuguesa no Brasil nos trs primeiros sculos da história do pas; discute a evoluo dos sucessivos posicionamentos adotados por estudiosos ao longo do perodo de formao e consolidao do portugus brasileiro, particularmente quanto sua receptividade ao aporte africano; rev a motivao para o debate sobre a questo da lngua brasileira e para a eleio do ndio, em detrimento do negro, como heri literrio. A pesquisa d relevncia compreenso do conceito de discurso simplificado, particularmente pidgins e crioulos, pela proeminncia desses conceitos nas principais hipteses que explicam a origem do portugus brasileiro, crioulizao e deriva. Contrapondo a leitura de expressivos autores da rea, ressaltamos a importncia dos processos scio-histricos na formao da variedade brasileira do portugus
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A tese prope uma linha de interpretao acerca da história do conceito de povo no debate poltico luso-brasileiro entre a segunda metade do sculo XVIII e ltimas dcadas do sculo XIX, sob uma perspectiva terica que busca compreender o processo de historicizao das linguagens e conceitos polticos como marca do mundo moderno. Procuramos traar o processo de abalo e desmantelamento dos significados e usos tradicionais e a incorporao crescente da temporalidade histrica na semntica conceitual, fenmeno ocorrido em meio aos conflitos e debates polticos durante a formao, consolidao e crise do estado imperial brasileiro. Acreditamos que nestes anos houve uma acentuada historicizaao do conceito de povo, processo que teve como marca seu crescente contingenciamento, isto , sua maior fundamentao em diagnsticos da situao histrica presente, e tambm sua maior insero em vises processuais e futuristas da história.
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O presente trabalho apresenta uma reflexo crítica sobre a Nova Repblica, perodo que se inicia com o fim do regime ditatorial em 1985. A partir de uma anlise estrutural do capitalismo dependente brasileiro e das mudanas internacionais causadas pelo neoliberalismo e a globalizao, demonstro como o perodo atual da história brasileira aprofundou as desigualdades sociais e a dependncia econmica, inviabilizando a construo de um regime verdadeiramente democrtico. A partir das reflexes de pensadores como Ruy Mauro Marini, Darcy Ribeiro e Atlio Boron trao um quadro terico sobre a reestruturao capitalista no Brasil com a implementao das polticas neoliberais, o fetichismo democrtico e o carter conservador que domina as decises polticas do perodo entre 1985 e 2002.
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A presente dissertao se prope a contribuir para as anlises dos processos ligados implementao das leis 10639/03 e 11645/08. Questionamo-nos acerca dos desdobramentos do imperativo das leis nos livros didticos de história, sobretudo, no uso do conceito de colonizador no processo de explicao da relao entre diferentes povos e culturas nas colees da disciplina história. Como esto descritas essas relaes? H mudanas institucionalizadas pelo PNLD ou pelas leis: que descries de significados culturais, polticos os sujeitos implicados nos eventos de ocupao do territrio americano so apresentados nos manuais de ensino de história? Buscamos entender quais as relaes de colonialidade do saber se estabelecem na sistematizao dos contedos de história, tendo em vista que os atos de colonizao envolvem dinmicas que se chocam com as premissas hierrquicas simplificadas nos processos de ensino de história na escola de acordo com as descries dos livros didticos. As maneiras pelas quais o colonizador rotulado como conquistador, supervalorizando a dimenso europeia do processo e subvalorizando os referenciais da cultura local representados nos povos pr-colombianos so problematizadas nessa dissertao sob duas perspectivas: (1) a superficializao das relaes hierrquicas nos processos de colonizao, dessa forma, inscrita no feixe de possibilidades que corrobora com as estratgias de perpetuao das simplificaes das funes dos atores sociais no perodo colonial descritas nos manuais didticos de história; (2) ou como reao prtica ou simplista, como estratgia que modifica a realidade histrica social ao sabor das convenincias polticas, suas relaes de poder e desenvolvimento de polticas pblicas. A pesquisa fundamentou-se na anlise de uma coleo de livro didtico de história para o ensino mdio (1 ao 3 anos) mais usadas efetivamente nas escolas pblicas do municpio de Cabo Frio, Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa delimita dois eixos, o primeiro, por meio da anlise do histrico das legislaes 10639/03 e 11645/08, leis nas quais so baseadas as regulamentaes sobre o ensino tnico-racial e grande parte das discusses sobre aes afirmativas no Brasil; um segundo, no qual se estabeleceu investigao aos sentidos atribudos ao que se define como colonizador e a percepo de quais so as descries classificadas como colonialidade do saber histrico nos livros didticos. Tal discusso sobre o colonizador pode contribuir na reflexo crítica sobre a institucionalizao do saber histrico escolar do livro didtico e de normalizao nacional como os PNLDs, quanto s disputas de poder que ocorrem entre os atores polticos no processo de justificativa histrica das polticas pblicas como as aes afirmativas.
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A presente dissertao tem por objeto elaborar um relato histrico da emergncia da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) no Brasil, com especial observncia ao eixo Rio-So Paulo nas dcadas de 1950, 1960 e 1970. A ACP faz parte da chamada Psicologia Humanista, um movimento inicialmente organizado pelo psiclogo norte-americano Abraham Maslow (1908-1970) na dcada de 1950, que contou com a forte participao de Carl Rogers (1902-1987), tambm psiclogo norte-americano, e fundador da atualmente denominada Abordagem Centrada na Pessoa. A trajetria profissional de Rogers foi marcada pelos acontecimentos de sua poca, como a crise econmica americana da dcada de 1930, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria e os conflitos globais por questes tnicas, religiosas e raciais. Para uma melhor compreenso do desenvolvimento da ACP, este foi narrado em conjunto com a história dos principais acontecimentos polticos, econmicos e culturais dos EUA, buscando construir uma narrativa situada historicamente. O mesmo foi feito em relao história da ACP no Brasil, nas dcadas de 1950 a 1970, ressaltando-se o objetivo dos governantes nacionais de transformar o Brasil em uma grande nao em termos culturais e educacionais, para isso se valendo da criao de diversas instituies voltadas s crianas, adolescentes e jovens adultos, para seu atendimento psicolgico, educacional, orientao profissional e aprimoramento tcnico. A instaurao da ditadura civil-militar iniciada em 1964, o processo de regulamentao da profisso de psiclogo e a criao dos primeiros cursos de psicologia no Brasil so destaque. Registrar a história da ACP no Brasil uma tarefa que se justifica dado o contingente de profissionais que atuam neste referencial terico e para incentivar a pesquisa em história da psicologia. A metodologia de trabalho adotada foi a reviso bibliogrfica e o relato oral instrumentalizado por entrevistas com profissionais de destacada relevncia na história da ACP no Rio de Janeiro e em So Paulo. Este estudo tem como marco final a vinda de Carl Rogers e sua equipe em 1977 ao Brasil para a realizao do I Encontro Brasileiro Centrado na Pessoa (Arcozelo I), o que possibilitou a reunio, o reconhecimento mtuo e a troca de experincias entre os profissionais brasileiros, fechando desta forma o perodo da emergncia da ACP no Brasil e favoreceu uma nova fase de desenvolvimento por todo o pas.
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A Constituio federal e a Lei 8.142/90 definem a participao da comunidade como condio necessria para o funcionamento do Sistema nico de Sade (SUS). Tal definio constitucional surge no processo de l uta pela democratizao do pas e pela universalizao dos direitos sociais, entre eles, o direito sade. Todavia, esse processo de democratizao tem significado mais a adoo de procedimentos democrticos para organizao do sistema poltico do que uma efetiva democratizao das relaes sociais pautadas pelos valores democrticos de igualdade e justia social. No Brasil, a relao entre Estado e sociedade tem sido mediada por uma cultura poltica marcada pelo autoritarismo, patrimonialismo, clientelismo e o favor. Com o processo de democratizao, na dcada de 1980, emergem elementos de uma nova cultura poltica adjetivada como democrtica orientada pelos valores da autonomia, igualdade, solidariedade e justia que passa a coexistir com a velha cultura. O objetivo geral deste estudo analisar as prticas de participao presentes no Conselho Municipal de Sade (CMS) de Fortaleza, no perodo de 1997-2005, e sua relao com a cultura poltica local. Para tanto partiu-se do principal pressuposto terico: as prticas de participao exercidas nos conselhos de sade inauguram uma nova institucionalidade que inclui novos sujeitos sociais os usurios na esfera pblica, com as quais o processo de democratizao amplia essa esfera, criando visibilidade para identificar o confronto entre a cultura poltica tradicional e a cultura poltica democrtica. As tcnicas de pesquisa utilizadas foram: a anlise documental, a observao participante e a entrevista semiestruturada. A partir das diferentes evidncias observadas no material emprico, identificou -se na anlise dos dados a predominncia da cultura poltica tradicional do autoritarismo e cooptao nas relaes entre o poder pblico municipal e os representantes da sociedade civil ; e entre os conselheiros a tenso se manifestava na no-observncia dos procedimentos democrticos, como eleies peridicas, respeito lei e ao regimento que regula o funcionamento do CMS e no encaminhamento dos conflitos e disputas polticas. Quanto s prticas de participao, manifestaram-se de forma contraditria e dialtica em aes caracterizadas pela crítica, denncia, reivindicao, com poucas aes propositivas e na maioria das vezes tendo seu poder deliberativo desconsiderado pelo gestor. A conduo poltica do conselho muitas vezes foi questionada, ocasionando crises de hegemonia e gerando conflitos e disputas pelo poder. A partir da anlise desses conflitos e disputas polticas entre os grupos no interior do Conselho, tornou-se possvel realizar uma leitura metdica acerca do confronto entre a cultura poltica tradicional e a democrtica no CMS, constatando-se a predominncia da primeira sobre a segunda. Por fim verificou-se o protagonismo do Ministrio Pblico na resoluo dos conflitos, em detrimento da fora do melhor argumento. Em que pese a recorrente tutela do Ministrio Pblico, foi pavimentado um caminho de resistncias, ainda que minoritrias , contra a cultura poltica tradicional , cujas prticas de participao apresentam elementos constituintes para a sua transformao.
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Desde que foi publicado, em 1975, Lavoura arcaica vem intrigando os leitores com a sua dessemelhana. Em meio a livros que absorviam a violncia do regime militar brasileiro, Raduan Nassar surgiu com uma obra estranha, que se nutria de uma linguagem potica profundamente ressonante, do pensamento monotesta mediterrneo, da herana cultural rabe, da subverso pela via da sexualidade. O tempo passou, o escritor abandonou a literatura, muita coisa interessante foi dita sobre o romance, mas seus enigmas so ainda sementes lanadas em solo frtil. Lavoura arcaica mais uma releitura da prolfica parbola do filho prdigo, presente no Evangelho de Lucas e reelaborada inmeras vezes ao longo dos seus dois mil anos de existncia. A história do jovem rebelde que decide romper os laos com a famlia para se lanar no mundo tem se mostrado generosa para com a imaginao de muitos autores, que se dispuseram a reescrev-la com o filtro de suas ticas particulares. Alguns deles esto no presente trabalho: Gide, Kipling, Kafka, Rilke, Dalton Trevisan, Lcio Cardoso e tambm o telogo catlico Henri Nouwen. Apesar das variaes, a volta para casa ocupa em todas as narrativas um lugar privilegiado. Essa uma história, afinal, sobre os motivos que levam o sujeito a ir embora e, mais ainda, sobre as razes que fazem com que regresse. Arrependimento, recomeo, fraqueza, derrota, amor? A despeito das muitas antteses que encontramos no texto de Raduan, elas no exigem que faamos uma escolha entre o arcaico e o moderno, entre ficar ou partir, entre o individual e o coletivo, entre a conteno e a entrega. Essa a questo: Lavoura arcaica no um livro sobre a luta do bem contra o mal, da liberdade contra a opresso, mas um painel que mostra como tudo isso se mistura na mesma paisagem ou, parafraseando o personagem Andr, como as coisas s se unem se desunindo