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Resumo:
Os autores analisam a relação entre carcinogênese gastrintestinal e doença de Chagas, com base em revisão pormenorizada da literatura. Para tal, foram selecionados estudos epidemiológicos, experimentais e de descrição anatomopatológica com material humano. O artigo discute a possibilidade de a proteção ser conferida por fatores celulares morfocinéticos, imunológicos e neuroendócrinos não totalmente conhecidos e que seriam secundários à degeneração plexular. Também são apresentados aspectos relacionados à interação parasito-hospedeiro, sob o ponto de vista da modulação epitelial da mucosa colônica, e suas implicações antitumorais. Por fim, expõe-se o mecanismo fisiopatológico de desenvolvimento da neoplasia de esôfago em pacientes com megaesôfago. Conclui-se que a colopatia chagásica, especialmente o dano neuronal intrínseco, constitui modelo de estudo que pode contribuir no entendimento da carcinogênese colorretal.
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OBJECTIVE: To identify the incidence of pelvic infection after miscarriage undergoing uterine evacuation in a tertiary hospital in southern Brazil and to compare with the international literature.METHODS: we reviewed electronic medical records of the Hospital de Clinicas de Porto Alegre of all patients who underwent uterine evacuation for miscarriage between August 2008 and January 2012 were reviewed. We included all patients submitted to uterine curettage due to abortion and who had outpatient visits for review after the procedure. We calculated emographic and laboratory data of the study population, number needed for treatment (NNT) and number needed to harm (NNH).RESULTS: of the 857 revised electronic medical records, 377 patients were subjected to uterine evacuation for miscarriage; 55 cases were lost to follow-up, leaving 322 cases that were classified as not infected abortion on admission. The majority of the population was white (79%); HIV prevalence and positive VDRL was 0.3% and 2%, respectively. By following these 322 cases for a minimum of seven days, it was found that the incidence of post-procedure infection was 1.8% (95% CI 0.8 to 4). The NNT and NNH calculated for 42 months were 63 and 39, respectively.CONCLUSION: The incidence of post-abortion infection between August 2008 to January 2012 was 1.8% (0.8 to 4).
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O objetivo deste estudo foi investigar as alterações menstruais e os efeitos psíquicos decorrentes da laqueadura tubária - síndrome pós-laqueadura. Os autores acompanharam prospectivamente 300 mulheres do Setor de Endoscopia Ginecológica e Planejamento Familiar do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (UNESP), durante um, três e cinco anos após o procedimento cirúrgico de laqueadura. Diferentes parâmetros foram analisados após a laqueadura, tais como: intervalo do ciclo menstrual, duração e intensidade do fluxo menstrual, dismenorréia, dor pélvica, taxa de arrependimento e outros, comparando-se com os padrões prévios ao procedimento. Nossos achados sugerem que a maioria das mulheres estudadas não apresentaram alterações pós-laqueadura. Tais achados não negam ou diminuem a importância e os benefícios da esterilização tubária, mas servem como ponto de partida para futuras investigações.
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Objetivo: analisar os fatores epidemiológicos, manifestações clínicas e forma de tratamento da infecção pelo papilomavírus. Métodos: todos os casos de condiloma acuminado em crianças e adolescentes atendidas no período de 1990 a 1995 no Ambulatório de Ginecologia Infanto-Puberal foram revisados, tendo sido coletados dados referentes a idade, manifestações clínicas, local das lesões, formas de transmissão e tratamento. Resultados: entre os 18 casos estudados, a média de idade foi de 6 anos e 11 meses (variando de 2 a 15 anos). A manifestação clínica mais comum foi a presença de verrugas (61,1%). As lesões eram localizadas na região vulvoperineal em 44,4% das pacientes, sendo que lesões perianais e vulvares foram observadas em 27,8% e 22,2% dos casos, respectivamente. Não foi possível confirmar a ocorrência de abuso sexual nem de lesões condilomatosas nos pais em 66,7% dos casos. Provável abuso sexual (não-confirmado) foi relatado em 2 casos. A terapêutica básica foi a cauterização química. Conclusões: o abuso sexual em crianças e adolescentes com condiloma acuminado deve ser investigado, apesar da existência de outras formas de transmissão, incluindo auto ou heteroinoculação. As formas de apresentação na idade jovem diferem das do adulto, sendo necessária uma terapêutica adequada a essa população.
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Objetivos: estudar as reais condições da assistência médica, tipos de parto e fatores para sua indicação em Uberaba, MG. Método: foram analisados os dados coletados em 7 maternidades de uma população de 4.294 puérperas que pariram no período de abril de 1992 a março de 1993 em Uberaba-MG. Resultados: mostrou-se que o Hospital Escola que teve a maior participação no número de partos, foi o que atendeu a população mais jovem, provavelmente a mais pobre e despreparada para a gravidez. Foi o único hospital em que as taxas de cesariana foram próximos àqueles aceitáveis pela OMS. Em Uberaba o tipo de assistência médica foi predominantemente remunerada pelo SUS ficando os convênios e atendimentos particulares com proporção bem inferior. Verificou-se também que a frequência de cesariana se elevou com a idade e tipo de assistência médica, e o grupo de conveniadas e particulares ficaram com o maior número de cesarianas. Conclusões: pode-se talvez especular que o fator social esteja interferindo na indicação do tipo parto.
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OBJETIVOS: determinar a freqüência de infecção pelo Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum e relacioná-la a variáveis clínicas de mulheres inférteis. MÉTODOS: estudo transversal com 322 pacientes inférteis submetidas à coleta de swab endocervical para pesquisa de Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum, de outubro de 2002 a maio de 2004. Todas as pacientes foram submetidas a protocolo básico de investigação clínica e laboratorial da infertilidade. Como controle, utilizou-se série histórica de 51 mulheres não gestantes, previamente pesquisadas quanto aos agentes infecciosos estudados. RESULTADOS: a freqüência de infecção pelo Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum foi de 4,9% nas pacientes inférteis e 13,8% no grupo controle. Entre as pacientes inférteis observou-se relação entre a presença dos dois patógenos e alterações no resultado da histerossalpingografia (OR: 3,20; IC 95%: 1,05-9,73), presença de dispareunia (OR: 10,72; IC 95%: 3,21-35,77) e corrimento vaginal (OR: 8,5; IC 95%: 2,83-26,02), além de cultura endocervical positiva para Escherichia coli (OR: 16,09; IC 95%: 4,95-52,25). CONCLUSÃO: a taxa de infecção pelo Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum é baixa em pacientes inférteis e está associada a seqüelas reprodutivas tardias.
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A hipertensão arterial está entre as causas mais freqüentes de morte materna. Entre os tipos presentes na gravidez destacam-se as manifestações específicas, isto é, a pré-eclâmpsia e a hipertensão gestacional, definidas clinicamente por aumento dos níveis da pressão arterial após a 20ª semana de gestação, associado (pré-eclâmpsia) ou não (hipertensão gestacional) à proteinúria. Na fase inicial a doença é assintomática, porém, quando não tratada ou não se interrompe a gestação, sua evolução natural é desenvolver as formas graves, como a eclâmpsia e a síndrome HELLP. Eclâmpsia é definida pela manifestação de uma ou mais crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, em gestante com hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, na ausência de doenças neurológicas. Pode ocorrer durante a gestação, durante o trabalho de parto e no puerpério imediato. É comumente precedida pelos sinais e sintomas de eclâmpsia iminente (distúrbios do sistema nervoso central, visuais e gástricos). A associação de hemólise, plaquetopenia e disfunção hepática já era relatada na literatura na década de cinqüenta. Em 1982, Weinstein reuniu estas alterações sob o acrônimo de HELLP, significando hemólise (H), aumento de enzimas hepáticas (EL) e plaquetopenia (LP), e denominou-as de síndrome HELLP. A literatura diverge em relação aos valores dos parâmetros que definem a síndrome. Sibai et al. (1986) propuseram sistematização dos padrões laboratoriais e bioquímicos para o diagnóstico da mesma, que foi adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil. As manifestações clínicas podem ser imprecisas, sendo comuns queixas como dor epigástrica, mal-estar geral, inapetência, náuseas e vômitos. O diagnóstico precoce é, eminentemente, laboratorial e deve ser pesquisado de maneira sistemática nas mulheres com pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia e/ou dor no quadrante superior direito do abdome. Diferenciar a síndrome HELLP de outras ocorrências, com manifestações clínicas e/ou laboratoriais semelhantes, não é tarefa fácil. O diagnóstico diferencial é particularmente difícil para doenças como púrpura trombocitopênica trombótica, síndrome hemolítico-urêmica e fígado gorduroso agudo da gravidez, devido à insuficiente história clínica e à semelhança dos aspectos fisiopatológicos. O conhecimento da fisiopatologia da pré-eclâmpsia, o diagnóstico precoce e a atuação precisa no momento adequado nas situações complicadas pela eclâmpsia e/ou síndrome HELLP permitem melhorar o prognóstico materno e perinatal.
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A gonadotrofina coriônica humana (hCG) é estruturada pela combinação não covalente de duas subunidades, alfa (alfahCG) e beta (betahCG), sintetizadas separadamente pelo tecido trofoblástico normal, mola hidatiforme, coriocarcinoma, células hipofisárias e tecidos tumorais de diversos tipos histológicos. A síntese da cadeia peptídica e sua glicosilação na célula secretora envolve complexa ação de várias enzimas. Esta complexidade resulta na secreção de moléculas heterogêneas. As diferentes formas moleculares secretadas podem ser encontradas no soro, urina e líquido amniótico de gestantes; soro, urina e vesículas em pacientes com mola hidatiforme ou coriocarcinoma e em fluidos biológicos de mulheres não grávidas e homens normais ou acometidos de tumores de diferente origem embrionária. Tanto a molécula hCG nativa, intacta,como suas subunidades nas formas livres e as variantes hCG hiperglicosilada (H-hCG), hCG clivada (N-hCG) e fragmento-núcleo de betahCG (CF-betahCG) têm aplicabilidade clínica relevante. Dependendo da forma molecular mais prevalente ou da proporção da molécula variante/molécula hCG intacta numa determinada condição clínica, há indicação para a dosagem específica de uma ou mais destas moléculas. Este texto revê o conhecimento básico e analisa o uso da hCG e suas variantes na detecção precoce da gravidez ectópica ou gestantes em risco de abortamento, na identificação precoce de anomalias cromossômicas êmbrio-fetais e estima o risco da gestação de evoluir com pré-eclâmpsia ou crescimento intra-uterino restrito. Examina, ainda, fora da gravidez, o emprego destas moléculas como marcadores laboratoriais de tumores com diferentes tipos histológicos e seguimento após a terapia inicial. Conclui-se ser útil o uso da dosagem de hCG e suas moléculas variantes na prática clínica, mas a dificuldade no desenvolvimento e obtenção de ensaios mais sensíveis e específicos restringe a aplicação mais universal destes marcadores hormonais.
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OBJETIVO: avaliar a concentração plasmática da proteína C reativa ultra-sensível (PCRus) e a sua correlação com variáveis clínicas, hormonais e metabólicas em pacientes portadoras da síndrome do ovário policístico (SOP). Métodos: estudo transversal, que incluiu 46 pacientes portadoras de síndrome do ovário policístico, diagnosticadas segundo os critérios de Rotterdam (2003), e 44 pacientes controle, que foram submetidas a dosagem da PCRus. O índice de massa corporal (IMC), a idade, a circunferência abdominal e os níveis de insulina de jejum, de testosterona, do HOMA-IR (homeostasis model assessment-insulin resistance) e do colesterol total, além de frações foram correlacionados aos níveis de PCR, utilizando-se análise de regressão multivariada. RESULTADOS: as portadoras da SOP apresentavam idade, IMC, circunferência abdominal, insulina de jejum, HOMA-IR, colesterol total e lipoproteína de baixa densidade (LDL) em concentrações plasmáticas superiores às do controle. Houve diferença significante nos níveis da PCRus entre o grupo da SOP (2,7±2,17 mg/dL) e o controle (1,6±1,49 mg/dL), p<0,05. Quando os níveis da PCRus foram categorizados em baixo (<1,0 mg/L), médio (1-3,0 mg/L) e elevado (3,0 mg/L) risco cardiovascular, 28,3% das portadoras da SOP apresentaram níveis da PCRus para baixo risco, 34,8% para médio e 37% para elevado risco cardiovascular. A prevalência da síndrome metabólica foi mais elevada entre as portadoras da SOP (30,4%), quando comparadas ao grupo controle (6,8%). Após o ajuste das variáveis de confusão, por um modelo de regressão linear multivariada stepwise, a presença da SOP mostrou efeito independente das outras variáveis sobre os níveis da PCRus. CONCLUSÕES: os níveis da PCRus foram mais elevados nas mulheres portadoras da SOP. A SOP tem efeito independente na determinação dos níveis plasmáticos da PCR.
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OBJETIVO: avaliar as características clínicas e epidemiológicas de pacientes com o diagnóstico de síndrome da mama fantasma (SdMF) ou com fenômenos fantasmas isoladamente. MÉTODOS: realizou-se um estudo observacional descritivo do tipo transversal, envolvendo 98 pacientes tratadas por câncer de mama no Hospital São Marcos, em Teresina (PI), empregando um questionário padronizado. RESULTADOS: observou-se SdMF em 11,2% das pacientes e sensação fantasma isolada em 30% das pacientes. A média de idade foi 54 anos. Cinqüenta e nove pacientes eram casadas (60%) e 79,6% eram analfabetas ou não haviam concluído o ensino médio. Alterações emocionais estavam presentes em 67,4%, embora em 66,7% a libido não tenha mudado após o procedimento cirúrgico. Como fator de melhora da dor fantasma, o repouso foi citado por 90,9% das pacientes, enquanto esforços físicos foram mencionados como fator de exacerbação dos sintomas em 63,6% dos casos. A média da nota atribuída à dor em escala de 0 a 10 foi 3, variando de 1 a 7. Apenas 3% das pacientes sabiam da existência desta síndrome antes da realização das entrevistas. CONCLUSÕES: fenômenos fantasmas são freqüentes em pacientes mastectomizadas, havendo necessidade de mais estudos para que se conheçam melhor suas características e o impacto sobre a qualidade de vida dessas mulheres.
Resumo:
A mola hidatiforme é uma complicação relativamente infrequente da gravidez, mas com potencial para evolução para formas que necessitam de tratamento sistêmico e podem ser ameaçadoras da vida. Sob a denominação de mola hidatiforme há duas entidades histopatológicas e clínicas: a mola parcial e a completa. As diferenças entre estas duas formas são importantes, devido ao risco de evolução para formas persistentes, ou seja, mais alto para as completas. O diagnóstico da mola hidatiforme, seu tratamento e seguimento após o tratamento inicial sofreram alterações importantes nos últimos anos. O número de pacientes assintomáticas tem aumentado devido ao emprego de ultrassonografia no início da gravidez. Para a resolução da mola hidatiforme é necessário evitar o emprego de medicamentos que induzam contrações uterinas e usar a vácuo-aspiração. Deve ser prescrito o método contraceptivo hormonal logo após o esvaziamento da mola. O seguimento é baseado nas dosagens seriadas semanais de gonadotrofinas coriônicas. É importante que o método empregado detecte todas as formas das gonadotrofinas coriônicas (molécula intacta, hiperglicosilada, subunidade β livre e fragmento central da subunidade β).