977 resultados para Resistências bacterianas
Resumo:
La procalcitonina (PCT) és un dels biomarcadors d'inflamació aplicats al camp de la infecció més estudiats en els últims anys. Es forma en diversos parènquimes incloent el fetge. Alguns autors van postular que la disfunció hepàtica podria ocasionar falsos negatius en la determinació de la procalcitonina. Estudiem la resposta de la PCT en pacients amb insuficiència hepàtica, analitzem retrospectivament el seu comportament en els pacients amb cirrosis hepàtica ingressats en la nostra unitat de vigilància intensiva (UVI). Finalment observem que la disfunció hepàtica no impedeix l'augment de la PCT. Per tant, segueix sent útil per identificar infeccions bacterianes
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La rotació cíclica d'antibiòtics (RCA) consisteix a restringir de forma determinada i establerta un antibiòtic o classe d'antibiòtics durant un determinat període de temps, per a tornar a reintroduir-lo posteriorment. D'aquesta manera es pretén evitar l'aparició de resistències bacterianes derivades d'un ús continuat del mateix. En aquest treball, proposem la RCA com una estratègia per al control d'infeccions per gèrmens multirresistents i veure la seva influència en els gèrmens més freqüents que intervenen en les pneumònies nosocomials (NN). A través del registre ENVIN es van recollir les dades de tots els pacients ingressats a la UCI de l'Hospital Universitari la Fe durant dotze mesos consecutius. Es van dividir en 4 cicles de 3 mesos de durada cadascun d'ells. En el primer cicle es va restringir ampicilina/sulbactam, amikacina, cefalosporines i vancomicina; en el segon cicle carbapenems, amikacina i linezolid; en el tercer cicle tigeciclina, quinolones, tobramicina i linezolid i al quart i últim cicle, piperacilina/tazobactam, tobramicina i teicoplanina. Es va comparar amb els tres mesos previs al inici del treball, al qual l'ús d'antibiòtics va ser lliure. El temps global de l'estudi va ser de 15 mesos. El percentatge d'aïllaments d´Acinetobacter spp en el període basal va ser del 46,15% (n=6), de Pseudomonas aeruginosa 15,38% (n=2) i d'Escherichia coli 7, 69% (n=1). Al final de l'estudi els gèrmens aïllats van ser en un 8,57% (n=3) Acinetobacter spp i en un 37,14% (n=13) Pseudomonas aeruginosa.
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Objetivos: 1.-Identificar los factores clínicos y microbiológicos que ayuden a predecir la aparición de exacerbaciones en la EPOC. 2.-Diagnóstico y cuantificación de las especies bacterianas aisladas en esputo (fase de exacerbación y estable) .3.- Tipificación genotípica secuencial de las cepas de H. influenzae y P. aeruginosa. 4.- Impacto del tratamiento antibiótico en la aparición de resistencias en estos patógenos. 5.- Diseño: Estudio prospectivo (3 años). Ámbito del estudio: Hospital Universitario de tercer nivel. Pacientes con EPOC grave atendidos en la Consulta Monográfica de EPOC del Servicio de Neumología. Métodos microbiológicos: Cuantificación de la carga bacteriana en muestras respiratorias en fase estable y en exacerbación. Estudio de la sensibilidad “in vitro”. Tipificación molecular (PFGE y MLST) de H. influenzae y P. aeruginosa. Estudio de los genes de virulencia de H. influenzae mediante PCR. Resultados: Desde Febrero de 2010 a Julio de 2011 se han incluido 77 pacientes. Los microorganismos más frecuentemente aislados en fase de exacerbación fueron: P. aeruginosa (29.3%), H. influenzae (15.92%), M. catarrhalis (12.74%), S. pneumoniae (10.19%) y S. aureus (5.10%). En los 88 episodios por P. aeruginosa se detectaron 38 genotipos diferentes. En los 41 episodios por H. influenzae se detectaron 39 genotipos diferentes. El 10% de los episodios fueron polimicrobianos. Los episodios de EAEPOC y de fase estable tuvieron una distribución de microorganismos similar. Sin embargo, cuando se cuantificaron las cargas bacterianas fueron mayores en EAEPOC (intervalo 4x107 -2x108) que en fase estable (intervalo 2x105 -4x107). Conclusiones: El genotipo de las cepas de P. aeruginosa y H. influenzae aisladas en EAEPOC difieren de un paciente a otro, sin embargo la mayoría de los episodios de cada paciente están causados por un genotipo único.
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Purpose: Iron overload (IO) has been associated with increased cardiovascular risk (CVR) and metabolic syndrome (MS) in the general population; both elevated CVR and MS are frequent in HIV- patients. Our aim was to analyze the prevalence of IO in a cohort of asymptomatic patients with HIV infection, and related factors. Methods: Cross-sectional study of a cohort of HIV outpatients in regular follow-up. Demographic, epidemiological, clinical, analytical and therapeutic data were collected. Patients completed a questionnaire about CVR factors and 10-year CV disease risk estimation (Framingham score), underwent a physical exam, and a fasting blood analysis. IO was defined as a plasma ferritin level higher than 200 m/L in women and 300 m/L in men. Results: 571 patients (446 men, 125 women), with a mean age of 43.2 years, sexual transmission of HIV in 68.5%, median CD4 count 474 cell/μL (IQR: 308-666), and 36.3% Aids cases 86.2% were on antiretroviral therapy (ART), and 74.8% of them had undetectable HIV viral load 14.6% met MS criteria, and mean CVR at 10 years was 6.67%. IO was detected in 11% of cases. Patients with IO were more immunosuppressed (CD4 count 369 vs 483/μL, p<0.0001), presented a higher prevalence of detectable HIV viral load (17.6% vs 8.9%; p<0.005), and of Aids cases (14.9% vs 8.7%; p<0.023), and lower plasma levels of cholesterol, HDLc and LDLc (154 vs 183, 34 vs 43, 93 vs 110 mg/dL, respectively; p<0.0001. In the multivariate analysis, the only related factor was CD4 count <350 cell/μL (OR 2.86, 95% CI 1.6-4.9; p<0.0001). IO was not associated with CVR nor with MS. Conclusions: IO is not uncommon in HIV patients, and it is only related with immunosuppression defined as CD4 count <350 cell/ mL, and in contrast to general population, it is not related with increased CVR nor with MS.
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Neste artigo, apresentam-se uma avaliação da prática da gestão dos riscos de mercado pelas cooperativas do Paraná (Brasil) e um estudo do portfolio de produção agropecuária desse estado considerando a relação retorno-risco. Usando a análise E-V do modelo de Markowitz, foi definida uma fronteira de eficiência em que foi possível verificar quais seriam as mudanças necessárias no portfolio visando à eficiência econômica (definida aqui como o trade-off entre retorno e risco). Por meio de questionários e entrevistas, foi avaliada a disposição das cooperativas em incentivar tais mudanças em seus portfolios e na produção de seus cooperados. Também foi possível avaliar qual o grau de importância atribuído a fontes de risco de mercado e qual o grau de relevância de um conjunto de estratégias passíveis de serem adotadas para lidar com esses riscos. O objetivo geral foi avaliar quais seriam as possíveis influências que as cooperativas poderiam exercer nas alterações das preferências de produção visando à melhoria da relação retorno-risco. Verificou-se que os principais motivos que influenciam as decisões sobre produção estão relacionados a aspectos econômicos e racionais, como foco estratégico da cooperativa e resistências dos cooperados. Os motivos relacionados a aspectos políticos ou sociais, inerentes às características organizacionais das cooperativas, não exercem influência significativa nas decisões sobre diversificação como instrumento para a gestão dos riscos de mercado no contexto paranaense.
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Neste artigo são apresentados os resultados de uma pesquisa quantitativa, exploratória e descritiva, na qual se analisaram os dados contidos em 4.544 artigos publicados em cinco anais do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPAD), envolvendo o conceito de triangulação metodológica. Considerando os potenciais benefícios da triangulação para as pesquisas em Ciências Sociais, mais especificamente para a Administração, em contraposição às dificuldades ainda existentes para a condução de pesquisas dessa natureza, bem como a existência de resistências a esse método, no presente trabalho visou-se demonstrar a incidência de trabalhos que utilizaram a triangulação como opção metodológica dentre os artigos que foram publicados nos anais do EnANPAD nos anos de 2007 a 2011 e, como objetivo principal, analisar o perfil metodológico deles. Considera-se que tal perfil possa indicar a forma com que a triangulação tem sido trabalhada no âmbito da Administração, bem como possíveis caminhos para a superação das dificuldades referentes à condução de uma pesquisa que demanda a combinação de métodos de diferentes naturezas. Como principais resultados, tem-se a baixa incidência do uso da triangulação, a significativa formação de parceria entre pesquisadores para sua condução e a significativa combinação de métodos tradicionais de coleta e análise de dados.
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Este artigo faz uma reflexão sobre a humanização da assistência à saúde, que é uma demanda crescente da atualidade. Ela envolve inúmeras dimensões que são complexas e mutuamente influenciáveis. Aspectos relativos à esfera subjetiva do profissional e do relacionamento interpessoal são discutidos e evidenciados como componentes essenciais da humanização do cuidado. São ressaltadas as necessidades de auto-conhecimento dos profissionais e de consciência de suas resistências pois estas são importantes para a efetivação do verdadeiro encontro dos profissionais com seus clientes.
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Estudo de abordagem comparada que utilizou duas etnografias já concluídas com o objetivo de identificar como as famílias percebem suas inserções na unidade de internação e como são percebidas pela equipe de saúde, considerando-se as regras e as normas da cultura institucional. Os resultados obtidos revelam que tanto as equipes quanto as famílias se aproximam ou se distanciam em face da concordância ou não das regras vigentes na instituição. Embora as famílias, em muitas situações, submetam-se aos regulamentos impostos pelo hospital e pela equipe, também usam resistências individuais e coletivas para enfrentar os mecanismos reguladores. Os resultados contribuem para aumentar a compreensão sobre o tema, tanto para a equipe de saúde quanto para a prática de enfermagem com famílias, especialmente no sentido de reconhecer as famílias como unidades ativas, responsáveis e coparticipantes na atenção intra-hospitalar.
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Os objetivos deste estudo foram identificar as principais Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) do Hospital Geral de Pedreira (HGP) e as Unidades Básicas de Saúde que demandaram maior número destas internações. Uma pesquisa exploratória, descritiva e quantitativa foi realizada através de dados de 2008 obtidos no Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS) e de 816 prontuários do HGP. Obtivemos no período 10.616 internações; dessas 1.689 (15,9%) foram por ICSAP. As principais causas das internações por condições sensíveis foram: pneumonias bacterianas (17,4%); infecções no rim e trato urinário (13,6%) e hipertensão arterial (11,1%). Da análise dos prontuários encontramos 122 ICSAP, sendo 73,7% na área de estudo (Pedreira, Cidade Ademar e Campo Grande). A Cidade Ademar gerou mais ICSAP, 38,5%, porém, é a que apresenta maior população e densidade demográfica. É necessário ampliar os estudos para conhecer os motivos que geraram as internações para redirecionar as ações de prevenção.
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A cidade da Ribeira Grande não resulta de uma selecção natural das populações ao longo dos tempos, atraídas por um local que apresente as várias condições favoráveis à evolução da vida comunitária. Ela é fundada por decisão administrativa num vazio populacional, de clima adverso, por razões exógenas ao território. Quando esses condicionalismos externos se alteram e a retaguarda se povoa, a cidade decai e a população ruraliza-se. A ilha de Santiago e designadamente o porto da Ribeira Grande tornaram-se, no 3º quartel do séc. XV, objecto de atenções por parte da política ultramarina da Coroa portuguesa devido à sua possível função de “fortaleza feitoria insular” da Costa da Guiné.1 Efectivamente, por razões estratégicas os portugueses inventaram um pólo de atracção tão intenso, quanto nele confluíam todas as linhas que estabeleciam a ligação entre a ilha e o extenso litoral fronteiro. O porto insular foi um litoral fabricado, para ocupação sem resistências, dispondo de uma retaguarda passiva, utilizável a qualquer momento.2
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Os Estafilococos Coagulase Negativa (SCN) são bactérias isoladas a partir de uma ampla variedade de produtos cárneos fermentados. Os SCN possuem diversas propriedades tecnológicas importantes, das quais se destaca a capacidade de multiplicação em diferentes condições de temperatura, cloreto de sódio e pH. Mas também podem apresentar aspetos negativos, como a presença de resistências a antibióticos. Assim, o presente trabalho teve como objetivo selecionar estirpes sem qualquer resistência secundária a antibióticos e avaliar a capacidade desses selecionados para desenvolverem em temperaturas de 7 ºC, 15 ºC e 25 ºC, na presença de 2 %, 4 % e 6 % de NaCl e a valores de pH 4,5, 5,5 e 6,5. A partir dos resultados de antibioresistências, foram escolhidos 5 isolados de Staphylococcus xylosus (C1C3, L1M2, P1B2, S2M7 e S3M3) e 4 isolados de Staphylococcus equorum (Ch3C2, Cv1C2, P1B6 e SG3C5). Face às diferentes condições de estudo, dos resultados obtidos concluiu-se que as estirpes L1M2, S2M7, P1B2, Ch3C2 e Cv1C2, pelas suas capacidades de multiplicação e adaptação, são as mais indicadas para serem utilizadas em culturas de arranque
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Em Cabo Verde, arquipélago situado na Costa Ocidental Africana, os primeiros casos de dengue ocorreram em 2009, com a notificação de mais de 21.000 casos, a maioria desses registrados na Ilha de Santiago. O mosquito Aedes aegypti foi identificado como vetor, e ações para seu controle, usando os inseticidas temephos (larvicida) e a deltametrina (adulticida), têm sido implementadas. Objetiva-se com esse trabalho avaliar o atual status de suscetibilidade a inseticidas e caracterizar os mecanismos de resistência nessa população. Amostras de A. aegypti da ilha de Santiago foram coletadas através de armadilhas de oviposição, para o estabelecimento de uma população a ser analisada. Foram realizados bioensaios do tipo dose diagnóstica, usando garrafas impregnadas com doses únicas dos adulticidas malathion (organofosforado), deltametrina (piretróide) e cipermetrina (piretróide), e bioensaios do tipo dose resposta, usando múltiplas concentrações dos inseticidas temephos (organofosforado), Bacillus thuringiensis sorovariedade israelensis (bactéria entomopatogênica) e diflubenzuron (inibidor de síntese de quitina). Para a investigação dos mecanismos de resistências, foram realizados testes bioquímicos com substratos específicos para quantificar a atividade das enzimas glutationa S-transferases, esterases (α, β e PNPA) e oxidases de função mista, ligadas a detoxificação de xenobióticos, e a taxa de inibição da acetilcolinesterase ligada a insensibilidade do sítio alvo. Pesquisou-se também a presença de mutaçõeso do tipo kdr (knock-down resistance) associadas à resistência a piretróides, pela análise da sequência dos exons 20 e 21 no gene do canal de sódio. Nos resultados dos bioensaios constatou-se que a população de A. aegypti investigada apresenta resistência aos piretróides deltametrina e cipermetrina (mortalidade <80%) e ao organofosforado temephos (RR90=4), mas é suscetível ao malathion (mortalidade ≥98%), Bacillus thuringiensis sorovariedade israelensis (RR90=0.8) e ao diflubenzuron (RR90=2,2). Em relação a atividade das enzimas ligadas ao processo de detoxificação, foram detectadas alterações nas glutationa S-transferases (25%), oxidases de função mista (18%), esterase-α (19%) e esterase- β (17%). A taxa de inibição da acetilcolinesterase (6%) e a atividade da esterase-PNPA (7%) mostraram que estas estão inalteradas. Nenhuma das mutações do tipo kdr pesquisadas foi detectada. Estes resultados permitem concluir que a população de A. aegypti da ilha de Santiago, Cabo Verde, é suscetível aos inseticidas, excetuando os piretróides testados e o temephos, usados no seu controle; e que ela apresenta alterações em enzimas detoxificadoras que poderão estar implicadas na resistência a esses compostos.
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Os ensaios não destrutivos (NDT) constituem um instrumento importante na avaliação da condição de uma ponte. No trabalho desenvolvido dá-se enfase aos ensaios de caracterização de resistências, ensaios de caracterização geométrica e detecção de defeito e ainda ensaios de carga. A maior parte destes ensaios podem ser realizados sem interromper o trafego da ponte, além de que a maioria não introduz qualquer dano na estrutura. Todos os ensaios apresentam limitações e vantagens. Para cada ensaio estudado, apresenta-se uma breve descrição, o princípio físico em que se baseia, as suas limitações, as vantagens e o campo de aplicação. No final do trabalho apresenta-se um caso de estudo de uma ponte onde foram realizados vários dos ensaios descritos, incluindo a extracção de carotes. A partir dos valores obtidos no ensaio de resistência à compressão das carotes estimou-se o valor característico da tensão de rotura do betão à compressão usando metodologias probabilísticas. Fez-se ainda a classificação relativamente à classe de resistência do betão à compressão, recorrendo a norma NP EN 13791-2008.
Resumo:
Quando iniciei, no Bairro do Alto da Cova da Moura, o trabalho que deu origem a esta tese, apercebi-me que era ali que os tambores se poderiam reinventar, que os ritmos anteriormente vividos ou escutados se recriavam na batida do pilão, na forma de fazer rapé, no funaná, na música rap ou no Colá S. Jon. Foi neste contexto ambíguo de construções culturais simultaneamente reflexivas e experienciais que procurei uma estadia longa no terreno, a passagem para o interior do bairro, espaço-tempo da pesquisa, a construção de um objeto de estudo e de um percurso metodológico. A experiência de campo mostrava-se-me como um processo dialéctico e dinâmico, como construção dialógica e pragmática, através da qual trabalhava o terreno como um meio simultaneamente de comunicação e conhecimento e procurava encontrar nos métodos modos de reconstrução das condições de produção dos saberes. Residia aí o problema do espaço afetivo e intelectual, vital e ao mesmo tempo cognitivo, que é a observação de terreno enquanto diálogo e processo de palavra. Havia que ter em conta a experiência pragmática e comunicativa de terreno, através das resistências e da receção afável, dos mal entendidos e compromissos, dos rituais interativos, da tomada de consciência da observação do observador, que estão na base da construção e da legitimação do terreno como espaço-tempo da pesquisa. A inserção no terreno permitiu-me a viagem por muitos temas possíveis, por muitas áreas de investigação. O percurso realizado conduziu-me a este trabalho que constitui uma abordagem dos processos de produção e reprodução de um ritual cabo-verdiano, Colá S. Jon, na Cova da Moura, um dos bairros da periferia urbana de Lisboa. A tese é uma construção etnográfica, por comparação e contraste, de múltiplos fazeres, (re)fazeres a muitas vozes. Vozes dos que o fazem, repetem, dizem. Vozes do quotidiano ou escrita de poetas que o consideram, “prenda má grande dum pôve e que tá fazê parte de sê vida”(Frusoni). Saber dos antropólogos que o dizem “imagem e metáfora da forma como os cabo-verdianos se representam”, modo como se contam a si, para si, para os outros. É também representação de uma comunidade que se explica a si mesma, e ao explicar-se se constrói para si e para os outros a partir de dois eixos, de duas histórias que simultaneamente se cruzam e diferenciam: uma explicitada pelas palavras e simbolizada pela dança do colá, veiculando o contexto social e cultural das interações e dos processos sociais; outra sugerida pela dança do navio, representando a historicidade de um povo - o cruzamento dos destinos de homens e mulheres que atravessando os mares atraídos pela aventura, arrastados ou empurrados pela tragédia se juntaram e plantaram na terra escassa e pobre das Ilhas, no centro do Atlântico, daí partindo ainda hoje, numa repetição incessante do ciclo da aventura, da tragédia ou da procura, na “terra longe”, da esperança de uma vida melhor. A reconstituição do Colá S. Jon, fora do país de origem, confrontada com outras realidades sociais adquire, neste contexto, novas dimensões e sublinha outras já existentes. Adquire a forma elegíaca da recordação, espécie de realidade ontológica da origem fixada num tempo e num espaço; a de lugar de tensão dialéctica com a sociedade recetora no processo migratório e de consciência reflexiva da diversidade e alteridade resultante do encontro ou do choque com outra cultura; a de simulacro tornando-se objeto repetível, espetáculo em que ressaltam sobretudo a forma estética ou força dramática, um real sem origem na realidade ou produto de outra realidade, a da praxis ou conveniência política distante da participação dos seus atores. A tese coloca-nos perante o questionamento, o olhar reflexivo, da pesquisa antropológica: simultaneamente experiência social e ritual única, relação dialógica com os atores sociais, processo de mediação, de comunicação, e a consequente dimensão epistemológica, ética e política da antropologia. Coloca-nos também perante a viagem ritual - passagem ao terreno, à imagem e à escrita – e a consequente procura de reconhecimento e aceitação do percurso realizado. O processo de produção do filme Colá S. Jon, Oh que Sabe! completa-se com o da escrita, síntese de uma experiência e aparelho crítico do filme. Ambos tem uma matriz epistemológica comum. Resultam da negociação da diferença entre o “Eu” e o “Outro” e da complexa relação entre a experiência vivida no terreno, os saberes locais, os pressupostos teóricos do projeto antropológico. Ao mesmo tempo que recusam a generalização, refletem uma construção dialógica, uma necessária relação de tensão e de porosidade entre experiências e saberes, uma ligação ambígua entre a participação numa experiência vivida e a necessária distanciação objetivante que está subjacente em qualquer atividade de tradução ou negociação intercultural, diatópica.
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Quando iniciei, no Bairro do Alto da Cova da Moura, o trabalho que deu origem a esta tese, apercebi-me que era ali que os tambores se poderiam reinventar, que os ritmos anteriormente vividos ou escutados se recriavam na batida do pilão, na forma de fazer rapé, no funaná, na música rap ou no Colá S. Jon. Foi neste contexto ambíguo de construções culturais simultaneamente reflexivas e experienciais que procurei uma estadia longa no terreno, a passagem para o interior do bairro, espaço-tempo da pesquisa, a construção de um objeto de estudo e de um percurso metodológico. A experiência de campo mostrava-se-me como um processo dialéctico e dinâmico, como construção dialógica e pragmática, através da qual trabalhava o terreno como um meio simultaneamente de comunicação e conhecimento e procurava encontrar nos métodos modos de reconstrução das condições de produção dos saberes. Residia aí o problema do espaço afetivo e intelectual, vital e ao mesmo tempo cognitivo, que é a observação de terreno enquanto diálogo e processo de palavra. Havia que ter em conta a experiência pragmática e comunicativa de terreno, através das resistências e da receção afável, dos mal entendidos e compromissos, dos rituais interativos, da tomada de consciência da observação do observador, que estão na base da construção e da legitimação do terreno como espaço-tempo da pesquisa. A inserção no terreno permitiu-me a viagem por muitos temas possíveis, por muitas áreas de investigação. O percurso realizado conduziu-me a este trabalho que constitui uma abordagem dos processos de produção e reprodução de um ritual cabo-verdiano, Colá S. Jon, na Cova da Moura, um dos bairros da periferia urbana de Lisboa. A tese é uma construção etnográfica, por comparação e contraste, de múltiplos fazeres, (re)fazeres a muitas vozes. Vozes dos que o fazem, repetem, dizem. Vozes do quotidiano ou escrita de poetas que o consideram, “prenda má grande dum pôve e que tá fazê parte de sê vida”(Frusoni). Saber dos antropólogos que o dizem “imagem e metáfora da forma como os cabo-verdianos se representam”, modo como se contam a si, para si, para os outros. É também representação de uma comunidade que se explica a si mesma, e ao explicar-se se constrói para si e para os outros a partir de dois eixos, de duas histórias que simultaneamente se cruzam e diferenciam: uma explicitada pelas palavras e simbolizada pela dança do colá, veiculando o contexto social e cultural das interações e dos processos sociais; outra sugerida pela dança do navio, representando a historicidade de um povo - o cruzamento dos destinos de homens e mulheres que atravessando os mares atraídos pela aventura, arrastados ou empurrados pela tragédia se juntaram e plantaram na terra escassa e pobre das Ilhas, no centro do Atlântico, daí partindo ainda hoje, numa repetição incessante do ciclo da aventura, da tragédia ou da procura, na “terra longe”, da esperança de uma vida melhor. A reconstituição do Colá S. Jon, fora do país de origem, confrontada com outras realidades sociais adquire, neste contexto, novas dimensões e sublinha outras já existentes. Adquire a forma elegíaca da recordação, espécie de realidade ontológica da origem fixada num tempo e num espaço; a de lugar de tensão dialéctica com a sociedade recetora no processo migratório e de consciência reflexiva da diversidade e alteridade resultante do encontro ou do choque com outra cultura; a de simulacro tornando-se objeto repetível, espetáculo em que ressaltam sobretudo a forma estética ou força dramática, um real sem origem na realidade ou produto de outra realidade, a da praxis ou conveniência política distante da participação dos seus atores. A tese coloca-nos perante o questionamento, o olhar reflexivo, da pesquisa antropológica: simultaneamente experiência social e ritual única, relação dialógica com os atores sociais, processo de mediação, de comunicação, e a consequente dimensão epistemológica, ética e política da antropologia. Coloca-nos também perante a viagem ritual - passagem ao terreno, à imagem e à escrita – e a consequente procura de reconhecimento e aceitação do percurso realizado. O processo de produção do filme Colá S. Jon, Oh que Sabe! completa-se com o da escrita, síntese de uma experiência e aparelho crítico do filme. Ambos tem uma matriz epistemológica comum. Resultam da negociação da diferença entre o “Eu” e o “Outro” e da complexa relação entre a experiência vivida no terreno, os saberes locais, os pressupostos teóricos do projeto antropológico. Ao mesmo tempo que recusam a generalização, refletem uma construção dialógica, uma necessária relação de tensão e de porosidade entre experiências e saberes, uma ligação ambígua entre a participação numa experiência vivida e a necessária distanciação objetivante que está subjacente em qualquer atividade de tradução ou negociação intercultural, diatópica.