983 resultados para Carvalho, Bernardo, 1960 - Crítica e interpretação
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Atravs da viso multidimensional que a Literatura proporciona, acredita-se que a voz de Simone de Beauvoir desperta o pensamento crtico dos leitores sobre a condio da mulher, na segunda metade do sculo XX. A anlise se situa entre os odores que exalam do estudo de Walter Benjamin sobre o conceito de reflexo dos primeiros romnticos alemes e os sabores dos desencobrimentos presentes em A Mulher Desiludida, narrativa ficcional de Simone de Beauvoir. O que a literatura?, ingrediente adicionado por Jean-Paul Sartre, traz consistncia ao texto que, em sua finalizao, apimentado pela Teoria Esttica, de Theodor Adorno. O autor do Magnum opus a Dialtica do esclarecimento demonstra ainda a necessidade de se acrescentar o gosto que incomoda para que saibamos apreciar o alimento que nos oferecido. Todo o banquete servido sobre a base fundadora do feminismo: O Segundo Sexo. Agucem todos os sentidos, a iguaria ser servida
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Em Vinte e zinco, o escritor moambicano Mia Couto, recorrendo ao universo telrico de seu pas, tenta recuperar, ficcionalmente, um perodo cronolgico que perpassa dias imediatamente anteriores e posteriores Revoluo dos Cravos em Portugal, quando se deu a queda do regime salazarista, no 25 de Abril de 1974, iniciando a narrativa em 19 de Abril e concluindo-a no dia 30. O escritor vale-se de recursos ldicos inerentes produo ficcional, somados s possibilidades estticas oferecidas ao longo do processo de resgate sociocultural dos valores da terra. Assim, conta uma histria em que elementos do maravilhoso so legveis como comuns realidade quotidiana. A narrativa apresenta a funo da Casa dos Castro os integrantes da famlia e suas relaes com frica e das demais personagens que transitam ao seu redor seja na figura de negros, seja na de alguns brancos, estes, assimilados ao avesso ou no. Essas personagens juntas mesmo que estejam, em determinados momentos, em lados opostos caminham, como representao da dualidade colonial, em direo apotetica cena inslita em que se do a ascenso do Napolo e a tempestade que cai ao final, manchando a terra s vsperas do 25 de Abril. Mia Couto, em um universo cercado de mitos, crenas e tradies, torna visvel o invisvel, espelhando, no plano da diegese, a realidade desse cenrio, e recupera, pela via das trocas culturais ao longo dos sculos, estratgias de construo narrativa ficcional desenvolvidas nas literaturas latino-americanas a fim de representar Moambique em sua obra. Assim, apropria-se dos preceitos do Real Maravilhoso, em sua vertente africana aqui chamada de Real Animismo miacoutiano para apresentar essa mestiagem cultural com imagens plurivalentes do real
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O objetivo desta dissertao o de ler a obra Trs cartas da memria das ndias, do escritor portugus Al Berto, buscando desvelar sua conexo com toda uma tradio genolgica do pico, bem como assinalar a sobrevivncia deste gnero na ps-modernidade. Para Tanto, buscar-se- fazer um percurso de tal gnero na literatura portuguesa, contemplando, tambm, os seguintes autores: Lus de Cames, Os Lusadas, Cesrio Verde, Sentimento dum Ocidental, e Fernando Pessoa (lvaro de Campos), Opirio.
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A crnica um gnero textual hbrido, por oscilar entre a subjetividade da literatura e a objetividade do jornalismo. Ela nasce de fatos corriqueiros, est vinculada fala e interao e tem um estilo que simula naturalidade. Diante de um texto desse tipo, de que maneira podemos dissociar as marcas de oralidade como constituintes da construo composicional do gnero das marcas de oralidade usadas como recurso estilstico do cronista? Para responder a essa questo, recorremos Estilstica e aos estudos sobre oralidade e escrita, guiando-nos, prioritariamente, pelas ideias de Marcel Cressot, Nilce SantAnna Martins, Norma Discini, Jos Lemos Monteiro, Claudio Cezar Henriques, Srio Possenti, Dino Preti, Hudinilson Urbano, Luiz Antnio Marcuschi, Ingedore Villaa Koch e Eni P. Orlandi, entre outros. Trabalhamos, em adio, a linguagem jornalstica sob a perspectiva de Patrick Charaudeau. O corpus utilizado para este trabalho terico foi organizado a partir de crnicas de Joaquim Ferreira dos Santos, cujos textos, em sua maioria, voltam-se para a influncia da modalidade falada da lngua no cotidiano dos leitores, o que demonstra sua preocupao com a linguagem. Adotamos a linguagem sob a perspectiva sociointeracionista, nos termos de Mikhail Bakhtin, e sustentamos a viso de que as marcas de oralidade nas crnicas de Joaquim configuram-se como recurso estratgico para produzir um efeito de sentido pretendido pelo autor em determinado contexto
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Esta dissertao investiga de que maneiras a representao do sujeito canadense pode ser encontrada em dois romances representativos da literatura canadense contempornea: Obasan, de Joy Kogawa, e Alias Grace, de Margaret Atwood. Esta investigao tambm demonstra que a busca pela definio da identidade canadense tem sido tema constante e relevante da cultura deste pas. A indefinio quanto ao que significa ser canadense tambm tem permeado a literatura canadense ao longo dos sculos, notadamente desde o sculo XIX. A fim de observar a representao literria da busca pela definio da identidade canadense, esta investigao aborda os conceitos relativos representao de grupos subalternos tradicionalmente silenciados. A anlise comparativa dos romances citados contempla a relao entre memria e trauma autobiogrficos, assim como as semelhanas narrativas entre fico e histria. Esta investigao tambm verifica de que maneiras a literatura ps-moderna emprega documentao oficial, relatos histricos e dados (auto) biogrficos a servio da reescrita da histria atravs da metafico historiogrfica
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A presente dissertao tem como objetivo apresentar duas influentes autoras afro-americanas do sculo XIX, Frances E. W. Harper e Pauline E. Hopkins. Ambas as autoras, atravs de seus romances Iola Leroy, or, Shadows Uplifted (1892) e Contending Forces: a Romance Illustrative of Negro Life North and South (1900) respectivamente, entrelaam fico e histria com o propsito de criar novas alternativas de discurso, afastando-se, portanto, do oficial. Ademais, o presente trabalho prope demonstrar como Frances Harper e Pauline Hopkins fazem uso do espao literrio com a finalidade de escrever a histria do oprimido, permitindo, principalmente, que as mulheres afro-americanas dessem voz as suas experincias e as suas prprias histrias. Assim sendo, a literatura produzida por Frances e Harper e Pauline Hopkins ser analisada como forma de empoderamento da comunidade afro-americana, principalmente como forma de aquisio de poder para as Mulheres Afro-Americanas.
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O escopo desta tese a relao entre a prosa-potica da escritora norte-americana Gertrude Stein, atravs de seus retratos e peas, e tradues intersemiticas para dana contempornea. O corpus analtico articula os retratos Orta or One Dancing, If I Told Him: A Completed Portrait of Picasso, A Valentine to Sherwood Anderson, e as peas Four Saints in Three Acts, Listen to Me e Three Sisters Who Are Not Sisters de Gertrude Stein e os espetculos de dana [5.sobre.o.mesmo], Shutters Shut, Always Now Slowly, ,e[dez episdios sobre a prosa topovisual de gertrude stein]. A natureza dos campos colocados em comparao literatura & dana demandou a conjugao de duas vertentes de estudo ligadas s especificidades performtica e tradutria dos objetos selecionados: de um lado, seguimos encaminhamentos surgidos de uma derivao especfica da Comparatstica tradicional, os Estudos Interartes ou Artes Comparativas; de outro, os Estudos de Intermidialidade, relacionados aos Estudos das Mdias. A abordagem dos exemplos analisados sob a perspectiva comparativa baseia-se em Estudos de Traduo, com especial referncia noo de transcriao de Haroldo de Campos, e na semitica de Charles S.Peirce. No primeiro captulo, definimos nossa abordagem terica; a seguir, apresentamos a obra de Gertrude Stein e as principais propriedades que transformaram sua obra em uma das principais referncias literrias e estticas do sculo XX; e, para finalizar, analisamos as tradues, com especial ateno para a transcriao da percepo do tempo e da construo sinttica steineanas. Conclumos sugerindo que as tradues para dana so modos de interpretação e leitura dos textos literrios, bem como formas radicais de crítica de arte ou literria
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Analisar a fico gua Viva, de Clarice Lispector, o desafio desta dissertao, que integra autor, texto e leitor em uma discusso acerca de experincia esttica e estrutura textual. Partindo de conceitos desenvolvidos pela Teoria do Efeito Esttico, de Wolfgang Iser, o objetivo a ser atingido o de identificar as ferramentas utilizadas pela autora Clarice Lispector que fazem de seu texto potncia esttica a ser desencadeada pelo leitor no ato da leitura. Ao investigar a estrutura desta obra, encontram-se elementos que tornam vulnerveis concepes pr-estabelecidas acerca da literatura, abrindo-se em vazios constitutivos que convidam o leitor a participar da criao de significaes e da experimentao dos sentidos. A aproximao entre texto e artes plsticas, principalmente pintura, tem forte presena nesta obra, que provoca a formao de imagens no momento do contato com o texto, acontecimento em que se fundem tempo e espao para a irrupo do instante-j. Procurou-se, ainda, identificar tendncias comuns entre a produo deste texto de Clarice Lispector e os questionamentos presentes em outras manifestaes artsticas da poca, notadamente quanto ao carter transitrio que a arte dos anos 70 assume, fazendo com que o prprio movimento, a prpria transformao, tornem-se estrutura da arte de ento
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Em Cal, livro do escritor portugus Jos Lus Peixoto, a morte mostra-se sob diversas perspectivas. Esta dissertao objetiva, primeiramente, reconhecer as singularidades dessas perspectivas, bem como o movimento de identificao entre elas. Considerando que o livro no apenas desvela possibilidades de morte, mas, principalmente, as intersees entre as noes de morte e de vida, buscaremos responder s seguintes questes: possvel saber se, de fato, estamos vivos? A morte definitiva? Morte e vida so condies excludentes? A temtica da memria e dos afetos, inseparvel das reflexes acerca da finitude e das noes de presena e ausncia, perpassar, inevitavelmente, toda a progresso deste trabalho. Para pensarmos esses temas, assim como seus temas transversais, tomamos como referncia conceitos de tericos da literatura, da filosofia e da psicanlise, como G. Deleuze, J. Derrida, M. Blanchot, F. Nietzsche, S. Freud, B. Spinoza, G. Bataille. O dilogo com e entre pensadores de contextos distintos contribui para dar a esta dissertao seu aspecto fragmentrio, na qual as reflexes surgem e resurgem em progresso labirntica, de limites deslocveis
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A presente Tese de Doutorado tem como objetivo principal a investigao das ressonncias do Niilismo Europeu na produo literria de Antero de Quental, Ea de Queirs e Cesrio Verde. Segundo a teorizao nietzschiana, o Niilismo Europeu a histria da insero, da desvalorizao e do declnio dos valores cosmolgicos do ocidente. Nesta tese, objetivamos demonstrar como as obras desses trs autores refletem essa histria. Com esse fim, empreendemos uma anlise dessas obras a partir destes trs eixos temticos que remetem desenvoluo da histria do Niilismo Europeu na segunda metade do sculo XIX: a conscincia da morte de Deus; a tentativa positivista de substituir o Deus morto pela verdade cientfica; e o crescente sentimento de desvalorizao da vida aps o fracasso dessa e de outras tentativas de dar-lhe um sentido. Como as obras de Antero, Ea e Cesrio representam essa histria? Que influncia os fatos dessa histria exercem sobre tais obras? Se a vida deixa de ter um sentido, e isso se torna a causa de sua desvalorizao, poderia a atividade literria manter ainda o seu prprio valor? So essas as perguntas que procuramos responder ao longo desta tese
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A presente dissertao discute a representao do passado em A Costa dos Murmrios. Analisa-se a maneira pela qual o perodo colonial retratado na obra, investigando as estratgias utilizadas por Ldia Jorge, para conceber um registro diferenciado desse tempo histrico. A histria de Portugal reavaliada criticamente, provocando uma ruptura com os padres ideologicamente estabelecidos. Verses at ento negligenciadas, passam a contribuir fortemente para um conhecimento pluralista do passado lusitano. O estudo revela a desconstruo do discurso oficial efetuada pelo romance, que relativiza as verdades propagadas pelo cnone. O trabalho verifica de que forma a narrativa de Jorge promove a articulao entre histria e fico, problematizando a tradicional distino entre elas. Alm disso, procura-se identificar como o romance A Costa dos Murmrios dialoga com as inovadoras teses de Hayden White, Walter Benjamin, Linda Hutcheon, entre outras, surgidas no clima de renovao epistemolgica que se instalou a partir de meados do sculo XX
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O objetivo da presente dissertao entender como ocorre a ficcionalizao da memria da guerra colonial portuguesa nos romances Os Cus de Judas e A Costa dos Murmrios e as estratgias usadas pelos autores para expressar essa memria em termos literrios. Essas narrativas ao constatarem o colapso da antiga utopia colonialista do discurso nacional portugus, propem uma reviso dos antigos valores nacionais e da retrica do regime salazarista, que afetou de forma profunda a vida dos autores. Em ambas as narrativas, a experincia da guerra reconstruda atravs do testemunho e da reavaliao das reminiscncias do passado das personagens, o que confere s obras um perfil confessional. Ao desmontar o tradicional relato histrico, relativizando verdades universalmente aceitas, a fico visa preencher as lacunas do discurso histrico oficial, entendido como uma escritura dos vencedores. O confronto entre a memria individual resgatada pelas personagens e a memria legitimada da nao tem uma funo redentora sobre o passado na medida em que interrompe a lgica dominante no momento presente. O estudo das referidas obras individualmente concludo com uma anlise sob o vis comparativo que visa estabelecer semelhanas e possveis discrepncias na forma de representao das memrias da guerra colonial
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O objetivo desta dissertao discutir o lugar que o fazer literrio ocupa no processo de resistncia poderes hegemnicos. Como fontes primrias centrais, foram escolhidos o romance histrico The Farming of Bones (1998) e a narrativa autobiogrfica Brother, Im Dying (2007), ambos escritos pela autora haitiana-americana Edwidge Danticat. Em The Farming of Bones, Danticat reconstri ficcionalmente o trgico e obscuro episdio ocorrido em 1937 quando o ento ditador da Repblica Dominicana, Rafael Trujillo, ordenou o extermnio de todos os haitianos que residiam e trabalhavam em cidades dominicanas prximas fronteira com o Haiti. O silncio por parte dos governos de ambos os pases em torno do massacre ainda perdura. A publicao do romance histrico de Danticat 61 anos aps tal ato de terrorismo de Estado se torna, desta forma, exemplo de como o fazer literrio e o fazer histrico podem fundir-se. Em Brother, Im Dying, Danticat narra a histria da vida e da morte de suas duas figuras paternas, seu pai Andre (Mira) Dantica e seu tio Joseph Dantica (que a criou dos 4 aos 12 anos, no Haiti). Joseph, sobrevivente de um cncer de laringe, foi pastor batista e fundador de uma igreja e uma escola no Haiti. Morreu dois dias depois de pedir asilo poltico nos EUA e ser detido na priso Krome, em Miami. Mira, que migrara no incio da ditadura de Franois Duvalier para os EUA, onde trabalhou como taxista, morreu vtima de fibrose pulmonar poucos meses depois de seu irmo mais velho. Edwidge Danticat recebeu a notcia de que o quadro de seu pai era irreversvel no mesmo dia em que descobriu que est grvida de sua primeira filha. Com uma escrita que abrange tanto a narrativa de si quanto a narrativa do outro, alm das esferas pblicas e privadas, Danticat cria em Brother, Im Dying um locus de fazer auto/biogrfico que dialoga com questes de dispora, identidade cultural e memria. Os ensaios publicados em Create Dangerously (2010) e as vrias entrevistas concedidas por Danticat tambm reforam meu argumento que Edwidge Danticat exerce seu papel de artista engajada atravs de seu fazer principalmente, mas no exclusivamente literrio. Desta forma, a autora constri uma possibilidade de resistncia ao discurso hegemnico que opera tanto em seu pas de origem quanto em seu pas de residncia.
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Lima Barreto aborda o intelectual do seu tempo a partir do seu ideal de arte social, e dentro deste ideal de arte o intelectual aquele que mantm articulao com o saber, e faz disto um benefcio para a coletividade (OAKLEY, 2011). Portanto, este trabalho aborda as figuraes da intelectualidade no Brasil utilizando a idealizao de arte e intelectual de Lima Barreto em nossas anlises sobre a figura do intelectual. Inevitavelmente ao tratar da temtica do intelectual no poderamos deixar de abordar a prpria figura de Lima Barreto como intelectual em seu tempo. Assim sendo, busca-se compreender Lima Barreto como intelectual preterido por seus contemporneos, bem como no engajado em lutas de classes sociais, distante de qualquer categoria de intelectual orgnico de Gramsci. Com isto infere-se que Lima Barreto no fazia parte da elite intelectual da Belle poque, e nem era porta-voz do subrbio. Ele foi um escritor e intelectual militante somente de uma causa: a arte como ferramenta para comunho entre os homens. Escolhemos o gnero crnica por ela ser algo dirio, escrita de observador e gnero onde Lima pode explorar a sua escrita irnica e sarcstica sobre diversos temas, em especial o intelectual (S, 2005). Portanto, as crnicas de Lima Barreto podem nos oferecer uma melhor representao dessas figuraes do intelectual, seja na poltica, imprensa ou literatura. Lima Barreto vai construir seu ideal de arte e intelectual dentro da sociedade Belle poque, sociedade essa que abrigava um trabalho de elaborao da literatura em que a forma era mais importante do que o contedo e fomentava a poltica de modernizao do pas numa clara imitao dos modos e costumes europeus em nossa literatura. Ao contrrio disto, Lima Barreto defendia que o importante, para o intelectual, era o trato com o contedo, ser contemporneo, uma relao verdadeira com a inteligncia e que sua escrita estivesse a servio do bem comum. Evidente que a literatura idealizada por Lima Barreto era utpica, mas militante, e por isso que ele, Lima Barreto, um intelectual de resistncia
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Este trabalho o resultado da anlise de cinco livros da fase italiana (1957-1975) do poeta Murilo Mendes (1901-1975), com a inteno principal de se extrair deles a presena e a influncia da Literatura e da Histria da arte italianas na produo do poeta mineiro. Murilo Mendes, que na Itlia se tornou professor universitrio e praticou a crítica de arte com intensidade, chegou a escrever dois livros em italiano. As duas primeiras obras aqui analisadas, Retratos-relmpago e Locchio del poeta, recolhem textos em prosa sobre artistas de contextos, pocas e pases diferentes: da msica literatura s artes plsticas. Esses textos escritos entre prosa e poesia so o resultado de uma maior aproximao reflexo crtico-terica por parte de Murilo, que, ao analisar um artista, recorre aos mesmos recursos, motivos e tcnicas que ir colocar em prtica na prpria obra potica. Nos ltimos livros de poesia do poeta mineiro (Siciliana, Convergncia e Ipotesi), encontram-se de fato alguns desses elementos, como, sobretudo, o lrico-autobiogrfico e o crtico-social. Na Itlia, a poesia de Murilo se universaliza ao superar, segundo o impulso do Essencialismo, as fronteiras de espao e tempo. A rede de citaes se multiplica, parecendo representar uma ltima e desesperada tentativa de salvar a Arte e sua Tradio da catstrofe geral da sociedade moderna