Ressonâncias de heróis e reis medievais na (re)construção dos personagens da Pedra do Reino por Ariano Suassuna

A presente tese está calcada na análise da obra de Ariano Suassuna, o Romance dA Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, considerado pelo autor como a sua obra maior e, a princípio, o primeiro volume da trilogia A maravilhosa desaventura de Quaderna, o decifrador, e no primeiro volume da segunda parte da trilogia, O rei degolado ao Sol da Onça Caetana. O trabalho consiste, fundamentalmente, em examinar o diálogo estabelecido entre a obra de Suassuna com textos representativos da tradição literária ocidental, mais propriamente com os que remontam ao medievo. Para isso, fez-se um recorte nas relações que o romance trava com a matéria cavaleiresca, principalmente com a Demanda do Santo Graal, na sua estrutura e no desenho psicológico e moral dos personagens, notadamente de Sinésio, que encarna o mito do herói prometido, cujos paradigmas se assentam na figura lendária do Rei Artur, além de Galaaz, e na histórica de D. Sebastião, o rei desaparecido de Portugal. Sabe-se que esses reis e heróis míticos, considerados salvadores, uma vez que retornariam para restituir ao povo a dignidade e a liberdade perdidas, povoaram o imaginário ibérico e chegaram ao Brasil trazidos pelos colonizadores europeus. Dessa forma, a cultura popular do Nordeste brasileiro é povoada de histórias e lendas eternizadas e recriadas no folclore da região e na literatura de Cordel. Mas, ao lado do messianismo, outro aspecto faz-se notório nos personagens de Suassuna: a crueldade. E este tema, bem como o nome do personagem D. Pedro Dinis Quaderna, remete-nos para a história de alguns reis ibéricos da Idade Média: Pedro de Portugal e Pedro de Castela, que serão revisitados à luz da Crônica de D. Pedro de Fernão Lopes, no intuito de observar-se o diálogo com esta estabelecido por Suassuna, direta ou indiretamente

Novas demandas, outros desafios: estudo sobre a implementação da política do patrimônio imaterial no Brasil e seus desdobramentos no processo de inventário, registro e salvaguarda do jongo

A questão do patrimônio vem ganhando destaque nos últimos anos, sendo relacionada a temas e universos sociais variados e bastantes distintos. Este trabalho discute um dos aspectos mais recentes das políticas de patrimônio no Brasil, a política de inventário, registro e salvaguarda, instituída pelo Decreto 3.551. A tônica desta pesquisa foi refletir sobre a dinâmica do processo de transformação de determinadas expressões e práticas culturais em "bens patrimoniais", processo caracterizado aqui como a patrimonialização da cultura. O trabalho discute os impasses decorrentes da aplicação e operacionalização da política do patrimônio imaterial tendo como suporte o estudo do processo de inventário, registro e salvaguarda do jongo no Sudeste, realizado pelas equipes de pesquisa do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular CNFCP como parte do Projeto Celebrações e Saberes da Cultura Popular.

Identidade, exílio e memória: representações da cultura árabe na ficção brasileira contemporânea

Ao trazer registros de como a cultura árabe ou o imigrante árabe foi representado pela literatura brasileira desde os escritos coloniais, pretendemos refletir sobre a ficção brasileira contemporânea, que, diferentemente dos períodos anteriores, lança um olhar profundo sobre a imigração árabe para o Brasil, o que possibilita uma releitura do processo de inserção do imigrante na sociedade brasileira, principalmente para os descendentes de primeira e segunda geração. O corpus escolhido é composto por duas narrativas: o romance Dois irmãos (2000), de Milton Assi Hatoum, escritor manaura, nascido em 1950, filho de imigrantes árabes sírio-libaneses; e a narrativa O enigma de Qaf (2004), de Alberto Mussa, carioca, nascido em 1961, neto de imigrantes árabes. Nossa pesquisa busca demonstrar que as obras ficcionais de escritores descendentes de imigrantes permitem uma reflexão densa sobre os conflitos da condição migrante, porém numa perspectiva diferente da visão estereotipada ou mesmo de uma tematização preconceituosa. Entendemos ser a literatura um espaço privilegiado para trazer à tona outras visões sobre a cultura árabe, deixando de lado, consequentemente, a única história já delineada pelo colonizador europeu, aquela contida nos livros didáticos, divulgada nos grandes meios de comunicação de massa e na história universal, segundo a qual os árabes são terroristas, fundamentalistas, desumanos, opressores da mulher, o turco da prestação, o vendedor ambulante. Trata-se, assim, de adotar um viés pós-colonial, segundo os estudos de Eloína Patri dos Santos (2005), na medida em que, sob tal viés, o colonizado pode relatar a sua experiência, de acordo com a sua própria versão, com a sua voz. A análise é elaborada por meio de três eixos: o ethos identitário, o pathos do exílio e o logos da memória. Com a abordagem desses eixos, buscamos enfatizar a construção, nos dois romances, de um espaço de enriquecimento cultural por meio de personagens despidos de exageros folclóricos, de uma ambientação sem exotismos, da tematização de ritos árabes sem estereótipos, e, principalmente, do maior legado da cultura árabe para a humanidade: a língua árabe. Buscamos, dessa forma, contribuir para uma maior compreensão da ficção brasileira contemporânea, além de colaborar com as pesquisas que tratam das representações e figurações do árabe produzidas no Brasil

Mündliche Literatur und nationale Identitätskonstruktion bei José de Alencar und Mário de Andrade

O presente trabalho tem por objetivo analisar a construção da identidade nos discursos literários de José de Alencar e Mário de Andrade em que o recurso à literatura oral aparece como elemento central. O foco da análise são os textos críticos e teóricos desses autores, tomando-se especialmente em consideração questões da teoria de Johann Gottfried Herder sobre a poesia popular enquanto poesia natural, que deveria servir de matéria prima para a literatura erudita

Memória e Representações Sociais de Práticas Religiosas de Matriz Africana

Esta dissertação de mestrado realizou um estudo sobre a identificação de memórias e representações sociais das práticas religiosas de matriz africana na população negra do bairro Dom Bosco situado no município de Juiz de Fora - MG. Foram entrevistados 60 sujeitos, de ambos os sexos, que se auto identificavam como negros, pardos, mulatos e outras denominações que caracterizam a ascendência negra. Através dos dados levantados na pesquisa concluímos que as representações sociais que esta população possui, são de que as práticas de matriz africana são demoníacas, feitiçarias para o mal e ações que causam prejuízo para as pessoas. As lembranças se mesclam com esquecimento, e as representações e memórias dos sujeitos da pesquisa estão associados com as práticas de sincretismo religioso existentes no Brasil. Os entrevistados não possuem lembrança dos líderes religiosos negros e nem dos locais de memória do bairro. Os participantes da pesquisa não se associam com estas práticas religiosas e têm em relação a elas uma visão de distanciamento e desinteresse. Constatamos que isto ocorre devido à dificuldade de aceitação pela sociedade em geral que as desvaloriza e discrimina, sempre atribuindo negatividade a elas e aos praticantes. Estas práticas são estereotipadas, folclorizadas e menosprezadas socialmente. O que faz com que a população afrodescendente não queira ser identificada com as tradições históricas, culturais e religiosos dos seus ancestrais

Most Haunted and the Convergence of Traditional Belief and Popular Television

Koven, M. (2007). Most Haunted and the Convergence of Traditional Belief and Popular Television. Folklore. 118(2), pp.183-202. RAE2008

In Comes I: Performance, Memory and Landscape

Pearson, Mike, In Comes I: Performance, Memory and Landscape (Exeter: University of Exeter Press, 2007) RAE2008

Kazimierz Kaczmarczyk (1878-1966). Archiwista i historyk

Wydział Historyczny: Instytut Historii

Dix-huit ans chez les sauvages : voyages et missions de Mgr Henry Faraud, áevãeque d'Anemour, vicaire apostolique de Mackensie dans l'extrãeme nord de l'Amerique britannique : d'apráes les documents de Mgr l'evãque d'Anemour / par Fernand-Michel.

http://www.archive.org/details/dixhuitanschezle00fararich

Béal Átha an Ghaorthaidh: logainmneacha agus dinnseanchas

Is é atá sa tráchtas ná staidéar ar logainmneacha agus dinnseanchas ceantair Ghaeltachta Bhéal Átha an Ghaorthaidh. Ins na léarscáileanna a cruthaíodh tá iarracht ar na logainmneacha a líonadh isteach chomh cruinn is ab fhéidir agus furasta iad a aimsiú mar go bhfuil iomlán an eolais ar leathanach amháin. Cuireadh leis an eolas seo trí úsáid foinsí béaloidis a bhain leis an gceantar nó baile fearainn agus is iad Páipéir Uí Dhonnchadha agus Cnuasach Bhéaloideas Éireann is mó a úsáideadh. Tá a lán eolas a bhailigh An tAth Ó Donnchadha faoin nGuagán scríte anseo agus tugann sé le fios a lán dúinn ar an áit agus imeachtaí na haimsire sin.

Keeping their heads down: Shame and pride in the stories of Protestants in the Irish Republic

This study draws on a number of in-depth interviews to explore the ethnic aspect of Protestantism in the Republic of Ireland. We explore themes of shame and pride around issues of identity, together with a sense of loss of a minority rapidly losing cultural distinctiveness. Following Ireland‘s division, the ordinary Protestants of the south, comprising a range of religious denominations bound by history, intermarriage and culture, found themselves in a society in which their story was rarely told. The dominant narrative was one of a Catholic people, long oppressed by a wealthy Protestant minority. The story of ordinary Protestants, including those in rural and urban poverty, went largely unheard. Today, ordinary Protestants – small farmers, shop keepers, housewives – tell the story of Ireland as seen through their family‘s narratives. Themes of pride and shame, often intertwined, form a thread that binds their testimony, drawing on family, personal and local history, folklore and statements of identity.

ARAB MUSICIANS IN WASHINGTON, D.C. AREA: ETHNICITY AND IDENTITY

Musicians living in the Arab Diaspora around the Washington, D.C. metro area are a small group of multi-faceted individuals with significant contributions and intentions to propagate and disseminate their music. Various levels of identity are discussed and analyzed, including self-identity, group/ collective identity, and Arab ethnic identity. The performance and negotiation of Arab ethnic identity is apparent in selected repertoire, instrumentation, musical style, technique and expression, shared conversations about music, worldview on Arabic music and its future. For some musicians, further evidence of self-construction of one's ethnic identity entails choice of name, costume, and venue. Research completed is based on fieldwork, observations, participant-observations, interviews, and communications by phone and email. This thesis introduces concepts of Arabic music, discusses recent literature, reveals findings from case studies on individual Arab musicians and venues, and analyzes Arab identity and ethnicity in relation to particular definitions of identity found in anthropological and ethnomusicological writings. Musical lyrics, translations, transcriptions, quotes, discussions, analyses, as well as charts and diagrams of self-identity analyses are provided as evidence of the performance and negotiation of Arab identity.

CHASING THE SINGERS: THE TRANSITION OF LONG-SONG (URTYN DUU) IN POST-SOCIALIST MONGOLIA

Long-song (Urtyn duu) is a prominent Mongolian traditional folk song genre that survived throughout the socialist period (1921-1990) and throughout the political transformation of Mongolia from socialism to democratic capitalism after the Soviet Union was dismantled and terminated its aid to Mongolia in 1990. This dissertation, based on research conducted from 2006 to 2010, presents and investigates the traces of singers' stories and memories of their lives, songs, and singing, through the lens of the discourse on change and continuity in, and as, folk tradition. During the socialist period, this genre was first considered backward, and was then subtly transformed into an urban national style, with the formation of a boundary between professionalism and amateurism among long-song singers and with selective performance of certain songs and styles. This boundary was associated with politics and ideology and might be thought to have ended when the society entered its post-socialist period. However, the long-song genre continued to play a political role, with different kinds of political meaning one the one hand and only slight musical modification on the other. It was now used to present a more nostalgic and authentic new Mongolian identity in the post-socialist free market. Through my investigation, I argue that the historical transition of Mongolia encompassed not merely political or economic shifts, but also a deeper transformation that resulted in new cultural forms. Long-song provides a good case study of the complicated process of this cultural change.

Olfactory cuing of autobiographical memory.

In Experiment 1, subjects were presented with either the odors or the names of 15 common objects. In Experiment 2, subjects were presented with either the odors, photographs, or names of 16 common objects. All subjects were asked to describe an autobiographical memory evoked by each cue, to date each memory, and to rate each memory on vividness, pleasantness, and the number of times that the memory had been thought of and talked about prior to the experiment. Compared with memories evoked by photographs or names, memories evoked by odors were reported to be thought of and talked about less often prior to the experiment and were more likely to be reported as never having been thought of or talked about prior to the experiment. No other effects were consistently found, though there was a suggestion that odors might evoke more pleasant and emotional memories than other types of cues. The relation of these results to the folklore concerning olfactory cuing is discussed.

A Comparative Study of the Chinese Trickster Hero Sun Wukong

Sun Wukong is a fictional hero from the Chinese classic The Journey to the West. As a well-known trickster, Wukong has a lot of similarities with several other tricksters around the world. In order to analyze him, I try to explain both his similarities with, and differences from, other tricksters, especially in the Ancient Greek folklore and myth traditions. The first half of the paper focuses on the general characteristics of tricksters. As a very distinctive group in global mythology, tricksters have particular features. The definition and symbolization of tricksters are illustrated by comparing Wukong and major Greek tricksters, such as Hermes, Odysseus, and Prometheus. The second part of the paper is concentrated on the heroic features of tricksters and the cultural values reflected in the Wukong narrative. How tricksters become cultural heroes is the main theme of Chapter Three. I explain their evolution by elaborating on the change in their nature mentioned in the second chapter. The fourth chapter illustrates the reason why Wukong is an East Asian cultural hero.I explore the personalities of Wukong and see how they fit the dominant philosophy and cultural values of the region. The last chapter briefly shows how popular Wukong is in Chinese and the entire East Asian culture.