456 resultados para Filosofia das Ciências da Natureza
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Resumo:
Este artigo discute duas variedades de interpretação para a teoria moral de Hume. De um lado, ela é representada como uma forma de subjetivismo e, de outro, como uma forma de realismo. Ao final, é proposto que esta filosofia pode ser melhor descrita como uma forma de intersubjetivismo.
Resumo:
A intenção deste trabalho será de compreender a idéia de desnaturação, apresentada no fragmento La 427, no contexto da classificação pascaliana dos tipos de pessoa. A desnaturação é aí definida como uma perda do amor-próprio. Ora, se o amor-próprio, motor da busca da felicidade, define a natureza do homem decaído, fica o problema de compreender o paradoxal elogio ao amor-próprio levado a cabo por Pascal, neste fragmento, através da idéia de desnaturação.
Resumo:
O artigo pretende examinar os antecedentes do conceito pascaliano de natureza humana, desde a matriz aristotélica da idéia de natureza, passando pela absorção do conceito pelo pensamento cristão de Agostinho e Tomás, pela constituição do conceito teológico de pura natureza na escolástica tardia e sua crítica por Jansenius. Pascal aprofunda essa crítica, mostrando que a completude e a suficiência pressupostas na idéia de pura natureza são incompatíveis com a atual condição do homem, embora a infelicidade humana aponte para o fato de que a natureza humana permanece relevante como uma exigência irrealizável.
Resumo:
O presente trabalho aborda a concepção de causalidade apresentada pelo filósofo escocês David Hume no Tratado da natureza humana (TNH) e propõe, como argumento central, que a ideia de relação causal deriva de uma impressão reflexiva e toma a forma de uma crença imaginária cujo objeto é uma conjunção constante. Começando por analisar os conceitos de impressões e ideias, sobre os quais Hume elabora sua teoria da percepção, o texto explora, em seguida, os fundamentos do processo de associação de ideias, do qual a noção de causalidade é um modo; um breve estudo dos efeitos políticos decorrentes de uma concepção de causalidade assentada na crença e nos hábitos de percepção põe termo a este artigo.
Resumo:
A dificuldade em admitir-se o antropomorfismo dos deuses aparece na Grécia a partir da época arcaica, com os primeiros textos em prosa dos pensadores pré-socráticos. Neste estudo definirei as principais características dessa reflexão crítica sobre os limites do antropomorfismo, bem como a recusa dos intérpretes modernos em aceitar o antropomorfismo grego como uma experiência religiosa autêntica. Alguns fragmentos de Heráclito de Éfeso serão citados como exemplo da sabedoria dos jônios na época arcaica.
Resumo:
O artigo analisa a primeira onda do livro V da República de Platão, levando em conta a oposição entre opinião (dóxa) e ciência (epistéme), só formulada ao final da terceira onda. Sócrates problematiza a opinião corrente que aceita a diferença de natureza entre homens e mulheres para avançar a ideia de uma natureza humana comum. É essa tese paradoxal que justifica que possam ter uma mesma educação e que, assim, possam desempenhar as mesmas funções, vindo a ser guardiões e governantes da cidade.
Resumo:
No passo 245c do Fedro de Platão, no contexto do segundo discurso de Sócrates (no qual ele compõe sua palinodia dirigida a Eros), o filósofo chama atenção para a importância de "se tornar explícita a natureza da alma, dos seus estados e atos, assim como indagar se esta natureza é humana ou divina". Pretendo mostrar que Platão, nesse diálogo, tenta fundamentar a natureza mista da alma: em parte racional em parte passional. Essa ambiguidade constitutiva mostra-se diretamente correlacionada àquelas referentes às formas de Amor, Loucura e Retórica abordadas ao longo do diálogo, à medida que estas podem ser tanto perniciosas quanto prodigiosas, a depender do modo como se as conduz. Nessa perspectiva, meu propósito é defender a presença, na filosofia pensada por Platão, de elementos passionais imprescindíveis ao sucesso de sua atividade, cabendo ao filósofo alcançar, por meio de uma formação apropriada, a maestria para reverter aquilo que pode mergulhá-lo na ignorância e, consequentemente, na escravidão e na infelicidade, naquilo que justamente irá conduzi-lo na direção oposta: a do amor à Sabedoria.
Resumo:
É incontestável a presença das matemáticas nos diálogos de Platão, todavia o alcance e o sentido desta presença é matéria de controvérsia entre os especialistas. Alguns acreditam que os temas matemáticos empregados nos diálogos são fantasias matemáticas, outros defendem baseados, sobretudo no testemunho de Aristóteles, que Platão teria substituído na sua hipótese as formas inteligíveis pelos números ideais. Sem tomar partido de antemão nestas querelas, o que propomos aqui é uma investigação acerca da natureza dos números fundamentada exclusivamente nos textos de Platão, particularmente orientada por uma passagem do livro VII do diálogo República(525 b11- c3), em que Sócrates diz o seguinte: "Seria, portanto, conveniente colocar este estudo, ò Glaucon, dentro de uma legislação e persuadir aqueles que vão participar das grandes coisas na cidade a irem ao cálculo e a aplicarem-se a ele, não nos seus afazeres privados, mas até chegarem à contemplação da natureza dos números através da própria intelecção (...)".
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O autor ressalta no presente texto a importância da noção de movimento (kinesis) para a determinação da natureza (physis) na Física de Aristóteles. Nessa perspectiva, ele discute o problema da definição de movimento apresentada pelo próprio Aristóteles nos três primeiros capítulos do livro III da Física.
Resumo:
Pretendo neste artigo discutir a definição de natureza que Aristóteles oferece em Física 192b 20-23, tentando mostrar que tal definição deve ser entendida como uma conjunção de três (não apenas duas) condições: a primeira condição estabelece que a natureza é um tipo de causa; a segunda condição diz respeito à relação entre a natureza e a coisa natural que a tem como princípio e causa; a terceira condição diz respeito à relação entre a natureza e as propriedades que, enquanto causa, ela instila na coisa natural.
Resumo:
Em seu Comentário ao Timeu, Proclo diz que em algumas ocasiões Platão fala de um modelo (a partir do qual o mundo é criado) que é idêntico ao Demiurgo, enquanto noutras ocasiões sugere que o modelo é distinto do Demiurgo. Aqui, identidade e diferença remetem à semelhança ou dessemelhança com o inteligível, identificado com a eternidade (estabilidade; fixidez). Ora, Platão também fala no Timeu que o Cosmos é bonito e seu Construtor (o Demiurgo) é bom porquanto fixou a vista no modelo eterno. Se perguntarmos o que é engendrado quando o Demiurgo fixa a vista num modelo que não lhe é idêntico, encontramos a resposta no Timeu: inveja, defeitos, desordem, limitação quanto à inteligência e à alma, incompletude, feiúra e imperfeição. Plotino, por sua vez, menciona (Enéadas, II.4), a existência de dois tipos de matéria, inteligível e sensível. A matéria inteligível ou divina equivale à "Díade indefinida", identificada com a processão do Noûs. Para Plotino, apesar de a matéria inteligível ser eterna e imutável sua archê é constituída por diferença e movimento - condições que preparam a naturação da matéria sensível. Para Proclo, a Alma, desdobramento do Noûs, faz a mediação entre o Intelecto, a matéria inteligível e a matéria sensível. Diversos intérpretes parecem ter entendido a matéria inteligível como matéria da Alma, e para explicar a interação entre o inteligível e o sensível muitas teorias surgiram a respeito da constituição da matéria inteligível e sobre a natureza do "veículo" ou "veículos" que estariam associados à "descida" e encarnação da Alma.
Resumo:
Este trabalho pretende desenvolver as seguintes proposições: 1) Nos escritos juvenis, a questão da exterioridade da natureza foi já pensada, por Hegel, como um atributo daquilo que é natural, e que será desenvolvido de forma mais consistente nas obras posteriores, sobretudo, na Enciclopédia com a formulação do conceito de natureza como a "ideia na forma do seroutro (Andersseins)". 2) Este modo de entender a natureza - segundo o ponto de vista de uma "outridade" - servirá de referência às relações de dominação no campo político, nas quais os traços de naturalidade permanecem segundo o paradigma da dialética do senhor e do escravo, e que caracteriza as concepções de estado de natureza da doutrina do Direito Natural - como a de Hobbes. 3) A coação como violência ou subjugação legítima praticada contra aquilo que contém o elemento da exterioridade da natureza é compatível com a determinação essencial da natureza, e designa a condição inicial do homem como ser natural (Naturwesen), o qual pode ser coagido.