163 resultados para erro médico
Resumo:
Este estudo analisa os textos das avaliações produzidas por 38 preceptores de duas turmas que concluíram o curso de formação pedagógica em 2008 e 2009, utilizando como referência teórica a educação permanente em saúde, a aprendizagem significativa e o método de análise do discurso. O material trabalhado caracteriza-se por ser um recurso potencial para análise e avaliação da experiência de formação pedagógica dos participantes. O estudo sobre a avaliação do curso pelos preceptores possibilitou não só a análise das concepções de educação e de saúde assumidas por esses profissionais, mas a maneira com a qual eles se apropriam desses conteúdos em seus discursos e as relações que constroem em suas vidas pessoais. A apropriação de técnicas de ensino e de avaliação referenciadas nas correntes críticas da educação, a valorização da função do preceptor e a mobilização das capacidades individuais e sociais de transformação das práticas assistenciais e educacionais mostraram-se aspectos relevantes das avaliações analisadas.
Resumo:
Nos últimos anos, diretrizes para a comunicação médica de más notícias aos pacientes foram publicadas. Treinamentos para esta tarefa passaram a ser incluídos nos currículos de graduação, especialização e educação médica continuada. O objetivo desta revisão foi avaliar as evidências existentes na literatura sobre a eficácia destes treinamentos. Apenas sete estudos controlados, quatro dos quais randomizados, foram encontrados. Quatro deles indicam melhora dos aprendizes que foram treinados. Estes achados mostram que o treinamento em comunicação de más notícias pode ser eficaz para médicos e estudantes, mas há importantes limitações que impedem conclusões definitivas. Estas limitações são discutidas.
Resumo:
INTRODUÇÃO: Marketing médico é um assunto controverso, principalmente no que concerne a princípios éticos. Portanto, frente à competição acirrada de mercado, é necessário o preparo profissional. Conhecer a percepção dos alunos de Medicina pode auxiliar na estruturação de alternativas de capacitação. METODOLOGIA: Inicialmente, identificaram-se crenças sobre marketing médico através de grupo focal composto por 12 alunos. Com base nesses dados, dez afirmações para avaliar atitudes foram aplicadas aos alunos de uma Faculdade de Medicina pública brasileira. RESULTADOS: Observou-se falta de clareza sobre o conceito de marketing, preocupação com princípios éticos e necessidade de marketing no mercado competitivo. Na fase de aplicação, foram obtidas 280 respostas de diversos estágios do curso. Apenas 16,8% admitiram contato com o tema. Houve clareza sobre ética em relação ao paciente, influenciada positivamente pela progressão no curso, mas houve divergência na ética entre profissionais. CONCLUSÕES: Marketing médico é uma área pouco compreendida e relegada ao currículo oculto, sendo influenciada por transposições inadequadas de métodos didáticos destinados à comunicação profissional para a população leiga. Novos métodos de ensino, como a educação tutorial, podem ser uma alternativa para lidar com essas situações.
Resumo:
Este trabalho expõe a experiência de uma universidade pública que oferece formação pedagógica a preceptores médicos por meio de curso de capacitação. Para analisar a efetividade da proposta do curso, foi realizada pesquisa com um grupo de preceptores egressos. O questionário eletrônico foi o instrumento usado para viabilizar esse trabalho, que analisa como a apreensão de um novo conhecimento foi usada em cenários de prática. Da análise destas respostas entende-se que os preceptores assumiram uma ruptura de padrões tradicionais de ensino, passando a atuar como protagonistas de mudanças que viabilizam um ensino médico inovador, nos moldes das atuais necessidades da sociedade brasileira.
Resumo:
Este ensaio apresenta um contraponto entre o trabalho em saúde e o trabalho médico a partir das relações existentes entre o conhecimento e a prática. Assume que a problemática da saúde diz respeito às relações entre a natureza e a cultura. Reconhece que a introdução das ciências humanas no campo da saúde relativizou o discurso biológico e que a marca desse campo é a multidisciplinaridade. Identifica o estilo de pensamento biomédico como o principal responsável pelas especificidades do agir médico. Analisa e critica o impacto da tecnologia sobre a prática médica. Sugere que as propostas de mudança na educação médica, ao incorporarem as premissas humanizantes trazidas pelo campo da Saúde Coletiva, funcionariam como pontos de convergência com o trabalho em saúde e poderiam concorrer para a transformação do trabalho médico.
Resumo:
O objetivo deste artigo é apreender, discutir e analisar as concepções sobre interdisciplinaridade de professores coordenadores e professores construtores de módulos do primeiro ao sétimo período do curso médico de uma instituição pública no norte do Estado de Minas Gerais. Com base em um referencial teórico-conceitual, procedeu-se a uma investigação que envolveu 47 professores, produzindo-se dados por meio de questionário e entrevista semiestruturada. Os resultados foram analisados pela técnica de análise de conteúdo. Em relação às concepções dos docentes construtores, apreendeu-se que a interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas e pela integração das disciplinas no cotidiano da prática pedagógica. Para os docentes coordenadores, a interdisciplinaridade apresenta uma relação com o trabalho em equipe e com o uso de metodologias ativas. Foram ressaltadas as dificuldades de uma prática interdisciplinar na perspectiva de ação colegiada, participativa e articulada. O trabalho analítico permitiu identificar que os professores compreendem o movimento interdisciplinar como fortalecedor da relação universidade/realidade, que, ao potencializar o diálogo e a interação entre setores diversos, favorece a busca pela educação permanente e superação da fragmentação.
Resumo:
OBJETIVO: Comparar diferentes métodos de aprendizagem em Otorrinolaringologia para médicos de família. MÉTODOS: Os médicos foram distribuídos aleatoriamente em três grupos: 12 foram expostos a instruções verbais com uso de videoaulas, 12 a teleconsultoria com especialista, e 13 a ambas as técnicas. Antes e depois das intervenções nos grupos, foi aplicado um questionário com tarefas em Otorrinolaringologia. Comparou-se o número de acertos no questionário com os casos encaminhados da Atenção Primária à Secundária e a concordância entre diagnósticos da Atenção Primária e Secundária. RESULTADOS: Após as intervenções, houve melhora no conhecimento para os grupos exposição verbal com videoaulas (p = 0,002) e teleconsultoria/videoaula (p = 0,001), queda de 16% no número de encaminhamentos da Atenção Primária para a Secundária. Não foi observada em qualquer dos grupos concordância de diagnósticos entre a Atenção Primária e Secundária, com Kappa abaixo de 0,75. CONCLUSÃO: O médico de família aprendeu mais Otorrinolaringologia com instruções verbais em videoaulas do que com teleconsultoria com especialista. No entanto, ele não foi capaz de usar o conhecimento adquirido para fazer diagnósticos concordantes com os do especialista.
Resumo:
Está bem estabelecida a necessidade de incluir o ensino da comunicação no currículo das escolas médicas de forma sistemática. Objetivo: Conhecer a percepção de estudantes de Medicina de três escolas médicas de países diferentes (Brasil, Espanha e Holanda) e as potencialidades de cada uma destas escolas no processo de ensino-aprendizagem da comunicação médico-paciente. Método: Estudo exploratório qualitativo, com estudantes do último ano de Medicina, mediante entrevista semiestruturada, observação direta e análise temática de conteúdo. No Brasil, foram utilizados dados secundários de pesquisa similar. Resultados: As principais potencialidades encontradas foram a aprendizagem por modelos, com pacientes simulados, uso de videogravação e a Atenção Primária da Saúde (APS) como ambiente de ensino. Conclusão: A associação dessas potencialidades no ensino, com inserção do estudante na APS desde o início do curso, inclusão de pacientes simulados e videogravação, pode maximizar a aprendizagem da comunicação-médico paciente.
Resumo:
O presente estudo avaliou o ganho de conhecimentos de estudantes do curso médico que participaram de uma atividade integradora básico-clínica de Farmacologia e Psiquiatria no quinto ano, bem como verificou a opinião deles quanto à relevância em participar dessa atividade. Foi realizado estudo quali-quantitativo, utilizando avaliação pré e pós-teste, e a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) para a análise do conteúdo linguístico. Observou-se aumento significativo na porcentagem de acertos no pós-teste em relação ao pré-teste (p < 0,001). As ideias centrais obtidas na análise do DSC foram: atividade muito pertinente; ampliação desta atividade para outros estágios; dificuldade nas disciplinas básicas; aplicação de avaliação cognitiva; e participação ativa do professor nas discussões. Estes resultados sugerem que a integração entre a Farmacologia e as atividades práticas do internato em Psiquiatria possibilitou ampliar conceitos de Farmacologia, tornando o aprendizado significativo. Embora os estudantes tenham apontado a necessidade de melhor ajuste da atividade, o seu nível de aceitação foi verbalizado por meio da sugestão de que ela se estenda aos demais estágios do quinto ano.
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O presente trabalho objetivou conhecer a percepção dos alunos de Medicina sobre o estudo anatômico, para proposição de medidas que melhorem a aprendizagem dessa disciplina. Trata-se de estudo transversal com abordagem quantitativa e análise descritiva. Os dados foram coletados por meio de um questionário semiestruturado aplicado aos alunos do primeiro, segundo, terceiro, quinto e sexto períodos do curso médico. Para a maioria dos discentes, a aula expositiva facilita o aprendizado em Anatomia, ao passo que o grande número de nomes para memorizar foi apontado como principal fator dificultador. Grupo preponderante utiliza livros-texto e livro atlas, raramente tendo contato com peças naturais, e 82,59% dos acadêmicos não se sentem satisfeitos com o seu conhecimento anatômico. Portanto, no contexto atual de aumento da carga curricular do curso médico e redução do tempo dispensado à Anatomia, surge o desafio de examinar a evolução do currículo do curso médico observando a inserção da Anatomia neste processo. É necessário buscar um equilíbrio entre detalhe e segurança, assimilação e aplicabilidade da Anatomia, tendo em vista os diferentes métodos utilizados para o aprendizado da ciência anatômica.
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A promoção de saúde demanda uma ação coordenada entre população, poder público e setor saúde, visando à melhoria das condições de saúde. A formação médica deve propiciar ao estudante o contato comunitário e o desenvolvimento de ações de promoção da saúde no contexto em que vive a comunidade. Este artigo descreve a experiência de realização do planejamento participativo e interação comunitária conduzida por estudantes do curso médico em uma área atendida por equipe de Saúde da Família em Montes Claros (MG), ocorrida entre agosto de 2009 e março de 2010. A Estimativa Rápida Participativa e o Método Altadir de Planificação Popular foram os métodos norteadores das atividades, possibilitando o enfrentamento de um problema vivenciado pela população e a intervenção direta e positiva da comunidade nos determinantes do seu processo saúde-doença com apoio dos estudantes de Medicina, que consolidaram os conceitos de promoção da saúde e de prática educativa transformadora.
Resumo:
Dentre os desafios atuais da educação médica, encontra-se a inserção curricular de conteúdos e experiências educacionais voltados para o desenvolvimento de competências afetivas. A literatura tem indicado um declínio gradual do idealismo e humanismo do estudante ao longo do curso, indício de erosão do currículo médico. O objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento de competências afetivas e empáticas dos estudantes do curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), por meio da análise de 39 narrativas produzidas por estudantes da segunda e terceira séries em 2010. A análise de conteúdo baseou-se na epistemologia qualitativa, com base na qual foram estabelecidas três categorias: ritual de iniciação do estudante: vivências e dificuldades; vivências emocionais no decorrer da formação médica; benefícios pedagógicos da medicina narrativa: os desafios do desenvolvimento da empatia. A segunda série pareceu representar para os estudantes uma fase de adaptação ao contexto hospitalar, vista a necessidade de exteriorização dos próprios conflitos e de suas barreiras emocionais. Na terceira série, observou-se melhor desenvolvimento tanto de habilidades empáticas quanto de uma visão mais integral da condição dos pacientes e seus dramas. Conclui-se que a medicina narrativa foi uma abordagem efetiva para o aprendizado da empatia e da competência afetiva nos estudantes de Medicina, além de instrumento válido em nosso meio para avaliação de competências empáticas e humanísticas. A progressiva adesão dos estudantes legitima e consolida a medicina narrativa no espaço curricular, revalorizando a formação médica em suas práticas intersubjetivas. Entretanto, este estudo aponta a necessidade de novas investigações, utilizando-se métodos mistos para melhor compreensão do impacto dessa abordagem a longo prazo.
Resumo:
O ensino médico há alguns anos vem passando por uma transição do modelo clássico teórico para abordagens práticas e baseadas em problemas. Fundamentando-se em uma abordagem prática ambulatorial, criou-se um projeto de extensão para o ensino simultâneo a alunos de diferentes anos do curso médico com uma população ribeirinha, em que cada acadêmico utilizou suas habilidades adquiridas no curso para a criação de um serviço ambulatorial (acolhimento, pré-consulta, consulta médica, vacinação e dispensação de medicamentos), de forma a promover um serviço de saúde. Esta ação ocorreu em áreas remotas da Amazônia brasileira, mostrando que é possível unir extensão e ensino na formação de médicos mais conscientes das diferentes realidades socioeconômicas e culturais brasileiras.