494 resultados para Infecção natural
Resumo:
Passando em revista as experiencias de infecção que effectuamos e que acabamos de relatar, vemos que, as culturas isoladas de casos de Leishmaniose visceral americana quer do homem quer do cão, são capazes de infectar hamsters, rhesus e cães de maneira identica ao que acontece com as outras formas de Kala-Azar. Notamos ainda que a evolução da doença e as lesões observadas nos animaes assim infectados, se assemelham ao que tem sido observado nessa enfermidade aproximando-a de maneira singular do Kala-Azar mediterraneo. É sobretudo no cão que a semelhança se torna mais patente. A infecção da pelle e as lesões por ella provocadas que observamos, não differem em nada das que tem sido descriptas na infecção natural do cão e já assignaladas tambem na infecção experimental desse animal, embora de maneira menos completa do que fazemos agora aqui. As lesões oculares com formação de placas de keratite, a infeccção massiça do intestino nos casos fataes de infecção e até mesmo as lesões do figado descriptas por Adler como peculiares á infecção experimental, (infiltração em torno da veia central do lobulo) constituem outros tantos caracteres que mostram a completa analogia entre as infecções do cão que obtivemos e as já observadas no Kala-Azar mediterraneo. Além disso, a presença de Leishmanias na pelle, as vezes em grande numero e a constancia dessa localisação parasitaria, vem mostrar que o cão apresenta as condições necessarias para desempenhar o papel de depositario de virus tal como acontece no Kala-Azar mediterraneo, tanto mais que é elle encontrado naturalmente infectado, nas regiões em que grassa a doença. Mas não é só a infecção do cão que mostra essa semelhança; nos outros animaes tambem se verifica o mesmo facto e até pequenos signaes, taes como a tumefacção das patas assignalada nos hamsters infectados com Leishmania infantum, foram tambem observados aqui. Por outro lado, a reacção de sôro-agglutinação, conforme mostramos em trabalho anterior, não permite a separação das especies do genero Leishmania, pois todas ellas, quando recentemente isoladas, possuem identica constituição antigenica, que se modifica depois, pela conservação longo tempo em cultura. É esse facto, que deu logar ás conclusões contradictorias a que chegaram os autores que se ocuparam do assumpto bem como os primeiros resultados que obtivemos. Deante de todos esses factos, nos julgamos autorizados a concluir como já fizemos anteriormente, que o agente da Leishmaniose visceral americana é identico á Leishmania infantum. Ao terminar, queremos deixar consignados nossos agradecimentos ao Dr. E. chagas, por ter posto a nossa disposição as culturas de Leishmania por elle isoladas, tornando possivel deste modo, a execução do presente trabalho.
Resumo:
Fica assinalada a infecção natural dos Phyllostomideos Lonchoglossa ecaudata e Carollia perspicillata no Estado de Minas Gerais e na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, por um Schizotrypanum. 2) em ambos os morcegos as formas de tripanosoma apresentam morfologia idêntica, caracterisada principalmente por suas pequenas dimensões (15µ) e pelo núcleo localisado muito próximo ao extremo anterior do corpo. 3) Tais características morfológicas são muito visinhas, sinão idênticas, ás do Schizotrypanum vespertilionis (Battaglia), e distinguem o parasito em estudo do Schizotrypanum cruzi humano, de um Schizotrypanum do morcego Carollia perspicillata da Venezuela (= T. phyllostomae Cartaya?) e do Schizotrypanum do morcego Phyllostomus hastatus do Brasil. 4) Em córtes de coração de Lonchoglossa ecaudata foram encontrados parasitos com a morfologia de leishmania. 5) Xenodiagnosticos realisados com Panstrongylus megistus, Triatoma infestans e Rhodnius prolixus, em morcegos com tripanosomas no sangue ao exame a fresco, resultaram negativos. 6) Em amplas as espécies de morcegos, no Rio de Janeiro, foi encontrado tambem um grande tripanosoma do grupo megadermae, parecido com o Trypanosoma heybergi Rodhain do morcego africano Nycteris hispidus. Em C. perspicillata da mesma cidade foi verificada tambem a infecção pela Bartonella rocha-limai Faria & Pinto, e tambem a presença de microfilarias no sangue. No rim de C. perspicillata de B. Constant encontramos fórmas esquisogonicas de um protozoário.
Resumo:
1) - Em Guarativana, Estado de Yaracuy, Venezuela, foi determinada a infecção natural de morcegos da espécie Hemiderma perspicillatum (L) por um hemoflagelado do gênero Schizotrypanum CHAGAS. 2) - As formas sanguícolas do parasito são morfologicamente muito semelhantes às do Trypanosoma phyllostomae CARTAYA, 1910, descrito em morcegos da mesma espécie, em Cuba. Sem por ora identificarmos a este parasito o que encontramos na Venezuela, continuaremos a referir-nos a este último como amostra phyllostomae (cf. DIAS, VTDJ). 3) - Os tripanosomas da amostra phyllostomae teem em média 20µ de comprimento total, possuem volumoso blefaroplasto subterminal, núcleo elíptico quese mediano, porem mais próvimo à extremidade anterior do corpo. As seguintes médias foram obtidas da medida de 100 tripanosomas: Extremidade posterior ao meio do núcleo 7,1µ; Meio do núcleo à extremidade anteior 5,0µ; Flagelo livre 7,8µ; Comprimento total 20,0µ; Posição do núcleo (índice PN/NA) 1,4. A amostra phyllostomae mostrou-se biometricamente diferençavel de todas as demais de Schizotupanum estudadas (DIAS & FREITAS). 4) - Formas de multiplicação com a morfologia de leishmania foram encontradas em coração e estômago de morcegos infectados. Tripanosomas em via de divisão nunca foram observados no sangue. 5) - Cobaia, cão e camondongo branco são sensiveis à amostra, sofrendo algumas vezes infecções intensas e mortais. Leishmanias intracelulares e lesões foram encontradas em diversos orgãos, principalmente no coração. 6) - O morcego Phyllostomae hastatus não é sensivel à amostra, apresentando apenas um parasitismo sanguíneo escasso e transitório quando inoculado e reinoculado repetidas vezes. O Molossus obscurus tambem é aparentemente insensivel, enquanto que os Molossus rufus parece receptivel ao parasito. 7) - Após numerosas passagens por animais de laboratório, a amostra Phyllostomae foi infesctante para dois exemplares de Hemiderma perspicillatum do Brasil. Os morcegos H. perpicillatum e H. perspicillatum aztecum são aparentemente resistentes á inoculação do Schizotrypanum cruzi (tipo humano). 8) - A amostra phyllostomae evoluiu facilmente em todos os artrópodes sugadores experimentados: Rhodnius prolixus, Eutriatoma nigromaculata, E. maculata, E. sordida, Panstrongylus megistus, P. geniculatus, Triatoma infestans,Psammolestes arthuri, Cimex hemipterus e Ornithodoros moubata. A evolução processa-se analogamente à do S. chuzi, terminando com a formação de tripanosomas metacíclicos no intestino posterior. 9) - Cultivos artificiais são facilmente conseguidos em meios apropriados. 10) - A amostra phyllostomae distingue-se biológica e morfologicamente de outros hemoflagelados de morcegos (amostras hastatus e vespertilionis). Biologicamente aproxima-se muito do Schizotrydanum cruzi humano, do qual é, entretanto, diferençavel por processos biométricos (DIAS, 1940, DIAS & FREITAS).
Resumo:
São relatados estudos epidemiológicos feitos em um foco potencial de Tripanosomiase americana no bairro Santa Teresa na Cidade do Rio de Janeiro. Enquanto a pesquisa intensiva de Triatomideos em 40 "cafuas" existentes em áreas silvestres do local foi negativa, 11 exemplares (seis fêmeas e cinco machos) de Panstrongylus mzgistus (Burmeister, 1835) foram capturados em um grande edifício do local, estando nove infectados pelo Trypanosoma (S.) cruzi. Positivamente, tais insetos aí vieram ter atraídos pela grande iluminação dêsse edifício, seus focos de criação encontrando-se na mata. Não foi possível demonstrar de modo indiscutível tais criadouros em cuidadosas pesquisas feitas durante 10 meses. Todavia, em ninho de gambá (Didelphis marsupialis) foi achado uma casca de ovo de Triatomídeo, o qual pode ser atribuído ao P. megistus. Também em ninhos dos mesmos marsupiais e também de ratos silvestres foi descoberto um novo Triatomídeo (Parabelminus carioca Lent, 1943) novo transmissor do Trypanosoma (S.) cruzi, e que foi motivo de uma publicação anterior. De 42 exemplares de gambás (D. marsupialis) submetidos ao exame direto do sangue e ao xenodiagnóstico, 15 (ou seja 35.7 %) mostraram-se naturalmente infectados pelo T. (S.) cruzi. Dêstes quinze, quatro foram negativos ao exame direto de sangue, mas positivos ao xenodiagnóstico. Outro marsupial (Metachirus nudicaudatus Geoffroy), antes ainda não referido como depositário silvestre do Trypanosoma (S.) cruzi, foi verificado com infecção natural pelo xenodiagnóstico. A amostra "gambá de T. (S.) cruzi, mostrou-se patogênica para cao rhesus, gato e cobaio. Foi possível cultivá-la em meios de Nöller e NNN. A amostra "cuica" foi capaz de infectar cão e cobaio e também foi cultivada. A amostra "panstrongylus" também infectou cão e cobaio. Camondongos (Mus musculus, var albina) inoculados com qualquer uma das amostras, não apresentaram infecção sanguínea apreciável ao exame direto, enquanto que exibiam uma infecção peritoneal. Exame clínico sumário de 58 indivíduos residentes no local, permitiram o encontro de duas crianças com sintomas atribuíveis a doença de Chagas, mas o xenodiagnóstico dêstes pacientes foi negativo. Exames de sangue à fresco e xenodiagnóstico de 19 cães (cerca de 50 % dos existentes na zona estudada) foram negativos. Assim também de dois gatos. A possibilidade de infecção humana pelo T. (S.) cruzi no local estudado, é remota, considerados os hábitos silvestres aí observados nos transmissores. Porém, uma vez que aí existem depositários naturais abundantes dêsse tripanosoma, e também transmissores com alto índice de infestação, é possível a ocurrência de casos clínicos da moléstia, tanto mais quando se recorda que P. megistus tem geralmente habitos domiciliares em outras regiões do País, fàcilmente podendo adaptar-se às "cafuas" existentes no local. Por outro lado, a presença aí de famílias oriundas de zonas de endemia (Minas) poderá ainda apressar a existencia de condições domésticas de contágio.
Resumo:
Como resultado das 40 experiências relatadas neste trabalho, as seguintes conclusões podem ser tiradas: 1) Dos 2 até aos 8 meses de molestia há na bouba uma grande resistência á superinoculação (13 experiências negativas em 15). Nas 2 experiências positivas, foram obtidas lesões atípicas (pianides): a) Tal resistência parece independer da presença de lesões boubaticas cutaneas e se fez sentir mesmo em casos com a lesão inicial exclusiva. b) Dentro desse período de molestia, tal resistência pode desaparecer com o tratamento: 2 doentes tratados aos 6 meses e reinoculados adquiriram bouba em tempo normal. Porém, um caso tratado aos 7 meses e reinoculado, desenvolveu uma pianide. Êste fato parece mostrar que essa resistência depende principalmente da presença da infecção ativa ou latente, raramente traduzindo uma imunidade no verdadeiro sentido do têrmo. c) No caso de emprego de homo-virus, essa resistência prolongou-se até um ano d molestia, havendo apenas um caso duvidoso em 10 inoculações. 2) Do 10º mês ao 4º ano de molestia, em 8 superinoculações observou-se uma resistência parcial que se traduziu de 2 modos, quanto à natureza da lesão atípica que se obteve no ponto inoculado; "lesão frustra papulo-eritematosa" (7 meses); e lesão semelhante ás "pianides" da infecção natural (1 vez), a qual permaneceu localizada sem manifestações metastaticas, até 4 meses de observação. a) Também este estado de resistência parcial, parece independer da presença de lesões boubaticas aparentes. b) Com o tratamento esse estado parece não se modificar: um doente tratado nesse período da molestia, reagiu à inoculação de modo semelhante, embora sem nenhuma manifestação clínica e com a R. Wa. negativa. Inegavelmente, essas "lesões frustras" e também as "pianides" obtidas, representam respostas de organismos que obtiveram vantagens na luta com a doença, possuindo um certo grau de imunidade, que é muitíssimo maior no caso das primeiras. 3) Depois do 5º ano de molestia, a resposta á superinoculação traduziu um estado de maior sensibilidade do organismo infectado. Observou-se no ponto inoculado uma reação precoce papulo-eritemato-ulcerosa, francamente necrotica e destrutiva, ao mesmo tempo que se verificou exacerbação das lesões dos pacientes, com grande infartamento gangliomar satélite. Até 18 meses depois, em um caso, a lesão obtida permaneceu localizada sem manifestações generalizadas. a) O tratamento não modificou tal estado. Doentes tratados ( e parcial ou totalmente curados), reagiram da mesma maneira à reinoculação dentro desse período da molestia. Apenas em um caso de mais de 5 anos (nº 40) não se obteve a lesão ulcero-necrotica. Era o único dos 13 experimentados que não tinha nem tivera lesões ulcero-gomoides destrutivas. por outro lado, 2 pacientes apresentando lesões gomo-ulcerativas, mas tendo menos de 3 anos de molestia, não deram a lesão ulcerativo-necrotica em resposta à superinoculação. (Experiências ns. 38 e 39). Interessante é que esta lesão ulcerativo-necrotica contém treponemas embora raros, e em evolução pode tomar o carater das lesões destrutivas gomo-ulcerativas peculiares ao chamado "período terciario" da doença, com as quais também se assemelha histopatológicamente. Sob o ponto de vista imunológico, esta lesão representa um estado de maior sensibilidade do organismo para o agente infeccioso. 4) Como o tratamento precoce perturba o desenvolvimento da imunidade, sob o ponto de vista epidemiológico, seria aconselhável aguardar o período terminal do chamado secundarismo, isto é da fase de generalização boubatica, para tratar os pacientes em Postos, hospitais ou ambulatórios pois, tais doentes poderiam se reinfestar uma vez retornados ao fóco. Claro que em campanhas terapeuticas profilaticas, as lesões "abertas" primo-secundarias, devem ser rapidamente eliminadas uma vez que são as mais contagiantes, por mais ricas em germes. 5) Existe na framboesia trópica uma verdadeira imunidade além de uma simples resistência á superinoculação devido a presença da infecção ativa ou latente. Com efeito, pacientes tratados em determinado período da molestia e curados clinica e sorologicamente, mostraram resistência parcial á reinoculação, reagindo de modo semelhante a outros do mesmo período de molestia e não tratados. 6) A imunidade na framboesia tropica se manifesta seja como uma resistência á superinoculação ou reinoculação seja como uma modificação da lesão boubatica inicial, seja, finalmente, como uma resistência á generalização da doença. 7) Os resultados das esperiências sugerem que as diferentes manifestações cutaneas da molestia são condicionadas até certo ponto pelo estado imunitario do organismo infectado. 8) Os diferentes gráus de imunidade, encontrados na framboesia trópica, estão até certo ponto relacionados com o tempo de doença. Porém, são atingidos mais ou menos ràpidamente, segundo o organismo infectado e, talvez segundo a virulência do treponema, do mesmo modo como os chamados "secundarismo" e 'terciarismo" da doença.
Resumo:
Em área endêmica de leishmaniose tegumentar no município de Viana, Estado do Espírito Santo, investigou-se a ocorrência de infecção natural por Leishmania em animais domésticos, procurando-se relacionar a presença dos animais infectados com a ocorrência da doença humana. No período de três semanas foram examinados 186 cães, dos quais 32 (17,2%) estavam parasitados. Durante um ano surgiram, entre os moradores da área, 11 casos novos de leishmaniose tegumentar. Três amostras humanas de Leishmania e 27 amostras isoladas de cães foram identificadas como L. braziliensis braziliensis. Observou-se nítida relação entre a presença de cães infectados e a ocorrência de novos casos humanos da doença. Supõe-se que a moléstia esteja se comportando na área como uma zoonose mantida pelos cães domésticos.
Resumo:
A fauna flebotomínica da região de Três Braços, uma área endêmica de leishmaniose cutânea-mucosa localizada no sudeste do Estado da Bahia, na região cacaueira, é muito variada. Foram identificadas 30 espécies de Lutzomyia em 13.535 exemplares coletados entre os anos de 1976 e 1984. Lu. withmani foi a espécie altamente predominante no ambiente peridoméstico e no interior das residências, com percentuais de 99,0 e 97,5, respectivamente. Na floresta, as espécies predominantes foram Lu. ayrozai e Lu. yuilli, aparecendo Lu. whitmani com apenas 1,0% do total de exemplares examinados. Lu. flaviscutellata, vetor comprovado da Leishmania mexicana amazonensis, foi também coletada em baixos índices. Lu. wellcomei, vetor da L. braziliensis braziliensis na Serra dos Carajás, Pará, Brasil, não foi encontrada na região de Três Braços onde o parasito causando infecções humanas é predominantemente L. b. braziliensis. Embora não se tenha encontrado infecção natural por promastigotas em 1.832 fêmeas de diversas espécies examinadas, discute-se a possibilidade de Lu. whitmani ser um vetor da L.b. braziliensis na região, mantendo, provavelmente, a transmissão entre o cão e o homem.
Resumo:
Caramujos Biomphalaria tenagophila descendentes de exemplares coletados no lago da Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, foram expostos a miracídios de quatro cepas de Schistosoma mansoni: LE e HK de origem local, Belo Horizonte, AL do Estado de Alagoas e SJ, de São José dos Campos, SP. As cepas LE, AL e SJ são mantidas em laboratório e HK foi obtida de fezes de paciente que reside próximo à Pampulha. As taxas de infecção experimental foram de 4% (LE), 6% (HK), 30% (SJ) e 40% (AL). Esses indícios de infecção foram semelhantes aos obtidos por vários autores para populações de B. tenagophila de Minas Gerais. Caramujos infectados experimentalmente eliminaram número de cercárias comparável ao de B. glabrata do controle e de B. tenagophila capturada no lago, com infecção natural (cerca de 2.000 cercárias/molusco). Devido à alta densidade planorbídica atual em alguns pontos do lago, número de cercárias eliminadas por exemplares naturalmente infectados, afluxo de pessoas para pesca e lazer, contaminação das águas por dejetos humanos, os autores alertam para o risco de crescimento do foco de esquistossomose no local.
Resumo:
No presente trabalho, realizado no Estado de Sergipe, procurou-se determinar a distribuição geográfica e as interrelações entre populações naturais de duas espécies do gênero Biomphalaria, os caramujos vetores do Schistosoma mansoni no nordeste do Brasil. Dados coletados em 1969 mostraram que B. straminea, com uma única exceção, estava limitada à região semi-árida, enquanto B. glabrata habitava a região litoral/mata, ambas no Estado de Sergipe. Esta distribuição espacial parecia indicar que as espécies acima denominavam territórios exclusivos. Coletas de caramujos feitas em 1988, nas mesmas 37 localidades pesquisadas anteriormente (1969), evidenciaram que B. straminea havia invadido territórios previamente ocupados por B. glabrata. Estes resultados sugerem que as duas espécies estão interagindo em processo de deslocamento competitivo. Foram ainda determinadas as taxas de infecção natural dos caramujos, assim como foram registrados alguns aspectos ecológicos de seus criadouros.
Resumo:
Neste trabalho avaliou-se o efeito da premunização com duas estirpes fracas do vírus-do-mosaico-do-mamoeiro - estirpe melancia ("papaya ringspot virus - type W", PRSV-W), combinada com a tolerância das plantas, no controle do mosaico e na produtividade da abóbora 'Menina Brasileira'. Testes realizados em casa de vegetação mostraram que as plantas dessa cultivar premunizadas com as estirpes fracas PRSV-W-1 e 2 ficaram totalmente protegidas contra a infecção por uma estirpe severa de Campinas. Em condições de campo avaliou-se comparativamente a produção de plantas premunizadas, infectadas com a estirpe severa de Campinas, e sadias e expostas à infecção natural (controle). A proteção foi medida com base na produção individual das plantas, cujos frutos foram classificados em comerciais e não-comerciais. As plantas premunizadas tiveram uma produção média de frutos comerciais (peso) 33% superior à daquelas naturalmente infectadas em campo. Quanto ao número de frutos comerciais, o aumento foi da ordem de 50%. A premunização combinada com a tolerância da abóbora 'Menina Brasileira' permitiu um melhor controle do mosaico, com ganhos na produção de frutos comerciais.
Resumo:
Avaliaram-se os efeitos da aspersão hidrotérmica e da radiação UV-C no controle pós-colheita da podridão olho-de-boi (POB) em maçãs 'Fuji', após um e oito meses de armazenamento, e 'Gala', após cinco meses de armazenamento, ambas sob condição de atmosfera controlada (AC). Esses frutos foram inoculados ou mantidos com infecção natural de Cryptosporiopsis perennans. As maçãs 'Fuji' foram submetidas aos seguintes tratamentos, aplicados em uma linha comercial de seleção: sem tratamento (testemunha); aspersão hidrotérmica (água a 50ºC por 12 segundos); radiação UV-C (0,0069 kJ m-2); e aspersão hidrotérmica + radiação UV-C. As maçãs 'Gala' também foram submetidas a estes tratamentos utilizados em 'Fuji', exceto ao tratamento com aspersão hidrotérmica + radiação UV-C. Após os tratamentos, as maçãs foram incubadas a 22ºC por 15 dias e avaliadas quanto à incidência da doença. Nas maçãs 'Fuji', os tratamentos de aspersão hidrotérmica e/ou radiação UV-C reduziram a incidência da POB nos frutos inoculados e com infecção natural, proporcionando controle superior a 56% e 54%, em relação à testemunha, respectivamente. Em maçãs 'Gala' inoculadas, os tratamentos com aspersão hidrotérmica e radiação UV-C também reduziram o número de unidades formadoras de colônias (UFC) nos frutos, com controle superior a 70%, e a incidência da POB, com controle superior a 69% em relação à testemunha. Em maçãs 'Gala', com infecção natural, estes tratamentos apresentaram controle da POB superior a 85% em relação à testemunha. Os resultados obtidos mostram que os tratamentos com aspersão hidrotérmica e/ou radiação UV-C reduzem a incidência da POB em maçãs 'Fuji' e 'Gala', em linha comercial de seleção. Todavia, o uso da radiação UV-C, em ambas as cultivares, foi o tratamento que apresentou maior benefício e retorno econômico.
Resumo:
O objetivo deste trabalho foi utilizar uma escala de severidade para algumas doenças do maracujazeiro, visando à identificação de fontes de resistência. Foram avaliados 75 acessos de Passiflora spp. em condições de campo, sob alta infecção natural dos patógenos, para a severidade da virose, nas folhas (VIFO), frutos (VIFR) e distribuição na planta (VIPL), bem como para verrugose nos frutos e ramos (VEFR e VERA, respectivamente) e antracnose nos frutos (ANFR). Houve alta variabilidade para resistência às doenças, embora poucos acessos tenham sido classificados como resistentes à VIFO, VIFR e VIPL, sendo que apenas um acesso de P. setacea (BGM237) foi considerado resistente aos três tipos de avaliações para virose. A maioria dos acessos de maracujazeiro- amarelo e roxo possui algum grau de suscetibilidade a um ou outro sintoma da virose. Quanto à VERA, acessos de P. alata e P. cincinnata foram mais resistentes, embora P. alata demonstre maior resistência a VEFR. Alguns acessos de P. edulis comportam-se como moderadamente resistente à VERA e VEFR. A maioria dos acessos de P. alata, P. cincinnata e P. setacea não apresentou sintomas de antracnose nos frutos. A escala de severidade adotada mostrou-se eficiente para a separação dos acessos de maracujazeiro em diferentes classes de resistência a doenças.
Resumo:
A escaldadura cujo agente causal é o fungo Monographella albescens é uma das principais doenças de arroz (Oryza sativa) no Brasil. Somaclones derivados de panículas imaturas de IAC 47 foram avaliados quanto à resistência genética à escaldadura em condições de infecção natural de campo e de inoculações artificiais em casa de vegetação. As diferenças entre os somaclones quanto à incidência e severidade foram significativas em experimento realizado em condições de campo. As severidades variaram de 12,4% a 32,03% para os somaclones SCIA14 e SCIA28, respectivamente. A relação entre a incidência e a severidade em experimento de campo foi linear e positiva (r = 0,87; P<=0.01). O comprimento da lesão nas folhas dos somaclones, em inoculações com disco de micélio, correlacionou com a severidade (r = 0,93; P<=0.01) e com a incidência no campo (r = 0,88; P<=0.01). A relação entre a largura da folha bandeira dos somaclones e o grau de suscetibilidade foi linear e positiva. Considerando a avaliação em condições de campo e em condições de casa de vegetação, 19 somaclones apresentaram resistência maior do que a cultivar IAC 47.
Resumo:
Neste trabalho, avaliou-se a reação de seis híbridos de milho (Zea mays)(AG 9012, C 808, P 3041, C 901, XL 212 e X 9403) de germoplasmas diferentes, a Diplodia maydis inoculados artificalmente nas espigas e à infecção natural de D. maydis e de D. macrospora. O híbrido X 9403 apresentou a menor incidência de grãos infetados e o rendimento de grãos superior dos demais híbridos; o híbrido XL 212 apresentou incidência e rendimento de grãos intermediários. Esses dois híbridos possuem textura de grãos dentados. Os híbridos P 3041, AG 9012 e C 808, com textura de grãos duro, apresentaram rendimentos inferiores e reações variáveis a D. maydis e a D. macrospora. Esses resultados mostraram que existe variabilidade entre híbridos quanto à reação à podridão da espiga causada por D. maydis e a D. macrospora. Na identificação de materiais resistentes, se sugere utilizar métodos artificiais de inoculação, visando aumentar a pressão de seleção e confiabilidade nos resultados.
Resumo:
Plantas de tomateiro (Lycopersicon esculentum) apresentando sintomas de amarelecimento do limbo foliar principalmente nas nervuras, redução de crescimento e distorções foliares foram coletadas em lavouras do cinturão verde de Campinas, São Paulo, e mantidas no Centro Experimental de Campinas (IAC), para utilização em experimentos de avaliação de resistência de genótipos à virose. A partir de análises moleculares, o vírus foi identificado como Tomato yellow vein streak virus (TYVSV). Foram feitas avaliações em campo (infecção natural) e em telado (infecção natural e controlada), usando-se diversos genótipos, abrangendo cultivares, híbridos, linhagens e populações, além de espécies selvagens de tomateiro. Alguns dos genótipos e híbridos contêm o gene de resistência Ty-1. Em campo, destacou-se o híbrido 'BX 1016158' com as menores incidências de doença. Em telado (infecção natural), híbridos interespecíficos de L. esculentum x L. peruvianum, e a linhagem PI 134417 (L. hirsutum) mostraram-se os mais resistentes ao isolado. O método de avaliação precoce em telado (infecção controlada) mostrou-se adequado para discriminar genótipos resistentes ao isolado. Por meio desse método, constatou-se a resistência das linhagens 'LA 444-1' (L. peruvianum), F4(TySw5) e a série IAC 14-2, e dos híbridos 'Franco' e BX1653088 ('Densus'), os quais receberam notas próximas de um ou não apresentaram sintomas.