2 resultados para Problemática socioambiental
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Resumo:
Memorial de Aires, último romance de Machado de Assis (1908), possui uma fortuna crítica bastante curiosa. Produzido em um momento considerado delicado na vida de Machado, quando este se encontrava viúvo e doente, Memorial foi recebido pela crítica como uma obra decadente e nostálgica, um tom dissonante na produção madura do escritor. Tal concepção crítica cristalizou-se em torno do romance e gerou um discurso previsível e longamente repetido. No entanto, os textos críticos que defendem tal postura frente ao Memorial convivem com outros que, ao discutirem o romance, mostram uma concepção bastante diferenciada do texto. Destoando dessa visão tradicional, concebem Memorial como expressão do mesmo escritor irônico e astuto de outras obras da fase madura do escritor. Essa fortuna crítica contraditória e inconstante, ao mesmo tempo em que confunde um leitor menos avisado, aponta para diferentes conceitos crítico-metológicos que predominaram ao longo do século XX. O objetivo desse artigo é discutir o caráter contraditório e inconstante dessa fortuna crítica à luz de reflexões sobre o próprio percurso que a crítica literária tomou ao longo do último século.
Resumo:
The article discusses the great controversy over the time gap between the narrated fact and the author’s life period in the concept of the historical romance. For many literary critics, perhaps most of them, it is necessary that the action of the novel, or at least most of it, happens in a period of time before the lifetime of the novelist, and for others, this criteria is too rigid and outdated. Therefore and taking into consideration that George Lukacs, the first theorist of historical novel, placed Balzac in the group of novelists as one of the followers of Walter Scott’s techniques, stating that the French novelist “created a superior type and so far unknown historical novel, which is a representation of this as history, this article presents a reflection on the controversy, checking whether there is really need that the temporal distance has a greater relevance than the dialogue with history and its representation in the characterization of a historical novel.