6 resultados para Conflitos no sul do Brasil
em Línguas
Resumo:
RESUMO: A educação de surdos hoje no Brasil vive um período de transição, de conflitos e contradições: por um lado o discurso da diferença cada vez mais presente na fala de educadores e em parte da legislação educacional em vigor; por outro lado a “diferença” surda continua sendo representada nas práticas escolares em geral sob a ótica da normalização que insiste em invisibilizar as especificidades linguísticas e culturais dessa minoria, apesar dos avanços alcançados pelo decreto 5626. Com esse cenário em mente objetivamos refletir sobre as pressões normativas guiadas por ideologias monolíngues (BLACKLEDGE, 2000) que tentam formatar um suposto uso ideal de português e de Libras. O capítulo está dividido em três partes: primeiro, apresentamos algumas considerações no âmbito da legislação acerca do estatuto de Libras no Brasil. Em seguida, tematizamos o processo de (in)visibilização das línguas de sinais com vistas a mostrar que a (re)construção do conceito de língua como algo fixo, também, em relação às línguas de sinais, pode ser usado para sedimentar desigualdades em relação ao surdo na escola. Por fim, refletimos, a partir de alguns dados de pesquisa, sobre as tensões existentes entre as línguas nos contextos bi-multilíngues que caracterizam a escolarização de surdos e as ideologias linguísticas que geram efeitos de hierarquização sobre os usos de Libras e de Português.
Resumo:
O presente estudo tem como objetivo discorrer sobre a variedade minoritária suíço-alemã no Brasil, mais especificamente em um distrito de Cafelândia, Paraná. Para esta finalidade, consideram-se fatores extralinguísticos (o contexto familiar) e linguísticos (alternância de código e mistura de línguas). A pergunta básica que orienta esta pesquisa é como se caracteriza e como se usa o dialeto suíço-alemão em contato com o português, e como esse idioma minoritário “sobrevive” se é adquirido em uma comunidade monolíngue de fala portuguesa, no Sul do Brasil. Notou-se, através de entrevistas e observação participante em três gerações de descendentes helvéticos (relativo à Helvécia ou Suíça), que, ao decorrer do tempo, o suíço-alemão, que primeiro era “língua” materna, foi substituído quase que completamente pelo português. Mesmo assim, pode-se perceber que persiste a iniciativa de conservar o dialeto suíço-alemão no Brasil, sendo que vários descendentes dos entrevistados bilíngues (re)migraram para a Suíça.
Resumo:
Even nowadays, with the access to information through the internet or even by means of apps on the cellphone, the market of printed tourist guidebooks, as a way of advertising tourist destinations, continues to work. In a global scope, one of the most recognized publishing companies is Lonely Planet, with publications about a great number of destinations, in until 11 languages, commercialized in various parts of the world. One of its theme is Brazil. The titles Brazil (2013), in Portuguese, Brasil (2014) and in the Italian guidebook, Brasile (2014) were selected. The manuals were analyzed in a post-doctorate research entitled, “Analyzes of tourist guidebooks about Brazil in the light of the Translation Studies Based on Corpus”. However, the analyzed chapters are just the ones that make up the South of Brazil, that is, Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul. The aim was to analyze the cultural markers with the highest level of keyness, presented in them and its respective translations in the guidebooks in Portuguese and in Italian. Nevertheless, for this article just the chapters referring to Paraná were selected. The theoretical basis were the Corpus Linguistic (Berber Sardinha, 2004), the Translation Studies Based on Corpus (BAKER, 1993, 1995, 1996, 1999, 2000; CAMARGO, 2005, 2007a, 2007b), as well as the studies about cultural markers (AUBERT, 1981, 1995, 2006). It was noted that even on the source language corpus there were markers in Portuguese language, such as “Curitiba” and “Iguaçu”, whereas the toponyms are quite frequent in this textual genre.
Resumo:
No presente trabalho, serão analisadas variações e mudanças nas diversas versões da música Schön ist die Jugend (Bela é a juventude). Inicialmente, essa música era cantada como um canto de saudade dos anos da juventude que não voltam mais. Com as diversas alterações que o texto musical sofreu ao longo dos anos, hoje ele é cantado como um verdadeiro hino nacional por pessoas da Terceira Idade dos Clubes de Idosos dos diversos municípios da região Oeste do Paraná e do Sul do Brasil, onde a língua e a cultura alemãs ainda são usadas. Segundo a Sociolinguística, as línguas estão sujeitas a alterações e mudanças pelo uso que os falantes fazem dela. É fácil afirmar isso de textos falados ou escritos, em prosa. À primeira vista, poderia parecer que textos/letras de músicas não se alteram, pois estão sujeitos a alguns requisitos normatizantes, como rima, ritmo e cadência. No entanto, uma análise um pouco mais apurada de algumas letras nos mostra o quanto também esses textos estão sujeitos a variações e mudanças, tanto na perspectiva sincrônica quanto diacrônica. Diversos autores (como RIEMANN, 1971, e LARAIA, 1986) chamam a atenção para esse aspecto, o qual eles definem como dinamicidade, que estaria presente com maior intensidade justamente em músicas populares. Para comprovar e analisar esse aspecto em letras musicais, escolhemos a música popular alemã Schön ist die Jugend, uma das mais cantadas pelos descendentes de imigrantes alemães, em especial por pessoas da chamada Terceira Idade, no Oeste do Paraná..
Resumo:
O presente artigo tem o intuito de suscitar uma reflexão sobre situações observadas durante uma pesquisa de Mestrado realizada em Ponta Porã/MS, na fronteira Brasil/Paraguai. A investigação ocorreu no período de 2007/2008, em uma escola pública municipal em que o percentual de alunos oriundos do Paraguai ultrapassa os 90%. Trata-se de uma pesquisa etnográfica que, entre outros resultados, trouxe à tona alguns problemas decorrentes da falta de políticas linguísticas em escolas próximas a linhas de fronteira. Para esta reflexão, buscaram-se autores como Savedra (2003), Oliveira (2003), Calvet (2007), Pagotto (2007) e outros teóricos que reconhecem a necessidade de reflexões mais pontuais que atendam também às peculiaridades regionais. Abordam-se também, neste texto, alguns avanços já constatados em relação às faixas de fronteira, especialmente no Mato Grosso do Sul. Percebeu-se, durante a pesquisa de campo, que, em virtude da falta de políticas linguísticas adequadas a contextos sociolinguisticamente complexos, alunos e professores convivem em situações de conflitos étnicos, linguísticos e culturais, o que pode comprometer o rendimento do ensino/aprendizagem.
Resumo:
Este texto apresenta uma resenha da obra FRONTEIRAS PLATINAS EM MATO GROSSO DO SUL (Brasil/Paraguai/Bolívia): biogeografias na arte, crítica biográfica fronteiriça, discurso indígena e literaturas de fronteira, escrita por Marcos Antônio Bessa-Oliveira, Edgar Cézar Nolasco, Vânia Maria Lescano Guerra e Zélia Ramona Nolasco dos S. Freire. O livro, publicado pela Editora Pontes de Campinas, é fruto de reflexões empreendidas ao longo dos anos por esses pesquisadores do estado de Mato Grosso do Sul (MS), de diferentes universidades, acerca da crítica do pensamento fronteiriço. A obra é constituída de quatro capítulos, além de um prefácio e uma apresentação, em um total de seis textos. A partir de diferentes lugares enunciativos, os autores fomentam a importância dos estudos que pensam os sujeitos marginalizados, no intuito de destacar as noções-chave que atravessam reflexões de intelectuais fronteiriços e se apoiam, sobretudo, nos estudos pós-coloniais, epistemologias outras que constituem o ponto de partida para os estudos no âmbito das artes, da literatura e da linguística.