24 resultados para Machado de Assis, 1839-1908.
Resumo:
Memorial de Aires, último romance de Machado de Assis (1908), possui uma fortuna crítica bastante curiosa. Produzido em um momento considerado delicado na vida de Machado, quando este se encontrava viúvo e doente, Memorial foi recebido pela crítica como uma obra decadente e nostálgica, um tom dissonante na produção madura do escritor. Tal concepção crítica cristalizou-se em torno do romance e gerou um discurso previsível e longamente repetido. No entanto, os textos críticos que defendem tal postura frente ao Memorial convivem com outros que, ao discutirem o romance, mostram uma concepção bastante diferenciada do texto. Destoando dessa visão tradicional, concebem Memorial como expressão do mesmo escritor irônico e astuto de outras obras da fase madura do escritor. Essa fortuna crítica contraditória e inconstante, ao mesmo tempo em que confunde um leitor menos avisado, aponta para diferentes conceitos crítico-metológicos que predominaram ao longo do século XX. O objetivo desse artigo é discutir o caráter contraditório e inconstante dessa fortuna crítica à luz de reflexões sobre o próprio percurso que a crítica literária tomou ao longo do último século.
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A proposta deste trabalho é mostrar o caráter inovador de Machado de Assis através de sua maior inovação que foi Memórias Póstumas de Brás Cubas. É ressaltado aqui e comprovado através da análise desta obra que o autor não se prendeu a modelos pré-estabelecidos; sendo pelo contrário, um inovador em todas as escolas pelas quais transitou. É por isso que detectamos numa mesma obra a negação do Romantismo, a utilização de algumas características do Realismo e o uso de outras que não corresponde a esse período, mas ao estilo literário próprio do autor. Essas características chegam de forma caprichosa e astuta, como se mostra o narrador - defunto. É por isso que essa pesquisa expõe algumas das questões que cercam o narrador e sua posição no romance já citado. Por todoo trabalho, são analisados alguns pontos peculiares à obra machadiana, como as interrupções e volubilidade do narrador que, são características fortemente marcadas na obra para intensificar a negação de alguns dos principais pilares do Realismo, como a neutralidade, a imparcialidade e a objetividade. No decorrer do texto é observado o modo como o narradorpersonagem desconstroi, com sua ironia e seus “vaivens”, os ditames da onisciência e mistura com a subjetividade o tempo cronológico ao psicológico, de acordo com sua memória e imaginação criadora. Destacam-se nesse estudo, não só a posição do autor perante as características já mencionadas do Realismo, como o árduo combate ao sentimentalismo contido nas obras do Romantismo, assim como a compreensão e questionamento do autor acerca dos mecanismos que comandam as ações humanas através da sondagem psicológica; visto que Machado de Assis além de inovar no enredo, criar um narrador fora do padrão, retrata também os ditames sociais.
Resumo:
RESUMO: Apesar da péssima distribuição de renda do Brasil e das diversasRESUMO:representações literárias sobre o tema, na crítica literária brasileira não hámuitos estudos marxistas, muito menos sobre a pobreza ou o pobre. Issonão impede que um dos mais importantes críticos literários do país, RobertoSchwarz, trabalhe com o materialismo e o conceito marxista de classe soci-al, estudando especialmente o pobre na literatura brasileira. O crítico, queteve como mestre Antônio Cândido e recorre a sua dialética a todo momen-to, trabalha com o conceito marxista de classe social desde seu primeiroensaio sobre Machado de Assis, Ao vencedor as batatas, publicado em1977. Em 1983, já num período de redemocratização política no Brasil,Schwarz organiza uma antologia titulada Os pobres na literatura brasileira,onde consta um ensaio seu sobre a personagem Dona Plácida como repre-sentação típica da pobreza social na literatura. Este ensaio será retomadoem Um mestre na periferia do capitalismo, de 1990, continuação do estudomachadiano. É neste estudo, em que há um capítulo especialmente dedica-do aos pobres, que Schwarz propõe que a viravolta machadiana da primei-ra para a segunda fase de seus romances é de ordem ideológica, mais doque técnica. Mais tarde, em 1997, o crítico ainda se envolve com a produ-ção do romance Cidade de Deus, onde os protagonistas são todos pobres eao qual o crítico saúda como um “acontecimento”. Sua obra, dessa forma,é uma clara evidência de que se pode, sim, estudar a relação entre literaturae sociedade a partir da prosa brasileira.
Resumo:
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo,romancista, crítico e ensaísta, que viveu no final do século XIX e início do século XX, época em que o sistema patriarcal sempre reinou e, em sua obra, isso aparece claramente. As mulheres, descritas nos romances machadianos, são envolvidas com os afazeres domésticos, confirmando o modelo familiar da época. Embora o escritor tenha seguido o modelo patriarcal, ele procurou valorizar a mulher em seus romances e contos. Nessesentido, pode-se observar a importância dada à mulher na obra machadiana, nos papéis que a elas são designados. Normalmente esses são marcantes, determinados, independentes, inteligentes e algumas vezes chegam a conduziro romance. Esse artigo tem por objetivo abordar as personalidades e as características das personagens Iaiá Garcia, protagonista, e Estela Antunes do romance Iaiá Garcia de Machado de Assis. Embora a protagonista seja Iaiá Garcia, durante a leitura, nota-se que a personagem Estela Antunes équem conduz o romance de maneira bem sutil, não deixando de demonstrar sua característica mais marcante – o orgulho. Ao final da leitura é que se vê que a personagem Iaiá Garcia – protagonista - menina meiga e inteligente que se torna uma mulher esperta, orgulhosa, vaidosa e caprichosa é quem realmente conduz o enredo, de forma dissimulada, consegue alcançar seus objetivos com uma jogada de mestre. Iaiá possuía duas qualidades essenciais para um bom jogador de xadrez: vista pronta e paciência beneditina, sendo assim a protagonista, que já traçara seu destino desde menina, dá um cheque-mate e ganha o jogo.
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Este artigo tem por objetivo analisar a leitura em Dom Casmurro, de Machado de Assis, publicado em 1899, a partir de três focos: as leituras realizadas pelo narrador, as quais são citadas no texto e contribuem para a narrativa; o modo como o narrador trata o leitor, através das estratégias narrativas empregadas e pelas tentativas de diálogo que procura estabelecer e, por último, os procedimentos empregados pelo editor, visando à comunicação com um público iniciante. O estudo segue princípios da História da Leitura apontados, principalmente, por CHARTIER (2002), DARNTON (1990) e ZILBERMAN (2001). Destaca-se que, mesmo com as tentativas de diálogo que o narrador propõe ao leitor, o texto é denso e,desse modo, o editor procura interferir para reduzir a distância estética entre o horizonte do texto e o do leitor jovem contemporâneo. Além disso, ressalta-se que tanto o modo de contar como os temas inerentes à narrativa contribuem para que a obra mantenha sua atualidade.
Resumo:
Este artigo analisa as personagens presentes no conto “Noite dealmirante”, de Machado de Assis, apresentando um narrador que detém seu olhar nos sujeitos de um mundo em que a tônica é a pobreza. Nesse conto cujo enredo aborda uma espécie de adultério entre pobres, a ironia machadiana apresenta a história da paixão ambígua entre o marujo Deolindoe Genoveva, que firma entre si uma promessa de fidelidade, quebrada, todavia, pela mentira e pela dissimulação de ambas as partes (também uma maneira de mascarar a instabilidade da condição socioeconômica de ambos), haja vista que o marinheiro oculta aos amigos seu desencontro amoroso com Genoveva, bem como esta assume o não cumprimento da palavra empenhada, pois, diante da dúvida do sucesso do relacionamento com o marinheiro, passara a viver com outro homem, reflexo das injunções econômicas às quais muitas das mulheres pobres e comprometidas da época estavam sujeitas, isto é, diante da incerteza de haver uma relação futura pautada pela estabilidade, muitas optavam por unir-se a outro homem, o qual pudesse pelo menos oferecer certa segurança econômica e mesmo amorosa.
Resumo:
O presente trabalho analisa a obra Memórias Póstumas de BrásCubas, de Machado de Assis, explorando as reações do masculino perante a altivez feminina, a partir do mito de Eva. A despeito da conotação negativa que faz o narrador dos caracteres femininos como inteligência e altivez, o aspecto de fracasso masculino não é anulado. O tipo fracassado que aparece na obra tem valor significativo, na medida em que faz emergir o outro: o feminino. Pois, as personagens femininas representadas, guardadas os limites de verossimilhança da época, não assumem o comando político e social, mas possuem a inteligência para defender seus próprios interesses e comandar o homem pela subjetividade. Assim, ao passo que onarrador Brás Cubas acredita dominar a situação, ele passa a ser o iludido.
Resumo:
Neste ensaio analisamos, em comparação, os romances Dom Casmurro, de Machado de Assis, e Amar-te a ti nem sei se com carícias, de Wilson Bueno, tendo por percepção a dúvida que os narradores instauram nos referidos textos, levando o leitor / o analista de literatura também a esse percurso duvidoso.
Resumo:
O ator do espetáculo solo Espelhos, baseado em contos de Machado de Assis e de Guimarães Rosa, Ney Piacentini contribui, de modo singular, com o número temático da Revista Línguas&Letras, edição comemorativa, voltada aos estudos críticos e criativos em torno da obra de Guimarães Rosa, por meio de entrevista, por nós intitulada Guimarães Rosa: Incursões poéticas no palco.