8 resultados para organizações trabalho saúde
em Universidade Federal do Pará
Resumo:
Nesse estudo - abordamos as metamorfoses do mundo do trabalho, determinadas pelo esgotamento do modelo taylorista-fordista de produo, erigido no sentido de superar a crise da dcada de 1930, que assolou as sociedades capitalistas. Tambm estudada a consolidao de um tipo de Estado que deu suporte ao perodo de maior desenvolvimento do capitalismo, o Welfare State, assentando, nos pases desenvolvidos, suas bases nos pressupostos keynesianos propunha imprimir ao Estado um papel estratgico no desenvolvimento do capitalismo global, e que tem sua derrocada com a crise econmica da dcada de 1970, com o aprofundamento do processo de mundializao dos mercados e a consolidao, a, do poder poltico-econmico das empresas multi e transnacionais. Problematiza-se a centralidade do trabalho enquanto categoria social fundamental e os nexos entre trabalho, saúde e educao. O papel que Estado desempenha no quadro mais amplo da sociedade capitalista, marcado pela introduo de uma nova regulao social, concretizada por meio da implementao de reformas de cunho neoliberal, as quais podem ser observadas no mbito das polticas pblicas na sociedade brasileira, viabilizando a implementao de uma lgica mercantilista no campo educacional, principalmente na Educao Superior, que se traduz na reorganizao e realizao do trabalho docente nesse nvel de ensino, com precarizao, intensificao desse trabalho e sua repercusso sobre a saúde do docente. Analisamos os nexos entre trabalho e saúde, marcados pela submisso do corpo e da alma do trabalhador, aos interesses da acumulao capitalista e enfatizamos o momento em que novas questes se colocaram para as diferentes reas do saber e das prticas, principalmente, no campo da saúde e da educao, de modo a exigirem uma reorientao dos velhos padres de compreender o mundo, reorientao que implica a necessidade de um encontro entre a Saúde do Trabalhador e a Educao
Resumo:
A atual configurao do mundo do trabalho caracteriza-se pela complexidade e intensificao dos riscos saúde do trabalhador. A presente tese aborda trabalho e saúde a partir do referencial da psicodinmica de Dejours, privilegiando a categoria prazer-sofrimento, no contexto do trabalho com automao no Plo Industrial de Manaus - PIM. Visando situar os aspectos macroeconmicos, apresenta-se a condio scio-econmica dos operadores e o contexto da reestruturao produtiva do PIM, que se caracterizou por intensificao da automao. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a organizao de trabalho com automao e seus desdobramentos sobre a saúde dos operadores e das operadoras de mquina de insero automtica, focalizando o prazer-sofrimento e seus reflexos sobre o processo de saúde-adoecimento. Elegeu-se a abordagem qualitativa, em consonncia com a fundamentao terico-metodolgica de Dejours. A pesquisa emprica foi realizada na rea de insero automtica das duas empresas de origem japonesa, de grande porte, do segmento eletroeletrnico do PIM. Participaram como sujeitos 21 operadores de mquinas (dez de uma e onze de outra empresa). A principal fonte de dados foi a fala dos sujeitos, que responderam a uma entrevista individual semi-estruturada. Para a anlise de dados foi realizada uma articulao da sistemtica da Grounded Theory base psicodinmica, como opo de tcnica qualitatativa adequada a entrevistas individuais. A preocupao com a qualidade se destacou como categoria central, mostrando-se presente em todas as esferas da organizao de trabalho e modulando a vivncia de prazer-sofrimento: dentre as principais fontes de prazer, realizar o trabalho com perfeio foi reiteradamente mencionado; em contrapartida, o medo de errar uma das principais fontes de sofrimento, causa permanente de tenso, agravante do risco de adoecimento. O prazer provm da identificao com a tarefa de operar mquinas, de alta tecnologia, sem cometer erros; aprender mais e dominar a tecnologia de ponta uma fonte de mobilizao subjetiva. O sofrimento decorre da sobrecarga de trabalho, mal remunerado, sob intensa presso por qualidade. Para suportar o sofrimento, os trabalhadores constroem estratgias coletivas de defesa: usam gracejos direcionados aos colegas que cometem erros, interpretados como recurso para reduzir o sofrimento originrio do medo de falhar. Utilizam ainda grande diversidade de estratgias individuais de defesa, reflexo do individualismo. O reconhecimento, considerado na psicodinmica como via privilegiada para a ressignificao do sofrimento, pouco presente: menos de metade dos operadores se considera devidamente reconhecido por seu trabalho; mencionam os baixos salrios como evidncia da falta de reconhecimento. Em uma das empresas tambm falta o reconhecimento simblico, agravando o sofrimento. O predomnio do sofrimento sobre o prazer no trabalho conduz a um desequilbrio que resulta no uso exacerbado de defesas: manifestam-se as patologias sociais do trabalho, dentre as quais foi identificada a patologia da sobrecarga, relacionada carga excessiva de trabalho que importa aos operadores e s operadoras, pois aquisio de mquinas corresponde a reduo de pessoas. O sofrimento no trabalho, no PIM, est sendo intensificado com a automao, inserida no contexto de super-explorao do trabalho, integrante da organizao flexvel do capital.
Resumo:
Este um estudo sobre a relao trabalho, saúde e doena no cenrio da pesca artesanal no Estado do Par em que buscamos apreender a complexidade das questes relativas saúde dos trabalhadores valendo-nos da contribuio das cincias sociais. Somam-se neste estudo os aportes disciplinares da sociologia, da psicodinmica do trabalho, da antropologia da saúde, com o que buscamos melhor nos aproximar de um desejado enfoque interdisciplinar. Dada a vinculao desta pesquisa aos referenciais do campo da Saúde do Trabalhador, orientao paradigmtica que sustenta as noes e anlises nela presentes, enfatizamos o papel estruturador que o trabalho assume na vida dos pescadores artesanais, bem como na conformao dos valores, concepes e na forma com que constroem e lidam com as questes relativas sua saúde, sem descurar as dimenses social e subjetiva presentes na dinmica do processo saúde-doena em sua relao com o trabalho. Como afirma Minayo (2004a) o enfoque da pesquisa qualitativa em saúde, nossa referncia metodolgica para o desenvolvimento deste estudo, a fala dos sujeitos, suas concepes de saúde e doena, para o que foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com pescadores de cada um dos municpios, que voluntariamente concordaram em participar do estudo. Para um aprofundamento quanto aos aspectos referentes aos processos de adoecimento e as possveis relaes com a atividade laboral desenvolvida por esses trabalhadores, valemo-nos tambm do instrumento da observao participante, acompanhando os pescadores durante a sua atividade de trabalho. O material obtido envolve 23 entrevistas com informantes de 6 (seis) municpios do Estado do Par: Abaetetuba, Igarap-Miri, Mocajuba, Bragana, Salinpolis e So Caetano de Odivelas, todos eles municpios onde a pesca artesanal desempenha papel importante na economia local e agrega um grande contingente de trabalhadores, permitindo-nos assim observar distintas realidades da atividade no Par, que dispe de uma diversidade de ecossistemas aquticos, apresentando ambientes de guas continentais, estuarinas e martimas, nos quais a pesca desenvolvida com inmeras adaptaes e particularidades. A escolha para referencial de anlise a hermenutica dialtica, entendida como nos diz Minayo (2004a, p. 227), como um caminho do pensamento, a partir do que se busca entender a fala, o depoimento, como resultado do processo social (trabalho e dominao), para o qual o olhar ampliado, perscrutador, sobre o cenrio da vida e do trabalho se apresenta imprescindvel. Buscamos ento estabelecer o campo das determinaes fundamentais, qual seja o contexto scio-histrico desse conjunto de trabalhadores, ressaltando, dentre vrios aspectos, a importncia dos pescadores artesanais e sua insero no sistema de produo; suas condies de reproduo (trabalho, renda, moradia, acesso a bens e servios etc.); acesso a polticas de seguridade social, enfatizando a compreenso que entende as concepes de saúde e doena enquanto conceitos construdos historicamente, vivamente permeados pelas condies histrico-sociais dos indivduos e particularmente demarcados em sua relao com o trabalho.
Resumo:
Na Amaznia, mais particularmente no Estado do Par, a utilizao de agrotxicos vem se consolidando como prtica nos ltimos 20 anos e se intensificando na ltima dcada, a partir da re-configurao da agricultura no municpio, com a maximizao das culturas permanentes, com as mudanas tecnolgicas inseridas nas prticas agrcolas e nas relaes de trabalho, sendo o uso predominante, no que concerne ao municpio de Igarap-Au, de produtos de mdio e alto risco de intoxicao, inclusive substncias proibidas em outros pases que sob o rtulo de transferncia de tecnologia vem sendo utilizadas sem a avaliao de seus impactos sobre a saúde, o ambiente e a cadeia alimentar da qual o homem partcipe. Entende-se ser esta uma questo de saúde pblica em interface com as referenciadas na saúde ocupacional e na saúde ambiental em uma trade a ser colocada em defesa da vida. A pesquisa que norteou este estudo foi desenvolvida no ramal do Cumaru, no municpio de Igarap-Au, no Estado do Par, com 20 agricultores em situao de exposio prolongada aos agrotxicos. Teve como objetivo primordial traar o perfil de morbidade do grupo em foco, mais especificamente o aparecimento de sintomas de ansiedade e/ou depresso nas situaes de intoxicao crnica a partir do regime de uso e de exposio, bem como, reconhecer a percepo destes acerca dos riscos aos quais esto submetidos a partir do uso destas substncias em sua prtica laboral. Partiu-se da premissa que os aportes terico-conceituais de trabalho, saúde e ambiente se entrelaam, entendendo a saúde como indo alm da ausncia de doena ou do contnuo bem estar, se inserindo de forma singular na vida de cada indivduo que compartilha com a coletividade eventos que adoecem, porm que se expressam de forma nica a partir de co-fatores que se inserem na biografia de cada um, agravando ou minimizando os efeitos dos riscos compartilhados. O trabalho, entendido como elemento estruturante da identidade e da subjetividade do indivduo, repleto de significados transformados culturalmente se configurando em meio de vida e meio de morte. A partir da escolha do mtodo clnico qualitativo, a pesquisa de campo realizou-se em duas etapas, sendo a primeira de reconhecimento dos espaos e das prticas cotidianas do grupo, a partir de um recorte de gnero e faixa etria, atravs de observao participante e de conversas informais com os agricultores e suas famlias nos espaos domsticos e nos laborais. A segunda etapa realizou-se atravs de entrevista(s) de avaliao psicolgica com os agricultores. Foi evidenciada a situao de intoxicao crnica e a incidncia de um grupo de sintomas, dentre estes, alguns vinculados a expresses de ansiedade e/ou depresso, sendo estes nomeados como nervoso pelos agricultores. Estes conhecem parte dos riscos inerentes ao uso dos agrotxicos sobre sua saúde e sobre o ambiente mas os relativizam, no relacionando o uso de agrotxicos aos sintomas apresentados e os minimizam, bem como, aos riscos, ancorando-se em representaes sociais que os sustentam nas suas crenas sobre os riscos inerentes ao trabalho e a saúde em estratgias defensivas compartilhadas pelos seus pares.
Resumo:
Inserido no contexto das relaes estabelecidas entre saúde mental e trabalho, este estudo tem por objetivo analisar as vivncias de sofrimento psquico dos servidores responsveis pela execuo dos servios socioassistenciais da rede de Proteo Social da FUNPAPA, enfatizando as estratgias que desenvolvem para realizar o seu trabalho de forma a colocarem-se no mbito da normalidade. Pautado nas contribuies da psicodinmica do trabalho e nos referenciais do campo da saúde do trabalhador, o enfoque terico-metodolgico desta pesquisa consiste em uma abordagem qualitativa, cuja coleta de dados envolveu entrevistas individuais semi-estruturadas e observao participante. A anlise dos dados, realizada atravs da tcnica de anlise de contedo, apontou aspectos relacionados s condies de trabalho e organizao do trabalho atuando como desencadeantes de vivncias de sofrimento psquico, as quais se expressam em ansiedade, insatisfao, medo, tdio, repugnncia, dentre outras manifestaes. Os aspectos relacionados s ms condies de trabalho que desencadeiam o sofrimento psquico dos servidores da FUNPAPA so: espao fsico sem a adaptao necessria para o atendimento dos usurios, equipamentos obsoletos e/ou com funcionamento defeituoso, escala de veculos irregular e condies ambientais insalubres devido infiltraes constantes. Como elementos constituintes da organizao do trabalho que funcionam como determinantes do sofrimento psquico vivenciado pelos servidores da FUNPAPA podemos citar: o atendimento aos usurios, a capacitao profissional inadequada ao trabalho que desenvolvem, a avaliao de desempenho, a ausncia de reconhecimento social, o quantitativo reduzido de servidores, a rede socioassistencial deficitria e a impotncia diante dos limites da poltica de assistncia social para fazer frente s demandas sociais postas a esses servidores. Para lidar com as vivncias de sofrimento psquico de modo a evitar a doena e a loucura esses servidores adotam estratgias de defesa de proteo, incluindo: a racionalizao, a religiosidade, os laos de confiana e solidariedade, o absentesmo, a antecipao das frias, o investimento em atividades desenvolvidas fora da jornada de trabalho, o trabalho itinerante na comunidade e a busca de solues alternativas para tornar o ambiente fsico o mais acolhedor possvel. Desta forma, a estrutura deste trabalho abrange trs momentos: a referncia emprica, o aporte terico e a discusso dos resultados, respectivamente. Por ltimo, guisa de concluso, so apontadas algumas notas para subsidiar uma proposta de promoo da saúde mental no trabalho.
Resumo:
Este trabalho faz uma anlise de trs modelos de regulao: a regulao no acesso aos servios de saúde, que realizado no mbito do Sistema nico de Saúde; a regulao via agncias reguladoras; e o carter regulador que o Estado adquire ao repassar a execuo dos servios de saúde a entidades como as Organizações Sociais, as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pblico e s Fundaes Estatais de Direito Privado. Estes trs modelos so resultantes do denominado Estado Regulador Neoliberal, originado do modelo de acumulao capitalista financeirizado e difundido no campo social pelo Banco Mundial. O Estado Regulador Neoliberal foi adotado no Brasil, na dcada de 90, por meio da contrarreforma do Estado, que reorganizou as funes deste, tornando-o mais regulador do que interventor. No campo social, esse modelo de Estado foi estabelecido com a diviso e transferncia da execuo das polticas sociais para a sociedade e para o mercado, focalizando sua ao aos setores mais pobres. A poltica de saúde que, pela ao do movimento de reforma sanitria, se tornou direito social na Constituio Federal de 1988, vai ser atingida por uma contrarreforma desencadeada pelo Banco Mundial, que tratou de distorcer os princpios deste sistema, organizando-o, no sentido de ofertar servios de saúde pblicos somente aos grupos mais pobres, na tentativa de quebrar com a universalidade desta poltica. Esta situao gera um conflito de interesses de dois projetos distintos no campo da saúde no Brasil: um que defende a poltica de saúde pelo vis da reforma sanitria e outro que defende a saúde pela via do mercado. Os modelos de regulao aqui estudados so frutos destas contrarreformas e atuam sob a lgica do projeto de saúde voltado ao capital, portanto contrrios a efetivao do SUS.
Resumo:
Esta investigao teve como objetivo analisar as condies de trabalho e saúde dos professores de Educao Fsica do Municpio de Belm-PA. Para tanto, foi necessrio entender como a saúde destes professores era afetada a partir dos processos de precariedade do trabalho no capitalismo contemporneo. Foi organizado um quadro terico a fim de dar suporte para o debate em questo. Refere-se inicialmente a crise do capitalismo na dcada de 70, o qual se caracterizou como a crise do petrleo. Em um segundo momento destacou-se as polticas de ajustes econmicos e polticos que refletiam na estrutura bsica do funcionamento da educao. O reordenamento do capital exige modificaes no entendimento do papel da educao de um pas, logo foi mostrado como as polticas mais gerais afetam a educao brasileira e a vida dos professores. Foi neste bojo que se analisou a partir dos dados encontrados na pesquisa de campo, as condies de trabalho destes professores tendo como variveis a jornada de trabalho, salrio, quantidade de turmas, locais de trabalho etc. Por ltimo, analisou-se a questo de saúde dos docentes, identificando os principais problemas como as patologias encontradas, os acidentes de trabalho, a relao que se tem com o plano de saúde oferecido pela prefeitura, a periodicidade de ida ao mdico etc. Neste estudo foram aplicados 22 questionrios, sendo 11 com professores do sexo feminino e 11 do sexo masculino, sendo que das 11 professoras colaboradoras, 02 participaram da entrevista. Como resultado desta investigao foi possvel inferir que: a) O processo de precariedade do trabalho dos professores de Educao Fsica tem se mostrado extremamente evidente e com consequncias para vida e saúde destes trabalhadores; b) O fenmeno da violncia nas escolas parte fundamental do processo de precariedade do trabalho dos professores; c) Problemas fonoaudiolgicos foram os mais evidentes nos pesquisados, alm de problemas mentais; d) Atravs da leitura de outras pesquisas sobre a condio de precariedade do trabalho e saúde, possvel conjecturar uma tendncia crescente em nveis de maior proporo sobre este tema; e) Os maiores ndices de doenas ocupacionais referem-se aos professores do sexo feminino, ratificando que no precrio mundo do trabalho essa tendncia de adoecimento prevalente. Conclui-se que necessrio a criao de espaos nas escolas pblicas para se pensar a questo do trabalho e da saúde dos professores e estes juntamente com outros profissionais da educao formem autonomamente suas propostas de viabilizao destes ambientes. Para tanto, preciso antes, pensar na possibilidade de formao e construo do professor militante, o qual possa ser sujeito destas transformaes. Cabe ento ao professor colaborar como sujeito histrico para o processo de ruptura necessria do capital em crise.
Resumo:
O desenvolvimento dos modelos de produo acarretou diversas transformaes na concepo da relao homem/trabalho. Com isso, o trabalho tornou-se um dos aspectos centrais na vida do homem moderno. Na relao com o trabalho, emergem diversos processos de subjetivao baseados nas prticas presentes nos contextos em que ele se realiza, bem como nos processos de saúde e doena. No Brasil, esse processo vem sendo delineado por questes polticas e sociais que levaram emergncia da chamada Poltica Nacional de Segurana e Saúde do Trabalhador, em 2004. Entretanto, esse tema e seus desdobramentos ainda so fortemente debatidos, uma vez que tal poltica no se encontra em intenso vigor, demonstrando um percurso em constante construo e ainda permevel diferentes influncias. Este trabalho busca problematizar as prticas que produzem processos de subjetivao do sujeitotrabalhador pautados em dispositivos biopolticos, a partir da anlise da gesto do cuidado em saúde do trabalhador no Brasil. Partindo dessa perspectiva, buscou-se analisar a construo das Polticas de Saúde do Trabalhador no pas, focando a formulao da PNSST e sua perspectiva atual. Para isso, foram analisadas as estratgias de cuidado presentes nesta Poltica, bem como a forma como essas estratgias esto articuladas com a perspectiva da integralidade, uma vez que a integralidade um novo olhar sobre a gesto do cuidado em saúde, criando novas possibilidades de um trabalho em saúde. Centra-se no fluxo do usurio, com mudanas na produo do cuidado em todos os nveis da rede pblica de saúde. Primeiro, foram abordados os processos de construo e desenvolvimento da chamada Saúde do Trabalhador e, posteriormente, foi analisada a Poltica Nacional de Segurana e Saúde do Trabalhador PNSST (2004) enquanto dispositivo de regulao das prticas de saúde, a partir do mtodo genealgico de Michel Foucault, com foco na anlise documental. O processo de construo da PNSST iniciou a partir da 1 Conferncia Nacional em Saúde do Trabalhador, o qual se delineou nas demais conferncias realizadas de 2001 e 2005. Neste processo, podemos observar o conflito entre o trabalho como risco (trabalho-risco) e o trabalho como produo de subjetividade (trabalho-subjetividade), que levam a construo das noes entre saúdecontrole versus saúde-integralidade. A anlise documental da PNSST de 2004 denota que ainda h uma prevalncia do olhar da Saúde Ocupacional, pelo vis do trabalho-risco/saúdecontrole, uma vez que as estratgias de cuidado apresentam discursos de risco/agravo no trabalho, na patologizao do sujeito e na monetarizao da saúde. Alm disso, de 2005 at meados de 2011, no houve a concretizao e implantao da Poltica, sendo criados diferentes sentidos e, inclusive, convergindo as aes de Saúde do Trabalhador para o campo da Vigilncia em Saúde, onde se encontra tal rea no Ministrio da Saúde hoje. Com isso, observamos que ao pensarmos na proposta de articular o campo da integralidade com a Saúde do Trabalhador, encontramos, na verdade, a construo de discursos pautados em estratgias biopolticas de transformar a atividade laboral em risco que deve ser vigiado e medicalizado. Alm disso, no h interface para absoro das demandas referentes saúde do trabalhador no SUS. A criao de linhas de cuidado em Saúde do Trabalhador em Unidades Bsicas de Saúde ou mesmo a criao de Unidade de Referncia Especializada em Saúde do Trabalhador nos permite inserir este tema cada vez mais no campo da saúde pblica no Brasil e diminuir a disperso dos casos de sofrimento dos trabalhadores que ficam no nvel do no dito.