10 resultados para Saúde e trabalho Aspectos psicológicos
em Universidade Federal do Pará
Resumo:
A atual configurao do mundo do trabalho caracteriza-se pela complexidade e intensificao dos riscos saúde do trabalhador. A presente tese aborda trabalho e saúde a partir do referencial da psicodinmica de Dejours, privilegiando a categoria prazer-sofrimento, no contexto do trabalho com automao no Plo Industrial de Manaus - PIM. Visando situar os aspectos macroeconmicos, apresenta-se a condio scio-econmica dos operadores e o contexto da reestruturao produtiva do PIM, que se caracterizou por intensificao da automao. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a organizao de trabalho com automao e seus desdobramentos sobre a saúde dos operadores e das operadoras de mquina de insero automtica, focalizando o prazer-sofrimento e seus reflexos sobre o processo de saúde-adoecimento. Elegeu-se a abordagem qualitativa, em consonncia com a fundamentao terico-metodolgica de Dejours. A pesquisa emprica foi realizada na rea de insero automtica das duas empresas de origem japonesa, de grande porte, do segmento eletroeletrnico do PIM. Participaram como sujeitos 21 operadores de mquinas (dez de uma e onze de outra empresa). A principal fonte de dados foi a fala dos sujeitos, que responderam a uma entrevista individual semi-estruturada. Para a anlise de dados foi realizada uma articulao da sistemtica da Grounded Theory base psicodinmica, como opo de tcnica qualitatativa adequada a entrevistas individuais. A preocupao com a qualidade se destacou como categoria central, mostrando-se presente em todas as esferas da organizao de trabalho e modulando a vivncia de prazer-sofrimento: dentre as principais fontes de prazer, realizar o trabalho com perfeio foi reiteradamente mencionado; em contrapartida, o medo de errar uma das principais fontes de sofrimento, causa permanente de tenso, agravante do risco de adoecimento. O prazer provm da identificao com a tarefa de operar mquinas, de alta tecnologia, sem cometer erros; aprender mais e dominar a tecnologia de ponta uma fonte de mobilizao subjetiva. O sofrimento decorre da sobrecarga de trabalho, mal remunerado, sob intensa presso por qualidade. Para suportar o sofrimento, os trabalhadores constroem estratgias coletivas de defesa: usam gracejos direcionados aos colegas que cometem erros, interpretados como recurso para reduzir o sofrimento originrio do medo de falhar. Utilizam ainda grande diversidade de estratgias individuais de defesa, reflexo do individualismo. O reconhecimento, considerado na psicodinmica como via privilegiada para a ressignificao do sofrimento, pouco presente: menos de metade dos operadores se considera devidamente reconhecido por seu trabalho; mencionam os baixos salrios como evidncia da falta de reconhecimento. Em uma das empresas tambm falta o reconhecimento simblico, agravando o sofrimento. O predomnio do sofrimento sobre o prazer no trabalho conduz a um desequilbrio que resulta no uso exacerbado de defesas: manifestam-se as patologias sociais do trabalho, dentre as quais foi identificada a patologia da sobrecarga, relacionada carga excessiva de trabalho que importa aos operadores e s operadoras, pois aquisio de mquinas corresponde a reduo de pessoas. O sofrimento no trabalho, no PIM, est sendo intensificado com a automao, inserida no contexto de super-explorao do trabalho, integrante da organizao flexvel do capital.
Resumo:
A proposta deste trabalho consistiu em compartilhar um servio de pronto-atendimento psicolgico s pessoas que vivenciam uma perda significativa, seja por morte de uma pessoa de vinculao importante, como a de um familiar ou amigo, bito de um paciente ou perda da saúde quando do adoecimento e/ou hospitalizao, entre outros, e discutiu os resultados de tal servio. O enfoque metodolgico baseou-se na anlise do processo de estruturao e implantao de um servio dessa especificidade em um hospital pblico universitrio, onde os autores desenvolvem a assistncia aos que vivenciam esses processos de perda. Os resultados apontaram a importncia da oferta desse servio, que foi demandado tanto por aqueles que vivenciam o luto pela perda de saúde ou pela morte de uma pessoa significativa como por profissionais de educao e saúde.
Resumo:
O presente trabalho visou estudar o lugar ocupado pelos homens no contexto da violncia contra a mulher, mais precisamente no atual cenrio circunscrito pela Lei Maria da Penha. Tal legislao traz vrias modificaes quanto s estratgias para combater violncia contra a mulher. A novidade mais comentada a severidade na punio aos considerados agressores. Ento, almejando conhecer os sentidos que circulam sobre os homens nesse atual contexto, essa pesquisa foi realizada a partir de duas etapas fundamentais. A primeira consistiu em um levantamento de todos os servios voltados aos casos de violncia contra a mulher na cidade de Belm, Brasil. Nesse momento se constatou a ausncia de qualquer servio de ateno ao homem envolvido em situao de violncia. Uma vez que a Delegacia da Mulher se apresentou como a organizao de maior referncia sobre o tema em Belm, iniciou-se a segunda etapa da pesquisa, subdividida em trs estratgias metodolgicas: observao no cotidiano da delegacia, conversas com as pessoas que transitavam naquele local e entrevistas com os seus funcionrios. As informaes obtidas pelos dois recursos iniciais mostraram que a Delegacia da Mulher um lugar com pretenses de ser acolher, mas acaba por se revelar um ambiente violento, seja por sua arquitetura, seja pelo atendimento prestado. J nas entrevistas foi possvel acompanhar algumas concepes sobre os homens (e tambm sobre as mulheres) que circulavam em tal delegacia. O ponto-chave dessa discusso est em torno de uma nova naturalizao dos homens que cometem violncia contra a mulher: da essncia violenta para a socializao violenta. Apesar da considerao de que esses homens sejam produzidos por uma educao machista, todos os entrevistados indicam a priso como a punio mais adequada aos denunciados por agresso contra a mulher. Entretanto, como a priso reconhecida como incapaz de promover mudanas positivas, recomendado que a ela seja acrescido algum tipo de tratamento psicolgico. Percebe-se que h um discurso de tratamento para esses homens. Porm, este se configura como uma maneira de tentar regener-los para posteriormente serem devolvidos ao chamado convvio social. Considera-se que esta abordagem s aumenta a intolerncia para com os homens que cometem violncia, uma vez que os coloca estigmatizados como a parte da sociedade que deve ser saneada, formatada e, posteriormente, devolvida a acolhedora sociedade. Por fim, mais do que um tratamento, proponho que seja criado um espao de escuta capaz de instaurar a dvida sobre as certezas a respeito das relaes de gnero que produzem e mantm as situaes de violncia contra a mulher.
Resumo:
A feminizao do HIV/aids uma realidade no Brasil, de acordo com os dados epidemiolgicos do Ministrio da Saúde. Este trabalho fundamenta-se no referencial da psicanlise e apresenta o estudo de caso de Larissa, paciente do ambulatrio do Servio de Assistncia Especializada em HIV/aids do Hospital Universitrio Joo de Barros Barreto. Partiu-se da hiptese que as mulheres que vivem com o vrus HIV/aids, podem apresentar consequncias subjetivas, diante de um diagnstico traumtico associado a tabus como morte e sexualidade. Para Larissa ter aids significava rejeio, discriminao e abandono pelo companheiro e pais. Nos atendimentos trouxe sua preocupao em como contar ao companheiro sobre o vrus, temendo sua reao agressiva, alm de relatos sobre sua infncia e adolescncia de conflitos com os pais, das agresses por parte do pai, e queixas em torno de sua me, principalmente voltadas a nada ter-lhe dito sobre sexualidade. Em seus relacionamentos amorosos com homens com problemas com a lei, pode-se pensar, segundo anuncia a teoria psicanaltica, em seu desamparo, conduzindo-a ao masoquismo. O ideal de amor de Larissa junto a esses parceiros aponta para aspectos de um amor romntico, em que esperava encontrar no parceiro proteo e confiana. Ressalto que esta pesquisa aponta ainda, um mal estar em falar da sexualidade, corpo e desejo feminino entre mes e filhas, ou seja, ausncia de educao sexual que, no caso de Larissa, deixou-a merc dos parceiros, sem recursos para se proteger de doenas como a aids e, da gravidez na adolescncia. O relato de Larissa est em consonncia com os de outras pacientes mulheres vivendo com HIV, investigadas nesta pesquisa, e pode servir de alerta sobre a problemtica apresentada nos dados do Boletim Epidemiolgico do Brasil 2012, onde crescente a incidncia de casos de infeco pelo HIV em jovens de 13 a 19 anos, sendo as mulheres em maior nmero. A escuta clinica, para Larissa, ao poder falar de sua sexualidade, permitiu encontrar os significados dos aspectos traumticos vivenciados em sua infncia e adolescncia, encontrar-se com seus conflitos internos e seu sentimento de desamparo, pensar sua relao com a me e suas filhas e, finalmente, afirmar que estava aprendendo a ser mulher, o que significava, para ela, estar mais preparada para a vida.
Resumo:
O programa PET-Saúde atua promovendo a formao de grupos de aprendizagem tutorial em reas estratgicas para o Sistema nico de Saúde. Este trabalho tem o objetivo de relatar a experimentao de um semestre de atividades vivenciadas por acadmicos da UFPA que compem uma equipe multiprofissional do PET-Saúde/Ananindeua. Este projeto est atuando como estimulador de diversas atividades que valorizam o aprendizado e a humanizao. Dentre as atividades estimuladoras de aprendizado dos acadmicos esto: palestras e formao complementar; discusso de artigos cientficos; e acompanhamento de atividades na Unidade Bsica de Saúde. A Ateno Primria representa interessante espao de aprendizado para acadmicos em saúde, e a insero destes em seu mbito representa grande ganho comunidade, que passa a receber valiosas orientaes em saúde.
Resumo:
Terapia supressiva antirretroviral reduz significativamente morbidades e mortalidade relacionadas ao HIV, mas a emergncia de vrus resistentes pode limitar o sucesso do tratamento. Objetivou-se neste estudo descrever, em portadores de HIV/sida experimentando falha terapia antirretroviral (TARV), no estado do Par, a prevalncia de mutaes nas enzimas transcriptase reversa e protease do HIV-1 e correlacion-las resistncia aos antirretrovirais (ARV). Foi um estudo descritivo, retrospectivo, do tipo transversal, com dados obtidos na Unidade de Referncia Especializada em Doenas Infecciosas e Parasitrias Especiais de Belm do Par, de pacientes com perfil laboratorial de falha teraputica. A presente amostra incluiu genotipagem de cinquenta pacientes no perodo de janeiro de 2004 a dezembro de 2005. Os critrios de incluso foram: adeso terapia imediata a genotipagem, falha teraputica, perfil de resistncia viral TARV e ser paciente da rede pblica de saúde. Foram descritos aspectos demogrficos da populao estudada, perfil de uso de TARV previamente a genotipagem, tempo conhecido de infeco pelo HIV, perfil quantitativo de clulas CD4+ e de carga viral, alm do teste de genotipagem realizado. A resistncia encontrada predominou em pacientes residentes em Belm (72%), no sexo masculino (90%) e na faixa etria de 30 a 49 anos de idade. As maiores prevalncias de mutaes na transcriptase reversa do HIV-1 foram: 214F (86%), 184V (76%), 215FY (56%), 211K (48%), 219QEN, 67N e 103N (42%) cada, 41L (32%), 70R (28%) e 210W (20%). Na protease 46IL (38%), 90M (32%) e 82AFT (20%) foram as mais prevalentes dentre as mutaes principais e, dentre as secundrias, 63P (74%), 93LM (52%), 10FIV (48%) e 35D (46%). Atribuiu-se estas mutaes a presso seletiva dos ARV mais utilizados: 3TC, AZT, D4T, DDI, EFZ, IDV, NFV, RTV e SQV. O uso de mltiplos esquemas ARV, favoreceu a prevalncia das mutaes encontradas. Houve impacto dentro das classes com 32% de resistncia completa a uma classe, 22% a duas classes e 4% a trs classes. Conclui-se que pacientes expostos a nica TARV previamente genotipagem comparados aos expostos a mais de uma TARV, apresentaram menor prevalncia de resistncia aos ARV, com possibilidade de resgate teraputico com ARV ativos disponveis na poca que, entretanto foi a minoria.
Resumo:
Foram avaliados efeitos de instrues, treino de relato verbal (TRV) e treino de automonitorao (TA), com e sem a presena do cuidador principal, sobre o seguimento de regras nutricionais em crianas com excesso de peso. Participaram duas crianas (P1: menino de 9 anos; P2: menina de 11 anos) e suas cuidadoras, por meio de entrevistas em ambulatrio. Aps instrues, P1 manteve e P2 melhorou o conhecimento das orientaes nutricionais. Os ndices de adeso dieta obtidos por P2 foram mais elevados do que os obtidos por P1 em todas as fases. Houve mudana com significncia clnica aps introduo de TRV em ambos os participantes. Discute-se a eficcia dos procedimentos de interveno utilizados e a importncia da presena do cuidador.
Resumo:
Este um estudo sobre a relao trabalho, saúde e doena no cenrio da pesca artesanal no Estado do Par em que buscamos apreender a complexidade das questes relativas saúde dos trabalhadores valendo-nos da contribuio das cincias sociais. Somam-se neste estudo os aportes disciplinares da sociologia, da psicodinmica do trabalho, da antropologia da saúde, com o que buscamos melhor nos aproximar de um desejado enfoque interdisciplinar. Dada a vinculao desta pesquisa aos referenciais do campo da Saúde do Trabalhador, orientao paradigmtica que sustenta as noes e anlises nela presentes, enfatizamos o papel estruturador que o trabalho assume na vida dos pescadores artesanais, bem como na conformao dos valores, concepes e na forma com que constroem e lidam com as questes relativas sua saúde, sem descurar as dimenses social e subjetiva presentes na dinmica do processo saúde-doena em sua relao com o trabalho. Como afirma Minayo (2004a) o enfoque da pesquisa qualitativa em saúde, nossa referncia metodolgica para o desenvolvimento deste estudo, a fala dos sujeitos, suas concepes de saúde e doena, para o que foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com pescadores de cada um dos municpios, que voluntariamente concordaram em participar do estudo. Para um aprofundamento quanto aos aspectos referentes aos processos de adoecimento e as possveis relaes com a atividade laboral desenvolvida por esses trabalhadores, valemo-nos tambm do instrumento da observao participante, acompanhando os pescadores durante a sua atividade de trabalho. O material obtido envolve 23 entrevistas com informantes de 6 (seis) municpios do Estado do Par: Abaetetuba, Igarap-Miri, Mocajuba, Bragana, Salinpolis e So Caetano de Odivelas, todos eles municpios onde a pesca artesanal desempenha papel importante na economia local e agrega um grande contingente de trabalhadores, permitindo-nos assim observar distintas realidades da atividade no Par, que dispe de uma diversidade de ecossistemas aquticos, apresentando ambientes de guas continentais, estuarinas e martimas, nos quais a pesca desenvolvida com inmeras adaptaes e particularidades. A escolha para referencial de anlise a hermenutica dialtica, entendida como nos diz Minayo (2004a, p. 227), como um caminho do pensamento, a partir do que se busca entender a fala, o depoimento, como resultado do processo social (trabalho e dominao), para o qual o olhar ampliado, perscrutador, sobre o cenrio da vida e do trabalho se apresenta imprescindvel. Buscamos ento estabelecer o campo das determinaes fundamentais, qual seja o contexto scio-histrico desse conjunto de trabalhadores, ressaltando, dentre vrios aspectos, a importncia dos pescadores artesanais e sua insero no sistema de produo; suas condies de reproduo (trabalho, renda, moradia, acesso a bens e servios etc.); acesso a polticas de seguridade social, enfatizando a compreenso que entende as concepes de saúde e doena enquanto conceitos construdos historicamente, vivamente permeados pelas condies histrico-sociais dos indivduos e particularmente demarcados em sua relao com o trabalho.
Resumo:
Inserido no contexto das relaes estabelecidas entre saúde mental e trabalho, este estudo tem por objetivo analisar as vivncias de sofrimento psquico dos servidores responsveis pela execuo dos servios socioassistenciais da rede de Proteo Social da FUNPAPA, enfatizando as estratgias que desenvolvem para realizar o seu trabalho de forma a colocarem-se no mbito da normalidade. Pautado nas contribuies da psicodinmica do trabalho e nos referenciais do campo da saúde do trabalhador, o enfoque terico-metodolgico desta pesquisa consiste em uma abordagem qualitativa, cuja coleta de dados envolveu entrevistas individuais semi-estruturadas e observao participante. A anlise dos dados, realizada atravs da tcnica de anlise de contedo, apontou aspectos relacionados s condies de trabalho e organizao do trabalho atuando como desencadeantes de vivncias de sofrimento psquico, as quais se expressam em ansiedade, insatisfao, medo, tdio, repugnncia, dentre outras manifestaes. Os aspectos relacionados s ms condies de trabalho que desencadeiam o sofrimento psquico dos servidores da FUNPAPA so: espao fsico sem a adaptao necessria para o atendimento dos usurios, equipamentos obsoletos e/ou com funcionamento defeituoso, escala de veculos irregular e condies ambientais insalubres devido infiltraes constantes. Como elementos constituintes da organizao do trabalho que funcionam como determinantes do sofrimento psquico vivenciado pelos servidores da FUNPAPA podemos citar: o atendimento aos usurios, a capacitao profissional inadequada ao trabalho que desenvolvem, a avaliao de desempenho, a ausncia de reconhecimento social, o quantitativo reduzido de servidores, a rede socioassistencial deficitria e a impotncia diante dos limites da poltica de assistncia social para fazer frente s demandas sociais postas a esses servidores. Para lidar com as vivncias de sofrimento psquico de modo a evitar a doena e a loucura esses servidores adotam estratgias de defesa de proteo, incluindo: a racionalizao, a religiosidade, os laos de confiana e solidariedade, o absentesmo, a antecipao das frias, o investimento em atividades desenvolvidas fora da jornada de trabalho, o trabalho itinerante na comunidade e a busca de solues alternativas para tornar o ambiente fsico o mais acolhedor possvel. Desta forma, a estrutura deste trabalho abrange trs momentos: a referncia emprica, o aporte terico e a discusso dos resultados, respectivamente. Por ltimo, guisa de concluso, so apontadas algumas notas para subsidiar uma proposta de promoo da saúde mental no trabalho.
Resumo:
O desenvolvimento dos modelos de produo acarretou diversas transformaes na concepo da relao homem/trabalho. Com isso, o trabalho tornou-se um dos aspectos centrais na vida do homem moderno. Na relao com o trabalho, emergem diversos processos de subjetivao baseados nas prticas presentes nos contextos em que ele se realiza, bem como nos processos de saúde e doena. No Brasil, esse processo vem sendo delineado por questes polticas e sociais que levaram emergncia da chamada Poltica Nacional de Segurana e Saúde do Trabalhador, em 2004. Entretanto, esse tema e seus desdobramentos ainda so fortemente debatidos, uma vez que tal poltica no se encontra em intenso vigor, demonstrando um percurso em constante construo e ainda permevel diferentes influncias. Este trabalho busca problematizar as prticas que produzem processos de subjetivao do sujeitotrabalhador pautados em dispositivos biopolticos, a partir da anlise da gesto do cuidado em saúde do trabalhador no Brasil. Partindo dessa perspectiva, buscou-se analisar a construo das Polticas de Saúde do Trabalhador no pas, focando a formulao da PNSST e sua perspectiva atual. Para isso, foram analisadas as estratgias de cuidado presentes nesta Poltica, bem como a forma como essas estratgias esto articuladas com a perspectiva da integralidade, uma vez que a integralidade um novo olhar sobre a gesto do cuidado em saúde, criando novas possibilidades de um trabalho em saúde. Centra-se no fluxo do usurio, com mudanas na produo do cuidado em todos os nveis da rede pblica de saúde. Primeiro, foram abordados os processos de construo e desenvolvimento da chamada Saúde do Trabalhador e, posteriormente, foi analisada a Poltica Nacional de Segurana e Saúde do Trabalhador PNSST (2004) enquanto dispositivo de regulao das prticas de saúde, a partir do mtodo genealgico de Michel Foucault, com foco na anlise documental. O processo de construo da PNSST iniciou a partir da 1 Conferncia Nacional em Saúde do Trabalhador, o qual se delineou nas demais conferncias realizadas de 2001 e 2005. Neste processo, podemos observar o conflito entre o trabalho como risco (trabalho-risco) e o trabalho como produo de subjetividade (trabalho-subjetividade), que levam a construo das noes entre saúdecontrole versus saúde-integralidade. A anlise documental da PNSST de 2004 denota que ainda h uma prevalncia do olhar da Saúde Ocupacional, pelo vis do trabalho-risco/saúdecontrole, uma vez que as estratgias de cuidado apresentam discursos de risco/agravo no trabalho, na patologizao do sujeito e na monetarizao da saúde. Alm disso, de 2005 at meados de 2011, no houve a concretizao e implantao da Poltica, sendo criados diferentes sentidos e, inclusive, convergindo as aes de Saúde do Trabalhador para o campo da Vigilncia em Saúde, onde se encontra tal rea no Ministrio da Saúde hoje. Com isso, observamos que ao pensarmos na proposta de articular o campo da integralidade com a Saúde do Trabalhador, encontramos, na verdade, a construo de discursos pautados em estratgias biopolticas de transformar a atividade laboral em risco que deve ser vigiado e medicalizado. Alm disso, no h interface para absoro das demandas referentes saúde do trabalhador no SUS. A criao de linhas de cuidado em Saúde do Trabalhador em Unidades Bsicas de Saúde ou mesmo a criao de Unidade de Referncia Especializada em Saúde do Trabalhador nos permite inserir este tema cada vez mais no campo da saúde pblica no Brasil e diminuir a disperso dos casos de sofrimento dos trabalhadores que ficam no nvel do no dito.