70 resultados para Pessoa, Fernando, 1888-1935 Crítica e interpretação


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Homens e caranguejos (1967), nica narrativa ficcional de Josu Apolnio de Castro (1908-1973), a priori publicada em francs (1966), durante o foroso exlio do autor em Paris, sumariamente expressiva desde o prlogo que antecede a trama. Nomeando as pginas introdutrias deste romance como Prefcio um tanto gordo para um romance um tanto magro, Josu de Castro distende, ao retomar num tempo que j considerava anacrnico, o hbito pela escrita prefacial, a concepo de paratexto ampliada por Gerard Genette (1930), em Palimpsestes (1982). Apresentando a fome pelas recordaes infantis que dela possui, o autor agua no pblico-leitor a vontade de tatear, rente a seu olhar aparentemente ingnuo de criana e, de ficcionista de primeira viagem, o macrocosmo de memrias da fome que lhe serve como porto de partida para a criao de um microcosmo ldico e faminto, pelo qual a imaginao e impossibilidade de re-apresentao total do vivido na linguagem, rearranjam a realidade da condio humana, reinventando-a pela articulao dramtica dos elementos formais, sobretudo, tempo-espao, narrador e personagem. A fico se pe no ritmo fragmentado de aventuras e desventuras assumidas a partir dos intervalos da memria. Sero sumrios nos estudos mnemnicos, as apreciaes de Henri Bergson em Matria e memria (1896), Jacques Le Goff em Histria e memria (1924) e Maurice Halbwachs, na publicao pstuma de A memria coletiva (1950), em face de serem fontes subsidirias da aproximao entre os estudos da memria e a literatura. Lana-se mo da lembrana a fim de legendar os dilogos futuros entre o protagonista infantil, Joo Paulo, vido pela liberdade sonhadora prpria da criana, e as memrias de outros experientes personagens, nem to esperanosos assim. D-se na narrativa o tom que oscila entre a transformao e a acomodao do eu e do outro, de espaos simbioticamente incertos e unidos por suas fomes. Fome que , desde ento, a personagem modeladora, que provoca o dilogo da presente pesquisa com o modo de apreenso que dado por Angela Faria, na dissertao Homens e caranguejos: uma trama interdisciplinar. A literatura topoflica e telrica (2008). Vislumbra-se no elemento famlico uma funo que vai alm da tematizao social do subdesenvolvimento, como agente que apalpa com mos-de-ferro o estrato formal e interno da obra.

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A circulao da literatura na cidade de Belm do Par no sculo XIX foi uma consequncia das mudanas promovidas na capital pela expanso econmica, manifestada na urbanizao do espao pblico e na ampliao do mercado bibliogrfico, responsvel, ao lado da imprensa peridica, pelo contato da sociedade local com a produo literria estrangeira. A rpida popularizao do folhetim no Brasil, com sua inerente fora democrtica, determinou uma rpida difuso dos nomes de alguns escritores nas capitais do pas, da mesma forma que contribuiu para a criao de um mercado livreiro e permitiu a macia circulao de obras de autores franceses e portugueses, os mais lidos no perodo, dentre os quais Camilo Castelo Branco. A popularidade do romancista luso em solo paraense pode ser identificada pela apresentao diria de seus textos em jornais locais como o Dirio do Gram-Par e pelos frequentes anncios de seus romances para venda. Embora Camilo Castelo Branco seja um escritor conhecido do leitor de hoje, as informaes sobre a obra do autor comumente se baseiam na expresso do romantismo presente em seus escritos, histrias de amor com fortes e por vezes intransponveis obstculos. Mas, a produo camiliana tem um alcance maior. Conhecedor do gnero humano e escritor muito habilidoso, Camilo Castelo Branco deu vida a personagens que ultrapassaram os limites do gnero romntico e desvendaram facetas capazes de provocar sentimentos contraditrios no leitor, cuja reao pode ser filtrada pelo esprito crtico do escritor portugus. E o escritor assim o fez em romances de grande circulao no sculo XIX, como A filha do doutor negro, mas pouco conhecidos pelo leitor de hoje, que merecem tambm ter seus elementos descobertos, como forma de revelar um Camilo Castelo Branco vivo em muitos romances a conhecer.

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Este trabalho estabelece um dilogo entre o poema O Nativo de Cncer, do paraense Ruy Paranatinga Barata, e o conceito de transculturao de Angel Rama. A Anlise ser a estilstica proposta por Carlos Reis (1976), segundo a qual tanto os aspectos formais lingsticos quanto a transgresso deles no texto contribuem para seu significado, dialogando inclusive com o contexto. O poema ser abordado sob o pressuposto de ser ele uma epopia moderna da Amaznia, na qual lrico e pico se amalgamam, conforme Emil Staiger (1977) relaciona-se idia de modernidade, segundo Baudelaire. Assim, apresentaremos o poema e seu contexto histrico-literrio relacionando sua forma e contedo poticos aos conceitos de transculturao, modernidade, epopia, mediao, autonomia e engajamento. Veremos que na sua estrutura os elementos externos, como sociedade, histria e biografia se tornam internos, principalmente pelo recurso da imagem, passando a integrar a estrutura do texto, conforme postula Antonio Candido (2006).

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Os estudos sobre a cultura vm, desde a dcada de 60 do ltimo sculo, tornando-se cada vez mais explorados como ferramenta de observao em diversas reas. A cultura, neste sentido, , ento, muito mais complexificada por ela ser resultante de um contato entre diversos grupos sociais e, portanto, necessitar de um estudo aprofundado no que diz respeito sua formao. A literatura, inserida neste contexto, reflete essa complexificao cultural. Nesse aspecto, utilizada como forma da histria e da cultura, a literatura uma rica fonte de informaes que pode desvendar muitos mistrios acerca da formao cultural em diferentes nveis, do local ao global. A conjuntura de um maior contato intercultural atinge a regio amaznica, sendo refletida, principalmente, por meio do aspecto migratrio aps os pices da comercializao da borracha, o chamado boom da borracha, na regio durante a segunda metade do sculo XIX e primeira metade do sculo XX. A literatura de Bruno de Menezes, em Candunga, faz referncias a esta realidade ligada aos deslocamentos humanos, mais precisamente dando enfoque Estrada de Ferro Belm-Bragana. Nesse sentido, nosso foco de estudo ser a relao cultural estabelecida entre os migrantes nordestinos recm-chegados e o caboclo amaznico, este ltimo representado no romance pela voz do narrador de Candunga, detentor de um discurso cultural em prol do homem amaznico da zona bragantina. Perceberemos que h um conflito identitrio e cultural em partes vrias de Candunga por conta da emergncia das diferenas entre caboclos e nordestinos. Notaremos um discurso de afirmao, por meio do narrador, da cultura amaznica em detrimento da nordestina, agregando, inclusive, juzo de valor, em que a cultura do caboclo seria superior cultura do migrante. No entanto, no se deixar de ressaltar a relao de hibridao, observando como se d o processo de hibridao cultural existente no romance.

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Este estudo consiste em uma pesquisa terica que objetiva desenvolver reflexes críticas sobre as bases epistemolgicas da terapia centrada na pessoa e da gestaltterapia, configuradas nas matrizes conceituais elaboradas por Carl Rogers e por Frederick Perls. Analisa algumas reconfiguraes tericas dessas psicoterapias propostas por autores brasileiros a partir da articulao com determinados conceitos da fenomenologia de Martin Heidegger. As teorias psicoterpicas, de um modo geral, ainda mantm uma concepo de sujeito abstrato e descontextualizado historicamente. O mundo hoje nos coloca diante de grandes desafios, em que so necessrias novas formas de compreenso da existncia humana e um fazer clnico que d suporte aos sofrimentos do homem contemporneo. O percurso metodolgico utilizado no estudo constou de: 1. Seleo de textos clssicos para compor as matrizes epistemolgicas das psicoterapias centrada na pessoa e gestltica; 2. Triagem de material produzido por autores que apresentam anlise crítica referente ao tema; 3. Sistematizao de categorias conceituais da matriz das respectivas psicoterapias; 4. Anlise e discusso de alguns temas presentes em publicaes nacionais que indicam pontos de re-configuraes das matrizes. Dentre os indicativos apontados pelos autores investigados, foi possvel destacar: a necessidade de incluir na teoria centrada na pessoa, o estranho, falta, como condio de possibilidade da existncia; superao do conceito de essncia, na teoria gestltica; ressonncias da concepo heideggeriana de angstia para a prtica clnica, j que esta no concebida enquanto um sintoma psicopatolgico a ser extinto ou um distrbio funcional; assim como dos conceitos de abertura e cuidado, que possibilita pensar a funo teraputica como a de ajudar o cliente a interpretar-se a si mesmo, devolvendo-o ao seu prprio cuidado de maneira mais livre e responsvel. Conclumos que, apesar da necessidade de mais estudos a respeito do tema, j h na atualidade um movimento por parte de alguns psiclogos em lanar um olhar contemporneo sobre a terapia centrada na pessoa e gestltica, afastando-se de uma concepo essencialista de sujeito e de uma subjetividade enclausurada.

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Esta pesquisa teve por objetivo observar, compreender e descrever a produo de sentidos mediante as interaes dos alunos entre si, e destes com o professor ao desenvolverem projetos de modelagem matemtica. A investigao foi realizada em uma turma de 5 srie de uma Escola de Ensino Fundamental e Mdio da Rede Federal de Ensino na cidade de Belm do Par. A observao participante foi tcnica predominantemente utilizada para a coleta de dados, que foram registrados atravs do dirio de campo, de vdeos-gravaes das aulas e udios capitados nos grupos de alunos, quando desenvolviam as atividades propostas, constituindo assim a metodologia adotada. Desse modo, a pesquisa, de cunho qualitativo, se caracterizou como pesquisa-participante. O referencial terico que subsidiou a pesquisa foi composto, predominantemente pela filosofia da matemtica de Ludwig Wittgenstein, que entende o jogo de linguagem como uma forma de vida, ressaltando que a aplicao de regras e seus sentidos fazem parte desse jogo; o conceito de resduo de Gilles-Gaston Granger, que se refere aos significados que esto alm do texto matemtico formal, ou seja, os aspectos que escaparam da malhas da rede lingstica; o conceito da educao matemtica crítica, que se refere aos aspectos polticos da educao matemtica e que traz para o debate, questes ligadas ao tema poder, que refletem nas interaes entre os sujeitos no ato cognoscitivo, estabelecendo padres de comunicao; alm dos autores que tratam da modelagem matemtica no ensino. As anlises apontam para possibilidades de produo de ambientes de aprendizagem apropriados para transitar um padro de comunicao que desempenhe sua funo primordial em situao de ensinoaprendizagem: a comunicao atravs da linguagem ou dos jogos de linguagem.

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Esta dissertao trata de uma discusso referente ao estatuto da psicanlise no contexto da Teoria Crítica, cujo propsito o de refletir sobre o conceito de Durcharbeitung, elaborado por Freud, a partir da leitura de Theodor Adorno. Do ponto de vista geral, a teoria freudiana representa a prpria razo de ser da Escola de Frankfurt, pois permite Teoria Crítica pensar seu objeto, pensar-se a si mesma, e pensar a prpria psicanlise enquanto momento da cultura. Baseando-nos metodologicamente numa interpretação dialtica da psicanlise, recorremos ao corpus terico do psicanalista Jacques Lacan, com intuito de mostrar que aquilo que interessa o carter dialtico da teoria freudiana inserido no corpo terico frankfurtiano. No que se refere a Adorno especificamente, a questo da "elaborao do passado" uma das mais importantes dentre as quais se lhe apresentaram na intercesso das dcadas de 1950 e 60. Contido, tal como pretendemos discutir neste estudo, necessrio atentar para o fato que essa elaborao- ou perlaborao - , no mbito da dialtica negativa, no pode assumir, de forma alguma, uma conotao positiva, pois, assim, estaria fadada a torna-se, de incio, incua.

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A partir da denncia da contraditria presena de pressupostos morais dogmticos na formulao dos princpios norteadores da atividade cientfica, Nietzsche concebe uma outra noo de cientificidade, compatvel com a opo hegemnica pelo saber, que ele reconhece como presente na cultura ocidental. O presente artigo visa a discutir sob quais parmetros Nietzsche, no perodo intermedirio de sua produo filosfica, empreende sua interpretação da cientificidade ocidental e como, apresentando-se como seu fomentador, ele formula uma crítica desmistificadora desta.

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Estudo que objetiva demonstrar a constitucionalidade da norma geral antielisiva introduzida no Direito Brasileiro com a alterao do artigo 116, pargrafo nico, do Cdigo Tributrio Nacional, levando em considerao a atualidade e a interpretação que deve ser realizada em um contexto que necessita observar a Constituio Federal de 1988, com as diversas previses de direitos sociais. A norma traz tona a questo do individual frente ao social, da liberdade frente igualdade, a busca da verdade material sem violao de direitos. Faz-se abordagem do intrprete e a interpretação das normas e princpios, a necessidade da aplicao do princpio da proporcionalidade, com a busca da verdade material e da justia fiscal sem violao de direitos e garantias fundamentais da pessoa, em especial do contribuinte. Apresentao necessria para desmistificar argumentos positivistas que propositadamente esquecem os fundamentos constitucionais previstos nos artigos 1 e 3 da Constituio Federal de 1988. Paradigmas e preconceitos foram afastados para reconhecer o sentido da norma antielisiva no direito brasileiro. A demonstrao da diferena de eliso e evaso fiscal tornou-se indispensvel para posteriormente afastar as pedras do caminho, que eram as alegaes de inconstitucionalidade da norma antieliso no Brasil, por possvel afronta legalidade e liberdade. Argumentos foram utilizados com base na Constituio Federal e com o auxlio nas previses do Novo Cdigo Civil brasileiro. Aps a demonstrao da constitucionalidade partiu-se para firmar, dentro do contexto, qual o contedo do artigo 116, pargrafo nico, do CTN, apresentando, ao final, sugesto de procedimentos a serem seguidos para a aplicao da antieliso no Direito brasileiro. Foi realizada pesquisa doutrinria com incurses em leis e na jurisprudncia. Propositadamente no foi realizada comparao com legislao estrangeira, fixando como mbito de estudo, exclusivamente, a aplicao da norma no Brasil.

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Embora no haja um consenso acerca de questes sobre o que so os sonhos, porque sonhamos, etc., a maioria dos estudos sobre a natureza dos sonhos concorda que ela est relacionada a condies internas do organismo. Contrariamente, o behaviorismo radical analisa os sonhos como comportamentos privados, sendo produtos das histrias filogentica, ontogentica e cultural. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo analisar os sonhos a partir da perspectiva behaviorista radical, considerando-os como comportamentos perceptuais encobertos, argumentando-se que so aprendidos. Afirma-se que a interpretação dos sonhos impossvel se no se conhecem as contingncias de reforo com as quais a pessoa est interagindo.