69 resultados para Miró, Joan, 1893-1983 Crítica e interpretação
Resumo:
Homens e caranguejos (1967), nica narrativa ficcional de Josu Apolnio de Castro (1908-1973), a priori publicada em francs (1966), durante o foroso exlio do autor em Paris, sumariamente expressiva desde o prlogo que antecede a trama. Nomeando as pginas introdutrias deste romance como Prefcio um tanto gordo para um romance um tanto magro, Josu de Castro distende, ao retomar num tempo que j considerava anacrnico, o hbito pela escrita prefacial, a concepo de paratexto ampliada por Gerard Genette (1930), em Palimpsestes (1982). Apresentando a fome pelas recordaes infantis que dela possui, o autor agua no pblico-leitor a vontade de tatear, rente a seu olhar aparentemente ingnuo de criana e, de ficcionista de primeira viagem, o macrocosmo de memrias da fome que lhe serve como porto de partida para a criao de um microcosmo ldico e faminto, pelo qual a imaginao e impossibilidade de re-apresentao total do vivido na linguagem, rearranjam a realidade da condio humana, reinventando-a pela articulao dramtica dos elementos formais, sobretudo, tempo-espao, narrador e personagem. A fico se pe no ritmo fragmentado de aventuras e desventuras assumidas a partir dos intervalos da memria. Sero sumrios nos estudos mnemnicos, as apreciaes de Henri Bergson em Matria e memria (1896), Jacques Le Goff em Histria e memria (1924) e Maurice Halbwachs, na publicao pstuma de A memria coletiva (1950), em face de serem fontes subsidirias da aproximao entre os estudos da memria e a literatura. Lana-se mo da lembrana a fim de legendar os dilogos futuros entre o protagonista infantil, Joo Paulo, vido pela liberdade sonhadora prpria da criana, e as memrias de outros experientes personagens, nem to esperanosos assim. D-se na narrativa o tom que oscila entre a transformao e a acomodao do eu e do outro, de espaos simbioticamente incertos e unidos por suas fomes. Fome que , desde ento, a personagem modeladora, que provoca o dilogo da presente pesquisa com o modo de apreenso que dado por Angela Faria, na dissertao Homens e caranguejos: uma trama interdisciplinar. A literatura topoflica e telrica (2008). Vislumbra-se no elemento famlico uma funo que vai alm da tematizao social do subdesenvolvimento, como agente que apalpa com mos-de-ferro o estrato formal e interno da obra.
Resumo:
A circulao da literatura na cidade de Belm do Par no sculo XIX foi uma consequncia das mudanas promovidas na capital pela expanso econmica, manifestada na urbanizao do espao pblico e na ampliao do mercado bibliogrfico, responsvel, ao lado da imprensa peridica, pelo contato da sociedade local com a produo literria estrangeira. A rpida popularizao do folhetim no Brasil, com sua inerente fora democrtica, determinou uma rpida difuso dos nomes de alguns escritores nas capitais do pas, da mesma forma que contribuiu para a criao de um mercado livreiro e permitiu a macia circulao de obras de autores franceses e portugueses, os mais lidos no perodo, dentre os quais Camilo Castelo Branco. A popularidade do romancista luso em solo paraense pode ser identificada pela apresentao diria de seus textos em jornais locais como o Dirio do Gram-Par e pelos frequentes anncios de seus romances para venda. Embora Camilo Castelo Branco seja um escritor conhecido do leitor de hoje, as informaes sobre a obra do autor comumente se baseiam na expresso do romantismo presente em seus escritos, histrias de amor com fortes e por vezes intransponveis obstculos. Mas, a produo camiliana tem um alcance maior. Conhecedor do gnero humano e escritor muito habilidoso, Camilo Castelo Branco deu vida a personagens que ultrapassaram os limites do gnero romntico e desvendaram facetas capazes de provocar sentimentos contraditrios no leitor, cuja reao pode ser filtrada pelo esprito crtico do escritor portugus. E o escritor assim o fez em romances de grande circulao no sculo XIX, como A filha do doutor negro, mas pouco conhecidos pelo leitor de hoje, que merecem tambm ter seus elementos descobertos, como forma de revelar um Camilo Castelo Branco vivo em muitos romances a conhecer.
Resumo:
Este trabalho estabelece um dilogo entre o poema O Nativo de Cncer, do paraense Ruy Paranatinga Barata, e o conceito de transculturao de Angel Rama. A Anlise ser a estilstica proposta por Carlos Reis (1976), segundo a qual tanto os aspectos formais lingsticos quanto a transgresso deles no texto contribuem para seu significado, dialogando inclusive com o contexto. O poema ser abordado sob o pressuposto de ser ele uma epopia moderna da Amaznia, na qual lrico e pico se amalgamam, conforme Emil Staiger (1977) relaciona-se idia de modernidade, segundo Baudelaire. Assim, apresentaremos o poema e seu contexto histrico-literrio relacionando sua forma e contedo poticos aos conceitos de transculturao, modernidade, epopia, mediao, autonomia e engajamento. Veremos que na sua estrutura os elementos externos, como sociedade, histria e biografia se tornam internos, principalmente pelo recurso da imagem, passando a integrar a estrutura do texto, conforme postula Antonio Candido (2006).
Resumo:
Nesta tese, pretendemos analisar comparativamente a reconstruo histrica da Cabanagem e da Guerra Civil Moambicana nos romances Lealdade (1997), de Mrcio Souza e As duas sombras do rio (2003), de Joo Paulo Borges Coelho. Para tanto, apresentaremos um breve percurso histrico da colonizao brasileira e moambicana, bem como o perodo da independncia e ps-independncia, alm do percurso terico sobre o romance histrico, resistncia, memria, bem como a teoria sobre o espao, nesse caso o rio, que utilizamos como ferramenta de anlise. Utilizando o rio como fio condutor de nossa anlise. Na obra de Borges Coelho, a anlise foi feita a partir das travessias das personagens pelos rios que foram desencadeadas pela chegada da guerra civil. Fixamos nossa leitura em Lenidas Ntsato personagem que metaforiza Moambique dividido em dois pela guerra civil e destacamos o papel do narrador neste romance. Na narrativa de Mrcio Souza acompanhamos as viagens de Fernando, narrador do romance, que tem sua biografia entrelaada aos acontecimentos que desencadearo a Cabanagem anos mais tarde. Cada um com seu estilo, os dois romancistas revisitam as agruras das duas guerras que tem como palco o Norte do Brasil e de Moambique que so espaos perifricos desde os tempos coloniais.
Resumo:
Esta pesquisa teve por objetivo observar, compreender e descrever a produo de sentidos mediante as interaes dos alunos entre si, e destes com o professor ao desenvolverem projetos de modelagem matemtica. A investigao foi realizada em uma turma de 5 srie de uma Escola de Ensino Fundamental e Mdio da Rede Federal de Ensino na cidade de Belm do Par. A observao participante foi tcnica predominantemente utilizada para a coleta de dados, que foram registrados atravs do dirio de campo, de vdeos-gravaes das aulas e udios capitados nos grupos de alunos, quando desenvolviam as atividades propostas, constituindo assim a metodologia adotada. Desse modo, a pesquisa, de cunho qualitativo, se caracterizou como pesquisa-participante. O referencial terico que subsidiou a pesquisa foi composto, predominantemente pela filosofia da matemtica de Ludwig Wittgenstein, que entende o jogo de linguagem como uma forma de vida, ressaltando que a aplicao de regras e seus sentidos fazem parte desse jogo; o conceito de resduo de Gilles-Gaston Granger, que se refere aos significados que esto alm do texto matemtico formal, ou seja, os aspectos que escaparam da malhas da rede lingstica; o conceito da educao matemtica crítica, que se refere aos aspectos polticos da educao matemtica e que traz para o debate, questes ligadas ao tema poder, que refletem nas interaes entre os sujeitos no ato cognoscitivo, estabelecendo padres de comunicao; alm dos autores que tratam da modelagem matemtica no ensino. As anlises apontam para possibilidades de produo de ambientes de aprendizagem apropriados para transitar um padro de comunicao que desempenhe sua funo primordial em situao de ensinoaprendizagem: a comunicao atravs da linguagem ou dos jogos de linguagem.
Resumo:
Este trabalho parte de pesquisas realizadas no peridico Dirio de Notcias, de Belm, Par, no perodo que vai de 1881 a 1893, com o objetivo de recuperar textos ficcionais em prosa, em especial, o romance-folhetim, gnero que surge da relao prxima entre literatura e jornal, muito intensa no decorrer do sculo XIX. Nesse perodo, o jornal aparece como importante meio de divulgao poltica e cultural nas vrias regies do pas, considerando que seu custo era bem mais acessvel que o do livro. O romance-folhetim alcana, nesse veculo, uma grande popularidade entre os leitores. Dentre os romances-folhetins catalogados, optamos por analisar o Negro e cor de rosa: o canto do cysne, do francs Georges Ohnet, publicado no perodo de julho a agosto de 1887, na coluna Folhetim do j citado peridico. A anlise foi baseada nos estudos de Jsus Martn-Barbero sobre os dispositivos de enunciao do gnero folhetim. A partir de nossa pesquisa, procuramos investigar como se caracterizava o circuito editorial da Belm oitocentista, averiguando a relao entre o gosto do pblico e a presena ostensiva de narrativas francesas, bem como, a relao mercadolgica entre editores e livreiros. Assim, ressalta-se a relevncia dos estudos da Histria do Livro e da Leitura no Brasil por permitir-nos a recuperao de informaes que contribuiro para o registro da Histria da Literatura Brasileira.
Resumo:
Esta dissertao trata de uma discusso referente ao estatuto da psicanlise no contexto da Teoria Crítica, cujo propsito o de refletir sobre o conceito de Durcharbeitung, elaborado por Freud, a partir da leitura de Theodor Adorno. Do ponto de vista geral, a teoria freudiana representa a prpria razo de ser da Escola de Frankfurt, pois permite Teoria Crítica pensar seu objeto, pensar-se a si mesma, e pensar a prpria psicanlise enquanto momento da cultura. Baseando-nos metodologicamente numa interpretação dialtica da psicanlise, recorremos ao corpus terico do psicanalista Jacques Lacan, com intuito de mostrar que aquilo que interessa o carter dialtico da teoria freudiana inserido no corpo terico frankfurtiano. No que se refere a Adorno especificamente, a questo da "elaborao do passado" uma das mais importantes dentre as quais se lhe apresentaram na intercesso das dcadas de 1950 e 60. Contido, tal como pretendemos discutir neste estudo, necessrio atentar para o fato que essa elaborao- ou perlaborao - , no mbito da dialtica negativa, no pode assumir, de forma alguma, uma conotao positiva, pois, assim, estaria fadada a torna-se, de incio, incua.
Resumo:
A finalidade deste trabalho apresentar um estudo de caso dos carbonatos tercirios da bacia do Par-Maranho, do ponto de vista da interpretação dos perfis registrados nessa rea. Dois poos-chave, X e Y, foram escolhidos para o estudo. O tratamento dos dados foi realizado utilizando os recursos do programa LOGCALC, instalado no computador IBM-3090, da Petrobrs, e, tambm, o sistema DLPS, instalado no VAX-8600, da Universidade Federal de Par. A avaliao da porosidade e, principalmente, das saturaes, dificultada pelas caractersticas no-convencionais dos carbonatos. A litologia complexa, a salinidade da gua de formao relativamente baixa, em torno de 10.000 ppm de NaCl, a densidade das rochas elevada e os carbonatos esto fraturados. Para diminuir o efeito da composio mineralgica, foi necessrio discriminar os diferentes tipos litolgicos. Trs tipos de carbonatos foram identificados: calcrio, calcrio arenoso e calcrio dolomitizado. A identificao litolgica permite maior controle dos parmetros da matriz e dos expoentes de porosidade das rochas, conduzindo a estimativas de porosidade e de saturaes mais confiveis. A presena de fraturas influencia, marcadamente, a resposta dos perfis, conforme pode ser notado no perfil de identificao de fraturas, nos perfis de resistividade, de densidade e na curva de raios-gama espectral do poo X. O expoente de porosidade, m, tomado do grfico de Pickett, frequentemente inferior a 1,5, valor considerado inerente a rochas fraturadas. Os modelos de Rasmus (1983) e de Porter et al.(1969), foram testados para calcular as saturaes de gua e leo. A equao tradicional de Archie (1942), com a e m apropriados, tambm foi aplicada neste trabalho. O esquema para estimativa de saturaes que conduz a resultados mais coerentes com os dados dos testes de formao, nos intervalos fraturados, a saturao de Rasmus, calculada com a relao de Archie aplicada com o expoente de porosidade varivel, tomado do modelo de Rasmus.
Resumo:
A partir da denncia da contraditria presena de pressupostos morais dogmticos na formulao dos princpios norteadores da atividade cientfica, Nietzsche concebe uma outra noo de cientificidade, compatvel com a opo hegemnica pelo saber, que ele reconhece como presente na cultura ocidental. O presente artigo visa a discutir sob quais parmetros Nietzsche, no perodo intermedirio de sua produo filosfica, empreende sua interpretação da cientificidade ocidental e como, apresentando-se como seu fomentador, ele formula uma crítica desmistificadora desta.