69 resultados para Carvalho, Bernardo, 1960 - Crítica e interpretação


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A circulao da literatura na cidade de Belm do Par no sculo XIX foi uma consequncia das mudanas promovidas na capital pela expanso econmica, manifestada na urbanizao do espao pblico e na ampliao do mercado bibliogrfico, responsvel, ao lado da imprensa peridica, pelo contato da sociedade local com a produo literria estrangeira. A rpida popularizao do folhetim no Brasil, com sua inerente fora democrtica, determinou uma rpida difuso dos nomes de alguns escritores nas capitais do pas, da mesma forma que contribuiu para a criao de um mercado livreiro e permitiu a macia circulao de obras de autores franceses e portugueses, os mais lidos no perodo, dentre os quais Camilo Castelo Branco. A popularidade do romancista luso em solo paraense pode ser identificada pela apresentao diria de seus textos em jornais locais como o Dirio do Gram-Par e pelos frequentes anncios de seus romances para venda. Embora Camilo Castelo Branco seja um escritor conhecido do leitor de hoje, as informaes sobre a obra do autor comumente se baseiam na expresso do romantismo presente em seus escritos, histrias de amor com fortes e por vezes intransponveis obstculos. Mas, a produo camiliana tem um alcance maior. Conhecedor do gnero humano e escritor muito habilidoso, Camilo Castelo Branco deu vida a personagens que ultrapassaram os limites do gnero romntico e desvendaram facetas capazes de provocar sentimentos contraditrios no leitor, cuja reao pode ser filtrada pelo esprito crtico do escritor portugus. E o escritor assim o fez em romances de grande circulao no sculo XIX, como A filha do doutor negro, mas pouco conhecidos pelo leitor de hoje, que merecem tambm ter seus elementos descobertos, como forma de revelar um Camilo Castelo Branco vivo em muitos romances a conhecer.

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Este trabalho estabelece um dilogo entre o poema O Nativo de Cncer, do paraense Ruy Paranatinga Barata, e o conceito de transculturao de Angel Rama. A Anlise ser a estilstica proposta por Carlos Reis (1976), segundo a qual tanto os aspectos formais lingsticos quanto a transgresso deles no texto contribuem para seu significado, dialogando inclusive com o contexto. O poema ser abordado sob o pressuposto de ser ele uma epopia moderna da Amaznia, na qual lrico e pico se amalgamam, conforme Emil Staiger (1977) relaciona-se idia de modernidade, segundo Baudelaire. Assim, apresentaremos o poema e seu contexto histrico-literrio relacionando sua forma e contedo poticos aos conceitos de transculturao, modernidade, epopia, mediao, autonomia e engajamento. Veremos que na sua estrutura os elementos externos, como sociedade, histria e biografia se tornam internos, principalmente pelo recurso da imagem, passando a integrar a estrutura do texto, conforme postula Antonio Candido (2006).

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Nesta tese, pretendemos analisar comparativamente a reconstruo histrica da Cabanagem e da Guerra Civil Moambicana nos romances Lealdade (1997), de Mrcio Souza e As duas sombras do rio (2003), de Joo Paulo Borges Coelho. Para tanto, apresentaremos um breve percurso histrico da colonizao brasileira e moambicana, bem como o perodo da independncia e ps-independncia, alm do percurso terico sobre o romance histrico, resistncia, memria, bem como a teoria sobre o espao, nesse caso o rio, que utilizamos como ferramenta de anlise. Utilizando o rio como fio condutor de nossa anlise. Na obra de Borges Coelho, a anlise foi feita a partir das travessias das personagens pelos rios que foram desencadeadas pela chegada da guerra civil. Fixamos nossa leitura em Lenidas Ntsato personagem que metaforiza Moambique dividido em dois pela guerra civil e destacamos o papel do narrador neste romance. Na narrativa de Mrcio Souza acompanhamos as viagens de Fernando, narrador do romance, que tem sua biografia entrelaada aos acontecimentos que desencadearo a Cabanagem anos mais tarde. Cada um com seu estilo, os dois romancistas revisitam as agruras das duas guerras que tem como palco o Norte do Brasil e de Moambique que so espaos perifricos desde os tempos coloniais.

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Os estudos sobre a cultura vm, desde a dcada de 60 do ltimo sculo, tornando-se cada vez mais explorados como ferramenta de observao em diversas reas. A cultura, neste sentido, , ento, muito mais complexificada por ela ser resultante de um contato entre diversos grupos sociais e, portanto, necessitar de um estudo aprofundado no que diz respeito sua formao. A literatura, inserida neste contexto, reflete essa complexificao cultural. Nesse aspecto, utilizada como forma da histria e da cultura, a literatura uma rica fonte de informaes que pode desvendar muitos mistrios acerca da formao cultural em diferentes nveis, do local ao global. A conjuntura de um maior contato intercultural atinge a regio amaznica, sendo refletida, principalmente, por meio do aspecto migratrio aps os pices da comercializao da borracha, o chamado boom da borracha, na regio durante a segunda metade do sculo XIX e primeira metade do sculo XX. A literatura de Bruno de Menezes, em Candunga, faz referncias a esta realidade ligada aos deslocamentos humanos, mais precisamente dando enfoque Estrada de Ferro Belm-Bragana. Nesse sentido, nosso foco de estudo ser a relao cultural estabelecida entre os migrantes nordestinos recm-chegados e o caboclo amaznico, este ltimo representado no romance pela voz do narrador de Candunga, detentor de um discurso cultural em prol do homem amaznico da zona bragantina. Perceberemos que h um conflito identitrio e cultural em partes vrias de Candunga por conta da emergncia das diferenas entre caboclos e nordestinos. Notaremos um discurso de afirmao, por meio do narrador, da cultura amaznica em detrimento da nordestina, agregando, inclusive, juzo de valor, em que a cultura do caboclo seria superior cultura do migrante. No entanto, no se deixar de ressaltar a relao de hibridao, observando como se d o processo de hibridao cultural existente no romance.

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Esta pesquisa teve por objetivo observar, compreender e descrever a produo de sentidos mediante as interaes dos alunos entre si, e destes com o professor ao desenvolverem projetos de modelagem matemtica. A investigao foi realizada em uma turma de 5 srie de uma Escola de Ensino Fundamental e Mdio da Rede Federal de Ensino na cidade de Belm do Par. A observao participante foi tcnica predominantemente utilizada para a coleta de dados, que foram registrados atravs do dirio de campo, de vdeos-gravaes das aulas e udios capitados nos grupos de alunos, quando desenvolviam as atividades propostas, constituindo assim a metodologia adotada. Desse modo, a pesquisa, de cunho qualitativo, se caracterizou como pesquisa-participante. O referencial terico que subsidiou a pesquisa foi composto, predominantemente pela filosofia da matemtica de Ludwig Wittgenstein, que entende o jogo de linguagem como uma forma de vida, ressaltando que a aplicao de regras e seus sentidos fazem parte desse jogo; o conceito de resduo de Gilles-Gaston Granger, que se refere aos significados que esto alm do texto matemtico formal, ou seja, os aspectos que escaparam da malhas da rede lingstica; o conceito da educao matemtica crítica, que se refere aos aspectos polticos da educao matemtica e que traz para o debate, questes ligadas ao tema poder, que refletem nas interaes entre os sujeitos no ato cognoscitivo, estabelecendo padres de comunicao; alm dos autores que tratam da modelagem matemtica no ensino. As anlises apontam para possibilidades de produo de ambientes de aprendizagem apropriados para transitar um padro de comunicao que desempenhe sua funo primordial em situao de ensinoaprendizagem: a comunicao atravs da linguagem ou dos jogos de linguagem.

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Historicamente constitudo por trabalhadores livres que ocuparam o territrio nas imediaes de Bragana, o campesinato bragantino contribuiu significativamente para o abastecimento dos circuitos comerciais e das atividades industriais desenvolvidas no Par. A articulao terica e conceitual, que fundamentou a interpretação das transformaes na Zona Bragantina, coloca-se numa perspectiva crítica, cujas concepes tratam das categorias como elementos dinmicos, portanto inseridos num contexto histrico-materialista. Critica as interpretaes que atriburam ao campesinato a responsabilidade pela degradao ambiental, pelas crises de abastecimento do Par e pela produo agrcola frequentemente designada como decadente, estas sempre colocando o campo em relao cidade. Observaram-se a ocupao da Bragantina e sua expanso, as transformaes por que passou a estrada de Bragana e a contribuio dos ncleos produtores engendrados pelas colnias. Em que pese o carter excludente das aes do governo imperial, na fase republicana o campesinato passou por processos de transformao social, cuja perspectiva crítica o recoloca na histria como responsvel por parte do abastecimento da Amaznia. Em funo do encurtamento do perodo de pousio, os camponeses engendraram uma mudana tcnica que evidencia sua sensibilidade aos mercados. Assim, a produo de gneros alimentcios diversos, e tambm de produtos para a agroindstria, fundamentou seus processos reprodutivos, orientados no s para o atendimento das necessidades da unidade familiar, mas tambm para o atendimento das demandas do mercado. Constatou-se que a Zona Bragantina, em que pese ter recebido investimentos capitalistas, ainda configura-se como uma fronteira camponesa, e, em ltima anlise, o argumento da decadncia pode ser substitudo pela diversidade.

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Esta dissertao trata de uma discusso referente ao estatuto da psicanlise no contexto da Teoria Crítica, cujo propsito o de refletir sobre o conceito de Durcharbeitung, elaborado por Freud, a partir da leitura de Theodor Adorno. Do ponto de vista geral, a teoria freudiana representa a prpria razo de ser da Escola de Frankfurt, pois permite Teoria Crítica pensar seu objeto, pensar-se a si mesma, e pensar a prpria psicanlise enquanto momento da cultura. Baseando-nos metodologicamente numa interpretação dialtica da psicanlise, recorremos ao corpus terico do psicanalista Jacques Lacan, com intuito de mostrar que aquilo que interessa o carter dialtico da teoria freudiana inserido no corpo terico frankfurtiano. No que se refere a Adorno especificamente, a questo da "elaborao do passado" uma das mais importantes dentre as quais se lhe apresentaram na intercesso das dcadas de 1950 e 60. Contido, tal como pretendemos discutir neste estudo, necessrio atentar para o fato que essa elaborao- ou perlaborao - , no mbito da dialtica negativa, no pode assumir, de forma alguma, uma conotao positiva, pois, assim, estaria fadada a torna-se, de incio, incua.

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A partir da denncia da contraditria presena de pressupostos morais dogmticos na formulao dos princpios norteadores da atividade cientfica, Nietzsche concebe uma outra noo de cientificidade, compatvel com a opo hegemnica pelo saber, que ele reconhece como presente na cultura ocidental. O presente artigo visa a discutir sob quais parmetros Nietzsche, no perodo intermedirio de sua produo filosfica, empreende sua interpretação da cientificidade ocidental e como, apresentando-se como seu fomentador, ele formula uma crítica desmistificadora desta.

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O escritor, poltico, jornalista e diplomata paraense Joo Marques de Carvalho nasceu em Belm, capital do estado do Par, no dia 6 de novembro de 1866, e faleceu em Nice, no sul da Frana, no dia 11 de abril de 1910, aos 43 anos. Alm de parte de sua prosa de fico publicada em livro, alguns de seus textos, entre contos, romances, lendas e ensaios crticos, encontram-se dispersos em pginas de determinadas folhas peridicas que circularam por Belm nas duas ltimas dcadas do sculo XIX (1880-1900), como o Dirio de Belm, A Provncia do Par, A Repblica e A Arena. Considerando, portanto, esse universo de escritos divulgados em jornais locais, objetiva-se, com este trabalho, avaliar no apenas como Marques de Carvalho compreendeu a doutrina naturalista, a funo da crítica e a produo literria no estado do Par, como tambm analisar a representao do espao ficcional lusitano e amaznico em seus contos e romances publicados na imprensa peridica belenense oitocentista.