54 resultados para Discursive Practices [práticas discursivas]
em Repositório digital da Fundação Getúlio Vargas - FGV
Resumo:
The research aimed at analysing the political and discursive practices of the metanarrative of employability in the contemporary organizational field, heading for the understanding of the social and micropolitical devices which happen to produce some especific kinds of subjectivities within organizations. From a post-modern epistemological perspective (Weltanshauung), the research focused on the issues concerning the production of subjectivities in the existing organizational society beyond the traditional theoretical standpoints whose common assumptions are due to the modernist approaches of organizational analysis. A deconstructive theoretical approach was emphasized across the whole text and it was mainly inspired and intellectually based upon Michel Foucault's genealogical dmarche. His original conceptualization of power-knowledge relations informed the development of a methodology so as to analyse the discursive practices which determine many of the human resources policies concerning employability. The main thesis presented employability as a grand-device of micropolitical control towards the production of subjectivities whose main operation technologies are: an economic modernizing rhetoric, a moralistic dietetics and an instrumental education. Several discursive fragments from different academicists, journalists and some authors from the managerial litterature were taken into account so as to carefully deconstruct their speeches. This analysis revealed the mechanisms of production of pasteurized, mercantile and erratic subjectivities. Some inquietudes of heuristic nature are featured in the domain of organizational, psychological, sociological and political perspectives heading for new studies.
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Este estudo investiga as possibilidades de generalizao das prticas de governana corporativa a organizaes operando em ambientes no mercantilistas. Os limites da teoria da agncia, referencial terico predominante no desenvolvimento dessas prticas, so analisados no ambiente dos fundos de penso brasileiros a partir da verificao da aplicao dos mecanismos de monitoramento, controle e incentivos, previstos por essa teoria, por patrocinadores e participantes, e a percepo dos gestores quanto importncia desses mecanismos na conformao de seu comportamento. Alternativamente, examinada a extenso da busca de legitimidade pelos gestores, segundo o referencial da teoria institucional. So comparados os resultados obtidos para fundos com perfis diversos quanto a variveis como tipo de plano, origem do patrocinador e maturidade. Os resultados indicam uma diferena no uso e percepo daqueles mecanismos, em virtude principalmente da natureza do patrocinador, volume de ativos de investimento, tempo de existncia e maturidade do fundo. No foram obtidas diferenas estatsticas significativas para a percepo dos fatores institucionais, sugerindo a existncia de elevada coeso no campo organizacional constitudo pelos fundos de penso.
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This thesis aims at fostering understanding of telework from the power/knowledge theoretical perspective. In this sense, telework is understood as a discourse that at one and the same time subjugates and builds subjectivities. To reach its objective, the author explores how teleworkers make sense out of their experience through the analysis of their discursive practices. Twenty-five teleworkers residing in Rio de Janeiro city were interviewed. All of the interviewees are teleworkers who hold stead job positions and perform knowledge- intensive tasks.
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Os estudos sobre desenvolvimento, sem dvida, se mantiveram como um dos ltimos basties do modernismo nas cincias sociais (Rapley, 2004). Muitos dos dilemas chave em estudos contemporneos sobre desenvolvimento se centraram nas disjuntivas entre inovao terica, poltica e prtica (Simon, 2003). No entanto, a discusso que envolve a relao entre desenvolvimento e minerao, que interessa neste estudo, ainda permanece acrtica dentro da literatura dominante. Segundo Graulau (2008), o tema de minerao encontra-se num vaivm entre o favoritismo e a oposio. O estudo sob o ponto de vista normativo da minerao no campo de desenvolvimento mostra a mentalidade econmica de longa data que prevalece nesse campo. No Peru as reformas neoliberais implantadas desde a dcada 1990 tm promovido fortemente o setor de minerao. Os investimentos nacionais e estrangeiros, o volume das exportaes e impostos certamente tm influenciado favoravelmente na economia em termos macroeconmicos, obtendo quantidades considerveis de divisas (UNCTAD, 2008). No obstante, a grande minerao parece no ter beneficiado as comunidades envolvidas com a extrao de minrios (Barrantes, 2005; Glave e Kuramoto, 2007; Zegarra; Orihuela e Paredes, 2007). A quantidade e gravidade dos conflitos que vem acontecendo evidenciam a resistncia ao setor, frente ao discursiva do Estado peruano sobre o “desenvolvimento” que assegura o que a minerao traz. Neste contexto este estudo tem como objetivo analisar as prticas discursivas das polticas de minerao peruana em relao a construo do discurso de desenvolvimento no perodo compreendido entre 1990-2009. Com esse objetivo, foi necessrio abordar primeiramente as principais teorias sobre desenvolvimento, minerao e minerao no Peru. No que diz respeito metodologia o presente estudo utilizou duas tcnicas de anlise: a Anlise Crtica de Discurso, baseado no mtodo tridimensional proposto por Fairclough (2001), para realizar a anlise de trs discursos de representantes da poltica de minerao peruana, a segunda abordagem utiliza a Anlise de Contedo de Bardin (2009), para examinar os artigos relacionados poltica de minerao entre as principais revistas especializadas do setor–Mineria e Desde Adentro. Foram utilizadas tambm categorias de anlise constantes e convergentes ao conceito de desenvolvimento para orientar a presente pesquisa. Finalmente as concluses sugerem que as polticas de minerao reproduzidas pelas autoridades do Estado peruano introduziram prticas discursivas sobre desenvolvimento sustentvel e que essas se mantm relacionadas com as novas ordens de discurso: Responsabilidade Social, Minero Sustentvel, Minerao moderna, Gesto ambiental.
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Esta dissertao tem como objetivo contribuir para o conhecimento sobre o teletrabalho, especialmente, sobre a dinmica da realizao do trabalho na esfera familiar, a partir do home-office telework. Investigou-se de que maneira os teletrabalhadores e sua famlia do sentido aos dilemas, oportunidades e exigncias da realizao do trabalho no ambiente familiar, luz de suas prticas discursivas. Para tanto, entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com 25 teletrabalhadores e seus co-residentes e analisadas sob a tica da anlise de contedo. A pesquisa revela que quando a casa d lugar s atividades profissionais do indivduo, as relaes entre as demandas pessoais, familiares e profissionais se tornam mais prximas, diludas e entrelaadas. A aproximao das esferas de trabalho e no-trabalho conduz a uma ruptura nas dinmicas espaciais, temporais e psicolgicas desses domnios, proporcionando aos indivduos oportunidades de desenvolvimento pessoal. No entanto, as mudanas pelas quais os mesmos tero de passar apresentam potencialidades contraditrias. Ao mesmo tempo em que o teletrabalho proporciona uma oportunidade de integrao com a famlia e flexibilidade para o melhor aproveitamento do tempo de trabalho e no-trabalho, a dificuldade de equilibrar dois mundos construdos sobre discursos diversos, o mundo da casa e da rua, pode despontar uma crise, dependendo do preparo de cada famlia para essa situao de trabalho. A fim de auxiliar na interpretao dos resultados, os pontos de contedo mais expressivos, os quais ilustram o exposto acima, foram expostos em quatro temas relacionados ao telehomework: espao, flexibilidade de tempo, gnero e equilbrio trabalho-vida pessoal.
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Quando observamos o mundo do trabalho atual, percebemos que, h um movimento em direo maior flexibilidade, tanto em relao aos empregados formais quanto aos trabalhadores que passam a atuar por meio de formas flexveis de contrato de trabalho. O contrato de emprego flexvel refere-se quele que no segue o modelo formal de contrato de trabalho, regido por CLT (Consolidao das Leis do Trabalho), e, vem sendo estudado ultimamente como um resultado das mudanas na organizao do trabalho, em geral, associado busca por trabalhadores mais produtivos e de menor custo. Devido amplitude dos fenmenos envolvidos nestas transformaes, delimitamos o tema e o pblico a ser estudado: adotando a idia de construo social da realidade, de Berger e Luckmann (1966/2002), analisamos os processos de “migrao” de 30 executivos, residentes no municpio de So Paulo, ex-empregados de grandes corporaes, que tiveram experincias em cargos de gerncia mdia e alta em organizaes nacionais e multinacionais, e, que atualmente, trabalham no mercado sob regime de contratos flexveis. Para nosso estudo, entendemos os executivos como trabalhadores formais que ocupam posies de alta e mdia gerncia na hierarquia organizacional e detm posies de poder e prestgio. Assim, o objetivo deste estudo descrever o sentido atribudo por executivos, ao processo de “migrao” para formas mais flexveis de trabalho e nova realidade vivida no trabalho. A pesquisa segue uma abordagem qualitativa, utilizando-se de entrevista em profundidade semi-estruturada, para a coleta de dados; para a anlise das entrevistas realizadas, usamos, como base, as idias de prticas discursivas e produo de sentidos, de Spink e Medrado (1999/2004). A abordagem construcionista permitiu verificar que os executivos em trabalhos flexveis possuem alto nvel de autoconfiana, uma viso missionria sobre o seu trabalho, e diversos motivos diferentes para a “migrao”. Por meio de seus relatos, pode-se observar as estratgias para a sobrevivncia e obteno de sucesso como um trabalhador flexvel; a percepes dos entrevistados sobre o mercado brasileiro; a mudana de relacionamento com os clientes, a famlia e a rede de contatos. Apesar dos problemas enfrentados para se estabilizar, a maioria demonstra a vontade de permanecer no trabalho flexvel, contrariando grande nmero de estudo que enxergam a flexibilizao de contratos de trabalho como precarizao para os trabalhadores. Para os executivos em regime flexvel, a vida como trabalhador CLT parece fazer parte do passado: agora, eles precisam se mostrar competentes a qualquer custo, planejar-se para as “entressafras”, buscar melhorar a rede de contatos, aumentar o conhecimento e passar um tempo com a sua famlia. Os motivos de permanncia so diversos, mas possuem um ponto de converso: a sensao de deter o domnio sobre a sua vida, seu tempo, seu dinheiro, seu conhecimento, seu futuro. Talvez, o cotidiano apresente muitas situaes de submisso vontade do cliente e de dedicao maior do que na poca de empregado formal; mas, na “realidade cotidiana”, a sensao de ser o “dono” da sua vida.
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Esta dissertao de mestrado est inserida dentro de uma abordagem que prope o estudo da estratgia enquanto uma prtica social, defendida por Richard Whittington, dentre outros. Assim nos preocupamos em procurar os sentidos que esta prtica social produz dentro das organizaes. Desta maneira, o objetivo do trabalho foi investigar os praticantes de estratgia para explorar os entendimentos que eles tm sobre ¿o que estratgia¿, ¿como criada dentro de sua organizao¿, e ¿quem so os envolvidos¿ na criao da estratgia. Realizamos entrevistas semi-estruturadas com 23 praticantes da estratgia, incluindo donos, scios de empresas ou executivos contratados. As entrevistas foram transcritas e, a partir disto, foram extradas informaes sobre o entendimento dos praticantes sobre estratgia. Utilizamos uma abordagem metodolgica qualitativa, fundamentada nos conceitos de Construo Social da Realidade de Berger e Luckmann, na Construo de Sentido dentro das Organizaes de Weick, e as prticas discursivas de Mary Jane Spink. Os resultados apresentaram uma grande diferena de entendimentos dos diversos praticantes tanto para o tema de ¿o que estratgia¿, quanto para ¿como ela criada¿. Nos resultados tambm exploramos a importncia atribuda pelos praticantes ao tema da estratgia, e surgiu a questo da estratgia como um espao de construo de sentido para a organizao. Por fim, frente a esta grande disperso de entendimentos e a grande valorizao da estratgia, deixamos algumas hipteses para futuras pesquisas que mirem o entendimento da grande valorizao social atingida pela estratgia.
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Como forma de reduzir os riscos, recentes aparatos tecnolgicos promovem uma arquitetura funcional de maior controle tanto entre as diversas reas das empresas quanto nas relaes entre seus funcionrios. Esses controles tm como uma de suas caractersticas o reforo do poder organizacional nas empresas por meio dos objetos-fronteira. O objetivo deste trabalho a anlise desta arquitetura funcional no tocante s prticas de produo de poder entre as vrias reas organizacionais da empresa Embratel, tendo como principal ponto de partida o seu Sistema de Servio ao Cliente (SSC) caracterizado como objeto-fronteira. A pesquisa classifica-se, quantos aos seus fins, como exploratria e explicativa. No que se refere aos meios de coleta de dados, fez uso de dois instrumentos. O primeiro foi pesquisa de campo para busca de dados e informaes na Embratel e foram desenvolvidas por meio de entrevistas cujo objetivo foi investigar a percepo dos indivduos com relao ao objetofronteira. O segundo foi pesquisa documental, recurso a uso de materiais e documentos oficiais acessveis internamente na Embratel. O mtodo de pesquisa utilizado no estudo foi a anlise de discurso. Entre as principais concluses do trabalho, possvel destacar que os objetos-fronteira manifestam efeitos de poder por haver uma prtica discursiva que os legitima, atravs de instrumentalidades racionais possibilitadas pelo contexto scio–histrico. So efeitos de poder conjurados pelos objetos as seguintes categorias: classificar, controlar, selecionar, organizar, padronizar, disciplinar, normalizar, examinar, tornar visvel, vigiar, acompanhar, registrar, ordenar, hierarquizar, objetivar as relaes, tolher subjetividades, dominar acontecimento aleatrio, reduzir a indeterminao envolvida, primar pela eficincia e naturalizar.
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Inserido no contexto contemporneo de reestruturaes produtivas e reconfiguraes das relaes entre capital e trabalho, o tema empreendedorismo vm sendo valorizado como a principal base do crescimento econmico e da gerao de emprego e renda para indivduos, empresas e pases. Considerado veculo ideal para inovar, aumentar a produtividade e melhorar modelos de negcios, alguns autores arriscam-se a afirmar que estamos vivendo a era do empreendedorismo (AIDAR, 2007; DORNELAS, 2008), a substituio do homo economicus pelo homo entreprenaurus (BOAVA; MACEDO, 2009) ou testemunhando o alvorecer de um capitalismo empreendedor (SCHRAMM; LITAN, 2008). Assumindo que a linguagem (de forma mais especfica o discurso) produz vises de mundo hegemnicas (FAIRCLOUGH, 2001), que enquadram, moldam e constituem as relaes entre os atores sociais (muitas vezes sem nem mesmo aparentar isso para os prprios atores) esta tese tem por objetivo identificar e analisar quais ordens de discurso emergem das convergncias, divergncias e silncios entre o discurso do empreendedorismo das empresas juniores e das revistas de negcios. De forma a alcanar este objetivo, buscou-se: (a) identificar e analisar - por meio de diferentes interpretaes e apropriaes da idia de empreendedorismo na histria do capitalismo - o papel do empreendedor e do empreendedorismo na contemporaneidade; (b) entender as relaes entre empreendedorismo e empresas juniores e empreendedorismo e revistas de negcios; e (c) examinar a dade linguagem e ideologia em um contexto histrico-social por meio do discurso, em geral, e das prticas discursivas das empresas juniores e da mdia de negcios, em particular. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com alunos e professores participantes de empresas juniores de seis Instituies do Ensino Superior do Rio de Janeiro e a partir de matrias publicadas nas revistas Voc S.A., Exame, Carta Capital e HSM Management entre maro de 2004 e setembro de 2010. De forma a proceder a anlise dos dados, a abordagem escolhida foi a anlise crtica de discurso - critical discourse analysis – e de forma mais especfica, a perspectiva de Norman Fairclough (2001). No que diz respeito s revistas de negcios, foram identificados 13 objetos discursivos agrupados em 5 categorias que expressam a formao discursiva empreendedorismo: esprito empreendedor, inovao e gerao de riquezas, capitalismo empreendedor, heri global e empresarizao do mundo. O mesmo procedimento foi feito a respeito das empresas juniores, o que permitiu o reconhecimento de 23 objetos discursivos agrupados em 7 8 categorias que expressam a formao discursiva empreendedorismo: articulao universidade-mercado, esprito empreendedor, diferenciao no mercado, aprender fazendo, gerao de riquezas, empreendedor como produto organizacional e modelos sociais de empreendedores. Assim, como resultado, aps serem analisadas as interdiscursividades entre as formaes discursivas, foram identificados trs discursos hegemnicos ou ordens de discursos, quais sejam: (1) o consenso acerca da centralidade da empresa na constituio do pensar e do agir do indivduo no mundo; (2) a exemplaridade dos modelos empreendedores capitalistas neoliberais; e (3) a ausncia de alternativas viveis ao modelo capitalista contemporneo. O reconhecimento destas ordens de discurso – que elegem a empresa capitalista contempornea como nico modelo possvel de gerao de riqueza, de renda e de trabalho na sociedade - permitiram problematizar possveis desdobramentos ideolgicos nas relaes entre educao, empreendedorismo e mercado de trabalho.
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Em virtude da entrada de uma nova gerao de indivduos no mercado de trabalho – a chamada Gerao Y – (TWENG ET. AL., 2010) e da proliferao de equipes multigeracionais nas empresas (SHEN; PITT-CATSOUPHES; SMYER, 2007), temos observado um interesse crescente no tema juventude por parte de diversos agentes do universo corporativo, especialmente a mdia de negcios. Compartilhando da idia de que a produo e disseminao dos textos produzidos por estes grupos no constituem uma simples representao da sociedade, mas que, enquanto discurso, influenciam o processo de construo social da realidade (SPINK, 2010) passamos a questionar como chegamos viso contempornea de juventude, particularmente perspectiva que vislumbra o comportamento do jovem no mundo do trabalho. Assim, baseados nas contribuies tericas do scio-construcionismo e com apoio da noo de Prticas Discursivas e Produo de Sentidos desenvolvida por Spink (2004), realizamos uma pesquisa de carter qualitativo que buscou compreender quais os diferentes sentidos atribudos noo de juventude na mdia corporativa brasileira, a partir do estudo de suas prticas discursivas. Baseados em uma reviso bibliogrfica sobre o tema e no contedo disponibilizado por duas publicaes especializadas - as revistas Exame e Voc S/A – a partir dos anos 70, conclumos que a compreenso do fenmeno juventude sofreu transformaes significativas ao longo destes anos. Embora o termo mantenha-se estvel em sua essncia, sendo constantemente associado s noes de vitalidade, ousadia e renovao, observamos variaes expressivas no perfil destes jovens, destacando-se diferentes maneiras de como estes podem contribuir para o bom desempenho das empresas, por exemplo, por meio da aplicao de seus conhecimentos tericos, pelo desenvolvimento de novas idias ou facilitando a reduo de custos.
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Este trabalho investiga o sucesso como um processo de construo social, a partir da anlise de mais de seiscentas edies da revista Exame ao longo de trs dcadas. O argumento proposto na pesquisa que o conceito de sucesso faz parte da cultura do management que, em conjunto com tecnologias administrativas, foi introduzida no Pas, sobretudo a partir dos anos cinquenta. A perspectiva ps-colonialista adotada permite contextualizar a importao de prticas e princpios gerenciais que compreendem o gerencialismo, a cultura do empreendedorismo e o culto da excelncia. Nesse processo, destacamos o papel da mdia na difuso, legitimao e co-produo desse iderio, a partir da descrio do desenvolvimento do conceito de sucesso nos Estados Unidos e de sua reproduo no imaginrio social brasileiro. Ressaltando os problemas trazidos por uma definio do sucesso ligada a aspectos extrnsecos e materiais, e reconhecendo que estudos funcionalistas ainda no ofereceram caminhos para ampliar o termo com elementos de ordem subjetiva, propomos que o sucesso seja visto como uma instituio. Por atribuirmos posio central linguagem no processo de construo social, a base emprica desta pesquisa est fundamentada nas prticas discursivas – mais precisamente, nos repertrios lingusticos – da mdia de negcios, dado seu papel na circulao de contedos simblicos. A anlise dos editoriais do perodo de 1971 a 1998 mostrou trs fases da publicao: uma em que ela se promovia; outra em que se legitimava como porta voz das empresas e uma terceira, marcada pela personalizao, quando os responsveis pelo veculo apareciam com toda sua pessoalidade, refletindo um deslocamento do foco da revista, das organizaes para os indivduos – movimento pelo qual a ideia de sucesso tambm passou. A anlise das reportagens demonstrou que o sucesso ganhou relevncia nos anos noventa e permitiu traar um retrato do bem-sucedido segundo a Exame, a saber: como um homem empreendedor e ambicioso, branco, magro e bem aparentado, maduro nos anos setenta e jovem nos noventa, que tem alto cargo, bom salrio e empregabilidade, mas vida pessoal conturbada. A anlise das capas reforou essas impresses. Se no encontramos discrepncias na definio do sucesso ao longo da anlise, percebemos a valorizao do conceito e tambm que o sentido assumido para o termo corresponde ao sucesso norte-americano a partir dos anos trinta, relacionado capacidade do indivduo de impressionar, mais do que a seu carter. No contexto brasileiro do fim do sculo XX, esse sucesso atende demandas de flexibilizao do trabalho: cada um um negcio e precisa se vender. A cultura do management, to presente na publicao, justifica essa dinmica com uma viso de mundo que sustenta um sentido do sucesso com repercusses individuais reconhecidamente negativas. Tudo isso evidencia que o Brasil absorveu um sucesso made in USA, adotado e difundido pela revista Exame. Ligado a recompensas objetivas, diante de tantas possibilidades interpretativas, esse sucesso institucionalizado atendeu interesses organizacionais, formando individualidades voltadas para esforos produtivos. Na descrio dessa dinmica est nossa contribuio para a desnaturalizao do sucesso, convidando a configuraes inditas e alternativas para o termo.
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Afinal, o que os gestores entendem por resilincia? o questionamento que pautou este estudo e para respond-lo desenvolvemos uma pesquisa emprica com 17 gestores de empresas de diversos portes, aqui no Rio de Janeiro, por meio de entrevista semi-estruturada, realizada durante os meses de janeiro a junho de 2015. As respostas colhidas foram submetidas Anlise do Discurso posibilitando identificar na prtica discursiva, figuras de linguagem, ethos do entrevistado, seleo lexical predominante, intertextualidade e temas de fundo, e relacion-los aos elementos do corpus discursivo acadmico, o que permitiu a constituio das categorias analticas sobre: resilincia humana e resilincia organizacional. A anlise concluiu que, para os gestores, embora o conceito de resilincia humana ainda seja influenciado pelos conceitos de elasticidade e invulnerabilidade, que informaram a construo do conceito de resilincia nos estudos iniciais no campo da Psicologia, a resilincia um processo dinmico cujo resultado a adaptao bem sucedida e a transformao do indivduo. A resilincia organizacional personificada na resilincia dos indivduos, especificamente, na dos gestores cujos comportamentos, individuais e coletivos, contribuem ou impedem a resilincia organizacional, com destaque para a revelao a respeito de como a resilincia influencia o processo de tomada de deciso, tanto por sua presena como por sua ausncia. Este estudo relevante na medida que suas revelaes consubstanciam implicaes para a academia e para as empresas. Para a academia a influncia da resilincia no processo decisrio sinaliza um denominador comum diante do qual as pesquisas acadmicas podem partir, viabilizando a elaborao de proposies epistemolgicas, metodolgicas e praxilogicas que ampliem, de forma realista, as possibilidades de acesso, por indivduos e organizaes, de um repertrio de respostas produtivas s adversidades. Para as empresas as revelaes deste estudo implicam em maior foco das iniciativas de desenvolvimento, tanto organizacional quanto de pessoas, no alinhamento de estrutura, processos e gesto de ativos intangveis relacionados ao exerccio da liderana, que resultem no delineamento de uma cultura organizacional favorvel e compatvel com um contexto viabilizador da resilincia organizacional.
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Comprehension of the processes of formation of new organizational fields is the main objective that stimulated the theoretical reflection and empirical research that I present in this paper. My intention here is to uphold the potential for the application of seemingly dichotomous perspectives in terms of the objectivity/subjectivity dimension in the comprehension of the objective in question. The contribution of Foucault, with his concept of discourse, is linked to the proposal of critical constructivism represented by Latour and studies of science and technology. Juxtaposing these perspectives, I examined the dynamics of the biotechnological field on the basis of the dialectic of movements of demarcation/circularity, which is basically a simultaneous movement of (dis)construction of the boundaries of a field. The dialectic of demarcation/circularity is made up of the set of relations established between heterogeneous elements ¿ institutions, economic and social processes, behavioral patterns, systems of norms, techniques, types of classification, forms of characterization, in other words it finds ways of emerging in the course of discursive formations. This theoretical proposal ¿ which incorporates an overlooked dimension in institutional analysis, especially in organization studies (power) ¿ has the advantage of contributing to enhancing comprehension of the dynamics of institutionalization. By proposing that the institutional processes arise within discursive fields, the argument put forward is that such processes contribute to the productivity of the power relations in these fields. In empirical terms, I conducted a descriptive and exploratory research directed at the biotechnology sector. The research was based on a historical perspective, since the analysis spans the period from the origins of genetic science (beginning of the 20th century) through to recent developments in biotechnology in the USA (beginning of the 21st century). The USA was chosen as the locus of research, principally due to the fact that structuring of the field of biotechnology originated in that country, subsequently spreading to other countries around the world. Starting from this theoretical and methodological framework, three discursive formations are highlighted: organization, information and network. Each of the discursive formations is characterized by a dominant set of discourses that prepare the ground for the appearance and (trans)formation of the focus-objects under analysis. In this process, organizations appear in at least two ways: as boundary-organizations ¿ which are important for understanding the movement of the approximation of different discursive domains ¿ and as new organizations, which accompany the (trans)formation of new fields, whereby prevailing discourses materialize at a given historical moment and contribute to breathe life into new discourses, which in turn spark off new power relations. Among the conclusions of this work, I would highlight the following: questioning the 'organizational' dimension of the fields; the relationship revealed not only between the discourses and the institutionalized practices, but also with the process of construction of legitimacy; and the redefinition of the concept of organizations, based on new conceptions relating to the limits of the topic, the objectivity/subjectivity, and space/time dichotomy.
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Nada mais atrativo no mundo empresarial do que fazer dinheiro. Mas nada mais custoso nesse universo do que desconhecer a importncia econmica dos derivativos. Os instrumentos financeiros desse mercado possibilitam aos responsveis pela administrao dos riscos comercial e monetrio de instituies financeiras e as empresas de produo de bens reais transferirem as incertezas de resultados futuros queles que desejam especular com essa possibilidade. O mercado de derivativos consiste na negociao de contratos baseados no resultado de ativos reais ou financeiros, bem como nas taxas de juro, cmbio e ndices. Como as relaes negociais dos derivativos esto baseadas em contratos, as partes - comprador e vendedor - tm compromissos entre si. O fator que os motiva a realizar uma negociao de derivativos a divergncia de expectativas quanto ao comportamento do preo do ativo objeto num determinado tempo. Esse o elemento de risco, o qual pode ser transferido para o mercado de derivativos. Um hedging de compra ou de venda tem o objetivo de garantir um determinado preo futuro do ativo objeto. O mercado de derivativos tm vrios tipos de contratos: futuros, a termo, de opes e de swaps. A nfase maior de trabalho deste projeto foi focalizar s modalidades operacionais dos principais instrumentos de futuros, bem como a sua estrutura organizacional no mercado brasileiro. Procuramos tratar esse assunto de forma simples e didtica, tornando-o acessvel queles pouco familiarizados com os conceitos e as modalidades operacionais existentes no mercado futuro.
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Este relatrio refere-se primeira parte de uma pesquisa financiada pelo Ncleo de Pesquisas e Publicaes (GV-PESQUISA) da EAESP-FGV e apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq). Trata-se dos determinantes do desempenho de novos produtos, um tema ainda pouco estudado no Brasil, a partir de um modelo integrativo das concepes de INGENBLEEK, DREBUYNE, FRAMBACH & VERHALLEN (2004) e HENARD & SZYMANSKI (2001). Formou-se uma amostra de 109 gerentes de produto e diretores de marketing de empresas estrangeiras atuando no Brasil. O Desempenho do Novo Produto apresentou uma relao significativa e positiva com Orientao para o Mercado e Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos. O Desempenho de Mercado do Novo Produto mostrou uma relao significativa e positiva com Caractersticas dos Processos da Empresa, Vantagem Relativa do Novo Produto e Caractersticas do Mercado. O Desempenho Financeiro do Novo Produto apareceu com uma relao significativa com Caractersticas dos Processos da Empresa (positiva), Caractersticas Estratgicas da Empresa (positiva) e Incerteza da Demanda (negativa). Ao final, so apontadas e discutidas, de modo preliminar, as limitaes, concluses e implicaes da pesquisa.