4 resultados para Acquisition des connaissances
em Repositório digital da Fundação Getúlio Vargas - FGV
Resumo:
A experiência da vida escolar no magistério público da rede oficial de ensino em bairros populares do Rio de Janeiro conduz a uma reflexão sobre os limites e possibilidades desta instituição. As normas que nela prevalecem, praticadas como se pensadas desde sempre, inibem desde o início os espaços de escolha, criatividade e pensamento das crianças. O próprio "saber escolar", apresentado como eterno, a-histórico e único possível, segue caminhos que nada têm a ver com os questionamentos e as experiências dos alunos. A maneira pela qual a Escola se encontra estruturada em nossa sociedade conduz à desvalorização do pensamento concreto - do pensar fazer - e impõe formas abstratas para a aquisição de conhecimentos acabados. A Escola tem-se mostrado incapaz, também, de repensar uma forma de organização que não seja a repetição mecânica ou reprodução das formas de organização social já estabelecidas nessa sociedade. A cultura oficial impõe à Escola a predominância da razão lógica como a única forma possível para o pensamento. Mas o pensar encerra possibilidades mais amplas que apenas a sua forma de raciocínio lógico. Experiências concretas, realizadas em sala de aula no município do Rio de Janeiro, apontam para uma nova forma do fazer/pensar no processo educativo.
Resumo:
Com a crise do modelo de produção fordista e o advento da última revolução industrial, mudaram a base técnica da produção e a organização do trabalho. Atualmente são outros os requerimentos que compõem o perfil do trabalhador. Há um privilegiamento da capacidade de abstração, do trabalho em equipe, do esprit de corps. A ênfase na preparação profissional passou a ser na formação geral. A pesar de alguns autores falarem de convergência de interesses com a classe trabalhadora, a ótica dessa formação continua sendo a do capital: não chega a questionar realmente a divisão entre trabalho manual e intelectual, por não estar inserida em projeto de mudança das relações sociais de exclusão e de alienação. Os trabalhadores, mergulhados no mundo da necessidade, da "preocupação", formulam representações sobre o trabalho, a educação e a preparação profissional baseando-se, sobretudo, no complexo fenomênico. Apesar de seus núcleos de bom senso, portanto, não alcançam uma compreensão concreta do real. Por isso, muitas vezes, buscam uma qualificação profissional que, no mínimo, a médio prazo, não servirá a seus interesses como cidadãos-trabalhadores. Na ótica do trabalho, é necessário pensar-se a formação escolar profissional com sólida base científica, com vistas à aquisição, por parte do trabalhador, de instrumental analítico, para a leitura do mundo e para a compreensão de sua inserção na produção e na trama de relações sociais.
Resumo:
OS TÉCNICOS NA PRODUÇÃO DOS RIBEIRINHOS DO AMAZONAS, estuda principalmente a relação educação/trabalho dos egressos da Escola Agrotécnica Federal de Manaus e dos pequenos produtores (ribeirinhos) de várzea de Manacapuru - AM. Trabalha-se a contextualização abordando-se as políticas públicas de desenvolvimento pós-l964 na amazônia. Essas políticas tinham como objetivo a integração da região ao País, pois a amazônia apresentava descompasso frente ao processo de desenvolvimento que caracterizou a década de 70. Mas o que se constata após cuidadoso exame é tão-somente sua inserção (particularmente do setor rural) nas relações capitalistas de produção. As análises mostram que o Estado - como viabilizador dessas relações que têm como fundamento, explícita ou implicitamente, a acumulação via modernização da agricultura. - tem necessidade de formar agentes para disseminar suas idéias desenvolvimentistas e dissimular as contradições daí advindas. Estuda-se a produção desses agentes formados pelo estado na Escola Agrotécnica Federal de Manaus, através de sua proposta educativa teórico-prática; a educação é, assim, chamada pelo Estado para respaldar sua política econômica. O pressuposto que norteia todas as práticas educativas da escola leva a pensar que o aluno é uma mercadoria que deve sair ajustada aos desígnios do mercado capitalista. A partir dos conhecimentos teórico-metodológicos que mostram como os trabalhadores são produzidos no sistema capitalista, construíram-se na prática concreta em Manacapuru diretrizes para apreender como esses produtores ribeirinhos se reproduzem e se organizam para resistirem à dominação do capital. Trata-se, portanto, de identificar as relações educação/trabalho do técnico agropecuário (assistência técnica) junto aos pequenos produtores de várzea do município de Manacapuru.
Resumo:
O trabalho pedagógico, como produção coletiva, é vivido nas escolas de 1o e 2o graus? O seu fazer específico: como e percebido pelos que cotidianamente experenciam as contra dições da "educação como direito de todos" e como marginalização das classes menos favorecidas? são essas as questões básicas aqui colocadas, procurando resgatar o lugar da escola como produção e transmissão do conhecimento; do mínimo necessário à sobrevivência física e cultural dos que são geralmente excluídos do projeto educa cional. Por isso, a alfabetização - entendida como apropriação da palavra, como instrumento para aquisição de novos conhecimentos - é o foco dos tempos e movimentos da pesquisa, o móvel convergente e aglutinador das falas, anseios, esperanças e possibilidades dos que ensinam e aprendem nas escolas públicas da l4a. Delegacia Regional de Ensino em Nova Era, Minas Gerais. A metodologia foi-se construindo, portanto, à medida que o trabalho se realizou, nos cursos, encontros, estudos específicos, nos relatos de experiências e nas discussões, confrontando, todo o tempo, a fala do professor, do especialista, dos pais, das crianças e a dos técnicos da DRE (Delegacia Re gional de Ensino), dos autores e das autoridades pedagógicas. Os textos produzidos, as ações realizadas e as relações vividas expressam esse diálogo e colocam em questão a prática educativa de uma escola, que não ensina nem a ler, num contexto de crescente marginalização econômica, social, política e cultural da maioria da população. Desde as classes pré-escolares i -passando pelas "classes especiais", ou pela edu cação de adultos, até o 29 grau: qual a possibilidade de se pensar o "ensino para todos"? A alfabetização - a tarefabásica da escola - é possível compreendê-la e desmistificá-la corno mecanismo de exclusão dos despossuidos? Urna contribuição ao processo da perda da inocência de urna escola "neutra" e à tentativa de superação do seu fazer "técnico": eis o sentido desse trabalho, vivido, não como aplicação de instrumentos usuais 'de investigação, mas como uma construção coletivamente produzida. A educação corno ato cooperativo, corno um desafio ao mergulho nas condições concretas onde a mesma se dá, é a proposta que flui em toda a pesquisa, na certeza de que, do ponto de vista de quem o faz, é possivel construir os caminhosdo ensino fundamental.