42 resultados para Serviços de saúde


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RESUMO: Enquadramento terico - Os estudos epidemiolgicos demonstram que apesar de todo o progresso cientfico, muitas pessoas continuam sem acesso aos Serviços de Saúde Mental (SSM) e que, em muitos casos, os cuidados no tm a qualidade suficiente. A experincia de vrios pases mostra que os processos de implementao de modelos de interveno teraputica, como o da Gesto de Cuidados, so lentos e complexos, no dependendo somente do grau de efectividade ou da complexidade das prticas a implementar. O Modelo de Gesto de Cuidados (MGC), definido como uma prtica baseada na evidncia, utilizada para ajudar os doentes nos seus processos de recuperao. As estratgias para implementar prticas baseadas na evidncia so crticas para a melhoria dos serviços. Existem, apesar de toda a evidncia, muitas barreiras implementao. Ao constatarmos que as prticas validadas pela cincia esto longe de estar claramente disseminadas nos serviços de saúde mental, fundamentamos a necessidade de utilizar metodologia de implementao que, alm da efectividade das prticas, permita uma efectividade da implementao. Para responder s necessidades de formao e no mbito da implementao do Plano Nacional de Saúde Mental, foram formados, em Portugal, 170 profissionais de saúde mental provenientes de serviços pblicos e do sector social, de todas as regies de Portugal Continental. Considerando que estes profissionais adquiriram competncias especficas no MGC, atravs de um programa de formao nacional idntico para todos os serviços de saúde mental, investigmos o grau de implementao deste modelo, bem como os facilitadores e as barreiras sua correcta implementao. Existem vrios estudos internacionais sobre as barreiras e os facilitadores implementao de prticas baseadas na evidncia, embora a maior parte desses estudos seja baseado em entrevistas semi-estruturadas a profissionais. Por outro lado, no existem, em Portugal, estudos sobre as barreiras e os facilitadores implementao de prticas de saúde mental. Objectivos 1. Estimar o grau da implementao do MGC nos serviços de saúde mental portugueses 2. Caracterizar as regies onde a implementao do MGC tenha ocorrido em maior grau. 3. Identificar os factores facilitadores e as barreiras implementao do MGC, entre as regiesde saúde do pas. 4. Explorar as relaes entre a fidelidade da implementao, as barreiras e os facilitadores da implementao, a cultura organizacional e as caractersticas dos serviços de saúde mental. Metodologia Estudo observacional, transversal e descritivo, com caractersticas exploratrias. Populao: profissionais dos serviços de saúde mental pblicos e do sector social que frequentaram o Programa Nacional de Formao em Saúde Mental Comunitria no curso Cuidados Integrados e Recuperao, da Coordenao Nacional para a Saúde Mental / Ministrio da Saúde, entre Outubro de 2008 e Dezembro de 2009, (n=71). Avaliao Fidelidade de implementao do Modelo de Gesto de Cuidados - IMR-S (Illness Management and Recovery Scale); Qualidade das guidelines utilizadas na implementao do Modelo de Gesto de Cuidados - AGREE II-PT (Appraisal of Guidelines, for Research and Evaluation); Avaliao das Barreiras e Facilitadores implementao do MGC - BaFAI (Barriers and Facilitators Assessment Instrument); Avaliao da Cultura Organizacional dos serviços de saúde mental - CVF-I (Competing Values Framework Instrument). Anlise Estatstica Para a descrio dos dados foram aplicados mtodos de estatstica descritiva. Para a comparao de subgrupos foram utilizados os testes de Mann Whitney e Kruskall-Wallis. Para a investigao de associaes foram utilizados os mtodos de correlao de Spearman e a Regresso Mltipla. O tratamento e anlise dos dados foram realizados utilizando o programa estatstico IBM SPSS Statistics para Mac/Apple nas verses 19 e 20. Resultados Serviços: A articulao com os cuidados de saúde primrios existe na maioria dos serviços (56.34%) e 77.46% dos serviços tm autonomia para definir os cuidados a prestar. A maioria dos serviços (63.38%) realiza duas ou mais reunies clnicas por ms e a quase totalidade (95.77%) recebe estagirios e/ou internos. A rea da investigao tem nveis considerados baixos, quando comparados com outros pases da Europa, tanto para a globalidade das reas de investigao (25.35%), como para as reas psicossociais (22.54%). Considerando componentes fundamentais para a implementao de modelos de gesto de cuidados, os resultados nacionais indicam que 66.20% dos serviços fazem registos em processo clnico nico. As percentagens de utilizao de planos individuais de cuidados so globalmente baixas (46.48%). Por seu turno, a utilizao de guidelines, nos serviços do pas, tem uma percentagem mdia nacional de 57.75%. Profissionais: So, na sua maioria, do sexo feminino (69.01%), com idades entre os 25 e os 56 anos (mdia 38.9, 7.41). Pertencem, maioritariamente, aos grupos profissionais da enfermagem (23.94%) e da psicologia (49.30%). A formao dos profissionais de nvel superior em todos os grupos, com uma percentagem total de licenciados de 80.3%, tendo os restantes uma formao ao nvel do mestrado. Apesar dos valores baixos (17%) de formao prvia em modelos de gesto de cuidados, 39% dos profissionais indicou utilizar algumas vertentes destes modelos na sua prtica. Apesar de 97,18% dos profissionais ter participado em dois ou mais encontros cientficos, num perodo de dois anos, apenas 38.03% apresentou alguma comunicao cientfica no mesmo intervalo. Guideline: Os resultados da avaliao da guideline do MGC indicaram percentagens mais altas, quanto qualidade do seu desenvolvimento, nos Domnios 1 (Objectivo e finalidade, com 72.2%) e 4 (Clareza de Apresentao, 77.7%). O Domnio 5 (Aplicabilidade) foi pontuado no limite inferior do desenvolvimento com qualidade suficiente (54.1%), ao passo que a guideline obteve uma pontuao negativa nos Domnios 2 (Envolvimento das partes interessadas, com 41.6%) e 3 (Rigor do Desenvolvimento, com 28.1%). Adicionalmente no foi possvel s avaliadoras cotar o Domnio 6 (Independncia editorial), por ausncia de referncias neste contexto. A guideline teve uma avaliao global positiva (66%), com recomendao de aceitao com modificaes. Cultura Organizacional: O perfil de liderana com maior frequncia nos serviços de saúde mental portugueses foi o de Mentor (45.61%). As percentagens mais baixas pertenceram aos perfis Monitor e Inovador (3.51%). Na perspectiva da cultura organizacional dos serviços, apontuao mais alta foi a da Cultura das Relaes Humanas (74.07%). A estratgia de liderana, com predomnio em todas as regies, foi a estratgia de Flexibilidade (66.10%). Os resultados mostram que a nica associao positivamente significativa com o grau da implementao do MGC a do perfil Produtor, com um peso especfico de 14.55% na prevalncia dos perfis de liderana nos serviços de saúde mental portugueses. Barreiras: As barreiras implementao da prtica do MGC, identificadas pelos profissionais dos serviços de saúde mental, com percentagens mais altas nos totais do pas, foram: o tempo (57.7%), o conhecimento sobre o modelo e a motivao (40.8%), a colaborao dos outros profissionais (33.7%), o nmero de contactos reduzidos com os doentes (35.2%), as insuficincias do ponto de vista dos espaos (70.4%) e dos instrumentos disponveis (69%) para implementar o MGC. Existiu uma variao entre as regies de saúde do pas. Os resultados mostram que houve uma correlao negativa, de forma significativa, entre a implementao do MGC e as barreiras: da resistncia utilizao de protocolos, do formato da prtica, da necessidade de mais treino e da no cooperao dos profissionais. Foram encontradas diferenas estatisticamente significativas entre as barreiras implementao e as caractersticas dos serviços, dos profissionais e da cultura organizacional. Implementao: A mdia nacional da fidelidade de implementao do MGC (41.48) teve valores aproximados aos de estudos similares. Na pontuao por regies, a implementao com maior fidelidade ocorreu no Alentejo. Se considerarmos a implementao com fidelidade esta ocorreu em 57.75% dos serviços e uma boa implementao em 15.49%. Os mtodos de regresso permitiram confirmar a capacidade preditiva das barreiras e da cultura organizacional quanto fidelidade da implementao do MGC. Discusso: No universo das hipteses inicialmente colocadas foi possvel verificar a variao da implementao do MGC entre as regies do pas. O estudo permitiu, adicionalmente, concluir pela existncia de denominadores comuns de maior sucesso da implementao do MGC. Foi ainda possvel verificar uma relao significativa, existente entre o grau de implementao e as dimenses das barreiras, a cultura organizacional e os recursos dos SSM (aqui definidos pelas caractersticas dos serviços e dos profissionais). De uma forma mais conclusiva podemos afirmar que existem outros factores, que no esto relacionados com a avaliao restrita dos recursos financeiros ou humanos, associados qualidade da implementao de prticas baseadas na evidncia, como o MGC. Exemplo disso so os achados referentes regio de saúde do Alentejo, onde a distncia dos grandes centros urbanos e as conhecidas dificuldades de acessibilidade, combinadas com os problemas conhecidos da falta de recursos, no impediram que fosse a regio com os valores mais altos da fidelidade de implementao. Concluses: Foram encontradas inmeras barreiras implementao do MGC. Existem barreiras diferentes entre regies, que resultam das caractersticas dos serviços, dos profissionais e da cultura organizacional. Para existir implementao necessria a considerao de metodologias prprias que vo para alm dos tradicionais programas de formao. As prticas baseadas na evidncia, amplamente defendidas, exigem implementaes baseadas na evidncia.-------------ABSTRACT: Introduction - Several epidemiological studies show that, despite all scientific progress, many people still continue to have no access to mental health services and in many situations the quality of care is poor. The experiences of several countries show that progress towards case management implementation is slow and complex, depending not only from the degree of effectiveness or the complexity of the practice. Case management is defined as an evidence-based practice used to help patients in the recovery process. Strategies to implement evidence-based practices are critical to services improvement. There are many barriers to their implementation, despite all available evidence. Realising that practices of proved scientific value are far from being clearly implemented, justifies the need to use implementation methodologies that, beyond practice effectiveness, allow implementation effectiveness. To answer training needs and in the framework of the National Mental Health Plan implementation, 170 mental health (MH) professionals from portuguese public and private sectors were trained. Considering that case management skills were acquired, as a result of this training programme, we decided to study the degree of implementation in the services.Barriers and facilitators to the implementation were studied as well. There are several studies related with barriers and facilitators to the implementation of evidence-based practices, but most of them use semi-structured interviews with professionals. Additionally, there are no studies in Portugal related with barriers and facilitators to the implementation of mental health practices. Objectives1. Estimate the degree of case management implementation in Portuguese MH Services. 2.Describe regions where implementation occurred with higher fidelity degree. 3. Identify barriers and facilitators to case management implementation across country regions. 4. Explore the relationships between implementation, barriers and facilitators, organisational culture and services characteristics. Methodology - Cross sectional, descriptive study. Assessments - Implementation fidelity - IMR-S (Illness Management and Recovery Scale); Guideline quality - AGREE II-PT (Appraisal of Guidelines, for Research and Evaluation); Barriers and facilitators assessment - BaFAI (Barriers and Facilitators Assessment Instrument); Organisational culture assessment - CVF-I (Competing Values Framework Instrument). Statistical analysis - Descriptives and cross-tabs. Subgroups comparison: Mann-Witney and Kruskall-Wallis. Associations between variables were calculated using Spearman correlation's and Multiple Regression. Results - Services: Liaison with primary care is done in most services (56.34%) and 77.46% have autonomy to determine care. Most services have regular clinical meetings and almost all give internship training (95.77%). Research activity is low compared with other European countries, for both general and psychosocial research. Considering key components for the case management implementation, 66.20% of all services use single clinical records. The use of individual care plans is globally low (46.48%) and there is a use of guidelines in 57.75% of services. Human Resources: most are women (69.01%), with age ranging from 25-56 (average 39.9, SD 7.41). The majority are psychologists (49.30%) and nurses (23.94%). All have a university degree, 19.7% have a masters degree and 83% didnt have any case management training before the above mentioned national training. Despite the low levels of preceding case management training, 39% have used model components in day-to-day practice and although 97.18% of the workforce have attended scientific meetings in the last 2 years, only 38.03% presented communications in the same period. Guideline: Results show that higher scores were obtained in Domain 1. Scope and Purpose (72.2.%),and Domain 4. Clarity of presentation (77.7%). Domain 5. pplicability scored near low boundary (54.1%) and negative scores were found in Domain 2. Stakeholder Involvement (41.6%) and Domain 3. Rigour of Development (28.1%). Global score was 66% and the guideline was recommended with modifications. Organisational Culture: The most frequent leadership profile was the Mentor profile (45.61%). Lower scores belonged to Innovator and Monitor profiles (3.51%). On the organisational culture overall, higher scores were found in the Human Relations culture (74.07%). The higher leadership strategy was the strategy of flexibility (66.10%). The results additionally showed that the only leadership profile associated with case management implementation was the Producer profile, representing 14.55% of all leadership profiles in the country.Barriers: The barriers identified by MH professionals, with high percentages, were: lack of time (57.7%), knowledge and motivation (40.8%), other colleagues cooperation (33.7%), low number of contacts with patients (35.2%), lack of facilities (70.4%) and lack of instruments (69%) to implement case management, varying across regions. Results show that there was a negative correlation between implementation and the following barriers: using protocols, practice format, need for more training and lack of cooperation from colleagues. Additionally, statistical differences were found between barriers to implementation and: services characteristics, workforce characteristics, organisational culture. Implementation: The national average results of case management implementation fidelity was (41.48), close to values found in similar studies. In the regional scores South Region Alentejo had the highest implementation score. If we look at minimum scores to assume implementation fidelity, these occurred in 57.75% of services and a good implementation occurred in 15.49% of these. Regression methods allowed to confirm that implementation score prediction was possible using the combination of barriers and organisational culture scores. Discussion - Considering the initial study hypotheses, it was possible to confirm the variation of case management implementation across country regions. Additionally, we could conclude that common denominators exist when successful implementation occurred. It was possible to observe a significant relationship between implementation degree and the dimensions of barriers, organisational culture and services resources (defined as professionals and services characteristics). In a more conclusive way, we can say that there are factors, other than financial and human resources, that are associated with evidence based practices implementation like case management. An example is the Alentejo region, were the distance from urban centres, and the known difficulties associated with accessibility, plus the lack of financial and human resources, have not impeded the regional higher score on implementation. Conclusions: Case management implementation had several barriers to implementation. There are different barriers across country regions, resulting from organisational culture, services and professionals characteristics. To reach implementation it is necessary to consider specific methodologies that go beyond traditional training programs and evident practices, widely promoted. Evidence-based practices require evidence-based implementations.

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Num contexto de mudana organizacional, a crescente complexidade do sector da Saúde representa grandes desafios para aqueles que nela assumem actualmente as funes de gesto. Existe cada vez mais consenso de que a aposta na qualidade da fora de trabalho em Saúde um factor crtico para o sucesso de qualquer tipo de Reforma da Saúde. Partindo destas premissas, o objectivo desta investigao estudar as percepes dos 73 Directores Executivos (DE) dos Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACES) em Portugal na dimenso de conhecimentos, habilidades e atitudes, para assim obter um diagnstico que permita perceber a sua contribuio como gestores no processo de Reforma dos Cuidados de Saúde Primrios. O estudo realiza-se em dois perodos, sendo o ponto de partida os dados de 2008 referentes ao incio da funo dos DE e os dados de 2009, aps a participao no curso PACES, o ponto de comparao. Atravs de uma abordagem e metodologia de tratamento de dados essencialmente quantitativa, foram determinadas certas concluses que permitem obter uma primeira aproximao a evoluo dos perfis de gestores destes DE e a sua coerncia com as recomendaes realizadas pela Literatura. Apesar de depois de um ano certas mudanas poderem ser observadas, a falta de nfase na importncia das pessoas certas nos lugares certos pode-se vir a converter num factor comprometedor. Num cenrio onde a maioria dos DE so mdicos de profisso com escassa formao em gesto, o desenvolvimento de competncias de gesto e liderana fundamental. A realidade dos ACES e os desafios enfrentados pelos seus lderes devem ainda ser mais explorados. No entanto, para facilitar a mudana e avanar na integrao dos serviços de Saúde e eficincia necessria, deve-se focar no factor mais determinante de uma organizao: as suas pessoas. Estudar as suas necessidades de gesto e as suas competncias permite aproveitar melhor as oportunidades inerentes a um processo de mudana.

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RESUMO - A procura de cuidados de saúde constitui-se, desde h alguns anos, como um dos principais pontos de investigao na rea da economia da saúde. So vrios os estudos nacionais e internacionais publicados no decorrer do sculo passado, destacando-se o de Ronald Andersen, datado de 1960, que versou a utilizao dos serviços de saúde pelas famlias e procurou descrever este fenmeno e os fatores condicionantes, na tentativa de conceber uma ferramenta de apoio ao desenvolvimento de polticas que promovessem a equidade no acesso aos serviços de saúde. Na dcada de 1970, Grossman, desenvolveu um modelo econmico de procura em saúde (que ficou conhecido como Modelo de Grossman), estabelecendo que a procura de cuidados de saúde derivava da procura de saúde pelos indivduos. A necessidade de caraterizar a procura dos cuidados de saúde, tem sido uma preocupao cada vez mais presente, considerando as restries oramentais que os sistemas de saúde atravessam, no contexto atual de restries e medidas de austeridade. O Servio Nacional de Saúde, em Portugal Continental, confronta-se, hoje mais do que nunca, com uma forte presso oramental, procurando promover a utilizao mais racional e eficiente dos recursos disponveis, o que condiciona todos os agentes que com ele contactam (profissionais de saúde, utentes, fornecedores e outros parceiros sociais). O presente estudo pretende caracterizar a procura e utilizao dos cuidados de saúde de emergncia pr-hospitalar, em 2010, em Portugal Continental, e contribuir, de uma forma restrita, para o processo de tomada de deciso adequada. A anlise incidiu sobre os dados da procura do INEM, traduzida pelas chamadas (ocorrncias) e pelas ativaes de meios de emergncias realizadas pelo CODU (Centros de Orientao de Doentes Urgentes). A via adotada para a prossecuo deste estudo exploratrio, baseou-se no Modelo Comportamental de Andersen, tendo sido escolhidas as variveis, que melhor se enquadravam nos fatores predisponentes ou seja, aqueles que predispem o indivduo a utilizar os cuidados de saúde (e.g. sexo, idade), nos fatores capacitantes isto , aqueles que habilitam (e.g. nvel literrio, instalaes e equipamentos) e na necessidade de serviços de saúde (autoavaliada ou resultante da indicao de um profissional de saúde), todos eles definidos no referido modelo. Como variveis de utilizao efetiva dos cuidados de saúde, foram utilizados os dados fornecidos pelo INEM, nomeadamente o nmero de chamadas efetuadas para os CODU (ocorrncias), e meios ativados, em consequncia da ocorrncia. Metodologicamente, optou-se por fazer uma anlise descritiva dos resultados, seguida de anlises de correlao e de regresso linear, de modo a aferir quais as variveis que individualmente mais se correlacionam com a utilizao e quais as variveis (preditores) que melhor possibilitam a previso da utilizao dos cuidados de saúde de emergncia pr-hospitalar. Os resultados obtidos na anlise de correlao realizada por Concelho evidenciaram coeficientes de correlao, na sua maioria fracos ou moderados, no permitindo concluir de modo inequvoco que as variveis predisponentes, capacitantes e de necessidade em saúde selecionadas, explicam a utilizao dos cuidados de saúde de emergncia pr-hospitalar. Foi possvel, no entanto, e apesar de no muito marcante, demonstrar a existncia de uma certa iniquidade na utilizao, j que os fatores capacitantes parecem ser aqueles que melhor explicam a utilizao dos cuidados de saúde de emergncia pr-hospitalar, no ano de 2010. Quando a informao agregada ao nvel da Regio e do CODU, as anlises de correlao realizadas permitem constatar a existncia de correlaes moderadas e fortes entre os fatores que concorrem para a utilizao (predisponentes, capacitantes e de necessidades em saúde). Os modelos preditivos determinados com recurso ao clculo das regresses lineares no evidenciaram um comportamento homogneo, quer no seu poder preditivo quer nas variveis preditoras dos modelos. Verificou-se ainda que os modelos determinados tinham uma maior capacidade de predio da utilizao de cuidados de emergncia pr-hospitalar ao nvel da ativao dos meios, do que ao nvel do nmero de chamadas realizadas para os CODU, e que, de entre as ativaes, os modelos determinados apresentaram maior capacidade preditiva da utilizao de meios de suporte bsico de vida, do que da utilizao de meios de suporte avanado de vida. Um outro aspeto a ressaltar a significncia que as variveis nmero de acidentes rodovirios com vtimas por 1000 habitantes, e nmero de meios de suporte bsico de vida disponveis por 100.000 habitantes tm nos modelos determinados, aparecendo em praticamente todos os modelos, como preditoras da utilizao dos cuidados de saúde de emergncia pr-hospitalar. Das anlises realizadas ao nvel das Regies e dos CODU, verificou-se uma heterogeneidade nos resultados (influenciada pelas variveis preditoras, nomeadamente das determinantes da procura fatores demogrficos, socioeconmicos e culturais), que influenciaram a capacidade preditiva dos modelos. Esta heterogeneidade, j havia sido descrita por Andersen, no seu modelo explicativo da utilizao de cuidados de saúde. De facto, tal como no modelo terico, tambm neste estudo se concluiu que as variveis que mais contribuem para a predio da utilizao so diversas, e variam de Regio para Regio, consoante a anlise que se est a realizar. Fica em aberto a eventual pertinncia da replicao do estudo, aps a introduo de nova reorganizao interna do INEM, nomeadamente com a eliminao da estrutura de 4 CODU passando a existir apenas um CODU nacional, a par da implementao de algoritmos de deciso, que podero contribuir de forma significativa para a alterao da importncia que as variveis associadas oferta, atualmente possuem, nos modelos determinados.

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RESUMO - Existe um amplo consenso no pas sobre a necessidade e a urgncia de uma reforma na saúde. O governo declarou, em Outubro de 1999, a saúde como a sua principal prioridade social. A prioridade da saúde no pode deixar de ser considerada um importante factor de mobilizao para a investigao e formao no sector. Durante os ltimos trs anos tomaram-se importantes iniciativas com vista a analisar e influenciar a evoluo do sistema de saúde portugus. Da anlise comparativa do relatrio do Conselho de Reflexo sobre a Saúde (1998), do relatrio da OCDE sobre o sistema de saúde do pas (1998), da estratgia de saúde do Ministrio da Saúde (1996-1999) e da auditoria sobre o SNS do Tribunal de Contas (1999) possvel concluir que existe uma ampla rea de concordncia sobre o essencial da reforma da saúde. No entanto, esta convergncia no se parece traduzir numa direco estratgica e numa gesto de expectativas conducentes a uma reforma efectiva da saúde. A criao de um observatrio portugus para o sistema de saúde pode proporcionar uma anlise contnua, prospectiva, interactiva e pedaggica da evoluo do sistema de saúde portugus. Poder constituir uma contribuio positiva das instituies de investigao e ensino do pas para a superao da situao actual.

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RESUMO - Racional : A proporo da populao nacional de idosos regista uma tendncia crescente e as suas consequncias a nvel humano, social e econmico so preocupantes para os gestores dos serviços de saúde. O Qigong, componente da Medicina Tradicional Chinesa, compreende a realizao de movimentos suaves, controlo da respirao e meditao. Objetivos e hipteses: No mbito da prtica de atividade fsica enquanto estratgia de um envelhecimento ativo, investigou-se a hiptese do Qigong contribuir para a melhoria da Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde dos idosos participantes nesta investigao. Pretendeu-se igualmente investigar a contribuio do Qigong na reduo das Frequncias Respiratria e Cardaca. Mtodos: Tratou-se de um estudo quasi-experimental, antes e depois da prtica de Qigong, caraterizando-se os idosos, avaliando-se a Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde atravs do Questionrio SF-12v2 e as Frequncias Respiratria e Cardaca, antes e depois das sesses de Qigong. Resultados: Observou-se uma adeso ao programa de 46%, constatando-se uma tendncia global para a melhoria da Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde aps a prtica de Qigong, com diferena estatisticamente significativa na dimenso Funo Social do questionrio (p = 0,046) e na reduo da Frequncia Respiratria (p = 0,031). Nas dimenses Desempenho Emocional e Medida Sumrio Mental, observou-se um nvel de tendncia sugestivo de efeito (p <0,10). Foram demonstrados benefcios sentidos por parte dos idosos, decorrentes da prtica de Qigong. Concluso: O Qigong demonstrou efetividade na melhoria da qualidade de vida social e reduo da Frequncia Respiratria, sugerindo melhoria ao nvel mental e emocional dos idosos.

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RESUMO - A qualidade dos cuidados de saúde, evolui ao longo dos tempos e agora considerada um direito e um pilar fundamental nos serviços de saúde. As reclamaes dos utentes podem revelar informao acerca das experincias entre os utentes e as organizaes de saúde. Desta forma as reclamaes podem ser consideradas como indicadores de qualidade que permitem identificar reas e/ou oportunidades de melhoria, e de grande representatividade no processo da melhoria contnua da qualidade na saúde. Sendo fundamental dar voz aos utentes do SNS e possibilitar a sua participao activa no processo de melhoria da prestao dos cuidados de saúde, com este trabalho pretendeu-se estudar a forma como as reclamaes dos utentes nos ACES na Regio de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, contribuem para a melhoria da qualidade nos referidos serviços de saúde. Foram reconhecidas e analisadas as principais causas de reclamao, as correspondentes medidas correctivas e as necessidades e/ou dificuldades no seu processo de implementao, bem como a respectiva avaliao dos resultados obtidos e identificao das recomendaes dos Coordenadores dos Gabinetes do Utente no mbito dos ACES da Regio de Saúde de LVT. Efectuou-se a anlise de reviso bibliogrfica e a consulta dos dados, desagregados, das causas mais mencionadas nas reclamaes no mbito do estudo e foram realizados contactos informais com a estrutura regional e nacional do Sistema SIM-Cidado. Foram aplicados 15 questionrios aos Coordenadores Locais dos Gabinetes do Cidado dos ACES da ARSLVT, apresentando a investigao um carcter exploratrio e qualitativo. Os questionrios, foram enviados e recebidos anonimamente atravs da plataforma para estudos estatsticos Survey Monkey. A sua anlise e interpretao, foi efectuada de forma a organizar os seus dados de uma forma sistematizada e permitir categorizar a informao para permitir a sua anlise. Os resultados evidenciaram que as reclamaes dos utentes apresentadas nos Gabinetes do Cidado, de certa forma, foram um contributo para o processo da melhoria da qualidade nos ACES da Regio de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo atravs do adopo de medidas e aces correctivas, ultrapassando algumas limitaes devida criao de estratgias locais. No entanto foi evidente que algumas limitaes no foram passiveis de ser ultrapassadas, pois envolvem decises do mbito externo aos ACES. Os resultados alcanados e as recomendaes dos Coordenadores, podem evidenciar algumas mudanas organizacionais, mas transparecem a ideia de que existe ainda um longo caminho a percorrer.

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RESUMO - A gesto empresarial dos hospitais uma velha aspirao do sistema e dos profissionais da saúde em Portugal. J o Estatuto Hospitalar de 1968 previa a organizao e a gesto dos hospitais em termos de gesto empresarial. A Lei de Bases da Saúde, de 1990, relembrava que a administrao das unidades de saúde deveria obedecer a regras de gesto empresarial. O Hospital Fernando da Fonseca, criado desde 1991, foi objecto de concesso de gesto por contrato, precedendo concurso pblico, a uma entidade privada, em 1995. Em 1997, o relatrio do Grupo de Trabalho sobre o Estatuto Jurdico do Hospital recomendava a adopo da figura de instituto pblico com natureza empresarial, adequada autonomia de gesto e forte responsabilidade, podendo regular-se, em alguns domnios, por normas de direito privado. Em 1998 foi criado o Hospital de So Sebastio, em Santa Maria da Feira, com formas inovadoras de gesto, utilizando meios de gesto maleveis. Em 1999 foi criada a Unidade Local de Saúde de Matosinhos, englobando no apenas o Hospital de Pedro Hispano, naquela cidade, mas tambm os quatro centros de saúde da sua rea de atraco. Em 2001 foi criado o Hospital do Barlavento Algarvio, em moldes semelhantes aos do Hospital de So Sebastio. Os restantes hospitais pblicos mantiveram a estrutura e regras de funcionamento convencionais. Observa-se que o modelo de gesto convencional do hospital pblico tem hoje consequncias desfavorveis para os cidados, para os profissionais que nele trabalham e tambm para o sistema de saúde no seu conjunto. Em 2002, uma nova lei alterou disposies da Lei de Bases da Saúde de 1990 e aprovou um novo regime jurdico de gesto hospitalar. De acordo com ele, a rede de prestao de cuidados de saúde passou a integrar vrios modelos de hospitais: hospitais SPA, hospitais EPE, hospitais SA, clnicas privadas com ou sem nome de hospital, instituies e serviços geridos por entidades pblicas ou privadas, mediante contrato de gesto e hospitais PPP. Analisam-se os ganhos introduzidos pelo modelo inovador de hospital SA, no que respeita ao estatuto, dotao de capital, poderes especiais, regras de controlo financeiro, regimes laborais, rgos sociais, instrumentos de gesto e direco tcnica. Finalmente, antecipa-se um quadro analtico de oportunidades e riscos sobre este modelo. As crticas tm-se concentrado sobre a estratgia de mudana e sobre o mecanismo de escolha dos dirigentes e das respectivas chefias intermdias. Em relao estratgia, conclui-se ser a questo mais emprica do que conceptual. Em relao forma de identificao dos dirigentes, recomenda-se o acompanhamento crtico da experincia, salientando-se, a par do que ela pode trazer de positivo, os riscos de partidarizao e instabilidade.

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RESUMO - As organizaes de saúde, para alm de muito complexas, sofrem a influncia de importantes mudanas em curso nos sistemas de saúde, em que se integram, e que constituem novos desafios, com reflexos na sua gesto. Por isso se espera, cada vez mais, dos seus gestores uma atitude proactiva e inovadora, o que exige que o processo educativo conducente formao dos gestores nesta rea valorize, para alm de conhecimentos tcnicos aprofundados, outras dimenses de um futuro exerccio: desde a capacidade de liderana em organizaes em mudana, em cenrios instveis, disponibilidade para suscitar a colaborao dos profissionais prestadores, passando pela faculdade de criao de coligaes que facilitem processos de integrao multidisciplinar e plurinstitucional, pela sensibilidade relao qualidade/custo em ambientes de constrangimento financeiro e pela promoo da inovao. O presente artigo analisa duas questes subjacentes a um bom exerccio e que atravessam a concepo de qualquer processo formativo em gesto: A competncia, que dever ser o objectivo maior da formao em gesto; A integrao da aprendizagem enquanto elemento condicionante da angariao das aptides necessrias.

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RESUMO - Em 1994/1995 o modelo legal de organizao de serviços de Medicina do Trabalho institudo na dcada de 1960 foi substitudo por uma nova superestrutura de serviços de Segurana, Higiene e Saúde dos Trabalhadores (SHST) nos locais de trabalho. O presente estudo pretende descrever e analisar em que medida o novo enquadramento jurdico de SHST, iniciado em 1994/1995 e correspondente genericamente fase da Nova Saúde Ocupacional, foi acompanhado de alteraes: (1) na percepo do grau de satisfao dos mdicos do trabalho quanto ao seu papel e estatuto profissionais e (2) nas repercusses na sua prtica profissional. O presente estudo (emprico, descritivo e comparativo) abrangeu um grupo de mdicos do trabalho diplomados pela Escola Nacional de Saúde Pblica (n = 153), de quem se recolheu, atravs de um questionrio aplicado em 1993 e 2000, a opinio sobre as mudanas organizacionais da SHST. O papel e funes dos mdicos do trabalho e as garantias de exerccio profissional no se alteraram de forma importante, tendo a prtica profissional da medicina do trabalho na modalidade medicina do trabalho de empresa (serviços internos e externos) diminudo, apesar de continuar a ser a forma de exerccio predominante dos mdicos do trabalho. O tempo dedicado sua actividade situou-se num valor mdio prximo das 20 horas semanais, sem alteraes importantes entre 1993 e 2000. Concluiu-se que, no essencial, a publicao da nova legislao sobre organizao de cuidados de MT/SHST/SO em 1994 e 1995 no reforou significativamente as condies gerais de exerccio da medicina do trabalho.

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RESUMO - Introduo O presente estudo descreve os cenrios de impacto que uma eventual pandemia de gripe poder ter na populao portuguesa e nos serviços de saúde. Trata-se de uma verso actualizada dos cenrios preliminares que tm vindo a ser elaborados e discutidos desde 2005. Material e mtodos Os cenrios assumem que a pandemia ocorrer em duas ondas das quais a primeira (taxa de ataque: 10%) ser menos intensa do que a segunda (taxas de ataque: 20%, 25% ou 30%). Neste trabalho so descritos apenas os cenrios respeitantes situao mais grave (taxa de ataque global = 10% + 30%). A elaborao dos cenrios utilizou o mtodo proposto por Meltzer, M. I., Cox, N. J. e Fukuda, K. (1999) mas com quase todos os parmetros adaptados populao portuguesa. Esta adaptao incidiu sobre: 1. durao da pandemia; 2. taxa de letalidade; 3. percentagem da populao com risco elevado de complicaes; 4. percentagem de doentes com suspeita de gripe que procurar consulta; 5. tempo entre o incio dos sintomas e a procura de cuidados; 6. percentagem de doentes que ter acesso efectivo a antiviral; 7. taxa de hospitalizao por gripe e tempo mdio de hospitalizao; 8. percentagem de doentes hospitalizados que necessitaro de cuidados intensivos (CI) e tempo de internamento em CI; 9. efectividade de oseltamivir para evitar complicaes e morte. Resultados Os cenrios correspondentes situao mais grave (taxa de ataque global: 10% + 30%) so apresentados sem qualquer interveno e, tambm, com utilizao de oseltamivir para fins teraputicos. Os resultados sem interveno para o cenrio provvel indicam: nmero total de casos 4 142 447; nmero total de indivduos a necessitar de consulta 5 799 426; nmero total de hospitalizaes 113 712; nmero total de internamentos em cuidados intensivos 17 057; nmero total de bitos 32 051; nmero total de bitos, nas semanas com valor mximo 1.a onda: 2551, 2.a onda: 7651. Quando os cenrios foram simulados entrando em linha de conta com a utilizao de oseltamivir (considerando uma efectividade de 10% e 30%), verificou-se uma reduo dos valores dos bitos e hospitalizaes calculados. O presente artigo tambm apresenta a distribuio semanal, no perodo de desenvolvimento da pandemia, dos vrios resultados obtidos. Discusso Os resultados apresentados devem ser interpretados como cenrios e no como previses. De facto, as incertezas existentes em relao doena e ao seu agente no permitem prever com rigor suficiente os seus impactos sobre a populao e sobre os serviços de saúde. Por isso, os cenrios agora apresentados servem, sobretudo, para fins de planeamento. Assim, a preparao da resposta eventual pandemia pode ser apoiada em valores cujas ordens de grandeza correspondem s situaes de mais elevada gravidade. Desta forma, a sua utilizao para outros fins inadequada e vivamente desencorajada pelos autores.