3 resultados para herói
em Repositório Científico do Instituto Politécnico de Lisboa - Portugal
Resumo:
Partindo da explicação daquilo que neste ensaio se entende por “metacinema” e a sua relevância como discurso autoral sobre a sétima arte, aborda-se o fenómeno do visionamento múltiplo de uma mesma obra (aspeto conhecido em inglês como “repeat viewing”). Este fenómeno permite um contato privilegiado entre o meta espetador, propenso a aderir em maior grau aos metafilmes, e o meta realizador, inclinado a construir uma carreira em torno da execução dos mesmos. Em causa está o visionamento e o fabrico de obras, direta ou indiretamente, especializadas no universo cinematográfico. A mediação do dispositivo cinematográfico na projeção em sala ou a apropriação de novas e cada vez mais versáteis tecnologias de captação e reprodução audiovisual permite transformar o vidente cinéfilo num utilizador compulsivo, conferindo ao cinema atualmente uma dimensão háptica que ele não detinha da mesma forma anteriormente. O espetador apropria-se de obras criadas por outrem, atribuindo-lhes uma nova forma e um novo sentido, mas dentro de um contexto cinéfilo. Inversamente, o criador é voluntariamente apropriado pela indústria, permitindo o consumo de si mesmo nas edições em videograma e trabalhando internamente as obras e os seus mecanismos formais e narrativos para geraram maior e mais multiplicadas formas de consumo junto dos espetadores. Assim se fomenta uma jornada que não é do herói, mas sim do vidente. Para concluir, defende-se que a maior acessibilidade fílmica permitida pela disseminação de novas janelas de consumo cinematográfico incrementa o repeat viewing e uma apropriação cada vez maior das obras, mas em contrapartida, pode desencadear a nulidade do discurso metacinematográfico e o esboroar do metacinema como tal.
Resumo:
Trabalho de projeto apresentado à Escola Superior de Comunicação Social como parte dos requisitos para obtenção de grau de mestre em Audiovisual e Multimédia.
Resumo:
O cinema clássico caracteriza-se por uma absoluta linearidade evenemencial, em que, por causa e efeito, o filme progride até ao seu fim, o qual corresponde ao cumprimento de todos os objetivos do herói. Este sistema orienta o espetador ao longo do percurso de storytelling, permitindo-lhe usufruir da imersão no mundo diegético. É também nesta base que as crianças aprendem o significado do mundo, quando colocam as questões: “Porquê?”/“E depois?”. Mas e se o “depois” viesse “antes”? Nesse caso verificar-se-ia uma sabotagem do resultado e um boicote do entendimento. Contudo, é essa a proposta estética de um filme que decide contar uma história com princípio, meio e fim, mas fazendo-o, em tranches, por ordem inversa à dos eventos: Irréversible (Gaspar Noé, 2002). Analiso este filme com o intuito de provar que esta construção não é um mero jogo lúdico ou um simples artifício criativo, pois o material narrativo é muito pesado e a estratégia tem intuitos ideológicos metanarrativos. A inversão da ordem dos acontecimentos proporciona uma avaliação do filme como discurso autoral sobre a narrativa cinematográfica, em que o realizador/argumentista nos confronta com propósitos dramatúrgicos precisos. A interpretação do filme é inteiramente condicionada pela ordem em que os factos nos são apresentados, aumentando o valor da história narrada, tanto quanto o da narração.