No início era o fim: a (des)ordem intencional de Irréversible, de Gaspar Noé
Data(s) |
06/06/2016
06/06/2016
2016
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Resumo |
O cinema clássico caracteriza-se por uma absoluta linearidade evenemencial, em que, por causa e efeito, o filme progride até ao seu fim, o qual corresponde ao cumprimento de todos os objetivos do herói. Este sistema orienta o espetador ao longo do percurso de storytelling, permitindo-lhe usufruir da imersão no mundo diegético. É também nesta base que as crianças aprendem o significado do mundo, quando colocam as questões: “Porquê?”/“E depois?”. Mas e se o “depois” viesse “antes”? Nesse caso verificar-se-ia uma sabotagem do resultado e um boicote do entendimento. Contudo, é essa a proposta estética de um filme que decide contar uma história com princípio, meio e fim, mas fazendo-o, em tranches, por ordem inversa à dos eventos: Irréversible (Gaspar Noé, 2002). Analiso este filme com o intuito de provar que esta construção não é um mero jogo lúdico ou um simples artifício criativo, pois o material narrativo é muito pesado e a estratégia tem intuitos ideológicos metanarrativos. A inversão da ordem dos acontecimentos proporciona uma avaliação do filme como discurso autoral sobre a narrativa cinematográfica, em que o realizador/argumentista nos confronta com propósitos dramatúrgicos precisos. A interpretação do filme é inteiramente condicionada pela ordem em que os factos nos são apresentados, aumentando o valor da história narrada, tanto quanto o da narração. |
Identificador |
978-989-98215-4-5 |
Idioma(s) |
por |
Publicador |
AIM – Associação de Investigadores da Imagem em Movimento |
Relação |
http://www.aim.org.pt/atas/Atas-VEncontroAnualAIM.pdf |
Direitos |
openAccess |
Palavras-Chave | #Não-linearidade #Ordem inversa #Enunciação autoral #Irréversible #Narrativa |
Tipo |
article |