2 resultados para hegemonia

em Repositório Científico da Universidade de Évora - Portugal


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Em cada território, existe um universo considerável de aprendizagens disponível para a totalidade da população aí residente. Aos contextos formais e escolares, onde a hegemonia das culturas letradas importadas de latitudes económicas, sociais e culturais, tantas vezes distantes, e legitimadas pelos poderes nacionais, sempre se apresentaram, como alternativos ou complementares, os contextos não formais e informais, promovidos pelas instituições locais, geradas e desenvolvidas pela chamada sociedade civil. Nesta heterogénea realidade social e institucional, coexistem diversos conhecimentos, diferentes culturas e distintos estilos e processos de aprender. Nestes contextos, aparentemente enriquecidos pela diversidade, existe, mais ou menos evidente, uma fratura profunda. Uma fratura entre as culturas, as gerações e os rituais de aprendizagem. Uma falha social que, lenta, mas inexoravelmente, vai afastando os mais novos dos mais velhos, os mais ricos, dos mais pobres, os mais letrados dos menos letrados, os que ficam dos que saem.

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Dentre as iniciativas políticas conducentes à criação do Estado Moderno, contam-se as que procuraram tornar a administração central e local mais eficaz e melhor conhecer o território e integrá-lo juridicamente, objetivos para os quais os monarcas mobilizaram vários recursos. Neste processo salientam-se, em Portugal, na síntese de Margarida Sobral Neto, a reorganização das estruturas centrais do Estado, a publicação das Ordenações Manuelinas, a reforma dos forais, o regimento das sisas e, em 1520, a criação do ofício de correio-mor. Na senda de trabalhos anteriores, reafirma-se neste texto que a Coroa utilizou as políticas de assistência com idênticos propósitos de centralização e hegemonia do poder régio. Partindo da documentação das misericórdias inventariada no primeiro volume dos Portugaliae Monumenta Misericordiarum, procurar-se observar a assistência e a saúde como veículos de transmissão dos signos reais e de valores e modos de proceder, que não só ajudaram a colmatar as fragilidades da incipiente burocracia como permitiram aos monarcas alcançar áreas aonde aquela dificilmente chegaria.