4 resultados para Barreto, Lima, 1881-1922. Vida de morte de M. J. Gonzaga de Sá

em Repositório Científico da Universidade de Évora - Portugal


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Este artigo procura explorar algumas das inquietações epistemológicas, metodológicas e éticas suscitadas pela prática da investigação em Antropologia e Sociologia quando o investigador-autor se cruza com o tema da morte. Num contexto marcado pelo crescente silenciamento da sociedade ocidental contemporânea sobre os assuntos relacionados com a morte, a notícia do falecimento de Nelson Mandela, em Dezembro de 2013, trouxe esta temtica para o centro da agenda mediática e política à escala global. Metodologicamente, e à microescala da pesquisa em ciências sociais, o discurso do presidente sul-africano Jacob Zuma, no comunicado então apresentado ao país (e ao mundo), serve de mote para a exploração de dois apontamentos reflexivos disciplinarmente ancorados na antropologia e sociologia. No final, sintetizam-se ideias-chave e levantam-se pistas de investigação que inspirem, quiçá provoquem, novas investigações.

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A morte suscita-nos grande inquietação (e.g., Oliveira, 2008). Especialmente entre as crianças, perdidas na incompreensão, silêncio e repressão psicológica por parte dos adultos. Nesta investigação averiguamos as representações sociais, da morte e da vida, entre crianças dos 8 aos 11 anos, escolarizadas de ambos os sexos. As meninas representam a morte pelo medo que suscita, e pela sua dimensão ritualista, enquanto que os meninos a percecionam sobretudo por sentimento de mal-estar e impotência. Sobre a vida, os meninos evidenciam uma visão mais hedonista do que elas, que salientam a interação com o outro e as questões afetivo-emocionais. As representações das raparigas aproximam-se mais das dos sujeitos de 10-11 anos, enquanto que as dos rapazes se aproximam das dos participantes de 8-9 anos. Esperamos contribuir para o modo como as crianças representam a morte e, para uma educação para a morte e para a vida. ABSTRACT; Death rouses great uneasiness (e.g., Oliveira, 2008). Especially among children who are lost amid the incomprehension, silence and psychological repression of adults. This research examines social representations of life and death among school attending children of both sexes, between the ages of 8 and 11 years old. Girls represent death for both the fear it rouses and its ritualistic dimension, while boys mostly perceive it as a feeling of uneasiness and impotence. Regarding life, boys show a more hedonistic vision than girls, who give relevance to interacting with. others, and to affective and emotional issues. The representations of girls are closer to those of the 10-11-year-old subjects, while the representations of boys are closer to those of the 8-9-year-old participants. We hope to contribute to the way children represent death, and to an education on death and life.

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A ESCRITA NEGRA de VERGÍLIO FERREIRA Maria Antónia Lima Universidade de Évora/ CEAUL Num tempo de crise existencial justificada pela permanente inquietação dos indivíduos perante um destino incerto, inseguro e imprevisível, gerador de constantes sintomas de desorientação e de vazio antropológico, surge decerto uma profunda identificação com a obra de Vergílio Ferreira, um autor que confessou não ter nascido para “escrever coisas alegres”, sendo o seu romance Para Sempre considerado um livro pessimista, negro e macabro. Títulos como Onde tudo foi morrendo revelam bem esta falta de vocação do autor para o optimismo literário, essencialmente resultante de Vergílio ter desde sempre sentido trazer dentro de si um “eu” que “é para morrer”, o que lhe concedeu profunda consciência do absurdo negro da existência e dessa “estúpida inverosimilhança da morte”. Daí que a sua análise da condição do homem em face do mistério da vida e da morte inevitavelmente se desenvolva através de uma escrita negra que recria a solidão cósmica com que grande parte dos seus duplos-narradores se debatem, partilhando uma visão negra também comum a muitos protagonistas do film noir americano alicerçado na ficção policial de autores como Dashiell Hammett, Raymond Chandler e James M. Cain. Como Vergílio, esta geração de escritores e realizadores, além de partilharem o mesmo interesse pela construção da narrativa cinematográfica e pela mtua contaminação entre literatura e cinema, buscavam a autenticidade das suas personagens através da construção de dramas inteligentes permeados de niilismo e fatalismo onde seres solitários e moralmente ambíguos deambulavam, revelando corrupções sociais e humanitárias tão comuns ao nosso tempo. Como Humphrey Bogart, um dos actores americanos mais conotados com o noir, qualquer personagem central de Vergílio Ferreira poderia muito bem ter concluído que “things are never so bad they can’t be made worse”.

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A ESCRITA NEGRA de VERGÍLIO FERREIRA Maria Antónia Lima Universidade de Évora/ CEAUL Num tempo de crise existencial justificada pela permanente inquietação dos indivíduos perante um destino incerto, inseguro e imprevisível, gerador de constantes sintomas de desorientação e de vazio antropológico, surge decerto uma profunda identificação com a obra de Vergílio Ferreira, um autor que confessou não ter nascido para “escrever coisas alegres”, sendo o seu romance Para Sempre considerado um livro pessimista, negro e macabro. Títulos como Onde tudo foi morrendo revelam bem esta falta de vocação do autor para o optimismo literário, essencialmente resultante de Vergílio ter desde sempre sentido trazer dentro de si um “eu” que “é para morrer”, o que lhe concedeu profunda consciência do absurdo negro da existência e dessa “estúpida inverosimilhança da morte”. Daí que a sua análise da condição do homem em face do mistério da vida e da morte inevitavelmente se desenvolva através de uma escrita negra que recria a solidão cósmica com que grande parte dos seus duplos-narradores se debatem, partilhando uma visão negra também comum a muitos protagonistas do film noir americano alicerçado na ficção policial de autores como Dashiell Hammett, Raymond Chandler e James M. Cain. Como Vergílio, esta geração de escritores e realizadores, além de partilharem o mesmo interesse pela construção da narrativa cinematográfica e pela mtua contaminação entre literatura e cinema, buscavam a autenticidade das suas personagens através da construção de dramas inteligentes permeados de niilismo e fatalismo onde seres solitários e moralmente ambíguos deambulavam, revelando corrupções sociais e humanitárias tão comuns ao nosso tempo. Como Humphrey Bogart, um dos actores americanos mais conotados com o noir, qualquer personagem central de Vergílio Ferreira poderia muito bem ter concluído que “things are never so bad they can’t be made worse”.