4 resultados para PROCESSO DE INTERAÇÃO SOCIAL
em Repositório Aberto da Universidade Aberta de Portugal
Resumo:
Esta obra trata da sucessão cultural registada na Estremadura portuguesa desde a emergência das sociedades complexas do Calcolítico até à chegada dos Romanos, correspondendo a um lapso de tempo entre os finais do IV milénio e os finais do século II a.C. Embora corresponda apenas a intervalo temporal de aproximadamente três mil anos, é o que, no registo material da nossa Pré-História e Proto-História, se afigura mais rico e diversificado de informação, com o desenvolvimento e fixação de regionalismos culturais, que na Estremadura cunharam identidades próprias, as quais persistiram nalguns casos até época recente, no quotidiano dos seus habitantes. A percepção geral desta evolução, bem como as suas determinantes, é o primeiro, e talvez mais importante objectivo desta obra, a par de outros a seguir enunciados: – a génese dos povoados fortificados calcolíticos, em resultado da crescente intensificação económica e da especialização das produções – a Revolução dos Produtos Secundários (RPS), que decorreu ao longo de boa parte do III milénio a.C. – a par do crescimento demográfico, que determinou, por seu turno, a competição inter-grupos, com a consequente necessidade de fortificação; – a monumentalização / fortificação de alguns dos sítios habitados como expressão da coesão social da respectiva comunidade, acompanhada da emergência de diferenciações inter e intra-comunitárias, indício de diferenciação social, em crescente afirmação, decorrente do processo de desenvolvimento económico complexo, característico do Calcolítico; – as arquitecturas defensivas do III milénio a.C., como expressão pública indissociável da monumentalização acima referida: exemplos mais importantes no território estremenho, distribuição geográfica, características principais, semelhanças e diferenças; neste âmbito, importa conhecer as diversas teorias explicativas para o seu surgimento, desde o modelo difusionista e orientalista vigente em Portugal (dos anos 40 aos anos 70), passando pelo modelo indigenista (anos 80), até às formas difusionistas mitigadas, de expressão regional, dos finais da década de 80 em diante, e principais argumentos invocados; – a desarticulação do modelo de sociedade calcolítica, caracterizada pela concentração da população em sítios fortificados ou pelo menos implantados predominantemente em locais altos e defensáveis; – os moldes em que se processou a acentuação das influências mediterrâneas no decurso do Calcolítico (em especial na metade meridional do território): a generalização do comércio transregional calcolítico e a intensificação e especialização das produções, no quadro da Revolução dos Produtos Secundários (RPS), exemplificada pela exploração de jazidas cupríferas, como veículo de difusão de novas técnicas (metalurgia), matérias-primas exógenas (marfim) e artefactos ideotécnicos de características até então desconhecidas (generalização do culto da divindade feminina e correspondentes expressões simbólicas, algumas de âmbito estritamente regional), acompanhada da difusão, de Sul para Norte, de novas arquitecturas funerárias (tholoi); – sobre o Campaniforme, fenómeno cultural com identidade própria da fase média e tardia do Calcolítico estremenho, serão discutidas as características e cronologia da sua emergência, na Estremadura (um dos pólos mais importantes, a nível europeu) no quadro da sociedade calcolítica pré-existente: tipo de povoamento e de necrópoles, bem como as relações estabelecidas com as comunidades de tradição cultural mais antiga; o faseamento interno do “fenómeno”, com base nas diferenças identificadas no registo material (em particular a tipologia das cerâmicas); e principais tipos artefactuais que o integram. O campaniforme deverá ser entendido como uma expressão material específica, associada a um novo tipo de povoamento, que resultou do decréscimo do interesse oferecido pelos sítios fortificados edificados no início do Calcolítico. Neste sentido, corresponde a período de transição para a Idade do Bronze: existem argumentos, com base no registo arqueológico (jóias de ouro, artefactos de prestígio) que ilustram o incremento do processo de diferenciação social, então verificado, ao contrário do que uma abordagem mais superficial, com base simplesmente no reordenamento demográfico, faria supor; – o registo arqueológico do Bronze Pleno configura a acentuação dos regionalismos, apesar de similitudes do sistema de povoamento face ao período imediatamente anterior, o que indicia realidades socioeconómicas comparáveis. Importa, assim, conhecer as principais características dos escassos povoados identificados, bem como a organização social a ele subjacente, a partir dos testemunhos arqueológicos conhecidos, incluindo os de carácter funerário; – segue-se o Bronze Final, período dominado pela plena afirmação do comércio transregional atlântico-mediterrâneo, favorecido pela própria realidade geográfica do território português. Devem valorizar-se os testemunhos materiais desse período e as respectivas balizas cronológicas: Assim, deverão os leitores ficar familiarizados com as produções de carácter atlântico, como as armas, objectos utilitários e respectivas tipologias e com as de cunho mediterrâneo (com destaque para objectos de indumentária e de carácter cultual, embora estes últimos quase se desconheçam na área estremenha), cujo comércio e difusão foi suportado pela existência de solidariedades económicas transregionais, baseadas em prováveis pactos formalmente estabelecidos entre comunidades vizinhas. Os respectivos territórios, de norte a sul do País, apresentar-se-iam cada vez melhor delimitados; o mesmo deverá ter-se verificado na Estremadura. A caracterização da respectiva economia será, por isso, objecto da análise e discussão; embora de base agro-pastoril (com importância evidente na Estremadura dadas as características dos solos e a quase inexistência de minérios de cobre ou de estanho), a produção de peças metálicas de bronze assumiu importância crescente, como se conclui pelas ocorrências conhecidas. O reforço e a consolidação das elites então verificada, eram necessários para a boa gestão de grandes povoados muralhados que despontam no Bronze Final; na Estremadura, embora os testemunhos de tais centros demográficos não sejam particularmente evidentes, no fim da Idade do Bronze desponta um vigoroso povoamento de altura; seria a partir desses locais que as elites da época, de cunho guerreiro, administrariam territórios bem delimitados. Também a existência de outros testemunhos arqueológicos são concorrentes para a percepção da realidade social: as jóias auríferas, tornadas então relativamente frequentes, deixam transparecer influências ora atlânticas ora mediterrâneas, por vezes reunidas numa única peça (técnicas e tipologias decorativas), expressivas das correntes culturais que, então, se faziam sentir na Estremadura; também as armas, são testemunho da afirmação das elites guerreiras, encontrando-se representadas por exemplares cujas principais características devem ser conhecidas. As diversas práticas funerárias, apesar de escassamente representadas, revelam influências continentais (cremação e campos de urnas, já fora da área estremenha, mas dela próxima: caso dos campos de urnas de Tanchoal e de Meijão, Alpiarça) e mediterrâneas (inumações na tholos da Roça do Casal do Meio, Sesimbra), que traduzem um mosaico cultural complexo, reforçando a ideia de se tratar de região receptora de influxos culturais de diversas áreas geográficas em simultâneo: é, no essencial, a comprensão global desta realidade, a um tempo económica, social e cultural, coroando um longo processo de diferenciação social, por um lado e, por outro, de intensificação económica e interacção cultural, que lhe está subjacente, que deverá ter-se presente. Por último, segue-se o estudo e caracterização das principais estações e materiais da Idade do Ferro, de início (I Idade do Ferro) profundamente marcadas pela presença, directa ou indirecta, de colonizadores fenícios; depois, pelos comerciantes de origem púnica (II Idade do Ferro) e, enfim, pelos exércitos itálicos. Trata-se, em suma, de processo de características próprias, sempre determinado pelas influências mediterrâneas, largamente dominantes face às originárias do interior peninsular, as quais cunharam uma realidade cultural com características próprias, que persistiu no decurso da dominação romana.
Resumo:
O Humor é uma das bases da interação social humana e, por conseguinte, uma parte importante das relações que os indivíduos de uma sociedade estabelecem uns com os outros, utilizando-o com as mais variadas intenções. A presente dissertação tem como objetivo analisar nos dois subgéneros narrativos humorísticos - a Piada e a Narrativa Conversacional de Cariz Humorístico - as semelhanças e as diferenças na construção das suas estruturas, na utilização das estratégias interacionais usadas pelos interlocutores durante as interações, bem como alguns elementos avaliativos que traduzem as reações dos intervenientes perante as narrativas ouvidas. Na primeira parte, procedemos à referência das principais linhas teóricas que norteiam o tema do presente trabalho. Neste âmbito, referenciamos os quadros teóricos como o de Raskin (1985) e o de Morais (2010), tendo este último sido utilizado como ferramenta base nas nossas análises. Na segunda parte, analisámos Piadas e Narrativas Conversacionais de Cariz Humorístico, uns retirados do Corpus Morais (2010), outros de um Corpus por nós criado (Furtado (2014)). A partir desta análise constatou-se que (i) a estrutura tanto da Piada como da Narrativa Conversacional de Cariz Humorístico se constrói de forma muito semelhante; (ii) o Ataque na Narrativa Conversacional de Cariz Humorístico se assemelha em muito ao Ataque da Piada; (iii) que o modo como o locutor constrói a Orientação e a Ação na Piada é, de um modo geral, fixo; (iv) que ambos os géneros narrativos contêm formas de qualificação dos enunciados muito semelhantes; (v) que o trigger das Piadas opõe sempre duas ideias distintas, conforme o preconizado por Raskin; (vi) que tanto nas Piadas como nas Narrativas Conversacionais de Cariz Humorístico os interlocutores necessitam de partilhar os mesmos conhecimentos prévios para que o objetivo final do locutor seja alcançado, isto é, o riso.
Resumo:
Este trabalho de investigação assenta no desenvolvimento de trabalhos projeto na disciplina de Educação Tecnológica do terceiro ciclo do Ensino Básico, no Agrupamento de Escolas de Frazão, Concelho de Paços de Ferreira, Distrito do Porto, cujo Projeto Educativo tem como tema “Pequenos passos… grande passo!”. A escolha deste tema resultou de motivos de ordem pessoal e profissional. Os motivos de ordem pessoal, devem-se ao facto de no primeiro ano de mestrado ter entrado em contacto com termos, conceitos, teorias e experiências no campo da educação artística, que me estimularam enquanto professora. Estes conhecimentos, ideias e experiências em torno da educação estética e artística, levaram-me a querer desenvolver um projeto potenciador da criatividade, prático, com a participação ativa da comunidade discente, através de experiências, processos e desenvolvimentos criativos. Os motivos de ordem profissional relacionam-se com a importância das artes em contexto educativo, na medida em que a educação artística no ensino básico, apresenta como principal objetivo a abertura a experiências que possam ser estimulantes, enriquecedoras e relevantes nas vidas dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento das suas capacidades de apreciação, valorização e compreensão dos objetos artísticos que os rodeiam. Para que tal objetivo se concretize, consideramos pertinente implementar um projeto de intervenção de animação estético artística dos espaços e criar condições na comunidade escolar e educativa que favoreçam o interesse e motivação. Partimos da identificação de um problema, no projeto educativo do Agrupamento em causa, as fracas condições dos espaços escolares e a escassa animação dos espaços, percecionada pelos alunos. Assim, este trabalho teve como objetivo final requalificar o piso inferior da escola EB 2,3 de Frazão, tornar a escola mais atrativa, envolver a comunidade discente, promover a socialização e a criatividade, através de projetos artísticos e dinamizar exposições e mostras à comunidade educativa. Os resultados obtidos são indicadores do elevado grau de relevância e participação atingidas, bem como do impacto transformador desta investigação-ação enquanto via promotora e facilitadora da individualidade, interação social, interesse e da motivação.
Resumo:
O presente trabalho, estuda as relações sociais e interculturais dos vendedores informais do mercado de Estrela Vermelha- cidade de Maputo. Analisa os fatores que afetam a unidade nacional, entendida como o sentido de pertença a uma identidade e a um destino comuns. Há duas teses que explicam a crise da unidade nacional. A primeira argumenta que o que coloca em causa a unidade nacional é a pretensão de se querer construir uma nação cívica, excluindo e até mesmo hostilizando as identidades étnicas vistas como fator de divisão e de conflitos. Propõe por isso, o reconhecimento e a inclusão dos diferentes grupos étnicos no poder (Magode, 1996; Cahen, 1996; Lundin, 1996). Na segunda, argumenta-se que as etnias perderam a sua relevância em virtude das transformações sociopolíticas e económicas havidas no país (Castiano, 2010), ou como outros defendem, que objetivamente elas não existem, se não apenas como reflexo dos conflitos pelo acesso aos recursos e poder (Serra, 1996). Sendo assim, o obstáculo da unidade nacional são as desigualdades económicas e não as diferenças étnicas. Mediante o trabalho de observação, que incluiu entrevistas, conversas, descrição e fotografias, como técnicas de recolha de dados, combinado com a pesquisa documental, este trabalho argumenta que, existe no mercado uma convivência multicultural, mas regista-se ainda défice nas relações interculturais. Os vendedores do Sul, consideram-se culturalmente superiores em relação aos seus colegas do norte do Save. Tal como outras pessoas da região sul, estes vendedores tratam os seus colegas pelo termo xingondo, que além da simples identificação, é usado para desqualificar os seus colegas do norte. Assim, o silêncio em relação ao etnocentrismo das pessoas do sul, a timidez que ainda se verifica em relação ao uso oficial das línguas moçambicanas, que são o meio de comunicação mais usado, bem como a incipiente provisão dos direitos da cidadania, constituem os principais obstáculos à unidade nacional. O estudo termina propondo a operacionalização do conceito da unidade nacional, tendo em conta, por um lado o respeito pelas diferenças culturais e a promoção do diálogo intercultural e por outro, o combate contra as diferenças abismais entre ricos e pobres.